Instituição Beneficente A Luz Divina Grupo da Fraternidade. "O trabalhador Espírita" Marco Antônio Maiuri Miranda 07/06/2019

Transcrição

1 Instituição Beneficente A Luz Divina Grupo da Fraternidade "O trabalhador Espírita" Marco Antônio Maiuri Miranda 07/06/2019 Muito boa noite a todos! Que Jesus, o mestre amantíssimo, ampare todos nós e nos dê a sua paz! Sabemos que a Casa Espírita é um posto de socorro, uma escola de Espiritismo com caráter de hospital. Todos nós que aqui estamos, somos candidatos a trabalhadores do Cristo e esperamos encontrar no trabalho a paz, a tranquilidade espiritual e aquela alegria profunda de coisa realizada, porque é exatamente isso que o trabalho nos traz. O trabalho doutrinário, o trabalho mediúnico, bem realizado, bem-educado, bem disciplinado, traz esses benefícios. Mas, temos também que entender, que quando pensamos que estamos fazendo o bem, na verdade, dizem os Amigos espirituais, estamos colocando medicação em nossas chagas morais. A oportunidade do trabalho nos enobrece, principalmente, o trabalho mediúnico, porque permite que nos coloquemos no lugar do outro, fazendo-nos sentir a alegria de servir, sabendo que a maior felicidade é sempre de quem serve, não de quem é servido. Escolher ser médium está relacionado à questão do voluntariado. Mas, é voluntário até o momento que se escolhe, depois é compromisso. Claro que não é um compromisso como os da Terra, mas é um compromisso de ordem espiritual, porque o médium lida com as expectativas do próximo, com a ansiedade e carências físicas e psíquicas do semelhante e esse compromisso envolve grande responsabilidade. O plano espiritual tem, através no médium, a oportunidade de manifestar-se na Terra, porque sabemos, através de Allan Kardec, que a mediunidade em si tem boa parte orgânica e é inerente ao ser humano. 1

2 Viemos da Casa da Vida Maior e é natural que, enquanto encarnados, tenhamos forte ligação psíquica com a Casa da qual viemos. Naturalmente, entre os médiuns, a graduação da mediunidade tem variação: uns mais ostensivos, outros menos. Muitas pessoas vêm de outras crenças, sentem a mediunidade latente dentro de si, querendo se manifestar e eclodir, mas não sabem do que se trata. Procuram a casa espírita para se esclarecerem e, encontrando respostas aos seus anseios em um local sério, como A Luz Divina, essas pessoas terão o direcionamento correto para o desenvolvimento da mediunidade sadia e uma sintonia saudável. Quando falamos sintonia saudável, muitas pessoas devem pensar que irão se comunicar apenas com os Benfeitores da Vida Maior. Não é assim que funciona. Vamos nos comunicar com todos os Espíritos necessitados. Basta que nos lembremos das sessões de desobsessão, em que cedemos nossos psiquismos àqueles que estão necessitados de consolação, esclarecimento, doutrinação e aprimoramento. E, ao cedermos esse espaço em nossas vidas, estamos sendo caridosos. Mas, esta caridade a fazemos também para nós mesmos: a caridade de servir. Em O Livro dos Médiuns temos um exemplo que diz assim: o violino bem afinado vai permitir que o violinista possa desenvolver a sua arte. Se o violino não estiver bem afinado, ele não conseguirá exercer aquilo que se propõe a realizar. Constantemente, comentamos nos cursos e seminários de mediunidade, que as manifestações obsessivas e as manifestações mediúnicas são muito parecidas. É por imantação fluídica, por indução de ideias que ocorre, nos dois tipos de manifestação, um certo deslocamento do perispírito. A maneira como conduzimos o nosso trabalho é que vai dizer o tipo de Espírito que se aproximará de nós. Muitas pessoas nos perguntam como é que se desenvolve a mediunidade? Natanael, mentor espiritual, sempre nos diz: É se melhorando como pessoa, que a mediunidade vai se desenvolvendo. Diariamente, fazer a reforma interior, evangelizar o coração, então, dessa forma, você estará afinando seu violino, e criando um campo mental próprio para a atuação dos Benfeitores espirituais, espíritos amorosos que querem o bem de seus semelhantes, não só dos desencarnados mas também dos 2

3 encarnados, criando um campo próprio para atuação e inspiração deles mesmos. Existe o ditado: Dize-me com quem andas e eu te direi quem és, na verdade, o ditado deve ser dito ao contrário: Dize-me quem és e eu te direi quem te acompanha. Melhorar-se como pessoa, realmente, é o mais importante. A mediunidade está em nós. Vamos supor que a pessoa reencarna com uma tarefa mediúnica a ser cumprida. Ela cumprirá, inevitavelmente, essa trajetória nesta vida e a melhor forma de lidar com isso, quando percebe que possui mediunidade, é fazer o curso mediúnico em uma casa espírita para receber orientação, tratamento, estudar e educar a mediunidade. Sabemos que a segurança do médium é o estudo no curso mediúnico, onde, naturalmente, ele vai aprender alguns mecanismos de proteção, como deve vigiar o seu pensamento, evangelizar o coração, ter uma conduta contínua de leitura e prática do Evangelho. É preciso se vigiar porque a Terra está rodeada de apelos muito difíceis. O ser humano encarnado é um ser desmemoriado. Ele precisa, constantemente, vigiar-se, porque a capacidade do seu espírito segue os limites da matéria. Sua memória e sua visão estão reduzidas e somente se espiritualizando lembrar-se-á dos compromissos que lhe são próprios. Com o coração espiritualizado, ele verá a responsabilidade que é a mediunidade. Quando surge alguém em sofrimento na sua frente é um momento de trabalho maravilhoso, que se apresenta como em nenhum outro momento. Esta pode ser a primeira encarnação em que temos a oportunidade de trabalhar com a espiritualidade. A casa espírita funciona como um oásis em meio a um mar de vibrações diversas. É a oficina de trabalho, o porto seguro. Mas é importante não restringir os atributos exigidos pela prática da mediunidade à casa espírita. É importante levá-los também para fora desse ambiente. Seria o mesmo que dizer: o homem deve se refletir no médium e o médium deve se refletir no homem. Não adianta, por exemplo, você passar seu dia aberto aos apelos do mundo e, à noite, ir à casa espírita para lidar com os Benfeitores espirituais. A sintonia deles é muito sutil, para eles encontrarem uma 3

4 onda mental compatível com a onda mental do médium, esse precisa ser disciplinado e vigilante. O médium deve ter, em seu coração, o firme propósito em progredir como pessoa, não só como médium, até porque a mediunidade é independente do caráter. Senão não existiria, por exemplo, aquela lição dos falsos profetas. Quantos médiuns vemos falindo nas malhas da vaidade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXI) Natanael costuma dizer que a vaidade é a ferrugem da mediunidade. O médium que cai nesse abismo, nessa ilusão da realidade, está enganando a si próprio e cai, realmente, numa armadilha muito grande, porque a vaidade vai abrir caminhos para pessoas que querem se aproveitar da mediunidade dele para receber respostas prontas! Mas, em mediunidade não existem respostas prontas. O médium não é conselheiro sentimental, não é adivinho, não resolve os problemas das pessoas. Ele, simplesmente, é o intermediário entre o mundo espiritual e a Terra. Se os Espíritos falarem alguma coisa, transmita; se eles não falarem, não transmita. Apenas o médium extremamente evangelizado pode transmitir algum ensinamento que ele entendeu do Evangelho e, às vezes, inspirado por um Espírito irmão, até pode dizer algo para uma pessoa necessitada. Tendo o Evangelho no coração, o médium pode citar uma parte evangélica, porque os Espíritos também utilizam a nossa bagagem de conhecimento para nos inspirar. Esse médium estará realmente sintonizado com a espiritualidade maior. Os Espíritos benfeitores não querem viver por nós. Eles querem que nós aprendamos a viver com as nossas próprias pernas. Os Espíritos obsessores, sim, querem viver por nós. Se um médium prometer resolver todos os seus problemas, saia correndo porque não é verdade. Não existe isso. Sabemos, através do Evangelho, que algumas enfermidades, algumas dores, algumas aflições fazem parte do nosso processo evolutivo. Muitas vezes, são remédios que necessitamos para nossa própria existência. Para nos desvencilharmos desses problemas devemos fazer o bem. Fazer o bem é realmente a melhor terapia que existe. A mediunidade é um instrumento de amor e de fraternidade. 4

5 A mediunidade não pertence ao Espiritismo, e sempre existiu na história humana. Mas, coube à Doutrina Espírita a tarefa de dar o verdadeiro direcionamento à mediunidade. Por exemplo, se você tem a felicidade de fazer parte de um grupo mediúnico, procure manter a união. Não estrague a união do grupo por conta da maneira de ser de cada um. Todos nós temos defeitos e cometemos erros e a tarefa mediúnica está muito acima das pessoas. Trabalhamos para Jesus. Muitas vezes, a pessoa participa de um grupo, olha para o lado e fala: Ah, mas esse irmão, faz cada coisa... ; começa a espiar a vida do outro e faz comentários; depois comenta sobre outro. E aí reclama que teve problemas. Não é assim que funciona. Temos que exercitar vários valores do espírito para construirmos uma fraternidade à nossa volta. Temos que exercitar o perdão, porque não somos perfeitos, nem os outros médiuns que nos cercam o são. Temos que exercitar a tolerância, pois não importa o comportamento social dos irmãos que convivem conosco. O que importa é a tarefa mediúnica a ser executada. Se eles são bons médiuns, ótimo. Cada um está fazendo a sua parte. O que é ser um bom médium? É saber que você vai sair da sua casa, vai deixar o conforto da sua família, a segurança do seu lar e vai conviver com a dor. Conheço muita gente que quando está com algum problema se afasta da casa espírita até resolver o problema, e só então retorna. Deveria ser o contrário: o médium deve sempre enxugar as próprias lágrimas para continuar atendendo aqueles que o procuram. Às vezes, você está cansado fisicamente. Na cidade de São Paulo tudo é muito difícil, com trânsito e a correria do dia a dia. Contudo, manter-se equilibrado é um exercício de reforma íntima. Já perceberam que quando você chega à casa espírita tudo passa? É um ambiente ionizado, preparado para repor as nossas energias. Quando o médium aplica o passe, imediatamente é reposto o fluido vital, daquilo que foi doado. Quando você empresta suas atividades mediúnicas a um espírito perturbado que precisa de um encarnado para poder ser ajudado, você está servindo como um dos maiores instrumentos de caridade. Quando você atende as pessoas no Atendimento Fraterno, com ética, respeito e seriedade, está fazendo a 5

6 caridade para você e para o assistido. Quando você sai da sua casa, para vir à casa espírita, já está utilizando a mediunidade: você foi inspirado a sair do conforto do seu lar para vir cuidar do seu espírito. Às vezes, a pessoa que tem mediunidade duvida do que é manifestação dela e do que é dos Espíritos. O principal mecanismo de avaliação é o estudo. Outros mecanismos, muito importantes, são a frequência nos trabalhos e o tempo. Então, você conseguirá discernir o que é próprio e o que é dos Espíritos. O médium vidente deve se tranquilizar e não ficar contando tudo o que vê. Noventa e cinco por cento (95%) do que o médium vê não deve ser dito, porque a mediunidade da vidência não é um instrumento de curiosidade e, sim, um acessório para auxiliar nas terapias mediúnicas; para saber dar a melhor orientação e encaminhamento em um Atendimento Fraterno ; para saber onde impor a mão em um passe; para uma melhor preparação no trabalho de desobsessão. Quando a vidência deve ser contada, o médium será induzido pelos Espíritos para falar, porque fica parado na garganta e precisa ser dito. O exercício da mediunidade é complexo e possui muitas particularidades. O médium aprende a lidar com um sentido diferente para auxiliar o ser humano. A mediunidade deve ser tratada com calma, nunca com pressa, com muita união no grupo de trabalho e entre todos os participantes na Casa, já que o médium deve se adaptar à Casa Espírita e não a Casa ao médium, porque, em uma sociedade espírita, tudo é pensado, por muitas pessoas, há muito tempo e, é testado, há muito tempo. Algumas vezes, o médium pode ser o instrumento da derrocada de grupos e casas espíritas. Todo cuidado e vigilância são necessários! O médium deve se preocupar somente em servir. Servir e voltar feliz para seu lar! Esta é a tarefa do médium. Assim, entendemos as palavras de Jesus: Meus seguidores serão conhecidos por muito se amarem. (João,13:35) Marco Antônio Maiuri Miranda Palestra proferida em 7 de junho de 2019, na Reunião do Grupo da Fraternidade, da Instituição Beneficente A Luz Divina. 6