PROGRAMA Teoria II (60 horas) PPGA/UFPR Prof. Miguel Carid Naveira Ed. Dom Pedro I, Sala 617, Segunda-feira, 14h:00-18h:00. Ementa

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1 PROGRAMA Teoria II (60 horas) PPGA/UFPR Prof. Miguel Carid Naveira Ed. Dom Pedro I, Sala 617, Segunda-feira, 14h:00-18h:00. Ementa Nas primeiras páginas de seu Manual de etnografia, Marcel Mauss sugere que a Antropologia concede à teoria principalmente um valor heurístico. Mauss compara a teoria com a intuição, ambas, diz ele, valores e perigos para o pesquisador (1974:12). A teoria representa seu verdadeiro papel, afirma Mauss, como fonte estimuladora de pesquisa. Valor, perigo e estímulo são termos que servem para nos alertar sobre o lugar, específico no contexto das ciências humanas, que a antropologia concede à teoria. Sendo um dos principais objetivos da antropologia dialogar para valer (...), tratar os outros como possíveis interlocutores de uma teoria mais geral das relações sociais (Viveiros de Castro, 2002:486), impõe-se ao antropólogo um especial cuidado para não confundir teoria e teorias (... ou para con-fundi-las na medida certa). É nesse sentido que a antropologia se situa na confluência da teoria que informa o senso comum do pesquisador, das teorias pressupostas pela história da disciplina e das teorias nativas, principais interlocutoras do diálogo antropológico. Em resumo, se a antropologia se pretende uma forma de conhecimento construída no diálogo entre nativos e pesquisadores, cabe à teoria antropológica (ou teorias) justamente dialogar com esses diálogos. Levando em consideração essa confluência e a posição que o antropólogo ocupa nela, o presente curso almeja três objetivos principais: o primeiro, introduzir algumas das principais abordagens teóricas fundadoras da antropologia contemporânea; em segundo lugar, abordar alguns dos debates antropológicos mais atuais como, por exemplo, as relações entre cultura e história, a revitalização das discussões sobre o projeto comparativo ou a influência dos novos contextos sócio-políticos para a constituição de uma nova reflexão antropológica, entre outros; em terceiro lugar, tratar de sublinhar a relevância da especificidade antropológica no que diz respeito à relação consubstancial dos aspectos teórico-metodológicos. Para tanto, foram escolhidos textos de autores clássicos e atuais visando equilibrar reflexões teóricas gerais com estudos etnográficos específicos, pois é do encontro e diálogo com a etnografia que a teoria antropológica se regenera e contribui com suas melhores armas. 1

2 Avaliação A avaliação do curso contempla a realização de prova teórica referida aos textos incluídos nos sete primeiros seminários (50% da nota final) e a elaboração de cinco comentários críticos (3-5 páginas, 50% da nota final) de cinco seminários do curso escolhidos pelo aluno. I. A vida dos conceitos. Apresentação e discussão do programa da matéria. Estruturalismo. II. LÉVI-STRAUSS, Claude. A noção de estrutura em etnologia. Em: Antropologia Estrutural I. São Paulo: Cosac Naify, pp A estrutura dos mitos. Em: Antropologia Estrutural I. São Paulo: Cosac Naify, pp III. LÉVI-STRAUSS, Claude (1988). Qualidades sensíveis. Em: De perto e de longe. São Paulo: Cosac Naify, pp (1971). Finale. Em: O homem nu. São Paulo: Cosac Naify, pp (1993). Olhando Poussin. Em: Olhar, escutar, ler. São Paulo: Companhia das Letras, pp IV. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Claude Lévi-Strauss, fundador do pós-estruturalismo. Tempo Brasileiro, 175, pp Prólogo. Em: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, pp COELHO, Marcela. Por que a identidade não pode durar A troca entre Lévi-Strauss e os índios. Em: Lévi-Strauss Leituras brasileiras. Belo Horizonte: Editora da UFMG, pp V. Política e valor CLASTRES, Pierre.1990 (1974). Troca e poder: filosofia da chefia indígena ; A sociedade contra o Estado. Em: A Sociedade contra o Estado, pp ; pp DUMONT, Louis (1967) Prefácio à edição TEL ; Introdução. Em: Hommo hierarchicus O sistema de castas e suas implicações. São Paulo: Edusp, pp

3 . O valor nos modenos e nos outros. Em: O individualismo Uma perspectiva antropológica da ideologia moderna (1983). pp VI. Práticas (e teorias) BOURDIEU, Pierre (1980). A lógica da prática. Em: O senso prático. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, pp ORTNER, Sherry B Poder e projetos: reflexões sobre a agência. Em: Conferências e práticas antropológicas, Miriam Grossi et alii (orgs.). Blumenau: Nova Letra, pp TURNER, Victor (1982). Liminal ao liminoide: em brincadeira, fluxo e ritual. Um ensaio de simbologia comparativa. Mediações, vol. 17, num. 2, pp (Este ensaio foi originalmente publicado em From Ritual to Theatre: The Human Seriousness of Play. New York, PAJ Publications, 1982). VII. Antropologia interpretativa e pós-modernidade GEERTZ, Clifford. Thick Description: Toward an Interpretative Theory of Culture. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books, pp Ritual and Social Change: A Javanese Example. Em: The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books, pp MARCUS, George E Contemporary problems of ethnography in the modern world system. In: James Clifford & George Marcus (eds.). Writing culture. The poetics and politics of ethnography: Berkeley: University of California Press, pp.. DWYER, Kevin An All-Night Party ; On the Dialogic of Anthropology. Em: Moroccan Dialogues Anthropology in question. Illinois: Waveland Press pp ; VIII. Prova teórica IX. Pós-colonialismo THOMAS, Nicholas Against Ethnography. Cultural Anthropology, 6 (3): JAMES, Wendy The Anthropologist as reluctant imperialist. Em: Anthropology and the Colonial Encounter, Talal Asad (ed.), pp CARVALHO, José Jorge O olhar etnográfico e a voz subalterna. Horizontes Antropológicos, ano 7, número 15, pp

4 X. Antropologia e História (ou, uma nova história para a antropologia) SAHLINS, Marshall O Pessimismo sentimental e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um objeto em via de extinção. Mana. Estudos de Antropologia Social 3 (1), pp ; 3 (2), pp CALAVIA, Oscar In search of ritual. Tradition, Outer World and Bad Manners in the Amazon. Journal of Royal Anthropological Institute, 10, pp Leitura complementar: GORDON, Cesar Fazer o belo: consumo. Em: Economia selvagem Ritual e mercadoria entre os índios Xikrin-Mebêngôkre. São Paulo: Editora da UNESP: ISA; Rio de Janeiro: Nuti, pp XI. Materialidade, arte, agência. HENARE, Amiria et alii Introduction: Thinking Trough Things. In: Thinking Trough Things: Theorising Artifacts Ethnographically. Cambridge: Routledge, pp INGOLD, Tim. Against Space: place, movement, knowledge. Em: Being Alive Essays on movement, knowledge and description. London & New York:Routledge, pp GELL, Alfred. The technology of enchantment and the enchantment of technology. Em: The Art of Anthropology. XII. Grandes Divisores LIMA, Tânia e Márcio Goldman Como se faz um Grande Divisor? Em: Alguma antropologia/márcio Goldman. Rio de GOLDMAN, Márcio e Tânia Janeiro: Relume Dumará, pp LATOUR, Bruno (1983). Como redividir a Grande Divisão. Mosaico Revista de Ciências Sociais, 2(1), pp LATOUR, Bruno (1991). Crise ; Constituição. Em: Jamais fomos modernos Ensaio de Antropologia Simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, pp XIII. A antropologia de Marilyn Strathern STRATHERN, Marilyn Introdução ; Formas que se propagam. O gênero da dádiva Problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas, SP: Editora da Unicamp, pp ; pp

5 1986 "The limits of auto-anthropology". Em: Anthropology at home, A. Jackson (ed.). London: Tavistock, pp Leitura complementar: GELL, Alfred. Strathernograms, or, the semiotics of mixed metaphors. Em: The Art of Anthropology Essays and Diagrams. Oxfor, New York: Berg, pp XIV. A antropologia de Roy Wagner WAGNER, Roy (1975). A presunção da cultura (cp. 1); O poder da invenção (cp. 3). Em: A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, pp ; pp WAGNER, Roy. Izibidi: The Invention of Immortality. Em: Innovation of meaning in Daribi religion. Chicago/London: The University of Chicago Press, pp XV. Antropologia em perspectiva. EGGAN, Fred Social Anthropology and the Method of Controlled Comparison. American Anthropologist, 56, pp VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation. Tipití, vol. 2, num. 1, pp LIMA, Tânia O Dois e seu múltiplo: Reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia Tupi. Mana 2/2, pp