ESCOLA DO SERVIÇO DE SAÚDE MILITAR NEWSLETTER. Fevereiro de 2013 ARTIGO

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Transcrição:

ARTIGO Mestre Cristina Coelho Licenciada em Fisioterapia BRONQUIOLITE A bronquiolite é uma doença sazonal que ocorre anualmente entre os meses de Dezembro a Março. É uma infeção viral cujo agente patogénico mais comum é o Vírus Sincicial Respiratório (RSV). Afeta bebés até aos 24 meses. Embora o RSV possa infetar crianças mais velhas ou mesmo adultos, não causa nestes os mesmos sintomas que aos mais novos. 1 É uma doença auto limitada, evolui espontaneamente até à remissão dos sintomas, só um pequeno número de crianças necessita de hospitalização. 2 Não existe paralelismo entre a gravidade inicial dos sintomas e a duração da doença. Na maioria dos casos os sintomas obstrutivos instalam-se entre dois a quatro dias e desaparecem ao fim de oito a dez dias, podendo no entanto persistir uma tosse residual durante mais duas semanas. 3

É uma doença respiratória obstrutiva aguda. Os bebés, geralmente sem febre, apresentam coriza com corrimento nasal, espirros, olhos lacrimejantes, desenvolvendo depois tosse seca irritativa, dificuldade respiratória com dispneia, tiragem, adejamento nasal e nalgumas crianças, apneia. Estes sintomas causam dificuldades na ingestão de alimentos e por vezes, nos bebes mais pequenos, desidratação. 1,2,3 São fatores de risco a prematuridade o mau desenvolvimento ponderal, o tabagismo passivo, a frequência de creche antes dos 6 meses, bem como, ser portador de doença cardíaca ou respiratória congénita. 4, 5 A bronquiolite por RSV é um problema de saúde pública, mobilize muitos meios tanto a nível ambulatório como hospitalar e tem um impacto social e económico considerável. Existem estudos que sugerem um aumento dos picos epidémicos nos últimos 10 anos, com uma gravidade crescente dos quadros clínicos, afetando bebés cada vez mais pequenos. Este fenómeno parece ser particular à bronquiolite por RSV não tendo paralelo noutras patologias virais comuns no latente como a gastroenterite por Rotavirus. 6 A transmissão do agente patogénico ocorre através das mãos, ou objetos contaminados com secreções infetadas que tocam na boca nariz ou olhos. Pode também propagar-se através do ar, sobretudo em espaços fechados, pela sua contaminação através da tosse ou espirro do hospedeiro. O vírus mantem-se ativo até sete horas em superfícies porosas e não porosas como roupa ou brinquedos. 7 O tratamento da bronquiolite e essencialmente de suporte. 3 Não existindo tratamento medicamentoso eficaz, as medidas terapêuticas visam manter a oxigenação, a hidratação 3, 4, 7 e o estado nutricional. A fisioterapia respiratória é muitas vezes recomendada para conseguir uma melhoria da função respiratória através da eliminação de secreções, embora não exista consenso acerca da sua eficácia. 8 Existem duas conceções destintas e dois modelos de intervenção em Fisioterapia Respiratória em Pediatria: um anglo-saxónico que adapta e aplica aos bebés as técnicas do adulto, a Chest Therapy 9 e outro francófono, a Kinésithérapie

Respiratoire du Nourrisson que desenvolve técnicas passivas que agem somente no tempo expiratório 10. Cuidar dum bebé pequeno que não consegue alimentar-se nem dormir devido à tosse e dificuldade respiratória pode ser muito perturbador para as famílias. A falta de consenso e de opções terapêuticas válidas gera ansiedade e incerteza. Existem no entanto medidas de caráter geral que podem auxiliar no tratamento dos bebés com bronquiolite. 3,4,5 Tentaremos referir de forma sucinta as mais relevantes: Elevar a cabeceira do berço mantendo uma inclinação de 30º, este posicionamento diminui o esforço respiratório e a tosse durante o sono; Fracionamento das refeições, oferecendo menor quantidade de alimento em intervalos mais curtos, evita que o estomago comprima o diafragma causando maior dificuldade respiratória; Pode ser difícil manter a amamentação pela dificuldade persistente do bebé em mamar. Retirar o leite e oferece-lo em biberão ou preferencialmente em copo pode ser uma estratégia útil para evitar o abandono da amamentação que como se sabe tem um efeito protetor nesta e noutras patologias infeciosas; Não sobreaquecer e arejar o quarto onde o bebé dorme e permanece; Assoar o bebé aplicando soro fisiológico antes das mamadas ou do biberão, os bebés respiram essencialmente pelo nariz e se tiverem obstrução nasal não conseguem manter a sucção e respirar, interrompendo constantemente a refeição; Também antes de dormir o nariz deve ser desobstruído. Existem no mercado aspiradores nasais que permitem remover as secreções. O fisioterapeuta ensinará aos pais a melhor forma de conseguirem assoar o bebé eficazmente e em segurança; Lavar as mãos com água e sabão antes e depois de ter cuidado do bebé; Lavar os brinquedos do bebé sobretudo se existirem outras crianças em casa que também os utilizem;

Se utilizar aparelho de nebulização, deve lavar o tubo e a máscara com água e sabão e enxugar, não deve ser reutilizado sem ser lavado e seco. Referências Bibliográficas 1. Bush A, Thomson AH (2007) Acute bronchiolitis. BMJ 335: 1037 1041. 2. Hall CB, Weinberg GA, Iwane MK, Blumkin AK, Edwards KM, et al. (2009) The burden of respiratory syncytial virus infection in young children. N Engl J Med 360: 588 598. 3. Prise en charge des bronchiolites aiguës du nourrisson (1996) Propositions de la commission d'évaluation. Groupe francophone de réanimation et d'urgence pédiatrique. Arch Pédiatr; 3: 1191-1202. 4. American Academy of Pediatrics, Subcommittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis. (2006) Diagnosis and management of bronchiolitis. Pediatrics;118:1774-93. 5. Flaherman et al. (2012) Frequency, duration and predictors of bronchiolitis episodes of care among infants 32 weeks gestation in a large integrated healthcare system: a retrospective cohort study. BMC Health Services Research 12:144. 6. E Grimprel (2001), Épidémiologie de la bronchiolite du nourrisson en France, Archives de Pédiatrie, Volume 8, Supplement 1, January, 83-92 7. Paes B A, Mitchell I, Banerji A, Lanctot KL, Langley JM (2011) A decade of respiratory syncytial virus epidemiology and prophylaxis: Translating evidence into everyday clinical practice. Can respir J;18(2):e10-e19. 8. Gajdos V, Katsahian S, Beydon N, Abadie V, de Pontual L, et al. (2010) Effectiveness of Chest Physiotherapy in Infants Hospitalized with Acute Bronchiolitis: A Multicenter, Randomized, Controlled Trial. PLoS Med 7(9): e1000345.doi:10.1371/journal.pmed.1000345 9. Perrotta, C.; Ortiz, Z.; Roque, M.(2007) Chest physiotherapy for acute bronchiolitis in paediatric patients between 0 and 24 months old. Cochrane Database Syst Rev, v. 2, CD004873. 10. Postiaux G.(2001) Quelles sont les techniques de désencombrement bronchique et des voies aériennes supérieures adaptées chez le nourrisson? Arch Pédiatr 8 Suppl. 1: 117-25

CURSOS Decorreu na ESSM de 04 a 08 de Fevereiro o 3º Curso de Técnicas de Emergência Médica para Profissionais de alto Risco (TEMPAR). Contou com a presença de 18 formandos de proveniências diversas a partir dos 3 Ramos das FA. Terminou em 20 de Fevereiro o 1º Curso de Socorrismo 2013 que contou com a presença de 17 formandos do Exército.

Iniciou-se em 18 de Fevereiro o 2º Curso de Socorrismo de 2013 com 18 formandos do Exército e a duração de 6 semanas, 2 delas de Estágio no HFAR-Polo de Lisboa- Unidade da Estrela. Decorreu de 18 a 22 Fevereiro o 4º Curso TEMPAR, com elementos de Forças Nacionais Destacadas com vista a Missão no Afeganistão.