Keeping the Talking Forests Alive: Documenting the Amazonian Oral Traditions Financiado por U.S. Ambassadors Fund for Cultural Preservation (AFCP).

Transcrição

1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Período: fevereiro/2010 a julho/2010 ( ) PARCIAL ( X ) FINAL RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Keeping the Talking Forests Alive: Documenting the Amazonian Oral Traditions Financiado por U.S. Ambassadors Fund for Cultural Preservation (AFCP). Sub-projeto: Documentação e Descrição de Narrativas Orais Tradicionais do Povo Parkatêjê Nome do Orientador: Profa. Dra. Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira ou Marília de Nazaré Ferreira-Silva Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Letras (FALE) Unidade: Instituto de Letras e Comunicação (ILC) Laboratório: Ciências da Linguagem, sala 7 Título do Plano de Trabalho: Organização interlinear de uma narrativa tradicional parkatêjê Nome do Bolsista: Amanda Rodrigues Figueiredo Tipo de Bolsa: ( X ) CNPq/AF 1

2 2 1. INTRODUÇÃO O projeto Documentação e descrição de narrativas orais do povo parkatêjê tem como objetivo primordial a descrição e a documentação das narrativas tradicionais orais do povo indígena Parkatêjê. Documentar essas narrativas é, sem dúvida, um importante mecanismo de preservação da referida língua, levando-se em consideração que ela encontra-se em perigo de extinção devido ao processo de obsolescência linguística que vem sofrendo, graças à substituição que tem se evidenciado de forma significativa dessa língua indígena pela língua portuguesa. O povo parkatêjê vive na terra indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará. A língua é Timbira e pertence ao grupo lingüístico Macro-Jê, juntamente com outras línguas. Existem cerca de 400 indivíduos, dentre os quais apenas 26 falam a língua fluentemente, o que torna o trabalho ainda mais necessário. Além da contribuição essencial ao povo Parkatêjê, o presente trabalho é importante para formar pesquisadores e despertar o interesse na área, que deve ser vista com mais atenção e prestígio. É importante considerar ainda que o projeto faz parte de um projeto maior intitulado Keeping the Talking Forests Alive: Documenting the Amazonian Oral Traditions, o qual foi aprovado pelo U.S. Ambassadors Fund for Cultural Preservation (AFCP), em 2008, o qual deverá ser finalizado até março de JUSTIFICATIVA A justificativa do presente plano de trabalho encontra-se pautada, principalmente, na carência de estudiosos e pesquisadores na área de linguística indígena. A partir do treinamento em documentação linguística, será possível contar com um acervo maior de dados para serem estudados e descritos por pesquisadores da área (docentes e alunos), bem como se terá recursos humanos preparado para o trabalho em linguística, além de se poder propiciar um retorno tanto à comunidade parkatêjê quanto à comunidade acadêmica. 2

3 3 Com essa base é possível estimular o envolvimento com a linguística descritiva e documentacional, além de contribuir de forma muito válida para a formação de profissionais nesse ramo. 3. OBJETIVOS: Os objetivos apresentados inicialmente foram divididos em geral e específicos. O objetivo geral do presente plano de trabalho foi - Organizar de forma interlinear uma narrativa tradicional da língua parkatêjê. Os objetivos específicos foram: - Proporcionar à aluna bolsista o treinamento em linguística por meio da participação efetiva em projeto de pesquisa na área. - Analisar alguns aspectos da língua parkatêjê em seus níveis fonético-fonológico, morfológico e sintático presentes em uma narrativa tradicional selecionada com a finalidade de compreender o texto sob a supervisão da professora-orientadora. - Elaborar de um banco de dados que futuramente poderá alimentar o dicionário/vocabulário parkatêjê, que deve ser publicado em breve pela Profa. Dra. Leopoldina Araújo e Profa. Dra. Marília Ferreira (em colaboração). - Iniciar a inserção de textos no programa computacional Toolbox a fim de organizar um banco de dados que servirá para a produção de materiais para a documentação e descrição da língua. Esses objetivos, infelizmente, não foram alcançados de forma satisfatória. Primeiramente a bolsista teve contato com uma série de textos resenhados pela professora, os quais ela pôde digitar. Em meados de outubro de 2009, foi criado um projeto para o programa computacional Toolbox, o qual deveria ter sido alimentado pela bolsista com dados oriundos do acervo de materiais coletados em campo pela professora-orientadora do plano. 3

4 4 Essa etapa do trabalho era necessária a fim de que a orientanda pudesse se acostumar às especificidades da língua indígena. Como a professora-orientadora não domina o uso do programa computacional, ela contou com o auxílio do Prof. Dr. Sidney Facundes, da mesma área e da mesma faculdade, com quem divide a sala, para a implementação do projeto e para a solução de problemas. Mesmo assim, o trabalho não avançou. Com isso, a análise não pôde ser realizada, nem os textos puderam ser interlinearizados, conforme o planejado. É verdade que há muitos itens lexicais ainda sem uma classificação morfossintática, no entanto, o trabalho de interlinearização é desejável exatamente para que com os dados organizados se pudesse proceder uma análise mais adequada. 4. MATERIAIS E MÉTODOS O plano de trabalho proposto continha as seguintes especificações para o título Materiais e Métodos: A metodologia será aquela usualmente utilizada pela Lingüística Descritiva, com algumas diferenças, já que esse projeto não prevê inicialmente viagens ao campo para a bolsista. Portanto, os dados utilizados da língua parkatêjê serão aqueles coletados pela Professora Marília Ferreira, orientadora do trabalho. O bolsista deverá ser treinado, por meio de sua participação em um workshop previsto no projeto de pesquisa da professora, a observar a enunciação de uma narrativa tradicional, conforme a gravação realizada na área indígena. Será treinado a efetuar transcrições fonéticas, fonológicas e ortográficas, além de aprender como deve apresentar dados linguísticos no corpo do trabalho. 5. RESULTADOS: Conforme já se disse anteriormente, os objetivos não foram alcançados satisfatoriamente. Deste modo os resultados também não foram alcançados de acordo com o plano inicial. Tem-se um banco de dados iniciado, o qual conta com algumas poucas inserções de material linguístico. A bolsista participou do I Workshop em Linguística Descritiva da área de Linguística Indígena, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), em agosto e setembro de 2009, o qual foi ministrado pelos professores Gessiane de Fátima Picanço Lobato, Sidney da Silva Facundes e Marília de Nazaré Ferreira e de um Seminário Interno de Leitura do Grupo de Pesquisa em Línguas Indígenas, dirigido pela professora- 4

5 5 orientadora do plano de trabalho, do qual participaram os outros bolsistas e voluntários de pesquisa. Nesse seminário, ela apresentou um texto lido sobre documentação linguística. Abaixo, uma amostra do que temos hoje como o ponto de partida para um banco de dados Parkatêjê: 6. PUBLICAÇÕES A bolsista participou da 62ª Reunião da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que foi realizada de 25 a 30 de julho de 2010, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN), onde fez apresentação de um pôster, intitulado Tratamento e Organização de Dados Linguísticos: Construção de um Banco de Dados Parkatêjê, com co-autoria com a professora-orientadora e outra bolsista PIBIC/CNPq, Cinthia de Lima Neves. Segue abaixo o resumo do trabalho aceito e apresentado na SBPC, com autores e título: "H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística TRATAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE DADOS LINGUÍSTICOS: CONSTRUÇÃO DE UM BANCO DE DADOS PARKATÊJÊ. 5

6 6 Amanda Rodrigues Figueiredo 1 (amandarf@yahoo.com.br) Cinthia de Lima Neves 1 Marília de Nazaré Ferreira-Silva 1 1. Faculdade de Letras, Instituto de Letras e Comunicação, UFPA INTRODUÇÃO: Este trabalho trata da composição de um banco de dados para organização de textos orais da língua Parkatêjê, falada na Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Estado do Pará. Essa língua da família Jê, pertencente ao tronco Macro-Jê apresenta uma situação sociolinguística resultante de sua história, sua saga, sua sobrevivência em meio às intempéries da vida na floresta lutas internas entre eles mesmos e as inúmeras epidemias, que quase fizeram com que esse povo desaparecesse completamente. O povo parkatêjê integrando-se a uma outra comunidade de língua parente da sua pode se refazer do que parecia ser o fim. Deste modo, voltou a viver a vida indígena, inclusive e principalmente com o uso da língua nativa. Recentemente começamos a trabalhar com a composição de um banco de dados. Os textos orais da tradição desse povo são coletados em gravações de áudio e vídeo e em seguida transcritos com auxílio do informante, para que possamos editar e produzir os materiais. Para armazenamento dos textos transcritos temos utilizado o programa computacional Toolbox. Cada vídeo deverá apresentar a versão escrita dos textos em língua indígena e em português, tudo com vistas à documentação e à descrição linguística. MÉTODOS: O material armazenado foi coletado no período de outubro de 2008 a outubro de 2009, quando foram gravadas narrativas tradicionais e narrativas do cotidiano (em língua indígena e em língua portuguesa), traduzidas livremente pelo informante principal, o chefe Krohôkrenhum Parkatêjê. Com o auxílio de um aparelho Hi-MD, uma câmera de vídeo e microfones, as gravações ocorriam na casa do informante. Para análise dos textos os dados são transcritos em quatro linhas, procedendo-se segundo a linguística descritiva. Após o processo de análise e descrição, inicia-se a etapa de editoração. Os dados transcritos são armazenados no programa computacional Toolbox. Após a inserção das palavras 6

7 7 no programa, faz-se a integração dos dados, organizando-os de diferentes maneiras, inclusive em formas de fichas, que contem informações (marcadores). O mecanismo de interlinearização é usado para alinhar tudo, facilitando a possibilidade de interação com bancos de dados lexicais. Além da organização e da facilidade, o banco de dados representa, fundamentalmente, um excelente meio de documentação linguística, contribuindo para a preservação e resgate de línguas indígenas. A análise dos dados segue uma orientação estruturalista e funcional. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com a organização do material coletado, temos hoje importantes arquivos para documentação linguística que podem ser utilizados para a preservação da língua indígena. A partir dos dados gravados em arquivos em áudio e vídeo é possível, por exemplo, editar e produzir materiais com narrativas de um falante nativo, nos quais se pode acompanhar o que está sendo dito por meio de legendas sincronizadas com a fala em português e em parkatêjê. O banco de dados organizado pelo programa computacional Toolbox está em constante alimentação e já possui algumas dezenas de palavras devidamente classificadas, servindo também como importante meio de documentação da língua em questão. CONCLUSÕES: O trabalho de tratamento e organização de dados de uma língua, embora tenha um lado mecânico e até considerado braçal, é também uma oportunidade de contato entre o estudioso e os materiais linguísticos em seus mais diversos aspectos fonético-fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos. Afora esse contato, o tratamento e organização dos dados com o subsequente armazenamento propicia uma boa oportunidade de pesquisa reforçada pelo suporte teórico que advém das leituras, em um movimento retrojetivo. Instituição de fomento: CNPq (Bolsa PIBIC/AF) Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave: Parkatêjê; banco de dados; Toolbox. 7

8 8 7. CONCLUSÃO: O trabalho não seguiu a contento, embora tenha gerado um trabalho que foi apresentado na 62ª Reunião Anual da SBPC, em REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, M. N. O. Aspectos da Variante Étnica falada pelos Parkatêjê. DELTA. Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada (PUCSP. Impresso), São Paulo, v. 21.1, n. 1, p. 1-21, FERREIRA, M. N. O. Estudo Morfossintático da Língua Parkatêjê. Campinas: Tese (Doutorado) Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, São Paulo, DRUDE, Sebastian. Documentação Linguística: O Formato de Anotação de Textos. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi Disponível em: < - > Acesso em: 27 jan. 2010, 11h35min. RODRIGUES, Ayron D. Panorama das Línguas Indígenas na Amazônia. In: In: Queixalós, F. & Renault-Lescure, O. (eds.). As Línguas Amazônicas Hoje. São Paulo: Instituto Socioambiental, MEC. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas-RCNEI. Brasília: MEC/SEF, DIFICULDADES PARECER DO ORIENTADOR: A bolsista Amanda Rodrigues Figueiredo não realizou as atividades em seu plano de iniciação científica a contento. As dificuldades podem ter sido de várias ordens desde a sua inexperiência até seu desinteresse pela área em que o plano de trabalho se enquadra. Não foi por falta de contato com a professora-orientadora, uma vez que tenho em meu poder uma série de s enviados a ela, os quais foram respondidos. 8

9 9 Para o envio do primeiro relatório, sentei-me com a bolsista e pus-me a redigir o documento em sua presença, explicando-lhe várias questões relacionadas a seu trabalho, alertando-lhe para as etapas que seriam necessárias cumprir a partir daquele ponto. Após diversas conversas, concluí que o trabalho com línguas indígenas não despertara nela o fervor (ou paixão) indispensável para o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa. Talvez, se vinculada a outra área de Letras, ela possa descobrir-se e desenvolver algum trabalho interessante. De qualquer modo, estou certa de que possibilitei à discente o contato com um projeto de pesquisa; com a participação em um evento científico; com a orientação efetiva de um professor-pesquisador. Deste modo, não recomendo a continuação do trabalho. INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição. DATA : / / Profa. Dra. Marília de Nazaré Ferreira Matrícula SIAPE ASSINATURA DO ORIENTADOR Amanda Rodrigues Figueiredo ASSINATURA DO ALUNO 9