Relatório do Grupo PPE Número 2 / Fevereiro de 2012 Conselho Europeu: o mesmo de sempre, não. Planos mais ambiciosos, sim Eduard Slootweg O Parlamento Europeu debateu a próxima reunião do Conselho Europeu a realizar-se nos dias 1 e 2 de março com Nicolai Wammen, Presidente em exercício do Conselho, e com Maroš Šefčovič, Vice-Presidente da Comissão Europeia, na sessão plenária do presente mês. O Presidente do Grupo PPE, Joseph Daul (F), apresentou as prioridades do Grupo. Segundo Joseph Daul, a UE precisa de um pacote semelhante ao Plano Marshall apresentado após a guerra ou ao projeto Mercado Interno de 1992. «Precisamos de medidas que restabeleçam a confiança na boa gestão das nossas finanças. O Tratado, que será assinado no próximo mês, será uma das pedras angulares.» «O meu Grupo espera que a Comissão Europeia proponha um pacote legislativo que mobilize todos os nossos recursos para restabelecer o crescimento e o emprego. Esse pacote pode incluir medidas tão ambiciosas como completar o Mercado Interno. Precisamos de saber quais são os países que ainda bloqueiam este mercado, o Ato para o Mercado Único, a Diretiva relativa aos Serviços ou a Patente Europeia, tudo bloqueado por uma disputa absurda sobre a localização.» «Também deve prever menos encargos para as nossas empresas, cuja competitividade está a ser afetada, mas estas devem depois comprometer-se a empregar novas pessoas, especialmente jovens.» Joseph Daul lamenta a declaração proferida por Neelie Kroes, Vice-Presidente da Comissão Europeia, quando disse que «não seria nenhum drama se a Grécia saísse da Zona Euro», tendo pedido um esclarecimento ao Presidente Barroso sobre a posição da Comissão Europeia: «Precisamos de medidas para
restabelecer a confiança na governação da Zona Euro, e tal não pode acontecer com declarações contraditórias.» Análise Anual do Crescimento para 2012 Reforçar a política económica Marion Jeanne A crise da dívida soberana que alguns países da Zona Euro estão a enfrentar tem revelado a extrema necessidade de coordenação económica e orçamental entre os membros da Zona Euro e no seio da UE. Para solucionar estas questões, a União Europeia encontra-se em processo de adoção de várias novas ferramentas cujo objetivo é reforçar a coordenação da política económica e prevenir a ocorrência de futuras crises da dívida. Entre estas ferramentas encontra-se o Semestre Europeu que se destina a coordenar as políticas económicas e fiscais dos Estados-Membros, identificando as ações necessárias em matéria de políticas e especialmente a necessidade de reformas estruturais, assegurando também que os orçamentos dos Estados-Membros permaneçam sustentáveis a longo prazo. A Análise Anual do Crescimento para 2012 (AAC) é o primeiro passo no Semestre Europeu. A AAC da Comissão Europeia concluiu que muitos dos Estados-Membros não implementaram suficientemente as medidas acordadas na primeira ronda da AAC, referente ao ano de 2011, com as reformas estruturais a ficarem particularmente para trás. «Com o seu contributo para a AAC, o Parlamento Europeu insta os Estados-Membros a implementarem eficazmente as medidas relativas às políticas com as quais se comprometeram», afirmou Jean-Paul Gauzès (F). Com os cofres estatais a serem esvaziados e os mercados a demonstrarem relutância em continuar a financiar os défices públicos, o crescimento tem de ser fomentado através de medidas que não gerem despesas estatais adicionais, tais como implementar reformas estruturais e concluir o Mercado Único. Estas medidas devem visar especificamente uma saída para a crise da dívida soberana. Devem acompanhar de perto o reforço do crescimento económico e a melhoria da competitividade no sentido de promover uma economia sustentável e criadora de emprego.
Ajuda Alimentar: Mil milhões de euros para os mais pobres da UE Katarzyna Klaus O Parlamento Europeu aprovou um acordo de compromisso esta semana para continuar o Programa de Distribuição Alimentar da UE até 2013. O limite anual de ajuda alimentar para os mais carenciados é de 500 milhões de euros por ano. O Grupo PPE é um firme defensor do programa, uma vez que o número de pobres na Europa aumentou. Mais de 18 milhões de pessoas entre as mais carenciadas nos 20 Estados-Membros irão beneficiar do programa. «O programa confirma que a União Europeia se sente responsável perante os seus cidadãos. A crise económica que os nossos países enfrentam afeta em maior grau as pessoas carenciadas. São pessoas que vivem em condições de extrema dificuldade: os desempregados, os idosos, os portadores de deficiência, mas também as famílias numerosas e as famílias monoparentais», disse Czesław Siekierski (PL), relator do Programa de Distribuição Alimentar da União. Joseph Daul (F), presidente do Grupo PPE no Parlamento Europeu, acrescentou que: «A caridade começa em casa: não podemos ser consistentes em ajudar as pessoas fora da UE e confusos no que toca aos nossos cidadãos europeus. Os programas de ajuda alimentar devem ser alargados para além de 2013. Este ano, na União Europeia, quando as condições meteorológicas mais nos afetaram, as reservas alimentares disponibilizadas pelos programas europeus de ajuda alimentar estavam no seu nível mais baixo. Não podemos permitir que esta situação se repita no futuro.» O Programa de Distribuição Alimentar foi criado em 1987 ao abrigo da Política Agrícola Comum. Na altura, o Conselho decidiu libertar existências públicas de géneros alimentícios excedentários para usar como ajuda alimentar na UE. O programa comemora este ano o seu 25.º aniversário. «Na Europa, cerca de 40 milhões de pessoas vivem na pobreza. Por conseguinte, devemos fazer tudo o que for possível para preparar a base legal adequada do programa para o período 2014-2020», concluiu Czesław Siekierski.
Espetro de radiofrequências: queremos ser os melhores? Gunnar Larsson «Posso estar a ser parcial, mas diria que esta é uma das poucas reformas que irá aumentar a competitividade», disse Gunnar Hökmark (S) na conclusão da conferência de imprensa que se seguiu à votação em plenário do seu relatório sobre o Espetro de Radiofrequências. Poucos saberão o que é o espetro de radiofrequências, mas a maior parte das pessoas usa-o todos os dias. Simplificando, são as frequências utilizadas para transmitir tudo, desde chamadas de telemóvel a transmissões televisivas. Com a chegada da televisão digital, existe agora muito espaço para outro tipo de utilizações, tais como a banda larga móvel. Gunnar Hökmark, apoiado agora tanto pelo Parlamento como pelo Conselho, gostaria de disponibilizar, já no próximo ano, a faixa de frequência de 800 MHz para ser utilizada pelos serviços de banda larga sem fio. Adicionalmente, a frequência de 1200 MHz deveria ser destinada aos serviços sem fios até 2015. Participando no debate em plenária sobre o seu relatório, Gunnar Hökmark lançou uma questão retórica: «Queremos ser número um, ou queremos ser número dois, três ou mesmo quatro?» A liderança previamente incontestada da Europa no setor das telecomunicações, com empresas como a Siemens, a Ericsson e a Nokia, vê-se subitamente posta em causa. Nos grandes mercados fora da Europa, seja o dos Estados Unidos ou o da China, o custo de desenvolver a próxima geração de tecnologia pode ser rapidamente recuperado. A empresa de telecomunicações chinesa detida pelo Estado pode servir de exemplo, com uns colossais 650 milhões de subscritores. Libertar frequências para a banda larga móvel é uma forma de manter e melhorar a competitividade da Europa. Haverá novos serviços disponíveis e a economia europeia do conhecimento será caracterizada pela sua vitalidade, mudança e inovação, segundo o deputado sueco do Parlamento Europeu.
Síria: A violência contra o seu próprio povo será o fim do regime de Assad Eva Mitsopoulou «O lamentável fracasso do Conselho de Segurança em condenar o regime de Assad devido ao veto russo e chinês foi entendido no terreno como uma licença para utilizar armamento pesado no uso indiscriminado da força, o que resultou na morte ou ferimento de muitos civis, mulheres e crianças», disse Ioannis Kasoulides (CY), Vice-Presidente do Grupo PPE responsável pelos Assuntos Externos, no debate plenário sobre a situação na Síria. Ioannis Kasoulides sublinhou que a posição da UE é uma posição de princípio, ao contrário da posição dos russos, levando o país a uma guerra civil: «A nossa posição é a mesma que adotámos para com todos os outros países da Primavera Árabe. Não podemos continuar impávidos quando confrontados com um massacre destas dimensões, isso seria o mesmo que um crime contra a humanidade». «Nenhum regime que virou os seus militares contra o próprio povo sobreviveu e este também não sobreviverá», concluiu Ioannis Kasoulides. Falando no mesmo debate sobre a situação na Síria, José Ignacio Salafranca (ES) salientou que «uma vez mais, perdemos a oportunidade de obtermos uma resposta mais coordenada e mais eficaz dos Estados-Membros. A ação da UE não conseguiu travar a violência nem ultrapassar o veto da Rússia e da China nas Nações Unidas e isto é tremendamente lamentável.» José Ignacio Salafranca instou os governos da UE a aumentar a pressão sobre a Rússia e a China e lamentou o facto de isso não ter sido possível durante a Cimeira UE-China. Os dois deputados ao Parlamento Europeu louvaram a declaração da sua Alta Representante que apelava à introdução de mais sanções e mais medidas restritivas e as suas intenções de, juntamente com todos os outros intervenientes internacionais interessados, levar a cabo uma ação concertada para pôr termo a esta repressão intolerável. Também solicitaram apoio para as iniciativas da Liga Árabe de reforçar as ligações com a oposição síria e de criar um corredor humanitário, assim como para o seu plano que visa uma transição política e pacífica e a cooperação Nações Unidas/Liga Árabe no terreno.
Fundos Estruturais: reprogramação para combater o desemprego jovem? Katarzyna Klaus O Grupo PPE acolhe com satisfação os esforços desenvolvidos em todos os níveis da governação europeia no sentido de conseguir obter o máximo das políticas apoiadas pelo orçamento da UE. Neste contexto, foi surpreendente ouvir o Presidente da Comissão Europeia dizer que há 82 mil milhões de euros de fundos estruturais «não despendidos», como lhes chamou. Olhando com mais atenção para esta declaração, Danuta Hübner (PL), Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu, descobriu que não era efetivamente dinheiro não despendido, mas sim dinheiro que ainda não fora despendido. Danuta Hübner, em nome da Comissão do Desenvolvimento Regional, perguntou ao Comissário Johannes Hahn como é que a Comissão está a planear reprogramar os fundos estruturais para 2012 e 2013 que ainda não foram afetados de maneira legalmente vinculativa. «Partilhamos totalmente a opinião de que o potencial da política de coesão em gerar crescimento e empregos deve ser completamente aproveitado. Contudo, o mais preocupante é a forma como esta proposta foi apresentada à opinião pública. Criou falsas interpretações, enfraquecendo desnecessariamente a imagem da política e o seu verdadeiro impacto no crescimento e na criação de emprego», afirmou Danuta Hübner. As conclusões da reunião informal do Conselho Europeu, de 30 de janeiro, sublinharam que a Europa precisa de esforços mais direcionados nos próximos anos no sentido de promover a competitividade empresarial e assegurar o crescimento na Europa. O Comissário Hahn informou o PE que, desde o início de março, haverá discussões direcionadas entre a CE e os Estados-Membros. «Contudo, compete aos Estados-Membros definir a forma como irão ou não adaptar os seus programas e centrar-se mais pormenorizadamente nas medidas para contrariar o desemprego extremamente elevado dos jovens e promover as PME», disse Johannes Hahn.