MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Transcrição

1 PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO Procedimento Preparatório n / Trata-se de Procedimento Preparatório instaurado para apurar possíveis irregularidades no atendimento prestado por servidor público da Agência do Instituto Nacional do Seguro Social INSS no Município de Três Lagoas/MS. 2. Maria Eneide Gonçalves de Almeida, devidamente representada por seu advogado, propôs ação em face do INSS, com o intuito de pleitear a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade (fls. 07/22). 3. Citado, o INSS apresentou sua contestação (fls. 35/41), aduzindo a ausência de interesse de agir da requerente, considerando que esta não havia pleiteado o benefício anteriormente pelas vias administrativas. 4. O Juízo Federal proferiu, então, decisão que ratificou a inexistência de pretensão resistida, concedendo à autora o prazo de 60 (sessenta) dias para a realização de requerimento administrativo do benefício previdenciário almejado (fls. 81/82). 5. Ocorre que, ao se dirigir à Agência do INSS, acompanhada de seu filho, a fim de requerer o benefício administrativamente, a autora teve seu Procedimento Preparatório n / /6

2 atendimento negado por servidor daquela Autarquia, não sendo fornecida senha, tampouco a negativa de concessão do benefício (fls. 84/85). 6. Perquirido quanto às irregularidades noticiadas (fls. 90/91), o INSS esclareceu que, para requerer o benefício pleiteado pela autora, qual seja, a aposentadoria rural por idade, é necessário realizar prévio agendamento, que pode ser feito via internet, por telefone ou na própria Agência da Previdência Social. Ademais, no mês de março de 2013 (fl. 52), houve agendamento em nome da parte autora para requerimento do Benefício de Prestação Continuada (LOAS), o qual foi indeferido diante da ausência de cumprimento dos requisitos legais (fls. 94/101). 7. De outro turno, a autarquia previdenciária informou que procedeu ao agendamento de atendimento da requerente, diante da decisão judicial exarada, na data de 20 de novembro de 2014, às 14h30min, quando esta foi comunicada por ofício (fl. 101). 8. Instado a apresentar novas manifestações acerca do atendimento previamente realizado para a data de 20/11/2014, o INSS comunicou que o serviço foi prestado e o benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural não foi concedido, em razão de não restarem preenchidos os requisitos para a concessão (fls. 110/125). 9. Por sua vez, a requerente, por meio de seu advogado, não soube informar o nome do servidor público que negou atendimento (fls. 107/109). Com o escopo de colher elementos para a melhor instrução do feito, requereu-se, ainda, informações a José Demontie Batista, filho da requerente, o qual se apresentou nesta Procuradoria da República para prestar esclarecimentos (fls. 131/132). Procedimento Preparatório n / /6

3 10. Aduziu que compareceu à Agência da Previdência Social neste Município, acompanhando sua genitora, na data de 30 de julho de Ao se dirigir para retirar a senha de atendimento, foi informado pela servidora do guichê que o declarante deveria retornar com sua mãe à Justiça Federal, não entregando qualquer senha ou a negativa de atendimento. 11. Não soube identificar o nome ou a matrícula da servidora que negou atendimento. Informou, por fim, que recebeu ofício de agendamento de atendimento para o dia 20/11/2014, quando então compareceu no local, acompanhando sua genitora. Apresentaram os documentos solicitados pela Autarquia, entretanto a requerente não se recordou de detalhes do tempo em que trabalhou no serviço rural, não respondendo às perguntas efetuadas na entrevista. Após tais fatos, não compareceram em outra oportunidade no INSS (fls. 133/134). 12. Essa a síntese do necessário. 13. Compulsando-se os autos, é possível verificar que eventuais irregularidades no atendimento prestado foi solucionado após a intervenção ministerial. 14. É oportuno consignar que, não obstante restou apurado indícios de atendimento inadequado por parte de um servidor autárquico, não foi possível identificar o (a) servidor (a) público que o prestou, visto que a requerente (fls. 84/85) e seu filho, que a acompanhava na data dos fatos (fls. 133/134), não souberam precisar o nome, matrícula, ou qualquer outro dado suficiente à sua identificação. 15. De outro turno, nos termos das informações prestadas pelo INSS (fls. 94/95), considerando a necessidade de agendamento prévio para o serviço de protocolo do requerimento de benefício de aposentadoria por idade rural (o qual foi Procedimento Preparatório n / /6

4 pleiteado pela requerente Maria Eneide Gonçalves de Almeida), mencionado agendamento foi efetuado, conforme comprovante à fl. 98, tendo sido alcançado o objetivo pretendido. 16. Desta forma, o atendimento agendado foi realizado e o benefício foi então indeferido, diante da ausência de prova documental e da impossibilidade de realização de entrevista rural, de modo que a autora não atendeu, portanto, aos requisitos exigidos no artigo 48, 2º e 3º da Lei 8.213/91 (fls. 110/125). 17. Ademais, conforme cópias extraídas da Ação Ordinária n , as quais seguem anexas, o INSS apresentou seu parecer em relação à situação naqueles autos, aduzindo que, em consulta realizada no setor administrativo da autarquia, não encontrou reclamação ou relato da ocorrência da conduta informada, além da descrição dos fatos ter sido genérica, o que impossibilitou a verificação precisa dos acontecimentos. 18. Por sua vez, a parte autora informou nesses autos que compareceu à Agência do INSS na data agendada pela autarquia, quando não foi possível a realização da entrevista que visava a concessão do benefício de aposentadoria rural, diante de sua idade avançada e pelo decurso do tempo em que ficou afastada do meio rural. 19. Além da impossibilidade de se identificar o autor dos fatos, verificase que o acontecimento que ensejou a abertura do presente apuratório se tratou de questão pontual, restrita, não havendo elementos que demonstrem a habitualidade de mau atendimento no âmbito da Autarquia previdenciária de Três Lagoas/MS. Procedimento Preparatório n / /6

5 20. A atuação ministerial proporcionou o devido atendimento da cidadã, em que pese sua pretensão perante o UINSS ter sido indeferida de forma fundamentada. 21. Ressalte-se que a cidadão possui advogado que ingressou com a ação visando pleitear a concessão do benefício, conforme acima mencionado. 22. Portanto, eventual irregularidade pontual verificada foi solucionada com o atendimento da cidadã, não existindo outras irregularidades a serem apuradas neste procedimento, não há motivo para prosseguimento da investigação levada a efeito nestes autos, devendo este ser arquivado. 23. Diante das razões acima mencionadas, PROMOVO O ARQUIVAMENTO do presente Procedimento Preparatório, pelos motivos acima descritos. 24. Outrossim, com fulcro no art. 17 e da Resolução nº 87 do CSMPF, determino a adoção, sucessivamente, das seguintes providências: a) Considerando que o presente procedimento foi instaurado de ofício, diante das cópias extraídas dos autos da Ação Ordinária n , em trâmite na Subseção Judiciária de Três Lagoas/MS, resta prejudicada a providência determinada no artigo 9.º da Lei nº 7.347/1985, c.c, o artigo 17, 3.º, da Resolução n. 87 do CSMPF; b) No prazo de três dias, remetam-se à 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, a rigor do que dispõe o referido dispositivo, bem como o 1º do art. 9º da Lei n.º 7.347/85, para possibilitar a adoção das providências constantes no artigo 62, inciso IV, da Lei Complementar nº 75/93. Dê tudo, certifique-se nos autos. Procedimento Preparatório n / /6

6 CSMPF; c) Publique-se nos termos do artigo 16, 1.º, I, da Resolução nº 87 do d) Proceda o Setor Jurídico à juntada das cópias extraídas da Ação Ordinária n , as quais seguem anexas ao presente despacho. Três Lagoas/MS, 17 de abril de LUIZ EDUARDO CAMARGO OUTEIRO HERNANDES Procurador da República MPM Procedimento Preparatório n / /6