UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA Disciplina: Antropologia e Práticas Etnográficas (HS 101). Prof. Dr. Miguel Naveira Horário: Quarta-feira, 7h:30-9h:30; Sexta-Feira, 9h:30 11h:30. Local: Dom Pedro II 4 andar, Sala 410 Período: 1 semestre de 2014 Nº de créditos: 4 créditos 60 horas-aulas Ementa Sem dúvida, a etnografia é um dos eixos fundamentais do modo de conhecimento antropológico. Por um lado, a etnografia possui um apelo eminentemente metodológico, pois é definida pelo trabalho de campo e o registro e organização dos modos de viver e pensar dos diversos coletivos humanos; por outro lado, o método etnográfico não é apenas uma ferramenta, ela assume também funções epistemológicas. Ou seja, a antropologia é uma disciplina diferenciada, em larga medida porque os antropólogos fizeram e fazem etnografias, cujas contribuições são incorporadas à disciplina ampliando e configurando uma teoria específica do conhecimento caracteristicamente antropológica. O presente curso se propõe a pensar os modos específicos do método etnográfico com foco no trabalho de campo e nas diferentes técnicas de observação, registro, organização e análise de dados. Por se tratar de um curso inicial de graduação, a bibliografia selecionada contempla leituras de autores clássicos e contemporâneos e privilegia um panorama amplo de enfoques e contextos. A escolha dos textos se direcionou para duas abordagens bastante diferentes, porém complementares: de um lado, textos que refletem sobre diversos aspectos da etnografia e da antropologia; de outro lado, textos etnográficos stricto sensu. Por isso, o estudo das práticas etnográficas e do valor da etnografia para a antropologia serão abordados de duas maneiras bastante diferentes: em primeiro lugar, com base nos textos mais reflexivos sobre o método, através de uma reflexão teórica sobre o lugar da etnografia e do método etnográfico, suas características e potencialidades; em segundo lugar, com base na leitura e estudo dos textos etnográficos, mediante nossa reflexão sobre o fazer etnográfico e seus frutos, suas dificuldades e questões. Avaliação A avaliação consistirá em uma prova teórica (50% da nota final) e na realização de um trabalho de 6-8 páginas com uma descrição etnográfica baseada em trabalho de campo do aluno (50% da nota final). 1

2 BIBLIOGRAFIA Sessão 1 Antropologia e práticas etnográficas Apresentação e discussão do programa e bibliografia da matéria. Antropologia e etnografia no contexto das ciências humanas Sessão 2 CALAVIA, Oscar Definições. Em: Esse obscuro objeto de pesquisa: Um manual de método, técnicas e teses em antropologia. Ilha de Santa Catarina: Edição do autor, pp Sessão 3 PEIRANO, Mariza Max Weber e a antropologia Micro-etnografia e macro-sociologia: religião e política nas histórias teóricas das ciências sociais. Em: A atualidade de Max Weber, Jesse Souza (org.). Brasília: Editora da universidade de Brasília, pp Sessão 4 VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo (2002). Entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Em: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: CosacNaify, pp Sessão 5 Seminário prático Três definições e anti-definições de Antropologia e Etnografia. Etnografia e trabalho de campo Sessão 6 MALINOWSKI, Bronislaw. Introdução, método e objetivo de pesquisa ; O significado do Kula. Em: Os Argonautas do Pacífico Ocidental Um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipiélagos da Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril Cultural, pp ; Sessão 7 CLIFFORD, James (1994). Sobre a autoridade etnográfica. Em: A experiência etnográfica Antropologia e Literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, pp Sessão 8 WAGNER, Roy (1975). A presunção da cultura. Em: A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, pp Sessão 9 VELHO, Gilberto (1981). Observando o familiar. Em: Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro:Jorge Zahar editor, pp

3 Etnografia, sociedade e cultura Sessão 10 OLIVEIRA, Nemuel e Marcos Maio Estudos de comunidade e ciências sociais no Brasil. Revista Sociedade e Estado, vol. 26, num. 3, pp Sessão 11 GEERTZ, Clifford (1973). Ritual y cambio social: el caso javanés. In: La interpretación Culturas. Barcelona: Gedisa, pp Técnicas etnográficas, entrevistas e caderno de campo. Sessão 12 CALAVIA, Oscar O sujeito. Em: Em: Esse obscuro objeto de pesquisa: Um manual de método, técnicas e teses em antropologia. Ilha de Santa Catarina: Edição do autor, pp Sessão 13 GUBER, Rosana. El registro de campo: primer análisis de datos ; Casos de registro. Em: El salvaje metropolitano Reconstrucción del conocimiento social en el trabajo de campo. Buenos Aires: Paidós, pp Sessão 14 Seminário prático Realização de trabalho de campo e entrevistas. Crônicas etnográficas Sessão 15 CLASTRES, Pierre (1972). Nascimento (cap. I). Em: Crônica dos índios Guayaki o que sabem os Aché, caçadores nômades do Paraguai. Rio de Janeiro: Editora 34, pp Sessão 16 CANEVACCI, Massimo (2007). Dialógicas (cap. 1). Em: A linha de pó A cultura Bororo entre tradição, mutação e auto-representação. São Paulo: Annablume, pp Etnografia e instituições Sessão 17 DOUGLAS, Mary (1986). As instituições se fundamentam na analogia ; As instituições conferem identidade. Em: Como pensam as instituições. São Paulo: Edusp, pp Sessão 18 BONET, Octavio O diagnóstico como drama. Em: Saber e sentir: Uma etnografia da aprendizagem da biomedicina. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, pp

4 Etnografias do Centro (e de dentro) Sessão 19 LATOUR, Bruno. Entrevista: Por uma antropologia do centro. Mana, num. 10/vol. 2, pp Sessão 20 LATOUR, Bruno (1979) A construção de um fato. Em: Vida de Laboratório A produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, pp Etnografia e documentos Sessão 21 PEIRANO, Mariza Sem lenço, sem documento: Reflexões sobre cidadania no Brasil. Sociedade e Estado, revista semestral do departamento de Sociologia da UnB, pp Sessão 22 GOLDMAN, Márcio Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. Revista de Antropologia, vol. 46, num. 2, pp Sessão 23 (seminário com professor convidado) TAUSSIG, Michael I swear I saw this. Chicago, London: The University of Chicago Press. Pags (cap. 1,2 e 3). Etnografia e perícias antropológicas (seminário com professor convidado) Sessão 24 BECKER, Simone, Olívia Carla de Souza e Jorge Eremites A prevalência da lógica integracionista: negações à perícia antropológica em processos criminais do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul. Etnográfica, vol. 17 (1), pp Etnografia e biografia Sessão 25 GONÇALVES, Marco Antônio Etnobiografia subjetivação e etnografia. Rio de Janeiro: Editora Viveiros de Castro. (fragmento a definir) Etnografia e ciberespaço Sessão 26 CSORDAS, Thomas (2002). Sombras da representação e Ser na realidade virtual. Em: Corpo/Significado/Cura. Porto Alegre: Editora da UFRGS, pp Etnografia e ser afetado Sessão 27 FAVRET-SAADA, Jeanne Ser afetado. Cadernos de Campo, Nº 13, ano 14, p

5 Sessão 28 WACQUANT, Löic. Busy Louie. Em: Corpo & Alma Notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume Dumará. Sessão 29 Apresentação e discussão dos trabalhos dos alunos Sessão 30 Apresentação e discussão dos trabalhos dos alunos 5