II Congresso Nacional de Administração e Ciências Contábeis AdCont e 14 de outubro de 2011 Rio de Janeiro RJ

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1 Os Pesquisadores Mais Profícuos na Área Contábil: Uma Análise de sua Produção e Influência nos Programas Stricto Sensu José Ricardo Maia de Siqueira, Doutor em Engenharia de Produção Professor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ jrms@facc.ufrj.br Jeanny Almeida Santos, Universitária Aluna da FACC UFRJ jeannyalmeida@ymail.com Marianna Vivacqua Saboia, Universitária Aluna da FACC UFRJ naninhaarj@gmail.com Resumo A Capes decidiu desconsiderar os artigos publicados em anais de eventos para fins de avaliação da produção intelectual dos programas stricto sensu em ciências contábeis no triênio Ao tomar esta decisão transformou os artigos em periódicos em uma das principais publicações acadêmicas em área, já que os critérios para avaliação de livros são muito subjetivos. Torna-se de fundamental importância entender como esta mudança impacta a produção acadêmica na área contábil. Este artigo tem como objetivo analisar a produção em periódicos dos pesquisadores contábeis mais produtivos no triênio e seu impacto nos programas a que pertencem. Para atingir este objetivo foi feito um levantamento dos professores que compõem os programas stricto sensu em contabilidade no país. Analisou-se os currículos lattes dos pesquisadores e quantificou-se sua produção em periódicos segundo sua pontuação no Qualis. Dentre as principais descobertas, destacam-se: a) entre os quatro pesquisadores com maior pontuação, nenhum pertence à USP, que possui o programa melhor ranqueado; b) a USP tem, contudo, o maior número de docentes na lista dos pesquisadores mais produtivos; c) a USP apresenta a melhor distribuição da produção intelectual atingidno a classificação MB, e d) a sub-área Controladoria e Contabilidade Gerencial, recebeu o maior esforço de produção dos pesquisadores analisados. Palavras-chave: Pesquisa Contábil. Produção Acadêmica. Periódicos. Área Temática: Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade. 1. Introdução Um dos critérios mais relevantes na avaliação dos programas stricto sensu em ciências contábeis é a produção intelectual. Isto faz com que este seja um dos itens mais monitorados pelos coordenadores dos programas de mestrado e doutorado. Para o triênio , a Capes não mais considerará a produção acadêmica de artigos em anais de congresso na avaliação da produção intelectual, o que torna de fundamental importância a publicação de artigos em periódicos. Dado esse contexto, este artigo tem como objetivo objetivo analisar a produção em periódicos dos pesquisadores contábeis mais produtivos no triênio e seu impacto nos programas a que pertencem. 1

2 2. Revisão de Literatura Vários são as pesquisas realizadas relacionadas à produção acadêmica na área contábil brasileira (IUDÍCIBUS; THEÓPHILO, 2005; MAGALHÃES, 2006). Diferentes são as abordagens adotadas. Leite Filho, Paulo Júnior e Siqueira (2007), por exemplo, analisaram 147 artigos na revista Contabilidade & Finanças, no período de 1999 a O estudo apontou que os autores dos artigos tem enfatizado o uso de livros e identificou indícios de endogenia, já que os professores da USP lideram o número de publicações na revista. Já Siqueira e Carvalho (2006) analisaram a produção acadêmica relativa a balanços sociais no Congresso USP de Controladoria e Contabilidade no período de 2001 a 2004, identificando uma melhoria na qualidade da produção com o avançar dos anos. Nota-se, portanto, que muitos são os enfoques a serem direcionados neste tipo de pesquisa e também sua relevância para a consolidação do conhecimento na área. 3. Metodologia Para fins desta pesquisa, foram considerados como pesquisadores da área contábil, aqueles associados a programas stricto sensu em contabilidade. Para atingir os objetivos desta pesquisa foram identificados através das páginas dos programas os corpos docentes vinculados a cada programa. Com base neste levantamento foram obtidos os currículos lattes dos professores e analisada a produção em periódicos de cada um deles. Esta produção foi quantificada segundo o Qualis da Capes. Como as páginas, com freqüência não deixavam claro quem pertencia ou não ao quadro permanente, todos foram considerados como tal. Este fato leva a uma distorção na quantificação da distribuição da produção. 4. Análise de Resultados 4.1. Os Pesquisadores Mais Produtivos e os Programas Stricto Sensu em Contabilidade O Quadro 1 apresenta os vinte pesquisadores mais produtivos no triênio 2007 a 2009, considerando-se apenas a produção em periódicos. Salta à vista que as quatro primeiras posições do ranking são ocupadas todas por pesquisadores não vinculados ao programa stricto sensu mais antigo e mais bem pontuado do país na área a USP. O professor a USP mais bem colocado Fabio Frezatti que aparece em quinto lugar com 630 pontos no triênio 2007 a 2009 junto com a professora Alessandra Vasconcelos Gallon da Universidade Federal do Ceará e Sandra Rolim Ensslin da Universidade Federal de Santa Catarina. Quadro 1 Os Pesquisadores Mais Profícuos 2007 a 2009 Pesquisador Programa Pontos 1 Ilse Maria Beuren FURB José Alonso Borba UFSC Marcelo Alvaro da Silva Macedo UFRJ Ricardo Rodrigues Barbosa UFMG Alessandra Vasconcelos Gallon UFC Fabrio Frezatti USP Sandra Rolim Ensslin UFSC Alexsandro Broedel Lopes USP Marcos Antonio de Sousa Unisinos Monica Cavalcanti Sá de Abreu UFC José Francisco Ribeiro Filho UFPE Luiz João Corrar USP Adriana Maria Procópio de Araújo USP-RP Nelson Hein FURB 510 2

3 13 Luiz Paulo Lopes Fávero USP Alexandre Di Miceli da Silveira USP Yony de Sá Barreto Sampaio UFPE Reinaldo Guerreiro USP Edson Luiz Riccio USP Antonio Carlos Dias Coelho UFC Hudson Fernandes Amaral UFMG 450 Obs.: Há 21 pesquisadores na lista pois os dois últimos componentes têm a mesma pontuação. Apesar do quadro docente do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade da USP só ter um representante a partir da quinta posição no ranking dos mais produtivos, é importante destacar que esta instituição é a que possui o maior número de docentes entre os mais produtivos no triênio , com um total de sete professores. Depois do programa da USP tem-se a Universidade Federal do Ceará com três professores. Logo em seguida, com dois professores, encontram-se os programas da FURB, UFMG, UFSC e UFPE estando incluído nesta última instituição, o recém-falecido professor José Francisco Ribeiro Filho. Por fim, com um professor no ranking dos mais profícuos, se encontram os programas da UFRJ, Unisinos e USP de Ribeirão Preto. Das dez instituições listadas no quadro 1 com docentes classificados entre os mais produtivos, nove são IES ligadas ao poder público. A FURB foi considerada neste grupo de nove, por ser uma autarquia municipal de regime especial (...) aplicando-se as prerrogativas e os privilégios da fazenda pública municipal (FURB, 2011). A única exceção foi a Unisinos do Rio Grande do Sul. Das 17 instituições que compõe esta pesquisa, não contaram com qualquer professor na lista dos vinte mais produtivos os programas da UFAM, UFPR, Universidade Mackenzie, Unifecap, UERJ, UFBA e Fucape. Tais informações torna necessária a análise dos programas à luz da participação dos professores altamente produtivos no corpo docente do programa Distribuição da Produção Intelectual no Corpo Docente A Capes considera como professores altamente produtivos aqueles que atingem uma pontuação mínima de 150 pontos dentro do triênio, trata-se da classificação considerada como MB pela Capes. Foram calculadas as proporções, por programa, de docentes que atingiram o patamar de alta produtividade definido pela Capes e o conceito alcançado pelo programa, conforme se pode observar no Quadro 2. Quadro 2 Distribuição da Produção nos Programas Programa Proporção de Docentes que Alcançaram 150 pontos Conceito Fucape 56,25% R FURB 73,33% B Mackenzie 70,00% B PUC-SP 27,27% F UERJ 6,67% D UFAM 10,00% D UFBA 23,08% F UFC 36,00% F UFMG 75,00% B UFPE 53,85% R UFPR 27,27% F UFRJ 50,00% R UFSC 54,55% R Unifecap 25,00% F Unisinos 57,14% R USP 90,00% MB USP-RP 53,85% R 3

4 Um dos benefícios de ter pesquisadores de ponta assim considerados, para fins desse trabalho, aqueles que estejam entre os vinte mais profícuos é a sua capacidade de gerar uma produção intelectual tão numerosa que eleva a produção média do programa. A inexistência de pesquisadores de ponta em um programa não é necessariamente ruim, desde que os demais professores do corpo permanente atinjam o patamar de alta produtividade definido pela Capes 150 pontos. O cruzamento dos dados dos quadros 1 e 2 mostra dados preocupantes em relação a alguns programas. A análise do quadro 1 revela que vários dos programas analisados não possuem pesquisadores de ponta. Em dois deles UFAM e UERJ a situação é preocupante, pois além de não ter qualquer pesquisador listado entre os mais profícuos, poucos docentes alcançaram o nível de alta produtividade, sinalizando para uma distribuição fraca (F) de sua produção. A UFAM teve apenas 10% dos docentes alcançando esse patamar, na UERJ o cenário é ainda mais drástico com apenas 6,67% dos professores alcançando os 150 pontos. Outras duas instituições precisam ficar atentas com sua produção intelectual PUC-SP e UFPR que, além de não ter pesquisadores listados entre os mais produtivos, tiveram uma distribuição da produção considerada como deficiente (D). Três dessas instituições tiveram recomendação de descredenciamento nos dois últimos triênios, a UERJ no triênio e UFAM e UFPR no triênio , sendo que para estas duas últimas a recomendação foi revertida com o recurso feito ao comitê de área da Capes. Por fim, é relevante destacar que a PUC-SP teve sua nota rebaixada de 4 para 3 no último triênio. Chama atenção o caso da USP, que além de ter sete pesquisadores listados entre os mais produtivos, foi a única instituição a alcançar o nível muito bom (MB) na apreciação da distribuição da produção intelectual. Do corpo docente do programa da USP, 90% alcançou 150 pontos Análise da Produção dos Pesquisadores Mais Produtivos A análise da produção dos pesquisadores mais profícuos oferece uma visão das subáreas de conhecimento para onde estão sendo direcionados suas pesquisas, sem esquecer de uma maior entendimento quanto ao gerenciamento de seus esforços de publicação. Uma visão das sub-áreas de conhecimento pode ser observada no quadro 3. Quadro 3 Sub-Áreas do Conhecimento Sub-Área Pontuação Participação Controladoria e Contabilidade Gerencial ,91% Contabilidade para Usuários Externos % Mercados Financeiros e de Capitais ,41% Educação e Pesquisa em Contabilidade ,69% Outros ,01% Total ,00% Através da análise do quadro 4 percebe-se que os pesquisadores mais profícuos em contabilidade direcionaram a maior parte de suas pesquisas para a sub-área de controladoria e contabilidade gerencial, seguida por contabilidade para usuários externos, ensino e pesquisa em contabilidade e, por último, mercados financeiros e de capitais. A área de mercados financeiros e de capitais é a que desponta como de menor peso de produção entre os pesquisadores mais produtivos, respondendo por um pouco mais de 12% do esforço de produção. Trata-se da sub-área com maior índice de rejeição, dentre os 21 pesquisadores analisados, doze não apresentaram qualquer artigo em periódico pontuado no Qualis no triênio

5 Os pesquisadores mais produtivos da área gerenciam de forma diferenciada sua produção, podendo ser divididos em três grupos distintos. Um grupo de pesquisadores distribui sua produção por duas ou três sub-áreas. É o caso de pesquisadores como: Ilse Maria Beuren, Sandra Ensslin e Alessandra Gallon, entre outros. Um segundo grupo se concentra em uma sub-área específica e tem pesquisas residuais em outras sub-áreas. Os pesquisadores Antonio Coelho e Hudson Amaral, são exemplos de componentes deste grupo. Por fim, há um terceiro grupo formado por pesquisadores que, apesar de estarem associados a programas na área contábil, têm a maior parte de sua produção intelectual vinculados a temas não-contábeis. Monica Cavalcanti Abreu, Ricardo Barbosa e Yony Sampaio são pesquisadores que se encaixam dentro deste perfil. 5. Considerações Finais A análise dos pesquisadores mais produtivos da área contábil demonstrou que o programa da USP é aquele que dispõe do maior número de docentes entre os pesquisadores de ponta. Esse dado aliado ao fato de ser o único programa a ter uma distribuição classificada como MB, sinaliza para a solidez da produção intelectual do programa da USP, caso mantenha o desempenho do triênio anterior. O mesmo não pode ser dito dos programas da PUC-SP, UFPR e, notadamente, UFAM e UERJ. Estes programas além de não ter pesquisadores listados entre os mais produtivos, possuem uma classificação F ou D para sua distribuição de produção. Tal dado sinaliza para a necessidade desses programas fazerem ajustes para o triênio Percebeu-se que a sub-área de conhecimento onde se concentrou o maior esforço de produção dos pesquisadores mais profícuos foi Controladoria e Contabilidade Gerencial, absorvendo 31,91% dos pontos totalizados pelos 21 pesquisadores analisados. Esses pesquisadores apresentaram diferenças no gerenciamento de seu esforço de produção, mostrando que vários são os caminhos para se atingir uma alta produtividade. Referências FURB. A FURB. Disponível em: &Itemid=3&sis_id_lang=1. Acesso em 15 fev IUDÍCIBUS, S.; THEÓPHILO, C.R..Uma Análise Crítico-Epistemológica da Produção Científica em Contabilidade no Brasil. In: Anais doencontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração, 29, Brasília: ANPAD, CD-ROM. LEITE FILHO, G.A.; PAULO JÚNIOR, J.; SIQUEIRA, R.L. Revista Contabilidade & Finanças Usp: Uma Análise Bibliométrica de 1999 a In: Anais do 7º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. São Paulo: MAGALHÃES, F.A.C. Construção do Saber no Programa de Doutorado em Contabilidade no Brasil: Plataformas Teóricas e Motivações. In: Anais do Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração, 30, Salvador: ANPAD, CD-ROM. SIQUEIRA, José Ricardo M.; CARVALHO, Márcia S. Balanço Social: uma Análise da Produção Acadêmica no Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. In: SIQUEIRA, José Ricardo M.; PEREIRA, Wally C. (Organizadores). Ensino e Pesquisa em Contabilidade. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,