Departamento de Ciências Sociais e Humanas

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Grupo Disciplinar de História - 3º Ciclo Departamento de Ciências Sociais e Humanas

José Carlos Ribeiro Teixeira, 9ºB 1914: as vésperas da 1ª Guerra Mundial O Pan-eslavismo e outros nacionalismos O século XIX foi o século dos nacionalismos, ou seja, vários povos quiseram constituir-se como Estados. Exemplos disso são a Grécia, a Itália, a Alemanha, etc. Os sentimentos nacionais de cada povo levaram a rivalidades em relação, por exemplo, ao problema de Alsácia-Lorena entre a França e a Alemanha ou à ocupação de África pelos países europeus. No início do século XX alguns povos que faziam parte de impérios, quiseram deixar de ser dominados por outros povos, para se tornarem países independentes podendo, assim, viver a sua própria cultura e decidir os seus destinos. O caso mais falado é o do Pan-eslavismo sérvio, por ter sido a principal causa da eclosão da 1ª Guerra Mundial. O Pan-eslavismo era a vontade que Sérvia e os outros Eslavos do Sul tinham, de se unirem num único país independente do império Austro-Húngaro. Mas também havia outros povos com intenções semelhantes como, por exemplo, os irlandeses que queriam ser independentes da Inglaterra, os polacos que faziam parte do império russo e do alemão ou os checos que queriam sair do império austro-húngaro. A investigação e a declaração de guerra O assassinato No dia 28 de Junho de 1914, um domingo, Francisco Fernando, herdeiro ao trono austro-húngaro e a sua mulher estavam de visita a Sarajevo, capital da Bósnia, que era uma província do império. Durante a visita, alguém tentou atacar o casal com uma granada mas sem sucesso, pois conseguiram desviar-se dela, mas isso não evitou que a granada ferisse outras pessoas. Contra os conselhos que lhes foram dados pelos serviços de segurança, Fernando e Sofia insistiram em ir visitar no hospital, os feridos do atentado. Quando estavam a regressar para o hotel foram avistados por Gravilo Princip, um estudante de 19 anos, membro da Jovem Bósnia e do grupo terrorista Mão Negra. O jovem, que estava armado, disparou sobre o casal atingindo Fernando no pescoço e Sofia no abdómen. Ainda foram assistidos por testemunhas, mas não resistiram aos ferimentos. Francisco Fernando foi o primeiro a morrer e a sua mulher morreu a caminho do hospital. Princip cometeu este crime, porque tinha o objetivo político da Bósnia sair do império russo e juntar-se à Sérvia. O assassinato gerou simpatias pelos austríacos, por parte de outros países como a Alemanha. Dois dias depois do assassinato, o império austrohúngaro, apoiado pelo alemão, exigiu que o governo sérvio abrisse uma investigação, mas o secretário-geral do Ministério do Exterior sérvio, Slavko Gruic, recusou dizendo que o assunto não dizia respeito ao governo do seu país. Seguiu-se, então uma tensa negociação entre o encarregado de negócios austríaco em Belgrado e Gruic. Acabou por ser feita uma investigação. Após a realização da mesma, o governo austríaco não se mostrou satisfeito e, com o apoio da Alemanha, enviou uma carta formal à Sérvia contendo várias exigências, incluindo que fossem os austríacos a dirigir uma nova investigação. A carta ficou conhecida como o ultimato de julho. Na resposta, a Sérvia aceitava efetivamente, todos os termos do ultimato, menos um: não iria permitir a participação da Áustria-Hungria em qualquer inquérito interno, afirmando que esta seria uma violação da Constituição e da lei processual penal sérvia. Três dias depois o Império Austro- Húngaro declarava guerra à Sérvia.

José Carlos Ribeiro Teixeira, 9ºB 1914: a eclosão da 1ª Guerra Mundial O atentado descrito por Joachim Remak Uma bala perfurou o pescoço de Francisco Fernando, enquanto a outra perfurou o abdómen de Sofia (...) Como o carro estava manobrando (para retornar à residência do governador), um filete de sangue escorreu da boca do arquiduque sobre a face direita do Conde Harrach (que estava no estribo do carro). Harrach usou um lenço para tentar conter o sangue. Vendo isso, a duquesa exclamou: "Pelo amor de Deus, o que aconteceu com você?" e afundou-se no assento, caindo com o rosto entre os joelhos de seu marido. A propagação da guerra à Europa Devido a outros conflitos na Europa tinham sido criadas alianças defensivas entre alguns países: - Tríplice Aliança: juntava o império Austrohúngaro, Império Alemão e a Itália; - Tríplice Entente: juntava o império Russo, a França e a Inglaterra. Estas alianças fizeram com a que a declaração de guerra à Sérvia levasse a que a Rússia, por ser apoiante da Sérvia, a ameaçar o império Austrohúngaro. O império Alemão, por sua vez, ameaçou os russos. Os franceses ameaçaram os alemães por terem dado a entender que iriam atacar a Rússia. Quando a fortaleza austro-húngara de Zemun lança os primeiros tiros sobre Belgrado, o início de uma guerra foi confirmado. Os países envolvidos prepararam os seus exércitos e partiram para o conflito que ficou conhecido como a 1ª Guerra Mundial. A última guerra que tinha marcado a Europa tinha sido a guerra Franco-prussiana de 1870/1871 e os seus efeitos na vida das pessoas já tinham sido praticamente, esquecidos. Harrach e Potoriek (...) acharam que ela havia desmaiado (...) só o marido parecia ter ideia do que estava acontecendo. Virando-se para a esposa, apesar da bala em seu pescoço, Francisco Fernando implorou: "Sopherl! Sopherl! Sterbe Nicht! Bleibe am Leben Für Unsere Kinder!" ("Querida Sofia! Não morra! Fique viva para os nossos filhos!!!"). Dito isto, ele curvou-se para a frente. Seu chapéu de plumas (...) caiu e muitas de suas penas verdes foram encontradas em todo o assoalho do carro. O conde Harrach puxou o colarinho do uniforme do arquiduque para segurá-lo. Ele perguntou: "Leiden Eure Kaiser liche Hoheitsehr?" ("Vossa Alteza Imperial está a sentir muita dor?") "Es ist nichts..." ("Não é nada..."), disse o arquiduque com voz fraca, mas audível. Parecia estar a perder a consciência durante os seus últimos minutos mas, com voz crescente embora fraca, repetiu esta frase, talvez, seis ou sete vezes mais. Um ronco começou a brotar de sua garganta, diminuindo quando o carro parou em frente ao Konakbersibin (Câmara Municipal). Apesar dos esforços médicos, o arquiduque morreu, pouco depois de ser levado para dentro do prédio, enquanto sua amada esposa morreu de hemorragia interna antes da comitiva chegar ao Konak. Em 1914, existia uma forte rivalidade entre os países e um sentimento eufórico de patriotismo nas pessoas. Todos pensavam que a guerra iria ser fácil por acharem que o seu país estava do lado certo e mais forte e, por isso, estavam todos muito confiantes. Na Alemanha, por exemplo, a ordem de mobilização, despertou um entusiasmo indescritível. Todos sentiam a obrigação de lutar pela Pátria e os soldados estavam alegres, cantando velhas canções, e convictos de que iriam vencer. Na França, quando receberam a notícia da guerra, as pessoas ficaram entusiasmadas. Todos os homens válidos foram convocados. Muitos deles até viam aquela guerra como uma oportunidade de ter umas férias que deviam aproveitar.

João Pedro Afonso Catarino do Rosário, 9ºC Ana Marta Fernandes Peixoto, 9ºD Como se combatia na Grande Guerra Depois de uma fase inicial, em que se verificaram movimentos rápidos de tropas, chegou-se no final do ano de 1914, a uma situação de impasse em que não se conseguia avançar e o que era importante era manter as posições conquistadas. Por isso, a maior parte da guerra foi feita em trincheiras. A vida dos soldados nas trincheiras era muito má. Não havia as mínimas condições de higiene, alimentação, habitação, etc. Os soldados não tinham quase nenhuma comida. Comiam sopa de legumes desidratados a que chamavam sopa de arame farpado e pão. Se conseguissem apanhar um pedaço de carne de cavalo para por na sopa, pôr mais pequeno que fosse, ficavam todos satisfeitos porque dava logo sabor. Enquanto se organizavam em blocos rivais, as principais potências europeias, lançaram-se numa desenfreada corrida aos armamentos: adotaram o serviço militar obrigatório, criaram novas armas e passaram a produzir armamento e munições em quantidades cada vez maiores. A situação permaneceu nesse equilíbrio delicado por anos, e esse período foi denominado Paz Armada. Pela primeira vez na História, a produção industrial foi posta ao serviço da guerra. Quando ela rebentou em 1914 ainda se utilizavam cavalos, uniformes e armas antiquadas mas, à medida que a guerra se prolonga, os transportes, os uniformas e as armas vão se alterando e a vitória vai depender da capacidade de cada país para produzir armas e munições cada vez mais modernas e em maior quantidade. A metralhadora (capaz de disparar 400 balas por minuto), os gases tóxicos, o lança-chamas, o tanque, o avião e o submarino, fizeram a sua estreia na Primeira Grande Guerra. Como as trincheiras eram valas escavadas na terra, com de cerca de 2.5 metros de altura por 2 metros de largura, durante o inverno, época de chuvas, ficavam cheias de água e consequentemente de lama que, para além de dificultar a movimentação dos soldados, provocava até algumas mortes por afogamento. As pessoas que morriam, quer na terra de ninguém quer nas trincheiras, ficavam lá a decompor-se durante dias e dias transmitindo doenças e até levando todo o tipo de animais a ir ter com eles para os comer. Os soldados tinham de observar tudo isso. Além disso, não tomavam banho durante imenso tempo e, quando tomavam, as roupas que recebiam de volta, lavadas a temperaturas muito altas para matar toda a bicharada, ainda traziam ovos de bichos como piolhos, etc, que eles tinham que queimar com a ponta de cigarros. A guerra de posições durou cerca de 2 anos e os soldados estavam fartos de ver a morte por todo o lado, de viverem assim, de que quaisquer ferimentos que tivessem fossem amputados sem anestesia nem nada, devido à falta de medicamentos. Os soldados quase nunca falavam com a família e havia alguns, que ao fim de algum tempo, devido ao desespero e saudade, começaram a por as pernas por cima da trincheira para serem feridos e puderem ir para casa ter com os familiares.

Ana Vanessa Gonçalves Mourão, 9ºA Os navios alemães e a entrada de Portugal na guerra Desde 1915 que a Inglaterra manifestava interesse pelos navios alemães estacionados nos territórios portugueses porque tinha falta de navios para o seu esforço de guerra. Porém, os ingleses estavam um pouco receosos das consequências dessa iniciativa Os alemães poderiam declarar guerra a Portugal e isso traria várias consequências que não agradavam aos ingleses. Poderia criar confrontos em Moçambique (como aconteceu) mas também levar a Espanha a apoiar a Alemanha e o Império Austro-Húngaro e assim procurar voltar a deter o domínio da Península Ibérica, invadindo Portugal. Com a requisição de navios, a Inglaterra ficava moralmente responsável por apoiar Portugal, o que poderia implicar o envio de uma considerável força militar para Portugal, abrindo uma nova frente de combate. A Inglaterra iria ficar envolvida em pesadas responsabilidades militares e iria ter de proporcionar empréstimos pesados a Portugal. Em Portugal havia também quem achasse que nos deveríamos manter neutrais, quer porque simpatizavam com os alemães, quer porque achavam que não tínhamos forças armadas preparadas ou porque pensavam que a guerra só traria dificuldades económicas ao país. Mas, de uma maneira geral, os partidos que apoiavam o governo de Afonso Costa, eram a favor da entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial pois eles pretendiam ver garantidos os nossos direitos sobre as colónias em África. Sabia-se, há muito tempo, que os alemães as pretendiam e já tinham feito algumas deslocações de tropas pelos nossos territórios. Além disso, acreditavam que se Portugal participasse na guerra, iria obter vários benefícios como a consolidação da imagem da República, que não era ainda suficientemente reconhecida internacionalmente. Também queriam afirmar o prestígio de Portugal em relação a Espanha que se mantinha neutral. Além disso, Portugal ao entrar na guerra, poderia repor o equilíbrio no relacionamento com a Inglaterra que era uma tradicional aliada do nosso país. Por fim, acreditavam que Portugal poderia marcar presença numa futura conferência de Paz e obter benefícios. Por isso, no dia 23 de fevereiro de 1916 apoderouse de 38 navios que estavam ancorados em Lisboa. A justificação dada aos alemães foi a de que a requisição de navios, era necessária porque Portugal estava a sofrer com a falta de produtos indispensáveis ao país, por não ter barcos suficientes para o seu transporte, o que já tinham provocado revoltas em algumas localidades. Ao todo foram apreendidos 72 navios e respetivas cargas espalhadas por todos os territórios mas sobretudo, na zona de Lisboa, Porto, Setúbal, Angola e Moçambique. Considerando esta apreensão uma violação das regras de neutralidade, a Alemanha declarou guerra a Portugal. O governo português expulsa os cidadãos alemães que viviam em Portugal, à exceção daqueles que poderiam vir a ser soldados na Alemanha (do sexo masculino entre os 16 e os 45 anos), que foram aprisionados e os seus bens passaram para o Estado, que depois os leiloaria. Mais de metade dos navios foram entregues à Inglaterra. Em troca, a Inglaterra deveria apoiar o nosso esforço de guerra e concederia a Portugal um grande empréstimo. Dos 35% dos navios que ficaram em mãos portuguesas, alguns serviram de apoio à Armada portuguesa, vários entraram para a empresa de Transportes Marítimos do Estado e outros viriam a ser afundados, nos anos seguintes, por submarinos alemães. Há, ainda, casos especiais, como o do Flores, que após ter sido devolvido pelos ingleses,foi utilizado pela Marinha Portuguesa como navio-escola com o nome de Sagres (o atual navio foi construído também na Alemanha, mas em 1937).

Diogo Pinto Santos, 9ºA Corpo Expedicionário Português (CEP) A criação do CEP A criação do corpo expedicionário português é também conhecida pelo milagre de Tancos (base militar portuguesa com vários quartéis de vários ramos do exército). O CEP foi criado e treinado em 9 meses, com equipamento antiquado, na ignorância do que era uma guerra de trincheiras e sem conhecimento de exercícios importantes para esse tipo de guerra. Os soldados nem sequer sabiam que iriam usar ou enfrentar (uma vez na Flandres ou em França) granadas, morteiros, metralhadoras, gases, etc. A 26 de janeiro de 1917, partiu o primeiro contingente português para a frente de batalha em França e na Flandres depois de se ter conseguido um acordo lusobritânico para que o CEP fosse comandado pelo general Gomes da Costa e integrado no exército britânico. A participação portuguesa na guerra Na Europa A participação portuguesa foi complicada. Chegaram a estar mobilizados quase 56 mil homens. As perdas atingiram quase 21 mil mortos e milhares de feridos. À medida que o tempo passava, a guerra estava a tornar-se cada vez mais impopular pois o custo de vida nos países envolvidos aumentava cada vez mais. Havia cada vez mais escassez de géneros, desemprego, greves e assaltos. Na frente de batalha, as baixas sofridas, o frio, a falta de equipamento e a não substituição dos soldados nas trincheiras por tropas frescas, desmoralizaram os soldados que se sentiam abandonados. Do dia 9 para o dia 10 de abril de 1918, quando a 2ª divisão do CEP se preparava para ser rendida, sofreu um enorme ataque por parte do exército alemão: foi a batalha de La Lys. Apesar da resistência feroz dos nossos soldados, o CEP quase que desaparece. Depois deste acontecimento, o CEP retira-se da linha da frente. Alguns dos seus homens passaram para o exército inglês, e outros, foram utilizados para abrir trincheiras, o que veio a desmoralizar os soldados portugueses. No final da guerra ainda se conseguiu formar algumas divisões portuguesas para desfilar em Paris após a vitória dos aliados, trazendo alguma glória e honra para Portugal. Em Angola Em Angola, as hostilidades ocorreram no Sul entre 1914 e o 1915, envolvendo ações contra os alemães da colónia alemã do Sudoeste, atual Namíbia e indígenas revoltosos Para Angola foram mobilizados 1600 homens comandados por Alves Roçadas em outubro de 1914. Após um ataque alemão ao posto fronteiriço de Cuangar, ambas as forças em conflito retiraram. O território livre foi ocupado por revoltas indígenas contra a soberania portuguesa, o que fez com que Portugal enviasse mais 12 mil homens e Moçambique enviasse 2 companhias de landins para pacificar a região o que só viria a acontecer em 1918 porque as revoltas eram esmagadas mas depois reacendiam-se. Em Moçambique Em Moçambique, após um ataque ao posto fronteiriço de Maziua em 1914, Portugal enviou uma força de 1527 homens. Devido à desorganização das tropas e às doenças, passados poucos meses, as baixas já haviam atingido 21% dos soldados. Em novembro de 1915, Portugal envia mais 1543 homens comandados por Moura Mendes, com a finalidade de recuperar a ilha de Quionga. Também aqui, passados quatro meses, já havia perdido metade da sua força original, devido a doenças. Em junho de 1916, já com Portugal a participar na 1ª Guerra Mundial, chega a 3ª força composta por 4642 homens comandados por Ferreira Gil, com o intuito de atacar Rovuma (fronteira com a colónia alemã da Tanzânia) ao mesmo tempo que tropas inglesas, da Rodésia, da União Sul-africana, do Quénia, do Congo belga e da Índia faziam o mesmo. As tropas portuguesas conseguem conquistar Rovuma e Nevala (cidade fronteiriça da Rodésia alemã) mas de seguida são derrotados e têm de retirar novamente para Moçambique. Em 1917, Portugal envia uma 4ª força constituída por 9786 homens, comandada por Sousa Rosa. As forças alemãs, conseguem resistir a todos os ataques utilizando as técnicas da guerra de guerrilha para apenas causar baixas no inimigo. No final da guerra na Europa, as forças alemãs em África rendem-se finalmente aos aliados.

Diogo Pinto Santos, 9ºA Heróis da 1ª Guerra Mundial Soldado Milhões Aníbal Augusto Milhais (Soldado Milhões) nasceu em Valongo de Milhais (Murça) a 9 de junho de 1895 e morreu a 3 de junho de 1970. Foi o soldado português mais condecorado da I Guerra Mundial e o único premiado com a mais alta honraria nacional, a Ordem militar da Torre e Espada, do Valor de Lealdade e Mérito, no campo de batalha em vez da habitual cerimónia pública em Lisboa. Distinguiu-se na batalha de La Lys quando a 2.ª Divisão do CEP foi completamente desbaratada, tendo-se sacrificando nela muitas vidas, entre mortos, feridos, desaparecidos e capturados como prisioneiros de guerra. Munido da coragem que só no campo de batalha é possível, enfrentou sozinho as colunas alemãs que se atravessaram no seu cami- nho, permi- tindo a retira- da de vários soldados portugueses e ingleses para as posi- ções defen- sivas da reta- guarda. Vagueando pelas trincheiras ocupadas pelos alemães e pela terra de ninguém, o Soldado Milhões continuou a fazer fogo esporádico, para o qual se valeu de cunhetes de balas que foi encontrando pelo caminho. Quatro dias depois do início da batalha, encontrou um médico escocês salvando-o de morrer afogado num pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército aliado dos feitos do soldado transmontano. Regressado a um acampamento português, o comandante Ferreira do Amaral saudou-o, dizendo o que ficaria para a História de Portugal, "Tu és Milhais, mas vales Milhões!". Carvalho Araújo Passou a infância na cidade de Vila Real, apesar de ter nascido na freguesia de São Nicolau, no Porto, onde os seus pais, se encontravam por motivo de doença de sua avó materna. Após ingressar na Marinha, atingiu o posto de 1º tenente sendo depois promovido a título póstumo, a capitão-tenente. Foi ainda deputado por Vila Real à Assembleia Constituinte da República, e Governador do Distrito de Inhambane, em Moçambique, por dezoito meses. Ficou célebre por ter conseguido, no comando do caça-minas NRP Augusto de Castilho, proteger o vapor São Miguel de ser afundado pelo submarino alemão U-139, comandado pelo ás dos ases dos submarinos, Lothar von Arnauld de la Perière, em 14 de Outubro de 1918. O caça-minas havia recebido a missão de escoltar o São Miguel na sua viagem entre a Madeira e Ponta Delgada, nos Açores. Perante o ataque do submarino alemão, começou por lançar granadas de fumo para despistar o inimigo. Quando as caixas de fumo se esgotaram, avançou diretamente para o submarino para impedir que este atingisse o navio civil, dando-lhe tempo para se distanciar. Esta manobra colocou-o sob fogo alemão durante cerca de duas horas o que acabou por matar vários marinheiros portugueses, entre os quais o comandante Carvalho Araújo. O caça-minas português acabou por se render quando ficou sem munições e com as máquinas e a telegrafia destruídas. Os sobreviventes foram recolhidos pelo submarino alemão. Lothar von Arnauld de la Perière, no seu relatório enalteceu a coragem de Carvalho Araújo que viria mais tarde a receber condecorações a título póstumo e ser considerado herói nacional. A estátua que lhe foi erigida em Vila Real é da autoria do escultor Anjos Teixeira e foi inaugurada em 1924. Representa o comandante com a dura decisão que tomou de resistir. Na base do pedestal, simbolizando o tema, estão dois lutadores em combate: representando a figura do ânimo latino (numa figura forte) em relação ao pesado génio alemão que adota a atitude de dominado.

Maria Margarida Gonçalves Gomes, 9ºC A evolução da situação da mulher Na Europa, antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, a vida seguia o seu curso normal, em que os homens trabalhavam em diferentes funções, não havendo muito espaço para o trabalho feminino. No início do século XX, passado mais de um século da Revolução Francesa (que consagrara o principio da igualdade dos cidadãos) as mulheres não tinham quaisquer direitos civis fundamentais nem mesmo direito políticos. Na mentalidade da época considerava-se que a mulher era incapaz de assumir responsabilidades, estava também sujeita a tutela do chefe de família (pai/ marido/ irmão) e era educada Durante e depois da Guerra para cuidar da vida doméstica. Trabalhar fora de casa era visto como sinal de condição pobre e era desprezada. Quando trabalhava fora de casa (para garantir o sustento da família) apenas desempenhava ofícios rotineiros e era-lhe pago um salário mais baixo do que o dos homens. Depois da guerra, a situação inverteu-se. O trabalho doméstico passa a ser encarado como uma alienação e uma subordinação ao homem, ao passo que trabalhar fora de casa era visto como um sinal de emancipação. Com o início da guerra, todos os homens que estavam em boas condições físicas foram convocados para participar na guerra. Como as cidades não poderiam parar de funcionar, de produzir, surgiram para as mulheres, possibilidades inesperadas: ocupar o lugar dos homens nos diferentes tipos de trabalhos. A guerra contribuiu de forma considerável para a mudança do papel da população feminina, ao exigir a sua participação em diversos setores de atividade económica onde se integravam os trabalhos mais pesados. Muitas mulheres começaram a evidenciar-se nas fábricas e a exercer cargos masculinos, como: condução de carros, táxis, elétricos, distribuição de correio, jardinagem... No campo, ficaram responsáveis pela produção agrícola e pela criação de animais. Muitas mulheres também se dirigiram para os campos de batalha para trabalhar como enfermeiras, cozinheiras, motoristas de ambulâncias, etc. Em 1918, com a aprovação do Representation of the People Act, as inglesas com mais de 30 anos obtiveram o direito ao voto. Habilitando-se ao sufrágio,as mulheres podiam ser elegíveis, podendo concorrer de igual para igual com os homens, para cargos eletivos. No final da guerra, com o regresso dos homens à vida em sociedade e ao lar, teriam agora concorrência no trabalho. A partir daí, as mulheres tiveram a possibilidade de lutar pelos seus direitos. As mulheres da classe média, que tinham entrado no mercado de trabalho durante a guerra, desempenhando tarefas tão árduas como as dos homens, ganhavam agora maior independência, outro estatuto perante a sociedade e mais credibilidade pois mostraram-se capazes de ter utilidade em algo que não fosse só tomar conta da casa e dos seus filhos. Assim, quando a população tomou consciência do importante papel da mulher, começaram a surgir os movimentos feministas cujo objetivo era a aquisição da igualdade de direitos entre os sexos, nomeadamente o direito de voto. Este movimento pretendia também a igualdade de oportunidades na educação, na profissão, na tutela dos filhos e no direito de dispor e gerir a propriedade familiar. A emancipação feminina (tornar-se livre/ independente) envolvia também melhores salários e condições de trabalho, pois as mulheres não tinham nenhum tipo de proteção, nem mesmo antes e depois do parto, e para o mesmo trabalho, recebiam sempre um salário mais baixo.