Princípios aplicáveis do Direito Processual do Trabalho continuação. O Princípio do dispositivo ou princípio da inércia da jurisdição: nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer. Está o mesmo positivado no artigo 2º do Código de Processo Civil com a seguinte redação: Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Ora, imagine-se o magistrado, ao sair da Justiça do Trabalho, se deparando com uma situação: Um empregado sendo despedido aos berros na frente de outros empregados e clientes dentro de uma loja num shopping qualquer da cidade. Pode o magistrado, compadecido com aquela situação, iniciar, de ofício, uma reclamação para o empregado ser indenizado por dano moral frente ao Poder Judiciário trabalhista? Por óbvio a resposta passa pela negatividade. A ação quem tem e deve exercer sua pretensão é o empregado humilhado. Parte, de sua vontade, o ajuizamento da referida ação, tendo em vista imperar o princípio da inércia da jurisdição. Princípio do inquisitório ou inquisitivo (impulso oficial): Confere ao o princípio do impulso oficial juiz a função de impulsionar o processo, na busca da solução da lide, conforme previsão do artigo 262 do Código de Processo Civil, ao impor que O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Já visto que o juiz não pode de ofício iniciar um processo, mas após a parte manifestar seu interesse, através da petição inicial e sua distribuição, é dever do magistrado impulsionar o feito, tomando todas as medidas necessárias ao desenvolvimento do processo. Art. 765 da Consolidação das leis do trabalho: Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão
pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Art. 130 do CPC: caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Art. 852-D da CLT: O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Art. 878 da CLT: Art. 878 - A execução poderá ser promovido por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. Princípio da concentração dos atos processuais: o princípio da concentração dos atos processuais, objetiva que a tutela jurisdicional seja prestada no menor tempo possível, concentrando os atos processuais em uma única audiência. Na prática os juízes vêm dividindo a audiência, que é una por disposição legal, bastando fazer a leitura do art. 849 da Consolidação das Leis do Trabalho, em três audiências, a primeira destinada à conciliação, a segunda a instrução e a terceira de julgamento. No procedimento sumaríssimo a audiência também é uma, sendo que há o respeito neste procedimento pela singularidade da solenidade. Art. 849 da CLT: A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação. Art. 852 C da CLT: As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. Princípio da oralidade: Realização dos atos processuais pelas partes e pelo próprio magistrado na própria audiência, de forma verbal, oral. Art. 847 da CLT: Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Art. 850 da CLT: Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. Art. 848 da CLT: Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes. 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se, prosseguindo a instrução com o seu representante. 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver. Art. 795 da CLT: As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Princípio da identidade física do juiz: Determina que o juiz que colheu a prova (depoimento pessoal das partes, oitiva das testemunhas, esclarecimentos verbais do perito...) é quem deve proferir a sentença. Art. 132 do Código de Processo Civil: o juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará ao seu sucessor. Não tinha aplicação nas Varas do Trabalho (súmula 222 do STF e 136 do TST). Era Junta de Conciliação e Julgamento, tendo três juízes, um do trabalho e dois classistas (muita rotatividade). Súmula 222 do STF: Princípio da Identidade Física do Juiz - Juntas de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho - Aplicação O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às Juntas de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho. SÚMULA TST Nº 136 JUIZ. IDENTIDADE FÍSICA Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz. Ex-prejulgado nº 7. Após a EC/24 parece que o princípio deve ser aplicado nas Varas do Trabalho, apesar de recentemente Sérgio Pinto Martins em artigo publicado no jornal jurídico Carta Forense ter defendido a não aplicação do princípio ao processo do trabalho.
Princípio da imparcialidade do juiz: A lei exige que o magistrado seja imparcial. Artigo 801 da CLT aponta que o juiz é obrigado a dar-se por suspeito. 1. Inimizade ou amizade pessoal com um dos litigantes; 2. parentesco; 3. interesse particular na causa. Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, somente permitindo a apreciação do seu merecimento em recurso da decisão definitiva. Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva. 214 - Decisão interlocutória. Irrecorribilidade Decisão Interlocutória. Irrecorribilidade. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, 2º, da CLT. Princípio da conciliação: nos dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. Art. 764 da CLT: Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.
3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. Art. 846 da CLT: Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento. 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo. Art. 850 da CLT: Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. 852 E da CLT: aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência. Princípio do jus postulandi: estabelece que os empregados poderão reclamar pessoalmente perante a justiça do trabalho e acompanhar suas reclamações até o final, o que é positivado no artigo 791 da CLT. Recentemente o jus postulandi sofreu grande relativização quando o Tribunal Superior do Trabalho decidiu que nas vias dos Tribunais superiores não cabe o referido princípio. Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.
Advogado indispensável à administração da justiça, art. 133 da CF. Constitucionalidade do art. 791 da CLT? TST já se manifestou a favor do jus postulandi. Ano passado o Tribunal Superior do Trabalho decidiu que o jus postulandi não cabe mais nos Tribunais superiores. Reclamante sem advogado, reclamado com forte corpo jurídico. Forças iguais? Princípio da imediatidade ou imediação: Este princípio está ligado ao princípio da verdade real, pois permite que o juiz, na busca da verdade, tenha um contato direto com as partes, com os demais envolvidos no processo e com a coisa que está em litígio. O princípio da imediação é largamente aplicado no processo do trabalho, o que se pode inferir através do art. 820, CLT, que estabelece que as partes e as testemunhas serão inquiridas pelo juiz, podendo ser reinquiridas, a requerimento das partes, seus representantes ou advogados. Esse argumento é reforçado pelo fato de que na Justiça Laboral, a prova oral é largamente utilizada. Princípio da proteção: o caráter material, tutelar, do direito material em relação ao empregado, se aplica no processo do trabalho, o qual possui normas que objetivam proteger o trabalhador, como a gratuidade da justiça; inversão do ônus da prova em certos casos; o impulso oficial nas execuções trabalhistas; o não comparecimento do reclamante na audiência inaugural somente arquiva o processo; a desobrigação do depósito recursal para recorrer; a reclamação trabalhista deve ser proposta na localidade onde o reclamante laborou (art. 651 da CLT). Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Princípio da normatização coletiva: A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no poder de criar normas e condições gerais abstratas, proferindo sentença normativa com eficácia ultra partes. Art. 114, 2º da Constituição Federal: recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado as mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitada as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Princípio da busca da verdade real: Ligado ao princípio da primazia da realidade, esse princípio está presente no art. 765 da CLT, ao dispor que os juízos e tribunais do trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Ou seja, a lei atribui dinamismo à atividade do juiz para que se possa alcançar a verdade real. Princípio da extrapetição: permite ao juiz, nos casos expressamente previstos em lei, condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial, ou seja, autoriza o julgador a conceder mais que o pleiteado, ou mesmo vantagem diversa do que foi requerido.
Art. 137, 2º da CLT: Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração. 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas. 2º - A sentença dominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida. 3º - Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao órgão local do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter administrativo Art. 467 da CLT: Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento". Art. 496 da CLT: Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte. Súmula 211 do TST: SÚMULA TST Nº 211 JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação. Princípio da subsidiariedade: utilização do Direito Processual Civil como fonte subsidiária do Direito Processual do trabalho, nos casos omissos, desde que haja compatibilidade com o ordenamento processual laboral (CLT, 769). Art. 769 da CLT: Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Princípio da instrumentalidade das formas: as formalidades processuais são meio e não fim do processo, razão pela qual os atos serão considerados válidos se atingida a finalidade a que se destinavam, ainda que realizados por forma distinta.
Na CLT estão elencados em 5 artigos que vão desde o 794 ao 798. Não há nulidade sem prejuízo. Se o ato atingiu a finalidade e não trouxe prejuízo as partes, deve ser considerado válido. Art. 154 do CPC: Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Art. 244 do CPC: Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. Não confundir com a fase metodológica do processo chamada de instrumentalidade, que tem seu ponto máximo na doutrina brasileira na obra de Cândido Rangel Dinamarco. Princípio da eventualidade: determina que as partes aduzam, de uma vez só, todas as matérias de ataque e de defesa, objetivando resguardar interesse, sob pena de operar-se a preclusão. Princípio da livre convicção do juiz: o magistrado tem ampla liberdade de apreciação da prova, não se submetendo a uma hierarquia de meios probatórios (CPC, art. 131). Art. 131 do CPC: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.