A VARIAÇÃO DOS PREÇOS DO MATERIAL SELETIVO COMERCIALIZADO NO BRASIL



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Transcrição:

A VARIAÇÃO DOS PREÇOS DO MATERIAL SELETIVO COMERCIALIZADO NO BRASIL Darci Barnech Campani Coordenador da Coordenaria de Gestão Ambiental da UFRGS Telefone: 3308 3572 e-mail: campani@ufrgs.br Guilherme Gastal de Castro Ramos Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental UFRGS Telefone: 32794179 e-mail: guigastal@gmail.com RESUMO Os preços pagos aos materiais coletados seletivamente, em várias cidades do Brasil, têm recebido o acompanhamento do Compromisso Empresarial Pela Reciclagem (CEMPRE), organização que tem trabalhado no incentivo a implantação de projetos de coleta seletiva no Brasil. A cada dois meses o CEMPRE emite um boletim eletrônico com material de divulgação da coleta seletiva e sobre a reciclagem realizada principalmente em nosso país, onde além de matérias técnicas, sempre editam uma tabela contendo os preços pagos aos materiais comercializados originários da coleta seletiva. Utilizando esta fonte de dados, transformamos em gráficos a variação dos preços desses materiais desde setembro de 2007. ABSTRACT The price paid for the selective waste, in various cities of Brazil, has been monitored by Compromisso Empresarial Pela Reciclagem (CEMPRE), which has worked on encouraging the implementation of selective collection projects in Brazil. Every two months the CEMPRE publishes an electronic newsletter containing material for the dissemination of selective collection and recycling carried out mainly in our country, where in addition to technical matters, presents a table containing the prices paid for materials sold from the selective collection. Using this data source, we had the opportunity to do graphics on the variation of prices of these materials since September 2007.

1. INTRODUÇÃO Os programas de coleta seletiva em geral e os catadores informais estão todos sujeitos às variações de preço dos materiais. Sempre que os preços sobem para patamares elevados, automaticamente se aumenta o esforço pela coleta do material reciclável. Já em períodos de queda do preço como presenciamos no primeiro bimestre deste ano, complicam-se ainda mais as condições de vida das pessoas que vivem da reciclagem de resíduos. Por isso o acompanhamento dessas variações se torna importante. 2. METODOLOGIA Os materiais analisados no boletim do CEMPRE são sempre os mesmos, permitindo a formação de uma longa série histórica, mas as cidades que fornecem as informações variam constantemente. Por isso foi calculada a média aritmética dos valores do preço da tonelada de cada material nas diferentes cidades, independentemente de quantas ou quais cidades forneceram os dados. Depois tendo em mãos o preço médio dos materiais em cada bimestre desde setembro de 2007 até fevereiro de 2009 confeccionamos os gráficos que permitem a avaliação das flutuações dos preços ao longo do tempo. 3. RESULTADOS 3.1 Papelão Figura 1 Preço médio da tonelada de Papelão.

3.2 Papel Branco Figura 2 - Preço médio da tonelada de Papel Branco 3.3 Latas de Aço Figura 3 - Preço médio da tonelada de Latas de Aço

3.4 Latas de Alumínio Figura 4 - Preço médio da tonelada de Latas de Alumínio 3.5 Vidro Incolor Figura 5 - Preço médio da tonelada do Vidro Incolor 3.6 Vidro Colorido

Figura 6 - Preço médio da tonelada de Vidro Colorido 3.7 Plástico Rígido Figura 7 - Preço médio da tonelada de Plástico Rígido 3.8 PET

Figura 8 - Preço médio da tonelada de PET 3.9 Plástico Filme Figura 9 - Preço médio da tonelada de Plástico Filme 3.10 Embalagens Longa Vida

Figura 10 - Preço médio da tonelada de Embalagens Longa vida 4. CONCLUSÕES Cada espaço entre dois pontos dos gráficos representa um bimestre. Analisando o penúltimo trecho que corresponde ao primeiro bimestre de 2009, podemos verificar que todos os materiais sofreram desvalorização nesse período, provavelmente devido à crise econômica que estamos vivendo. Além disso, podemos notar uma queda mais gradativa, mas de período mais longo em vários materiais como o papelão, o alumínio e os dois tipos de vidro. Apenas o plástico filme apresenta atualmente um valor mais elevado do que em setembro de 2007. Cabe destacar que tais constatações devem levar em consideração as imensas diferenças existentes entre os preços pagos para a compra dos referidos materiais. O alumínio pode ser encontrado com valores que variam de R$1.500,00 a R$3.500,00 a tonelada. Em termos relativos alguns materiais estão com o preço menos da metade do que o preço máximo ofertado no período, como o papelão, as latas de alumínio, as Longa Vidas e as latas de aço. Outras estão atualmente valendo algo em torno de 20 a 30% abaixo do preço máximo, como: plástico rígido, papel branco, vidro e o PET. Sendo que o plástico filme é o único que apresentou um crescimento no valor em torno de 71%. 5.-RECOMENDAÇÕES A análise do preço específico pago para cada material, as suas diferenças e a variação ao longo do tempo permite que se façam prognósticos e se formule propostas, no sentido de que a maior quantidade possível de materiais que possam ser reciclados, que o sejam, pois a comercialização é um fator decisivo para a manutenção deste lado da ciclagem dos materiais.

Na busca de uma sociedade mais sustentável, cada geração deverá buscar metas a serem atingidas, sendo que uma delas obrigatoriamente é a diminuição de extração de bens da natureza, procurando cada vez mais que toda a matéria prima seja reintroduzida no ciclo de consumo da sociedade, para isto matérias primas virgens e recicladas devem possuir valores de mercado no mínimo muito próximos, o que não vem ocorrendo internacionalmente, sempre com a matéria virgem tendo menor preço, o que tem inviabilizado a reciclagem de várias categorias de materiais, para tal devem ser desenvolvidas políticas públicas que garantam o fortalecimento de tal ciclo, sendo uma das possibilidades a taxação dos materiais virgens, de tal forma que o mercado de reciclados se viabilize financeiramente, uma obrigação na busca da sustentabilidade. REFERÊNCIAS CEMPRE INFORMA, boletins do número 95 ao 104. http://www.cempre.org.br/, consultado em 10 de abril de 2009.