História de Israel. PEQUENA HISTÓRIA DE ISRAEL Bruno Glaab

Transcrição

1 PEQUENA HISTÓRIA DE ISRAEL Bruno Glaab O presente trabalho é uma síntese do Guia de Leitura aos Mapas da Bíblia de Euclides Balancin, Ivo Storniolo e José Bortolini, da Ed. Paulinas, I Dos patriarcas ao Êxodo( a.. Gn, Ex, Nm) Antes de se formar o país de Israel (anaã), a região do Oriente Médio já abrigava inúmeras civilizações: Suméria, Acad, Assíria, Mitani, Egito, etc. Parte está na atual África (Egito) e outra parte, na Ásia (Israel, Jordânia, Turquia, etc.). Uma área que abrange, ao norte, a Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates) e ao sul, o Egito (rio Nilo), tem no centro o pequeno rio Jordão, era conhecida por rescente Fértil. Aí havia terras férteis e se desenvolveu a agricultura e algumas civilizações. Abraão vem do norte, da Mesopotâmia; enquanto Moisés vem do sul, do Egito. a) Mesopotâmia: em grego, ente-rios). Lá estavam os povos sumérios desde a.. Sua capital era Ur. Já em a.. dominam a escrita. Em 1850 a.. os acádios (semitas) dominaram os sumérios. Outro povo semita, os amorreus, invadiram a região (rei Hamurabi). Neste cenário está o semita Abraão. b) Egito: povoado desde a.. Formou-se um grande império: - Antigo império ( a..). Tempo das pirâmides; - Médio império ( a..). Retomada do poder dinasta. Este período entra em declínio ( a..) devido à penetração dos hicsos (semitas). Seria o pano de fundo dos patriarcas? - Novo império ( a..). Neste período o Egito domina o pequeno país de anaã. É o período do Êxodo. O Egito cobra tributos e expropria o povo, tornando-o escravo. c) anaã: pequeno país situado entre o Egito e a Mesopotâmia em lugar estratégico. Por ele passam as grandes rotas do comércio e também um corredor militar. Por isto mesmo, as grandes potências da época, ambicionam apoderar-se de anaã. II A Terra Prometida ( a..) Js 1,1-12,24 anaã significa terra da lã. Sua área é pequena. De norte a sul não ultrapassa os 240km, enquanto que, de leste a oeste, na parte mais estreita, tem 45km e na mais larga, 85km. Sua área perfaz km 2. A geografia de anaã é acidentada. De norte a sul traz uma depressão que acompanha o rio Jordão que desemboca no Mar Morto, a 398mt abaixo do nível do mar. Assim, o relevo se divide em: - Planície costeira (mar); - adeia central de montanhas; - Vale do rio Jordão; - Planalto a leste; - Estepe (zona seca de pequena vegetação). Bruno Glaab Página 1

2 O clima tem, basicamente duas estações: huvas (outubro a junho) e secas (junho a outubro). hove muito na planície costeira e pouco na depressão do Jordão. Apenas o rio Jordão é perene. Os rios Quison, Jaboc e Jarmuc têm certa perenidade. Os demais são rios temporários. Antes da instalação dos israelitas, anaã pertenceu ao Egito. anaã era formada por diversas cidades-estado, cujos reis eram vassalos do faraó do Egito e lhe pagavam tributo. Desta forma os reis exploravam os agricultores que deviam sustentar as cidades-estado, bem como ao Egito. ertos grupos insatisfeitos com este sistema viravam mercenários guerreiros, que se retiravam para as montanhas e atacavam as idades. Trata-se dos hapirus (hebreus). As cidades-estado tinham seus deuses: El, Baal, Anat, etc. Os ritos míticos religiosos destas divindades serviam como ideologia legitimadora do status quo. Por meio dos deuses a cidade dominava o povo. III As Doze Tribos ( a.. Js 1,1-12,24) Existem, hoje, três teorias sobre a ocupação da Terra Prometida pelos israelitas: 1ª) onquista: tal qual é descrito me Js Os israelitas teriam conquistado e ocupado o país de anaã. Isto, porém, não se prova. 2ª) Imigração: os hebreus teriam migrado, e num longo processo, teriam ocupado o território. Este processo iniciou co Abraão e terminou com Davi. Mas esta teoria vai além da Bíblia. 3ª) Revolta: diversos grupos teriam se encontrado em anaã. O grupo do Êxodo, com seu Deus libertador, teria influenciado os demais grupos e teria desencadeado uma revolta contra os opressores, destronando os reis das cidades-estado. Uma vez feita a revolta, o povo se organizou no sistema tribal. Formou uma confederação de Doze Tribos 1 : 1 Guia de leitura aos mapas da Bíblia, p.12. Bruno Glaab Página 2

3 Tribo Tribo Tribo Liga de Tribos Tribo Tribo Tribo Bruno Glaab Página 3

4 Na liga das tribos se fazia assembléia, onde participavam homens adultos de todas as tribos, para decidir juntos e para celebrar. A tribo também tinha a sua assembléia onde eram decididos assuntos próprios da tribo. A (Associação Protetora) se compunha de + ou 50 casas-de-pai coordenadas pelos chefes das casas-de-pai. A (casa-de-pai) era a unidade primária, composta por 40 a 50 pessoas. Geralmente formada por parentes e afins. Ali se exercia educação e o controle social. Nela se celebrava a páscoa. IV O Império de Davi e Salomão ( a.. 1Sm 1-1Rs 11) Aos poucos o sistema tribal entrou em crise e Israel opta pelo sistema monárquico (1Sm 8,10-20). Inicialmente Davi pratica uma monarquia do estilo semita. No entanto, seu filho Salomão adotou o estilo faraônico (1Rs 10,14ss; 11,1-8). Os motivos da instituição da monarquia são muitos: - Externos: os filisteus e outros povos agrediam Israel. O sistema tribal não tinha condições de reagir, pois não tinha exército fixo; - Internos: havia uma generalizada corrupção no sistema tribal (1Sm 2,12-25) o que levou o povo a procurar outras alternativas. Foi assim que o povo pediu um governo centralizado (1Sm 8; 9,1-10,16; 10,17-27; 11). 1) Os reis Depois de uma fracassada tentativa de implantação da monarquia em Israel por Abimelek (9), o sistema tribal vence e, por mais alguns anos permanece como sistema político. Porém, seus dias estavam contados. A tentativa de Abímelek foi retomada por outros e finalmente venceu. a) Saul (1030 a.. 1Sm 8-11) Não tem as características dos reis. Mais parece ser um líder guerreiro que organiza a resistência contra invasores (1Sm 11,1-15). Ele ainda não é rei sobre todo o Israel. Seu reino se restringe a Galaad, à Montanha de Efraim e à tribo de Benjamin (Gabaá) 2. Mais do que rei, Saul é chefe militar que combate os filisteus (1Sm 10,5). Seu reinado encontrou resistência, tanto dos remanescentes tribais do norte (1 Sm 13,7-15; 15) quanto da tribo de Judá, através de seu líder Davi. Reinou aproximadamente por 20 anos. b) Davi (1010 a.. 2Sm 2ss) Depois de conflituar com Saul, Davi se torna rei em Hebron (2Sm 1-4). De lá foi conquistando também as tribos do norte (2Sm 5,1-5). Estabeleceu a capital em Jerusalém, território neutro, conquistado dos jebuseus. Davi se empenhou em dar segurança ao povo. Seu exército era promotor de segurança para o povo. Por isto mesmo, sua fama era a de ser um rei justo, apesar de também ele ter feito muito mal (2Sm 11-12). 2 Idem, p. 14. Bruno Glaab Página 4

5 c) Salomão (971 a.. 1Rs 3-11) om a morte de Davi, seu filho Salomão chegou ao poder numa luta renhida. Inicia-se, assim, a dinastia davidida. Salomão criou verdadeira burocracia estatal. Também construiu o templo, montou um exército forte e desenvolveu o comércio de forma estrondosa (1Rs 10,14ss). Seus desmandos (1Rs 11,1-8) levaram o povo ao desespero (1Rs 12). Desenvolveu a escola sapiencial para formar os diplomatas da corte, nascendo assim também a literatura sapiencial. V O isma, os dois reinos (931 a.. 1Rs 12) Salomão viveu no luxo. Para tanto, explorou o povo, deixando-o na miséria. Após sua morte (931 a..) seu filho Roboão assumiu o poder (1Rs 12). Sob a liderança de Jeroboão as tribos do norte rompem com a casa de Davi, formando assim, as dez tribos o Reino do Norte (Israel). As duas tribos do sul ficam com Roboão (davidida) e formam o Reino do Sul (Judá). 1) O Reino do Norte = Israel Em Israel tem muita turbulência. Jeroboão (1Rs 13-14) agiu de forma violenta para separar seu povo dos laços de Jerusalém. riou assim, nova capital (Siquem e depois Tersa), bem como modificou o calendário de festas religiosas e construiu dois santuários, um em Betel e outro em Dã. Seu filho e sucessor Nadab (1Rs 15,22-31) foi assassinado por Baasa, que assumiu o trono. O filho deste (Ela 1Rs 16,8-14) foi assassinado por Zambri que reinou sem apoio do povo e por fim se suicidou (1Rs 16,15ss). Em seu lugar assume Amri (1Rs 16,21ss). Este governou de a.. Deu certa estabilidade a Israel. onstruiu nova capital: Samaria (1Rs 16,24). Foi sucedido pelo seu filho Acab. Este foi rei violento. Teve muitas vitórias bélicas e reforçou o exército, o que pesou muito sobre os camponeses. Sua mulher, Jesabel, filha do rei de Tiro, trouxe seus deuses para Israel. Teve conflitos com Elias (1Rs 21-22). Ocozias e Jorão, filhos de Acab, deixaram a crise aumentar. Elias e Eliseu enfrentam este período de injustiças e idolatria. 2) O Reino do Sul = Judá O RS sempre foi governado por davididas (2Sm 7,1-17). Mas nem tudo era paz. Roboão tentou conter o norte (1Rs 12,1-25). Fechou os olhos diante da paganização. Seu filho Abiam seguiu sua política fraca. Ele foi sucedido por Asa. No seu governo houve reação do javismo. Seu sucessor Josafá, juntamente com Amri (RN) combateu o culto pagão. O filho de Josafá, Jorão, casou com Atalia, filha de Amri (RN). Atalia reintroduziu os ídolos em Israel. Neste período (840 a..) paira uma ameaça sobre Israel e sobre Judá. Trata-se de uma possível invasão da Assíria. Bruno Glaab Página 5

6 VI O Império Assírio ( a.. 2Rs 1-24; Is 36-39) A Assíria começa com planos de expansão e de conquista: 1) O Reino do Norte - RN ( a..) O rei Salmanassar III ( ) tem projetos expansionistas. Em 841 subjugou o rei Jeú (RN). Este teve de pagar tributos à Assíria. Jeú se deu mal. A ordem política e econômica em colapso. Isto fragilizou, ainda mais, os camponeses. Depois de Jeú, Israel teve Joacaz e mais tarde Joás, como reis. Os conflitos avançavam e recuavam. Joás fez guerra contra Judá e saqueou Jerusalém. Neste período houve certa prosperidade no RN. Jeroboão II reconquistou alguns territórios perdidos. Fez verdadeiro milagre econômico. onflitua com Amós e Oséias. Depois de Jeroboão II reinou o caos. Zacarias, seu sucessor, governou apenas 6 meses e foi assassinado por Selum. Também este, em pouco tempo, é assassinado por Manaém (753 a.. 2Rs 15,13ss). Este novamente paga tributo à Assíria, sob Teglat-Falasar III. Facéias sucedeu a Manaém, mas foi assassinado por um oficial, de nome Facéia. Este novo rei, para se ver livre da Assíria, faz aliança com Razon de Damasco (Síria). Esta aliança recebe o nome de oalizão Siro-efraimita. Tenta obrigar Judá a se aliar (2Rs 16,5). Judá, porém, se alia à Assíria. Tegla-Falasar invade Damasco e Israel. O novo rei, Oséias, se subemte à Assíria. Salmanasar V sucedeu a Teglat-Falasar. O rei Oséias quis se livrar da Assíria e pede ajuda ao Egito, mas o rei da Assíria ocupa Israel e prende Oséias (2Rs 17). Samaria (capital) cai em 722 a.. O novo rei da Assíria, Sargon II deporta os israelitas para a Assíria e trouxe gente da Assíria para Israel. Da mistura destes com os remanescentes, nasceram os samaritanos. Israel deixou de existir. 2) O Reino do Sul - RS ( a..) O rei Jorão teve curto reinado. Seu filho Ocozias foi assassinado por Jeú (RN). Atalia, filha de Amri (RN), mãe de Ocozias, assumiu o poder (única não-davidida a reinar o RS). Governou aproximadamente 5 anos. Para se ver livre de possíveis concorrentes, massacrou todos os os descendentes de Davi (2Rs 11), que eram também seus descendentes. Mas um neto (Joás), filho de Ocozias, foi salvo por uma tia. Este foi coroado rei e Atalia foi executada. Joás teve longo reinado. Por fim também ele dói assassinado. Seu sucessor Amazias foi fraco. Também ele foi assassinado. O novo rei, Ozias (Azarias) reconquistou territórios e fortaleceu Judá, mas seu filho Joatão foi omisso. O novo rei Acaz levou Judá ao desastre. Teve de pagar tributo à Assíria, bem como aceitar seus deuses. Ezequias (2Rs 18) tentou reconquistar Israel (12 Tribos). O povo estava descontente com a Assíria. Porém, Senaquerib (2Rs 19,35ss) da Assíria pôs fim a estes planos. Ezequias morre como rei vassalo da Assíria. Neste tempo situa-se a profecia de Miquéias. Os dois sucessores imediatos, Manassés e Amon (2Rs 21) foram dependentes da Assíria. A corrupção, neste período, foi forte. Neste cenário age o profeta Sofonias. A Assíria entra em crise. Judá tem novo rei, Josias. Este inicia reformas, retomando o projeto de Ezequias (2Rs 22-23). Ele quer reunir o norte e o sul. Também Bruno Glaab Página 6

7 quer refazer a aliança, eliminando a idolatria. Na base está a descoberta do Dt (2Rs 22,3ss). No entanto, Josias morre em 609 a.. numa batalha contra o faraó Necao do Egito, em Meguido e sua reforma é interrompida. Em 612 a.. Nínive (cap. da Assíria) é destruída por uma potência emergente, a Babilônia. A Babilônia toma posse das antigas posses da Assíria. Também se apodera de Israel e de Judá. VII Império da Babilônia ( a.. 2Rs 18-25; Jr 52; Lm) A Babilônia tinha projetos expansionistas. Isto teve reflexos imediatos na vida de Judá. 1) O fim de Judá O filho de Josias, Joacaz (2Rs 23,31ss) governou 3 meses e foi deposto pelo faraó Necao. Em seu lugar o faraó impôs, como rei, a Eliacim (irmão de Joacaz), mudando-lhe o nome para Joaquim. Judá se torna vassalo do Egito. Em 598 a.. Nabucodonosor (Babilônia) entra em Jerusalém, mata Joaquim. Seu filho Joaquin o sucede. Três meses depois ele é deposto (2Rs 24,8ss) pela Babilônia. Em seu lugar a Babilônia põe o seu tio Matanias, mudando-lhe o nome para Sedecias. Neste tempo, dá-se a 1ª deportação para a Babilônia (597 a..). Sedecias busca a independência, mas fracasssa. Em 597 a.. Nabucodonosor cerca Jerusalém por um ano e em 596 a cidade é inavdida. O rei é preso. Degola-se todos os filhos (davididas) e depois o rei tem as vistas furadas. É levado preso para a Babilônia. A cidade é arrasada. Dá-se a 2ª deportação. Deixam apenas os camponeses. 2) O Exílio Os exilados esperavam que Joaquin reassumisse o poder, mas aos poucos foram assimilando os costumes babilônicos. Ezequiel é o profeta da esperança que luta contra tal assimilação. No Exílio nascem as sinagogas. Progride uma tendência teológica, o deuteronomismo, reedita o Dt, textos proféticos e a OHD (Js; Jz; 1-2Sm; 1-2Rs). Também os sacerdotes de esmeram em suas tradições para manter a identidade do povo (Gn 1; legislação; Lv; etc). onfusões internas enfraquecem a Babilônia. Surge novo império, o império persa. Em 539 a.. os persas conquistam a Babilônia e assumem seus territórios satélites. VIII O Império Persa ( a.. Esd e Ne) A partir de 550 a.. o império persa está em expansão. Representava uma ameaça para decadente Babilônia e ao mesmo tempo uma esperança para os judeus exilados. O 2º Isaías (Is 40-55) alimenta a esperança entre os exilados. Em 539 a.. a Babilônia cai e a Palestina se torna domínio persa. Bruno Glaab Página 7

8 iro, rei persa, domina, mas deixa liberdade religiosa e cultural. Exige tributo, mas não interfere na vida do povo, desde que não faça política. Em 537 a.. o rei permite o retorno da 1ª leva de deportados, para Jerusalém, sob a liderança de Sassabassar. Os retornados iniciam a reconstrução do templo (2º templo Esd 2-3). Até os objetos sagrados, roubados por Nabucodonosor, foram devolvidos (Esd 1,2-11; 6,3-5). Os samaritanos instigaram os persas e os judeus tiveram de suspender a reconstrução. Em 520 a.., o rei Dario permite a Zorobabel continuar a obra (Esd 6-12). O templo foi reinaugurado em 515 a.. (Esd 6,19-22). Em 448 a.. voltou uma 2ª leva de judeus do exílio e se põem a reconstruir os muros de Jerusalém (Esd 4,12). Os samaritanos denunciam esta obra aos persas e tudo para (Esd 4,17-27). Mas em 445 a.. Neemias volta do exílio e termina a obra, além de ser nomeado governador (Ne 13,6). Em 428 a.. volta o sacerdote Esdras. Ele promulga alei que rege a comunidade judaica. Funda-se assim o judaísmo. Inicialmente os samaritanos quiseram participar das comunidades judaicas, mas estas se fecharam. Assim gerou-se o conflito que perdura até o Novo Testamento entre judeus e samaritanos. Os samaritanos então construíram seu templo no monte Garizim em 420 a.. Neste período foram escritos a OH (1-2r; Esd; Ne). Por sua vez, os sacerdotes terminaram a redação do Pentateuco. Também se escreveu Tb; Jn; Rt e o 3º Is. O império persa, por um lado foi menos cruel, mas por outro, manteve os povos dominados com mais sutileza. A derrocada deste império se deu em 331 a.. diante de Alexandre Magno. IX Império Grego ( a.. 1-2Mc) Alexandre Magno tinha um espírito de conquista. Sua luta expansionista não conhecia trégua. onquistou o Oriente Médio e regiões adjacentes, até a Índia. Porém, a malária pôs fim a suas ambições. Morreu aos 33 anos, em 323 a.. Morto o imperados, faltava-lhe um sucessor. Seus oficiais do exército (diádocos = sucessores) dividiram entre si o vasto império: Ptolomeu ficou com o Egito (lágidas Lagos, pai de Ptolomeu) Seleuco ficou com a Babilônia e regiões orientais (selêucidas) Antígono ficou com a Frigia Maior até o sul da Palestina Lisímaco ficou com a Trácia assandro ficou com a Macedônia 1) Os Lágidas ( a..) Ptolomeu quis transformar o Egito num reino forte e seguro (322 a..). Quis se apropriar da Palestina por ser um ponto estratégico. Passou a disputar a região com Seleuco e Antígono. Em 301 a.. conquistou a Palestina. Exilou muitos judeus para o Egito (Alexandria). Ptolomeu II teve de lutar pelo domínio da Palestina com os selêucidas. Neste período se traduziu a Bíblia para o grego (LXX Septuaginta). riou-se uma sociedade injusta na Palestina. Poucos ricos e muitos trabalhadores pobres. Deu muitas regalias aos sacerdotes e nobres. Neste cenário é escrito o Eclesiastes. Bruno Glaab Página 8

9 2) Os Selêucidas ( a..) Antíoco III (selêucida) tomou a Palestina em 197 a.. para manter o domínio, não impôs o helenismo à força, mas paulatinamente fazia a cabeça do povo. Deu regalias aos sacerdotes e nobres. Em 190 a.. Jesus Bem Sirac escreve o Eclesiástico para reavivar a identidade judaica empalidecida pelo helenismo. Em 175 a.. sobe ao trono Antíoco IV Epífanes. Este era violento e começou a impor o helenismo e a cultura grega a ferro e fogo. O judaísmo se dividiu. Os coniventes (beneficiados) e a resistência (perseguidos). Estes refletem os livros de Dn, 1-2Mc. Os Macabeus, com o sacerdote Matatias, iniciam a resistência e em três anos conseguem grandes vitórias. 3) Os Asmoneus ( a..) Matatias, pai de Judas Macabeu (1Mc 2,1) inicia a luta de resistência. Seu pai, segundo 1Mc 2,1, se chamava João, mas segundo o historiador Flávio Josefo, chamava-se Ashmon. Assim, asmoneus, são os descendentes dos Macabeus. Trta-se de uma dinastia real-sacerdotal que resistiu ao helenismo e governou até 63 a.. Eles reconquistaram os territórios perdidos, quase aos limites do reino de Davi-Salomão. Seus membros que reinaram, forma: - João Hircano I ( a..). Iniciou um projeto de expansão da Judéia, até entre os idumeus. Forçou a circuncisão. Destruiu o templo dos samaritanos. - Aristóbulo I ( a..). Seu governo foi breve. Morreu repentinamente. - Alexandre Janeu ( a..). Reconquista Israel, quase aos limites dos tempos de Davi e Salomão. - Salomé Alexandra (76-67 a..). É a viúva de Alexandre Janeu. Arrumou confusão entre seus filhos. Nomeou Hircano II sumo sacerdote. Depois de sua morte, Aristóbulo II lutou contra seu irmão Hircano. Este pede proteção a Roma, abrindo a chance deste império se imiscuir nos assuntos internos. Foi assim que Pompeu (generel romano) invadiu Jerusalém em 63 a.. Desta forma terminou o império grego, a dinastia asmonéia e Israel vai para o domínio romano. X O Império Romano (63 a d..) Roma é fundada em 754 a.. Os etruscos a dominam até 509 a.. até então, Roma é cidade-estado que tem o seu rei. om a saída dos etruscos, desaparece a monarquia. Seu governo, tem agora, uma colegiado de magistrados, eleitos anualmente, chamados, inicialmente de pretores e depois, cônsules. Havia, também, o senado, onde famílias, donas de terras, exerciam o poder (patrícios). Davam proteção aos pequenos camponeses (clientes). Os que não eram, nem patrícios, nem clientes, recebiam o nome de plebe. Aos poucos também a plebe pressiona por poder, através das assembléias. Seus representantes eram os tribunos. Alguns plebeus ficaram muito ricos. onseguiram, inclusive, eleger cônsules para o senado. Ainda nos séc. IV-III a.. o império romano iniciou um projeto expansionista, passando pelo Mar Mediterrâneo, atingindo parte da Europa, da África e da Ásia. om a crise dos lágidas e dos selêucidas, tomam conta da Ásia Menor e do Egito. Bruno Glaab Página 9

10 No séc. II a.., os militares dão um golpe e instalam verdadeira ditadura. Os generais acabam com a participação dos tribunos. Pompeu, general romano, conquistou Jerusalém em 63 a.. tornando-se, assim, senhor da ditadura. Mas ele perde o papel para Júlio ésar, outro general. Este assume papel de ditador perpétuo. Este foi assassinado em 45 a.., mas já havia colocado a base para o império. Logo após a morte de Júlio ésar, Roma foi governada por um triunvirato (Otaviano, Lépido e Marco Antônio). Otaviano se livrou dos dois e em 27 a.. se tornou Augusto (imperador). Tibério (17-37 d..) continua seu projeto de expansão. alígula governou de Foi sucedido por láudio (41-54). Este expulsou os judeus de Roma. Seu sucessor foi Nero (54-68 d..). Era um imperador ambicioso, meio louco. Incendiou Roma e pôs a culpa nos cristãos. Em 69 d.. três militares disputaram o poder: Vitélio, Otônio e Galba. Ainda em 69 Vespassiano assume o poder e governa até 79. Ele cria a religião dos césares, o culto ao imperador. Tito (79-81 d..) sucede a Vespassiano, seu pai. Seu governo é breve. Domiciano (81-96 d..) mata seu irmão Tito e toma o poder. Se declarou divino. Exerceu o poder de forma absolutista. Perseguiu o cristianismo de forma violenta (Apocalipse). Após a morte de Domiciano, assume o poder, Nerva (96-98 d..). Seu governo foi de transição. Foi sucedido por Trajano ( d..). Em seu governo Roma conhece o expansionismo. Adriano ( d..) enfrentou a rebelião judaica ( ). Ele arrasou Jerusalém, mudando-lhe o nome para Aelia apitolina. XI A Palestina no tempo de Jesus 1) O cenário político Em 63 a.. a Palestina foi anexada à província romana da Síria e Herodes Magno (37-4 a..) é seu rei. Ou seja, Herodes é rei vassalo de Roma. Seus filhos herdaram seu reino, dividido em tetrarquias: - Arquelau governou a Judéia, a Samaria e a Iduméia; - Herodes Antipas governou a Galiléia e a Peréia; - Herodes Filipe governou a Ituréia e a Traconítide. Arquelau era extremamente truculento. A pedido dos judeus, ele foi deposto noa no 6 d.. e em seu lugar foi posto um procurador romano. 2) Dependência do Império Romano A Palestina dependia de Roma a nível político e econômico: a) Econômico: a Palestina paga impostos: - Imposto pessoal sobre terras; - ontribuição anual para a manutenção do exército; - Imposto sobre compra e venda. b) Político: a Palestina tem governo próprio, mas este não é soberano, é vassalo. Havendo conflito, Roma nomeia um procurador. A Palestina geria suas questões internas através do sinédrio (conselho de 70 anciãos, presidido pelo sumo sacerdote). O procurador nomeava o sumo sacerdote. Bruno Glaab Página 10

11 3) A sociedade judaica A sociedade judaica tinha diversos partidos ou segmentos que se posicionavam frente à ocupação romana: - Saduceus: classe alta, coniventes. onservadores, queriam manter a ordem estabelecida. São, geralmente, grandes proprietários, elite sacerdotal, controlam o sinédrio. - Herodianos: colaboradores de Herodes Antipas. Farejavam os subversivos, ou rebeldes políticos. - Fariseus: puros, separados. Eram nacionalistas e anti-romanos, mas passivos. Queriam restaurar a independência de Israel através da estrita observância da Lei. Por isto eram puristas e legalistas. Eram leigos de todas as camadas sociais. Havia também alguns sacerdotes pobres. - Zelotas: nacionalistas violentos. Praticavam a luta armada contra os romanos. Oriundos das classes pobres. Queriam expulsar os romanos e restaurar a monarquia davídica. 4) As instituições As grandes instituições eram, a cidade santa, Jerusalém, o templo e as sinagogas: - Templo: (Jerusalém) era o centro econômico, político, religioso e judiciário. Por ele passava a economia. O sinédrio julgava no templo. Ali se exercia o poder ideológico de controle social. Era controlado pelos sacerdotes e pelos saduceus. - Sinagoga: locais de reunião para a oração e pregação. Havia muitas, espalhadas pelo país. Eram controladas pelos fariseus e escribas. - Jerusalém: centro político e espiritual do judaísmo. ontava com 3- a 50 mil hab. Nas festas recebia até 200 mil peregrinos. Nos anos aconteceu a Guerra Judaica. Em conseqüência, Tito, general romano, destruiu Jerusalém e arrasou o templo. Em , com a revolta de Simão Bar Kochba, Jerusalém é novamente destruída. O imperador Adriano proibiu aos judeus de viverem nela. A cidade vira colônia romana, com o nome de Aelia apitolina. Bruno Glaab Página 11