O jogo electrónico no ordenamento jurídico português. O jogo electrónico - Enquadramento. O jogo em Portugal



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exploração dos jogos de fortuna e azar é reservado ao Estado. O Estado tem o direito de explorar directamente os jogos, ou permitir a sua exploração por entidades terceiras, ou concessioná-los e/ou autorizá-los casuisticamente. Vigora em Portugal o princípio geral da proibição da exploração dos jogos de fortuna e azar. O Estado invoca como argumento para a manutenção da reserva da exploração dos jogos de fortuna e azar, a defesa do interesse geral e da ordem pública, nomeadamente, a protecção dos consumidores, a prevenção da fraude e da delinquência, a luta contra a criminalidade organizada e a protecção das famílias. A regulação da actividade dos jogos de fortuna e azar no ordenamento jurídico português é feita, em termos gerais, por dois diplomas: (i) O Decreto-Lei n.º 422/89 de 2 de Dezembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 10/95 de 19 de Janeiro (a "Lei do Jogo"), e (ii) O Decreto-Lei n.º 84/85, de 28 de Março, republicado pelo Decreto-Lei n.º 317/2002, de 27 de Dezembro. Estes dois diplomas têm vindo a sofrer sucessivas alterações embora tenham mantido o referido princípio geral da proibição. A legislação portuguesa distingue três categorias de jogos de fortuna e azar: (a) Os jogos de casino, que incluem os jogos bancados (como por exemplo, a roleta e o póquer), e os jogos não bancados (como é caso do bingo e das máquinas de jogo). Em Portugal estes jogos só podem ser exercidos por empresas a quem o Estado adjudique a respectiva concessão mediante contrato administrativo. A exploração e a prática destes jogos só são permitidas nos casinos existentes em zonas territoriais de jogo, permanente ou temporário, criadas por decretolei ou, fora daquelas, nos casos excepcionais da exploração de jogos em navios e aeronaves; da exploração, fora dos casinos, de jogos não bancados e de máquinas de jogo; e da exploração do jogo do bingo. (b) As lotarias e apostas mútuas (os "Jogos Sociais"), que compreendem todos os concursos em que os respectivos participantes façam prognósticos ou previsões de resultados, relativamente a uma ou várias competições ou sorteios de números, com vista à aquisição do direito a prémios em dinheiro ou quaisquer outras recompensas. O direito de exploração destes Jogos Sociais para todo o território nacional foi concedido, em regime de exclusividade, à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (a "Santa Casa"). (c) Modalidades afins, que são legalmente definidas como todas e quaisquer operações oferecidas ao público em que a expectativa de ganho reside, conjuntamente, na sorte e perícia do jogador, ou somente na sorte, e que atribuem como prémio bens com valor económico. Esta categoria inclui nomeadamente as rifas, tômbolas, sorteios, concursos publicitários, concursos de conhecimento e passatempos. A exploração das modalidades afins está dependente de autorização administrativa a atribuir casuisticamente e acompanhada das respectivas condições específicas. Em suma, na medida em que a licitude da exploração e prática dos vários tipos de jogos de fortuna e azar depende de autorização administrativa, todo o contrato de jogos de casino, apostas mútuas e modalidades afins, é inválido quando não autorizado previamente pelo Estado. O jogo electrónico em Portugal Em Portugal, o jogo electrónico (com excepção dos jogos sociais em suporte electrónico), é proibido. Embora o Governo tenha manifestado na Resolução n.º 97/2003, de 1 de Agosto, a intenção de regular o jogo electrónico, na prática, o nosso ordenamento jurídico tem grandes dificuldades em fiscalizar e efectivar as sanções do jogo electrónico ilícito. No caso específico dos jogos sociais, o Estado autorizou a Santa Casa a distribuir os seus produtos por via electrónica. Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 282/2003, de 8 de Novembro, o Estado disciplinou a exploração, em suporte electrónico, dos Jogos Sociais, nomeadamente as lotarias e as apostas mútuas, ou quaisquer outros jogos cuja exploração venha a ser atribuída à Santa Casa. De acordo com o diploma, a exploração é realizada através de uma plataforma de acesso multicanal, que inclui a utilização integrada dos sistemas informáticos do Departamento de Jogos da Santa Casa, dos terminais da rede informática interbancária (Multibanco), da Internet, telemóvel, telefone, televisão, entre outros meios. Março 2009 02

A referida exploração é efectuada em regime de exclusividade pela Santa Casa, para todo o território nacional - o que deverá incluir, o espaço radioeléctrico, o espectro hertziano terrestre analógico e digital e a Internet, bem como quaisquer outras redes públicas de telecomunicações. Ao abrigo mencionado Decreto-Lei n.º 282/2003, de 8 de Novembro, constituem contra-ordenações (e não crime, como no caso dos jogos de fortuna e azar abrangidos pela Lei do Jogo), a promoção, organização e/ou exploração, por via electrónica, dos Jogos Sociais do Estado, quer estes ocorram ou não em território nacional, assim como a participação, por via electrónica, a partir do território nacional, em Jogos Sociais do Estado, em violação do regime de exclusividade da Santa Casa. No que respeita aos jogos de fortuna ou azar praticados em suporte electrónico (excluindo os Jogos Sociais), mantém-se a aplicação do princípio geral, consagrado na Lei do Jogo, da concessão de territorialidade ligada às zonas de jogo. No entanto, o Estado Português não pode sustentar a proibição da exploração do jogo electrónico, por outros operadores estabelecidos em estados da União Europeia onde essa actividade seja autorizada. Conforme refere o Parecer n.º 97/2005 da Procuradoria Geral da República1, fica excluído da aplicabilidade da nossa lei penal a regulamentação do jogo electrónico, quando o fornecedor do jogo não esteja estabelecido em Portugal. Por outro lado, o mesmo princípio da territorialidade pode justificar a aplicação da lei penal portuguesa ao participante/jogador de jogo electrónico, quando esse jogador pratique o facto (jogue) em território português, fora dos locais legalmente autorizados. II. Legislação Nacional em destaque 1. Mecanismos extraordinários de diminuição do valor nominal das acções das sociedades anónimas Decreto-Lei n.º 64/2009, de 20 de Março Ministério das Finanças e da Administração Pública O Decreto-Lei n.º 64/2009, de 20 de Março contempla dois mecanismos extraordinários de diminuição do valor nominal das acções das sociedades anónimas. Deste modo, a partir de dia 21 de Março de 2009, qualquer sociedade anónima pode deliberar a redução do capital social por diminuição do valor nominal das acções, desde que uma importância igual ao montante da redução seja simultaneamente levada a uma reserva especial, sujeita ao regime do capital social no que respeita às garantias perante os credores. No caso de sociedades cujas acções estejam admitidas à negociação em mercado regulamentado, a diminuição do valor nominal das acções sem redução do capital social, só poderá, contudo, ser deliberada, caso se reúnam as seguintes condições: (a) O valor nominal antes da diminuição seja igual ou inferior ao valor contabilístico das acções constante de balanço certificado pelo revisor oficial de contas da sociedade que se reporte a data não anterior a seis meses em relação à data da deliberação de diminuição do valor nominal; (b) Seja simultaneamente deliberado, ou tenha sido prévia ou simultaneamente autorizado, aumento de capital mediante novas entradas em numerário, no todo ou em parte, ficando a deliberação referida na alínea anterior condicionada à realização do aumento de capital. O montante da diminuição do valor nominal das acções deve ser estabelecido tendo em conta o interesse social e a sua adequação à realização do aumento de capital de acordo com as circunstâncias do mercado. Para este efeito, o processo de registo na Conservatória do Registo Comercial deve ser instruído com declaração de não oposição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Tendo ainda em vista preservar o equilíbrio entre a estrutura accionista e a administração, a tutela das posições accionistas minoritárias e o princípio do tratamento igualitário dos accionistas, estabelecese que, independentemente da sua modalidade, não pode ser limitado ou suprimido o direito de preferência dos accionistas na subscrição de acções. Dado o carácter excepcional, o disposto neste Decreto-Lei é aplicável apenas às operações realizadas ao abrigo do descrito regime até 31 de Dezembro de 2009. Fica por consagrar a possibilidade de emissão de acções sem valor nominal, já vigente noutros ordenamentos jurídicos. 1 O Despacho n.º 16044/2006 de 1 de Agosto, publicou o Parecer n.º 97/ 2005 da Procuradoria Geral da República, a propósito da celebração do contrato de patrocínio entre a Liga Portuguesa de Futebol e a sociedade Betandwin Internacional (BAI) Limited. 03 Março 2009

2. Registo obrigatório e facultativo de procurações irrevogáveis Portaria n.º 307/2009, de 25 de Março Ministério das Finanças e da Administração Pública A Portaria n.º 307/2009, de 25 de Março estabelece os termos em que se processa a transmissão electrónica de dados e de documentos relativos ao: (a) Registo obrigatório de procurações irrevogáveis que contenham poderes de transferência da titularidade de imóveis e das demais procurações irrevogáveis cuja obrigatoriedade de registo venha a ser estabelecida na lei e respectiva extinção; (b) Registo facultativo de outras procurações celebradas por escrito, independentemente da forma pela qual sejam outorgadas e respectiva extinção. Esta disposição relativa ao registo facultativo produz efeitos a partir de 30 de Junho de 2009. Os registos electrónicos far-se-ão através do sítio na internenet com o endereço www.procuracoes online.mj.pt, mantido pelo Instituto dos Registos e do Notariado. Esta Portaria n.º 307/2009, de 25 de Março, entra em vigor no dia 31 de Março de 2009. III. Breves de Legislação Nacional e comunicados do Conselho de Ministros Decreto-Lei n.º 62/2009, de 10 de Março Ministério da Economia e da Inovação Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro, que transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho, relativa a certos aspectos legais dos serviços da sociedade de informação, em especial do comércio electrónico, no mercado interno. No âmbito da referida alteração a Direcção-Geral do Consumidor passa a ter de manter permanentemente actualizada uma lista de âmbito nacional, facilitando ao consumidor o exercício do seu direito de oposição ao tratamento dos seus dados pessoais para efeitos de marketing directo ou qualquer outra forma de prospecção, preservando a privacidade dos seus dados pessoais nos termos do artigo 12.º alínea b) da Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro (Lei de Protecção de Dados Pessoais). Decreto-Lei n.º 63/2009, de 10 de Março Ministério da Economia e da Inovação Procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 175/99, de 21 de Maio, que regula a publicidade a serviços de audiotexto, e à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 177/99, de 21 de Maio, que regula o regime de acesso e de exercício da actividade de prestador de serviços de audiotexto, estendendo o regime destes serviços aos serviços de valor acrescentado baseados no envio de mensagens, por também neste tipo de serviços a mensagem publicitária constituir, muitas vezes, a única fonte de informação acessível ao consumidor, tornando-se indispensável reforçar as medidas de protecção e salvaguarda dos seus direitos de informação. Portaria n.º 282/2009, de 19 de Março Ministério da Justiça Alarga a várias conservatórias a competência para a tramitação do regime especial de constituição imediata de associações. Decreto-Lei n.º 65/2009, de 20 de Março Ministério da Economia e da Inovação Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 287/2007, de 17 de Agosto, adoptando alterações no enquadramento dos sistemas de incentivos ao investimento empresarial da Agenda da Competitividade do QREN. Das principais alterações introduzidas destaca-se: i) o alargamento do âmbito de atribuição de incentivos a investimentos de empresas com impacto relevante no produto, no emprego ou nas exportações, mantendo-se o apoio a projectos de inovação de produtos ou processos que o actual enquadramento já previa; ii) o aumento das taxas de incentivos às empresas, respeitando os limites comunitários aplicáveis (o aumento situa-se na ordem dos 5%); iii) a admissibilidade de os regulamentos específicos do QREN poderem ajustar à actual situação das empresas portuguesas as condições de avaliação do equilíbrio financeiro exigido às que são candidatas aos sistemas de incentivos; e iv) o estabelecimento de condições mais favoráveis no pagamento por adiantamento dos incentivos aprovados. Março 2009 04

Comunicado do Conselho de Ministros de 5 de Março Resolução do Conselho de Ministros que vem alterar o Programa de Regularização Extraordinária de Dívidas do Estado (PREDE), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 191- A/2008, de 27 de Novembro, reforçando a garantia de pagamento aos credores. Esta Resolução tem em vista prorrogar, até 30 de Junho de 2009, o prazo para a apresentação de candidaturas de acesso à linha de financiamento de médio e longo prazo a conceder às Regiões Autónomas e aos municípios para pagamento de dívidas a fornecedores. Comunicados do Conselho de Ministros de 11 de Março Decreto-Lei que estabelece as regras a que deve obedecer a prestação de serviço de promoção, informação e apoio aos consumidores e utentes através de centros telefónicos de relacionamento (call centers) Este Decreto-Lei visa reforçar os direitos dos consumidores quando se relacionam com as empresas, ou prestadores de serviços públicos essenciais, através de um centro telefónico de relacionamento (call center), que possuam uma estrutura organizada e dotada de tecnologia que permita a gestão de um elevado tráfego telefónico para contacto com consumidores ou utentes. O referido reforço prende-se com o estabelecimento de regras a que deve obedecer a prestação de serviços de promoção, informação e apoio aos consumidores e utentes e disciplinando o atendimento, as informações obrigatórias, as regras de emissão e realização de chamadas. Passa a ser proibido fazer o consumidor esperar em linha mais de 60 segundos, tornando-se obrigatória, nos serviços de atendimento relativos a prestações continuadas ou periódicas, a disponibilização de uma opção que permita ao consumidor efectuar o cancelamento do serviço. É, também, fixado um conjunto de outras práticas proibidas, nomeadamente o reencaminhamento da chamada para outros números que impliquem um custo adicional para o consumidor sem o seu consentimento expresso e a emissão de qualquer publicidade durante o período de espera no atendimento. Além disso, obriga-se à divulgação do número de telefone do serviço e do seu período de funcionamento, com destaque para o período de atendimento personalizado, que passam a ter de constar, de forma bem visível, dos materiais de suporte de todas as comunicações do profissional. De modo a respeitar o direito à privacidade do consumidor, a emissão de chamadas por parte dos profissionais passa a estar sujeita a um horário, que respeite os períodos de descanso em uso, e que nunca poderá ter início antes das 9 horas nem terminar depois das 22 horas do fuso horário do consumidor, salvo acordo prévio deste. Decreto-Lei que procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 156/2005, de 15 de Setembro, que estabelece a obrigatoriedade de disponibilização do livro de reclamações a todos os fornecedores de bens ou prestadores de serviços que tenham contacto com o público em geral, criando a rede telemática de informação comum Este Decreto-Lei vem estabelecer uma rede telemática de informação comum para tratamento e gestão das reclamações efectuadas pelos consumidores e utentes no livro de reclamações, tendo em vista a sua valorização enquanto instrumento de queixa dos consumidores. Deste modo, permite-se que as entidades reguladoras ou de controlo de mercado possam efectuar a gestão informática das reclamações e a centralização da informação sobre as mesmas, possibilitando uma análise estatística permanente que facultará um maior conhecimento da conflitualidade de consumo em Portugal e a identificação dos sectores do mercado onde a actuação das entidades reguladoras ou de controlo de mercado deve ser incisiva. Com a criação desta rede os consumidores ou utentes e os agentes económicos podem, a qualquer momento, verificar o estado das reclamações em que estejam implicados, podendo conhecer a todo o tempo a evolução e o caminho por que as mesmas vão passando aquando da sua análise pelas entidades reguladoras ou de controlo de mercado. IV. Breves de Legislação e outros actos comunitários Regulamento (CE) n.º 192/2009 da Comissão, de 11 de Março de 2009, que aplica o Regulamento (CE) n.º 177/2008 do Parlamento Europeu e do 05 Março 2009

Conselho que estabelece um quadro comum dos ficheiros de empresas utilizados para fins estatísticos, no que respeita ao intercâmbio de dados confidenciais entre a Comissão (Eurostat) e os Estados-Membros. JOUE 2009/L/67 de 12 de Março de 2009 Parecer do Banco Central Europeu, de 23 de Fevereiro de 2009, sobre uma proposta de regulamento que estabelece as normas de execução do Regulamento (CE) n.º 2494/95 do Conselho no que respeita às normas mínimas para o tratamento dos produtos sazonais nos índices harmonizados de preços no consumidor (IHPC) (CON/2009/14). JOUE 2009/C 58/01 de 12 de Março de 2009 V. Jurisprudência Nacional Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 5 de Março Processo n.º 09B0297 1. Na situação em análise, e numa síntese dos factos relevantes dados como assentes, as partes, sob a designação de Contrato de Concessionário BB, celebraram um contrato, por tempo indeterminado, mediante o qual uma se obrigava a fornecer à outra veículos automóveis e peças da marca BB e esta, por sua vez, se obrigava a pagar o preço desses produtos e promover a sua venda e prestar assistência, em regime de exclusividade, em determinados concelhos. 2. Perante esta factualidade entendeu o Tribunal que se estava perante um contrato de carácter duradouro, no qual o concedente, em vista da colocação no mercado dos bens que fabrica, tinha que fornecer o concessionário, procedendo este à revenda desses bens, mas actuando em nome próprio e por sua conta. Toda a sua actuação revestia grande autonomia na determinação dos preços e descontos dos produtos vendidos, assim como no cumprimento dos objectivos de venda e serviços de manutenção. Concluiu igualmente o Tribunal que, o facto da concessionária utilizar sinais distintivos da marca BB e respeitar os padrões de design da marca, apenas se reconduz ao facto de actuar como revendedora destes produtos, não evidenciando a existência de uma integração vertical. 3. Entendeu-se estarem retratados os elementos constitutivos de um contrato de concessão comercial, o qual se apresenta como um contrato juridicamente inominado que, em traços gerais, se pode descrever como aquele em que um comerciante independente (o concessionário) se obriga a comprar a outro (o concedente) determinada quota de bens de marca, para os revender ao público em determinada área territorial, e, normalmente (mas nem sempre), com direito de exclusividade. 4. A particular estrutura jurídica do contrato de concessão comercial - aquisição e revenda dos produtos do concedente - confere-lhe a natureza de um contrato atípico, não se enquadrando em nenhum dos contratos legalmente previstos e não possuindo regulamentação legal própria, apesar da sua tipicidade social. A regulamentação jurídica deste tipo de contratos tem de se encontrar, desde logo e porque eles se apresentam como o desenvolvimento da autonomia privada das partes (artigo 405.º do Código Civil), nas cláusulas negociais. Depois, e porque estas nem sempre dispõem sobre todas as incidências implicadas pelo acordo, analogicamente pelo regime do contrato nominado com que tenha mais afinidades, de acordo com o disposto no art. 10º Código Civil, e que é, neste caso, o contrato de agência, que é também, em certa medida, um contrato de distribuição com especificidades próprias. 5. Da cessação do contrato de agência decorre, inter alia, o direito a uma indemnização de clientela, a qual visa compensar o agente da actividade por si desenvolvida e de que o principal veio a beneficiar; é o ressarcimento de uma mais valia acrescida colocada ao serviço do principal, criada ou incrementada pelo esforço do agente. Mesmo que o agente não sofra um prejuízo específico justifica-se essa compensação pelos benefícios que a outra parte venha a conseguir, independentemente de eles já se terem verificado, bastando a possibilidade de eles virem a ocorrer. 6. No acórdão em apreço, entendeu o Tribunal que foi devido ao seu empenho e trabalho de divulgação e de melhoria de imagem da marca, e ao investimento feito na formação e em infraestruturas associadas à venda dos produtos que catapultou o volume de vendas e redundou na atracção de nova clientela. A indemnização é destinada a compensar o agente dos proveitos que proporcionou à outra parte, indemnização que é devida seja qual for a forma de cessação do contrato. Procurou assim o legislador proteger o elo mais fraco na contratação, a parte com menor capacidade negocial, que é confrontada com uma cláusula geral já inserida no contrato. Considerando o fim visado, concluiu-se que se estava perante uma norma de cariz imperativo e que nenhuma cláusula contratual afasta a sua existência. Março 2009 06

Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 2 de Março Processo 64/07.6TYVNG.P1 1. No decurso de uma acção de anulação de deliberações sociais as deliberações cujas nulidade ou anulabilidade se pedia (e sem que as mesmas tivessem sido declaradas nulas ou anuláveis) foram renovadas. Entendeu o Tribunal a quo que perante essa renovação ocorria a inutilidade superveniente da lide, pelo que se impunha julgar extinta a instância. 2. O Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 31 de Outubro de 2006 (Relator Conselheiro Urbano Dias) entendeu que se no decurso de uma acção de anulação de deliberações sociais a sociedade Ré vier dar conhecimento de que as deliberações julgadas nulas foram renovadas, deve a acção ser julgada improcedente (ainda que com custas pela Ré). 3. Já anteriormente o Supremo Tribunal de Justiça tinha entendido que renovada a deliberação nula com eficácia retroactiva, pode o interessado na renovação, estando pendente acção de nulidade, ir a essa acção pedir a extinção da instância por inutilidade superveniente da lide. 4. Entendeu-se no acórdão objecto de análise, que o caminho correcto era o indicado no Acórdão de 31 de Outubro de 2006, pois que como aí se refere, em caso de renovação, estamos em presença de uma nova e distinta deliberação, que substitui a primeira e assim inutiliza o pedido e a causa de pedir duma acção que tinha sido dirigida exclusivamente contra a deliberação primitiva. A oposição que pretenda agora moverse contra a deliberação renovadora envolve um novo e distinto pedido, voltado unicamente para esta e fundado, evidentemente, numa específica e diferente causa de pedir. 5. Os sócios de uma determinada sociedade ao refazerem a deliberação anterior através da renovação (deliberação renovatória) absorvem o conteúdo da primeira na nova deliberação que passa a ocupar o lugar da primeira. A presente Newsletter foi elaborada pela Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL com fins exclusivamente informativos, não devendo ser entendida como forma de publicidade. A informação disponibilizada bem como as opiniões aqui expressas são de carácter geral e não substituem, em caso algum, o aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos, não assumindo a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL qualquer responsabilidade por danos que possam decorrer da utilização da referida informação. O acesso ao conteúdo desta newsletter não implica a constituição de qualquer tipo de vínculo ou relação entre advogado e cliente ou a constituição de qualquer tipo de relação jurídica. A presente newsletter é gratuita e a sua distribuição é de carácter reservado, encontrando-se vedada a sua reprodução ou circulação não expressamente autorizadas. Contactos LISBOA Praça Marquês de Pombal, 2 (e 1-8º) 1250-160 Lisboa Tel. (351) 21 355 3800 Fax (351) 21 353 2362 lisboa@gpcb.pt www.gpcb.pt PORTO Avenida da Boavista, 3265-7º 4100-137 Porto Tel. (351) 22 616 6920 Fax (351) 22 616 6949 porto@gpcb.pt www.gpcb.pt CUATRECASAS, GONÇALVES PEREIRA & ASSOCIADOS, RL Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada 07 Março 2009

Legal Advisor of the Year Financial Times and Mergermarket M&A Awards 2008 Best Corporate and Commercial Team in Portugal World Finance Legal Awards 2008 Portuguese Tax Firm of the Year - 2007 International Tax Review European Awards 2005 www.gpcb.pt Newsletter Corporate Português English Portuguese electronic gambling legislation Electronic gambling - description Until recently, State-approved games of chance were only accessible in territorially identified locations, for example in betting and lottery vending posts, hippodromes and casinos. Participation in a game of chance was only possible in these locations and within a schedule in which those games of chance could be legally practised. Nowadays, practising games of chance is facilitated, since electronic communications media, such as mobile phones, interactive television and the Internet, allow gamblers to gamble without leaving their homes, and without any timetable restriction. Electronic communications media, the internet in particular, widened the offer in games of chance, giving Portuguese residents the opportunity to access sites operated by entities residing in foreign countries. On a national level, those new communications media created a need in the Portuguese State to re-equate the regulation of games of chance. On a community level, games of chance have yet to be regulated or adjusted. In other words, each Member State of the European Union has been bestowed a broad margin to determine what measures to apply in order to protect consumers from excess gambling. Gambling in Portugal In Portuguese legislation, the State reserves the right to regulate games of chance. The State has the right to operate gambling directly, to authorise its operation by third parties, or to grant and/or authorise gambling on a case by case basis. The general rule of prohibition is currently in March 2009 01

force in Portugal regarding the operation of games of chance. The State invokes defending the general interest and public order as grounds to maintain reservations regarding the operation of games of chance, namely consumer protection, the prevention of fraud and delinquency, the fight against organised crime and family protection. The activity of games of chance in Portuguese legislation is generally carried out by two provisions: (i) Decree-Law 422/89 of 2 December, republished by Decree-Law 10/95 of 19 January ( Gambling Law ), and (ii) Decree-Law 84/85, of 28 March, republished by Decree-Law 317/2002, of 27 December. These two provisions have undergone successive amendments, despite maintaining the referred general rule of prohibition. Portuguese law distinguishes three gambling categories: (a) Casino games, that include table games (such as roulette and poker), and non-table games (such as bingo and slot machines). In Portugal, these games can only be operated by companies who have the respective grants conferred by the State by administrative contract. The operation and practise of these games are only authorised in casinos located in permanent or temporary gaming territories, created by decree-law or, beyond those, in exceptional cases of gambling operations in ships and aircrafts; the operation outside casinos, of non-table games and slot machines; and the operation of bingo games. (b) Lotteries and mutual bets ( Social Games ), that include all contests where the respective participants predict or forecast results, regarding one or more contests or number draws, with the aim of acquiring the right to money prizes or any other type of reward. The right to operate these Social Games for all of the national territory was conferred, exclusively, to Lisbon s Santa Casa da Misericórdia (the Santa Casa ). (c) Related activities, that are legally defined as all and any operations offered to the public where there is an expected gain, coupled with the player s luck or expertise, or involving luck alone, and that attribute goods with an economic value as prizes. This category includes raffles, tombolas, draws, advertising contests, trivia contests and games. Operating related activities depends on administrative authorisation, conferred on a case by case basis and accompanied by the respective specific conditions. To summarise, since the legal operation and practise of several types of games of chance depends on administrative authorisation, all contracts for casino games, mutual bets and related activities are invalid if they have not received prior authorisation from the State. Electronic gambling in Portugal In Portugal, electronic gambling (except electronic social games), is forbidden. Though Resolution 97/2003 of 1 August manifests the Government s intention to regulate electronic gambling, in practise, our legal system has great difficulty in supervising and penalising illicit electronic gambling. Specifically concerning social games, the State authorised Santa Casa to distribute its products electronically. When Decree-Law 282/2003 of 8 November entered into force, the State disciplined the electronic operation of Social Games, namely lotteries and mutual bets, or any other games whose operation reverts back to Santa Casa. According to the diploma, the operation is carried out through a multi-channel access platform that includes the integrated use of Santa Casa Game Department s IT system, of automated banking terminals (ATM), the Internet, mobile phones, telephones, television, among other media. The said operation is carried out exclusively by Santa Casa, for the entire national territory which should include the radio electric spectrum, the analogue and digital terrestrial broadcast spectrum and the Internet, as well as any other public telecommunications networks. Under Decree-Law 282/2003 of 8 November, the electronic promotion, organisation and /or operation of the State s Social Games, constitute administrative offences (not a crime, as is the case with games of chance covered by the Gambling Law), in violation of Santa Casa s exclusivity, whether or not these take place on national territory, as does the electronic March 2009 02

participation from national territory in the State s Social Games. In what concerns electronic games of chance (excluding Social Games), the general rule of territorial concession linked to gambling areas, stipulated in the Gambling Law, is maintained. However, the Portuguese State cannot uphold the prohibition of electronic gambling operations carried out by other operators based in those European Union states where the referred activity is authorised. According to Opinion 97/2005 of the Office of the Attorney General1, the regulation of electronic gambling is excluded from our criminal law when the game s supplier is not based in Portugal. appearing on the balance sheet certified by the chartered accounted, dating back to no more than six months prior to the nominal value reduction date; (b) An increase in share capital, in its entirety or in part, must be simultaneously deliberated upon the entry of new funds, such that the resolution mentioned in the previous paragraph is determined by the increase in share capital. Establishing the amount of the reduction of shares nominal value must take the social interest into account and must be suited to the market s circumstances. For that, the registration process at the Companies registry must include a notice of non-opposition by the Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (Securities Market Commission). On the other hand, the same territorial principle can justify charging the electronic gambling participator/player under Portuguese criminal law, when that player practises the fact (gambles) in Portuguese territory, outside the legally authorised locations. II. Important National Legislation 1. Extraordinary mechanisms for reducing shares nominal value of public limited companies Decree-Law 64/2009, of 20 March Ministry of Finance and Public Administration Decree-Law 64/2009, of 20 March considers two extraordinary mechanisms for reducing shares nominal value of public limited companies. Thus, as of March 21 2009, any public limited company can deliberate upon reducing its share capital by diminishing the shares nominal value, as long as an amount equal to the reduction is simultaneously placed in a special reserve, subject to the share capital s legal framework regarding the creditors guarantees. However, in the case of companies whose shares are admitted for trading in regulated markets, reducing shares nominal value of public limited companies can only be considered if the following conditions are met: (a) The nominal value before the reduction must be equal or inferior to the shares accounting value And to ensure the balance between the shareholder structure and the administration is preserved, and that the custody of the minority shareholder positions and the principle of equal treatment of shareholders are maintained, it is established that, independently of its modality, the shareholders rights of preference cannot be limited or suppressed in the share subscription. Given its exceptional character, the content of this Decree-Law is only applicable to operations carried out under the described legal framework until December 31, 2009. The possibility of issuing shares without nominal value, currently in force in other judicial laws, remains to be established. 2. Mandatory and optional registration of irrevocable powers of attorney Ministerial-Order 307/2009, of 25 March Ministry of Finance and Public Administration Ministerial-Order 307/2009, of 25 March establishes the terms regulating the electronic transmission of data and documents regarding: (a) Mandatory registration of irrevocable powers of attorney containing the transfer of the ownership of real estate property, and other irrevocable powers of attorney whose mandatory registration and respective termination is established by law; (b) Optional registration of other powers of attorney executed in writing, regardless of the way they are granted and their respective 1 Administrative order 16044/2006 of 1 August, published Opinion 97/2005 of the Office of the Attorney General, regarding conclusion of the sponsorship contract between the Portuguese Football League and Betandwin Internacional (BAI) Limited. 03 March 2009

termination. This rule regarding optional registration produces effects as of June 30, 2009. Electronic registration will be carried out on the website www.procuracoesonline.mj.pt, managed by the Instituto dos Registos e do Notariado (Portuguese institute of registries and notaries offices). This Ministerial-Order 307/2009, of 25 March, enters into force on March 31, 2009. III. National Legislation highlights and announcements from the Council of Ministers Decree-Law 62/2009, of 10 March Ministry of the Economy and Innovation Amends for the first time Decree-Law 7/2004, of 7 January, which transposes Directive 2000/31/CE to the national legal order of the European Parliament and of the Council, of 8 June, regarding certain legal aspects of the information society s services, particularly electronic trade in the internal market. Regarding the referred amendment, the Directorate-General for Consumer Affairs ( Direcção Geral do Consumidor ) must maintain a permanently updated national list, that helps consumers exercise their right to oppose personal data processing for direct marketing purposes or any other form of survey, thus protecting the privacy of personal information in accordance with article 12(b) of Law 67/98, of 26 October (Personal Data Protection Law). Decree-Law 63/2009, of 10 March Ministry of the Economy and Innovation Amends for the third time Decree-Law 175/99, of 21 May, which regulates audiotext advertising services, and amending for the second time Decree-Law 177/99, of 21 May, which regulates the legal framework regarding access to and execution of providing audiotext services, extending these services legal framework to value-added services based on message-sending, since in this type of services, advertising messages are often the only source of information accessible to the consumer, thus making it crucial to reinforce measures protecting and safeguarding the right to information. Ministerial-Order 282/2009, of 19 March Ministry of Justice Extends to several conservatories the authority to apply a special framework for the immediate incorporation of associations. Decree-Law 65/2009, of 20 March Ministry of the Economy and Innovation Amends for the first time Decree-Law 287/2007, of 17 August, adopting amendments to the QREN s (National strategic reference framework) system of incentives for corporate investment stated in its Competitiveness Agenda. Of the major amendments introduced, we highlight: i) extending the scope of granting incentives to corporate investments wielding relevant impact on the product, employment, or exports, maintaining the support of innovative product projects or cases already included in the current framework; ii) increasing corporate incentive rates, respecting the relevant community levels (the increase is of approximately 5%); iii) allowing specific QREN regulations to adjust the conditions demanded of the candidates financial evaluation, to the current situation of Portuguese companies; and iv) establishing more favourable conditions regarding the advanced payment of approved incentives. Announcement of the Council of Ministers, 5 March Council of Ministers Resolution that amends the PREDE (Extraordinary Program to Regulate the State s Debt), approved by the Council of Ministers Resolution 191-A/2008, of 27 November, reinforcing the guarantee of payment to creditors. This Resolution aims to extend until June 30 2009, the deadline for presenting applications for access to medium and long-term financing granted to the Autonomous Regions and municipalities for paying debts to suppliers. Announcements of the Council of Ministers, 11 March Decree-Law that establishes rules that must March 2009 04

be obeyed by call center service providers in promotions, information and consumer and user support This Decree-Law aims to reinforce consumer rights when in contact with companies, or essential public services providers, through call centers that have an organised structure equipped with technology that allows a high level of telephone traffic for contacting consumers or users. The referred reinforcement establishes rules that must be obeyed by call center service providers in promotions, information, and consumer and user support, and disciplines reception, mandatory information, transmission rules and outgoing calls. It is now prohibited to place a consumer on hold for more than 60 seconds, making it mandatory, in continuous or occasional services, to provide an option that allows the consumer to cancel the service. A combination of other prohibited practices is also established, namely the forwarding of calls to other numbers that involve additional cost to the consumers without their uttered consent, and any other advertising emitted during the call s waiting period. Furthermore, the service s number and the period of functioning must be identified during the operation, highlighting the duration of the personalized reception, and the support materials used for all of the professional s communications must be highly visible. In order to respect the consumer s right to privacy, call center outgoing calls are subject to a schedule, which respects the currently established rest periods, and may never begin before 9am nor end after 10pm in the consumer s time zone, except with the consumer s prior expressed consent. Decree-Law that proceeds the second amendment to Decree-Law 156/2005, of 15 September, which establishes mandatory provision of a complaints book to all suppliers of goods or services in contact with the general public, creating a telematic network of common information This Decree-Law establishes a telematic network of common information for the treatment and management of complaints issued by consumers and users in a complaints book, in order to make it a valuable instrument for consumer complaints. Thus, this allows entities that regulate or control the market to electronically manage complaints, and centralizes that information, enabling a permanent statistical analysis which will provide a greater knowledge of conflictuality in consumption in Portugal, and the identification of market sectors where entities that regulate or control the market should incise. The creation of this network enables consumers or users and economic agents to, at all times, verify the state of complaints in which they are involved, and know at all times the evolution and direction these are taking once analysed by the entities that regulate or control the market. IV. Legislation Highlights and other European Community acts Commission Regulation (EC) No 192/2009 of 11 March 2009 implementing Regulation (EC) No 177/2008 of the European Parliament and of the Council establishing a common framework for business registers for statistical purposes, as regards the exchange of confidential data between the Commission (Eurostat) and the Member States. JOUE 2009/L/67 of 12 March 2009 Opinion of the European Central Bank of 23 February 2009 on a proposal for a regulation laying down detailed rules for the implementation of Council Regulation (EC) No 2494/95 as regards minimum standards for the treatment of seasonal products in the Harmonized Indices of Consumer Prices (IHPC) (CON/2009/14). JOUE 2009/C 58/01 of 12 March 2009 V. National Case-Law Judgement of the Supreme Court of Justice of 5 March Case no. 09B0297 1. In the situation under analysis, and deduced from the relevant agreed upon facts, the parties, executed a contract, referred to as BB Concession Agreement,of an indeterminate time period, whereupon one was to supply the other automobiles and parts of the BB brand and in return, the latter was to pay for those products, 05 March 2009

promote their sale and provide after-sales service, exclusively, in certain councils. 2. Faced with these facts, the Court perceived that the contract was longstanding, in which the concedent, with the aim of placing the goods it manufactures on the market, was obligated to supply the agent who in turn was to resell those goods, independently and of his own accord. The entire activity was based on great autonomy regarding setting prices and discounts of the sold products, as well as complying with the sales and service goals. The Court also concluded that the agent s respect for the brand s design standards and use of distinctive BB signs merely reinforces the agent s activity as the products dealer, lacking evidence of a vertical integration. 3. The Court understood that the elements constituting a commercial concession agreement were present, thus comprising a legally innominate contract, which can generally be described as one in which an independent dealer (the agent) is obliged to buy a certain quantity of brand products from another (the concedent), for resale to the public in a specific region, normally (but not always) with exclusive rights. 4. Despite its social prevalence, the particular legal structure of the commercial concession agreement the acquisition and resale of a concedent s products makes it an atypical contract that does not concur with any legally prevised contracts, and lacks its own legal regulation. Because this type of contract is presented as the development of each party s private autonomy (Article 405 of the civil code), legal regulation must be found in the negotiating clauses. These clauses do not always consider all incidences implied by the agreement, analogous to the framework of the nominate contract with which it holds closer similarities (according to Article 10 of the civil code), which in this case is the agency agreement, to an extent, also a distribution agreement with its own specific characteristics. 5. The termination of the agency agreement incurs, inter alia, the right to clientele compensation, which aims to compensate the dealer for the activity that benefited mainly the concedent; this is compensation for the capital gain acquired by the concedent, created or increased due to the dealer s efforts. Even if the dealer does not sustain specific losses, compensation is justified by the benefits gained by the other party, regardless of whether or not these had already materialized, sufficing the inherent possibility. 6. In the current judgement, the Supreme Court perceived that it was due to the dealer s commitment and efforts to promote and improve the brand s image, as well as the investment in training and sales infrastructures that catapulted the volume of sales and resulted in the attraction of new clientele. The compensation is owed regardless of how the contract is terminated, and aims to indemnify the dealer for the profits that benefited the other party. Thus the legislator sought to protect the contract s weaker party, the one with the least negotiating power, who is confronted by a general clause already included in the agreement. Considering the projected end, the Court concluded that an imperative standard was in question, and that no contractual clause could negate it. Judgement of the Porto Court of Appeal of 2 March Case no. 64/07.6TYVNG.P1 1. In a lawsuit to void social resolutions, the resolutions in question were renewed (without them being declared void or voidable). The Court a quo perceived that a renewal would bring about the case s dismissal, and therefore ruled the proceedings be extinguished. 2. The Judgement of the Supreme Court of Justice of 31 October 2006 (Chief Clerk Urbano Dias) perceived that a lawsuit should be deemed unfounded (at the Defendant s cost) if, during the course of a lawsuit to void social resolutions, the Defendant company informs that the resolutions thought void were renewed. 3. In previous cases, the Supreme Court of Justice found that, once a void resolution had been renewed with retroactive effect, if the nullity of the lawsuit was pending, the party interested in the renewal can request the proceeding be extinguished and the case dismissed. 4. The judgement in question found that the correct path was indicated in the Judgement of 31 October 2006 whereby, as it refers, in the case of a renewal, a new and distinct resolution arises which replaces the first, thus negating the request and cause for a lawsuit directed exclusively against the original resolution. Now, action to oppose the renewing resolution involves a new and distinct request, aimed solely toward said action, which March 2009 06

must evidently be founded on a different and specific cause. 5. Upon reconstructing the previous resolution through a renewal (renewal resolution), the shareholders of a certain company absorb the content of the first resolution in the new one, thereby replacing the first resolution. This Newsletter was prepared by Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL for information purposes only and should not be understood as a form of advertising. The information provided and the opinions herein expressed are of a general nature and should not, under any circumstances, be a replacement for adequate legal advice for the resolution of specific cases. Therefore Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL is not liable for any possible damages caused by its use. The access to the information provided in this newsletter does not imply the establishment of a lawyerclient relation or of any other sort of legal relationship. This Newsletter is complimentary and the copy or circulation of the same without previous formal authorization is prohibited. Contact LISBON Praça Marquês de Pombal, 2 (e 1-8º) 1250-160 Lisbon Tel. (351) 21 355 3800 Fax (351) 21 353 2362 lisboa@gpcb.pt www.gpcb.pt PORTO Avenida da Boavista, 3265-7º 4100-137 Porto Tel. (351) 22 616 6920 Fax (351) 22 616 6949 porto@gpcb.pt www.gpcb.pt CUATRECASAS, GONÇALVES PEREIRA & ASSOCIADOS, RL Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada 07 March 2009