Danilo Alves Pereira 1 ; Dayane Silva de Moraes 2 ; Edimara Ribeiro de Souza 2 ; Michele Mirian Calixto de Lira 3 ; Patrícia Coelho de Souza Leão 4

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1 Sistemas de condução e porta-enxertos na videira BRS Magna : produtividade e características dos cachos no segundo ciclo de produção Danilo Alves Pereira ; Dayane Silva de Moraes 2 ; Edimara Ribeiro de Souza 2 ; Michele Mirian Calixto de Lira 3 ; Patrícia Coelho de Souza Leão 4 Resumo Este trabalho teve como objetivo estudar a infl uência do sistema de condução e porta-enxerto sobre a produtividade e características de cachos em plantas jovens da videira (Vitis spp.) BRS Magna. O experimento foi realizado no Campo Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, em Petrolina, PE, durante o segundo semestre de 207. Os porta-enxertos utilizados foram IAC 766 e IAC 572 e os sistemas de condução em latada, lira e espaldeira em um delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Os sistemas de condução em latada e lira e o porta-enxerto IAC 766 aumentaram a produtividade das videiras BRS Magna, mas não houve infl uência dos tratamentos sobre a fertilidade de gemas, a massa e o tamanho da baga. Os resultados são preliminares e o experimento deverá ser repetido durante vários ciclos para permitir a recomendação de um sistema de condução e porta-enxerto para a videira BRS Magna em cultivos no Submédio do Vale do São Francisco. Palavras-chave: uva de suco, latada, lira, espaldeira, enxertia. Introdução O Submédio do Vale do São Francisco é considerado um grande polo exportador de uvas, ganhando destaque o polo frutícola que envolve as cidades de Petrolina, PE e Juazeiro, BA. Segundo a Agrianual (207), os estados de Pernambuco e Bahia produziram, respectivamente, 237,367 mil toneladas e 57,240 mil toneladas de uva no ano de 206. Estudante de Agronomia Univasf, estagiária da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. 2 Estudante de Ciências Biológicas UPE, estagiária/ Embrapa da Semiárido, Petrolina, PE. 3 Bióloga, mestrando em Recursos Naturais do Semiárido Univasf, Petrolina, PE. 4 Engenheira-agrônoma, D.Sc. em Genética e Melhoramento, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. patrícia.leao@embrapa.br.

2 424 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa Semiárido A BRS Magna é uma cultivar de uva de suco desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa Uva e Vinho. Possui cachos médios em formato cilíndrico alado e bagas esféricas de cor preta com sabor aframboezado. É uma cultivar considerada vigorosa que possui alta fertilidade de gemas e uma boa produtividade de cachos (Ritschel et al., 202). Com o intuito de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de produção das uvas, algumas técnicas são utilizadas, como o uso de porta-enxertos, cuja infl uência na copa pode estar associada, segundo Sabbatini e Howell (203), a diversos fatores como composição química dos frutos, adaptação aos solos e resistência a algumas pragas e doenças. Os sistemas de condução são utilizados com o objetivo de melhorar o rendimento e a qualidade da produção da videira por meio da melhor distribuição do dossel vegetativo, tronco e ramos (Norberto et al., 2008). Este trabalho teve como objetivos estudar o efeito dos sistemas de condução e porta-enxertos sobre componentes de produção e características dos cachos em plantas jovens da videira BRS Magna durante o segundo ciclo de produção. Material e Métodos O experimento está sendo realizado com a cultivar de uvas para a elaboração de sucos BRS Magna, no Campo Experimental de Bebedouro, que pertence à Embrapa Semiárido, em Petrolina, PE, onde o clima é tropical quente e seco segundo a classifi cação de Köppen, apresentando as seguintes médias e desvios anuais dos elementos climáticos, de acordo com Embrapa Semiárido (205): 26,2% ± 0,9 (temperatura do ar), 64,4% ± 5,5 (umidade relativa do ar) e 549,8mm ± 8,8 (precipitação). Os tratamentos foram representados por três sistemas de condução: latada, lira e espaldeira na parcela principal e dois porta-enxertos IAC 766 e IAC 572 na subparcela. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições e duas plantas úteis por parcela, as quais foram plantadas no espaçamento 3 m x m, utilizando-se sistema de irrigação por gotejamento. Após a brotação das gemas realizou-se a contagem do número de gemas mantidas após a poda, número de brotos e número de cachos por planta para a determinação da percentagem de brotação (%) e índice de fertilidade de gemas (cacho.broto - ).

3 DOCUMENTOS No momento da colheita, foi avaliada a produção por meio da pesagem de todos os cachos de cada planta útil, realizando-se também a contagem do número de cachos por planta. Foram selecionados cinco cachos de forma aleatória em cada subparcela, os quais foram levados ao Laboratório de Fisiologia Pós-colheita da Embrapa Semiárido para a determinação das variáveis: massa (g), comprimento (cm) e largura do cacho (cm); massa (g), comprimento (mm) e diâmetro da baga (mm). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e comparação das médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o pacote estatístico SAS Studio. Resultados e Discussão Na Tabela, pode-se observar que a produção, produtividade e número de cachos das videiras BRS Magna foram mais elevados no sistema de condução em latada, mas que não diferiu da lira. A espaldeira reduziu a produtividade e o número de cachos, apesar da brotação das gemas ter sido mais elevada neste sistema de condução. A produtividade no sistema de condução em latada foi de 4,66 t.ha -, abaixo do potencial descrito para essa cultivar por Ritschel et al. (202), que relataram uma produção de 25 t/ha a 30 t/ha. O porta-enxerto também infl uenciou a produtividade e o número de cachos, mas não teve efeitos sobre a brotação e a fertilidade das gemas. As videiras enxertadas sobre IAC 766 foram mais produtivas e apresentaram maior quantidade de cachos do que aquelas sobre IAC 572 (Tabela ). Não se observou infl uência do sistema de condução sobre a massa e o tamanho dos cachos e das bagas (Tabela 2). Em relação ao porta-enxerto, observou-se cachos com maior comprimento e largura no porta-enxerto IAC 766, mas não houve diferenças signifi cativas para as demais variáveis relacionadas ao tamanho de cachos e bagas. Os valores de massa do cacho de 4,97 g no porta-enxerto IAC 572 e 26,73 g no porta-enxerto IAC 766 foram inferiores aos encontrados por Bonfi m et al. (207) em estudos com a mesma cultivar, nos quais foram obtidos cachos sobre o porta-enxerto IAC 572 e o IAC 766 com 90,05 g e 23,20 g, respectivamente.

4 426 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa Semiárido Tabela. Valores médios e coefi ciente de variação de produção (Kg.planta-), produtividade (t.ha - ), número de cachos, brotação (%), índice de fertilidade de gemas (cacho.broto-) de videiras (Vitis spp.) BRS Magna cultivadas sobre dois porta-enxertos em três sistemas de condução. Petrolina, PE, outubro de 207,2. Produção por planta (unidade) Porta-enxertos Produtividade (unidade) Sistemas de condução Número de cachos Brotação Índice de fertilidade Espaldeira 2,46b 8,9b 22,06b 79,0a 0,78ns Latada 4,40a 4,66a 34,56a 66,02b 0,78 Lira 3,87ab 2,89ab 30,75ab 75,4ab 0,98 Média 3,57,9 29,3 73,42 0,85 CV (%) 5,46 5,46,0 4,60 8,97 Porta -enxertos IAC 572 3,24b 0,80b 27,79b 72,28ns 0,82ns IAC 766 3,9a 3,03a 30,46a 74,56 0,88 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05); 2 ns: não signifi cativo pelo teste F (p < 0,05). Tabela 2. Valores médios e coefi cientes de variação para massa (g), comprimento (cm), e largura do cacho (cm); massa (g), comprimento (mm) e diâmetro de baga (mm) da uva BRS Magna cultivada sobre dois porta-enxertos em três sistemas de condução. Petrolina, PE, outubro de 207,2. Porta- -enxertos Massa do cacho Comprimento do cacho Largura do cacho Sistemas de condução Massa da baga Comprimento da baga Diâmetro da baga Espaldeira 0,9ns 2,39ns 7,28ns 2,38ns 7,35ns 5,08ns Latada 27,04 3,0 7,60 2,24 7,42 5,52 Lira 24,60 2,83 7,28 2,32 7,42 5,26 Média 20,85 2,77 7,39 2,3 7,40 5,29 CV (%) 2,60 4,8 8,0 5,46 2,78 2,64 Porta-enxertos IAC 572 4,97ns 2,40b 7,b 2,3ns 7,35ns 5,29ns IAC ,73 3,4a 7,67a 2,32 7,45 5,29 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05); 2 ns: não signifi cativo pelo teste F (p < 0,05).

5 DOCUMENTOS Conclusões Produtividades mais elevadas e maior número de cachos foram obtidos em videiras jovens de BRS Magna cultivadas no sistema de condução em latada e enxertadas sobre IAC 766. Não houve infl uência do sistema de condução e do porta-enxerto sobre a fertilidade de gemas, massa do cacho, massa, comprimento e diâmetro de baga. Referências AGRIANUAL: anuário da agricultura brasileira. São Paulo, p. BONFIM, W. M. D.; ANDRADE NETO, E. R. de; SOUZA, R. F. de; FÉLIX, D. T.; LIMA, M. A. C. de. Evolução de componentes da qualidade durante a maturação de uvas BRS Magna sob Infl uência de porta-enxertos: terceiro ciclo produtivo. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA SEMIÁRIDO, 2., 207. Petrolina. Anais... Petrolina: Embrapa Semiárido, 207. (Embrapa Semiárido. Documentos, 279. Disponível em: < bitstream/item/62478//dora.pdf>. Acesso em: 7 fev EMBRAPA SEMIÁRIDO. Médias Anuais da Estação Agrometeorológica de Mandacaru (Juazeiro-BA 09º24 S, 40º26 W): período Petrolina, 205. Disponível em: < cpatsa.embrapa.br:8080/servicos/dadosmet/cem-anual.html>. Acesso em: 20 dez NORBERTO, P. M.; REGINA, M. de A.; CHALFUN, N. N. J.; SOARES, A. M.; FERNAN- DES, V. B. Infl uência do sistema de condução na produção e na qualidade dos frutos das videiras Folha de Figo e Niagara Rosada em Caldas, MG. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 2, mar./abr Disponível em: < &script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 5 dez RITSCHEL, P. A.; MAIA, J. D. G.; CAMARGO, U. A.; ZANAUS, M. C.; SOUZA, R. T.; FARJA- DO, T. V. M. BRS Magna : nova cultivar de uva para suco com ampla adaptação climática. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 202. (Embrapa Uva e Vinho. Comunicado Técnico, 25). Disponível em: < Acesso em: 7 mar SABBATINI, P.; HOWELL, G. S. Rootstock scion interaction and effects on vine vigor, phenology, and cold hardiness of interspecifi c hybrid grape cultivars (Vitis spp.). International Journal of Fruit Science, v. 3, n. 4, p , 203.