UNIVERSIDADES, ATIVIDADES DE PESQUISA E O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE SPIN-OFFS



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UNIVERSIDADES, ATIVIDADES DE PESQUISA E O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE SPIN-OFFS: ESTUDOS DE CASO EM UNIDADES ACADÊMICAS DO CAMPO DAS ENGENHARIAS NA UFRJ E NA UFF Evento: Universidad 2008 - Sexto Congresso Internacional de Educação Superior, 2008, Havana - Cuba Autor(es): RENAULT, Thiago B. (Hélice Consultoria) MELLO, José M. C.de (UFF) E-mail: trenault@heliceconsultoria.com josemello@pq.cnpq.br Resumo A relação universidade empresa é um importante aspecto do processo de inovação e vem sendo crescentemente abordada por formuladores de políticas públicas. São bastante heterogêneas as contribuições dadas por universidades para este processo, permeando suas atividades de ensino, pesquisa, transferência / comercialização de conhecimento e geração de empresas. Quando são analisados diferentes perfis de atuação de unidades acadêmicas observa-se que o perfil das atividades de pesquisa realizados nestas unidades afeta seu padrão de interação com empresas. Este artigo apresenta dados sobre o sistema brasileiro de educação superior e pesquisa, mostrando sua heterogeneidade e concentração, a seguir analisa experiências de unidades acadêmicas do campo das engenharias com diferentes perfis de atividades de pesquisa e de atuação na realização de parcerias com empresas. Palavras-chave: Universidades; Empresas; Spin-offs; Pesquisa 1

1 - Introdução Há um interesse crescente por parte de agentes governamentais, acadêmicos e empresariais na geração de riqueza e inclusão social a partir de atividades de pesquisa realizadas com financiamento público. Existem diversos mecanismos através dos quais o conhecimento gerado em atividades de pesquisa, realizadas em universidades, é transferido / comercializado para empresas e transformado em riqueza e bem estar. Este fenômeno se contextualiza na percepção também crescente de que o incentivo a inovação em empresas constitui-se como importante instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconômico de regiões e países (Kim & Nelson, 2000). Estudos sobre o processo de inovação mostram que, embora se materialize na empresa, envolve uma complexa gama de atores e redes sociais de diferentes esferas institucionais. A interação entre estes atores forma sistemas de inovação (Lundvall, 1988; Nelson, 1993; Edquist, 1997) e impacta no processo de desenvolvimento socioeconômico das regiões onde estes sistemas se inscrevem (Storper, 1995; Saxenian, 1996; Kim & Nelson, 2000). Os padrões de interação entre os diferentes atores existentes no processo de inovação apontam para a interação entre três esferas institucionais, governamental, acadêmica e empresarial, a existência de atores híbridos e sobreposições entre estas esferas institucionais. Além disso, atores de cada uma destas esferas institucionais exercem funções em esferas distintas e influenciam os demais atores do processo de inovação (Leydesdorff & Etzkowitz, 1998; Etzkowitz, 2000; Etzkowitz et al. 2005). Destaca-se também o aprendizado necessário para a implantação e sistematização deste processo inovativo (Lundvall, 1992). Este aprendizado ocorre ao longo da trajetória histórica onde a interação entre os atores presentes em torno de um objetivo comum permite a dinamização do ambiente empresarial e acadêmico. Esta dinamização ocorre a partir do 2

processo de transferência mútua de conhecimentos entre produtores e usuários de tecnologia. No caso brasileiro é incipiente a interação entre estas esferas institucionais, sobretudo a acadêmica e empresarial, e os atores institucionais encontram-se em um processo de aprendizado para a criação desta dinâmica inovativa, este cenário foi caracterizado como um sistema de inovação imaturo (Albuquerque e Sicsú, 2000) onde o aprendizado é passivo, e com baixa propensão a transformar conhecimentos em inovações (Viotti, 2002). Neste sentido, universidades tem sido foco de políticas públicas voltadas para o incremento da relação com a esfera empresarial, fazendo com que uma série de mecanismos institucionais surja como alternativa para viabilizar esta interação. No Brasil a maior parte da atividade de pesquisa está localizada nas universidades públicas, o que coloca o debate sobre a relação universidade empresa no centro da política pública para o processo de inovação. Uma análise mais aprofundada das contribuições dadas por universidades brasileiras ao sistema de inovação mostram perfis heterêneos de atuação. Esta é uma importante premissa para furmulação de políticas públicas aderentes a esta realidade heterogênea. Este trabalho analisa experiências de unidades acadêmicas do campo das engenharias, em duas universidades distintas, localizadas na mesma região metropolitana. Estas unidades acadêmicas possuem parcerias com características bastante diferenciadas com empresas. Nossa análise aponta para relações existentes entre parcerias com perfis diferenciados com empresas e a estrutura da atividade de pesquisa realizada nestas unidades acadêmicas. 2 - A relação Universidade - Empresa As contribuições das universidades para os sistemas de inovação são bastante heterogêneas podendo ser divididas basicamente em contribuições indiretas e contribuições diretas. Entre as contribuições indiretas temos como 3

exemplos a publicação dos conhecimentos gerados nas atividades de pesquisa em jornais e revistas especializados, a realização de seminários, congressos, feiras e a formação de recursos humanos altamente especializados, mestres e doutores, cursos de educação continuada, especializações, mestrados profissionais, entre outros. Todas estas contribuições estão relacionadas às missões de ensino e pesquisa. Existem também as contribuições realizadas de forma mais direta, como a comercialização de tecnologia, através de escritórios de transferência de tecnologia, a criação de spin-offs acadêmicos, através das incubadoras de empresas e a proximidade geográfica por interesses comuns, no caso dos parques científicos e tecnológicos. Estas atividades estão alinhadas com a missão de atuação de forma pró-ativa na promoção do desenvolvimento socioeconômico, denominada na literatura emergente de terceira missão (Leydesdorff & Etzkowitz, 1998; Etzkowitz, 2000; Etzkowitz et al. 2005). Dentre estes mecanismos ligados a terceira missão acadêmica, a criação de spin-offs vem ganhando destaque em diversos estudos (Shane, 2004; Mustar et al, 2006), pois representa a forma mais tangível de contribuição que as universidades podem dar para a geração de riqueza e bem estar a partir de suas atividades de pesquisa. É consenso entre os estudiosos do tema de que a existência de atividades de pesquisa, com alto nível de excelência, em campos relevantes para o setor empresarial é pré-condição indispensável para que o relacionamento universidade empresa, com foco no desenvolvimento tecnológico, seja bem sucedido e gere resultados expressivos. A existência de atividade de pesquisa consolidada dinamiza a relação entre unidades acadêmicas e empresas, sendo pré-condição para um programa bem sucedido de criação de spin-offs (Mueler P., 2006; Landry, R. et al 2006; Rothaermel, F & Thursby, M. 2005; Langford, C. et al 2006; Bozeman, B. & Gaughan, M. 2007; Debackere, K. & Veugelers, R. 2005; Bower, J. 2003). Entretanto, quando se analisa diferentes casos em universidades brasileiras, percebe-se que mesmo entre as universidades que apresentam atividades de 4

pesquisa, o nível de qualidade é bastante heterogêneo e esta característica afeta o seu padrão de interação com o setor empresarial. A atividade de pesquisa realizada em muitas destas unidades acadêmicas não é sistematizada, grande parte do conhecimento utilizado é gerado exogenamente, em outros grupos de pesquisa, com alto nível de excelência, que exploram a fronteira do conhecimento em suas áreas. Em uma análise focada em algumas unidades acadêmicas do campo das engenharias, percebe-se que estas, embora apresentem um perfil de atuação diferenciado daquelas que realizam pesquisa de ponta, apresentam relevante participação no processo de inovação. A figura 2.1, a seguir, ilustra o posicionamento dos diferentes perfis de unidades acadêmicas do campo das engenharias no processo de inovação. Figura 2.1 - Participação de unidades acadêmicas do campo das engenharias no processo de inovação Participação no processo de geração de conhecimento Geração endógena de conhecimento Geração exógena de conhecimento Fonte: Elaborado pelos autores. Ensino Ensino e pesquisa Ensino, Pesquisa, serviços e Spin-offs Ensino, Pesquisa e serviços Participação no processo de inovação Percebe-se que estas unidades acadêmicas com atividades de pesquisa não sistematizadas apresentam uma tendência a se posicionarem em atividades 5

de consultoria, soluções tecnológicas a partir de recombinação de conhecimentos pré-existentes e atividades de formação de recursos humanos qualificados. Por outro lado, unidades acadêmicas com atividades de pesquisa de ponta além de projetos de formação de recursos humanos qualificados e atividades de consultoria, apresentam também forte capacidade de geração de novas tecnologias e consequentemente são mais propícias a geração de spin-offs para sua exploração comercial. Esta análise do processo de interação universidade empresa com foco mais ampliado é fundamental para a formulação de política pública voltada para o processo de transferência/comercialização dos conhecimentos gerados nas atividades acadêmicas. Conforme será apresentando nas seções seguintes, o sistema de educação superior no Brasil, onde está concentrada a maior parte da atividade de pesquisa e de formação de recursos humanos qualificados, é bastante heterogêneo e apresenta instituições posicionadas de maneira diferenciada frente ao sistema de inovação. 3 O sistema brasileiro de educação supeiror e sua relação com o sistema de inovação O sistema brasileiro de educação superior apresenta grande heterogeneidade entre as instituições que o compõe, sendo as universidades uma pequena parcela de sua totalidade. Este é um parâmetro importante para os formuladores de políticas públicas para o campo da inovação com foco no incremento da relação Universidade - Empresa. Conforme apresentado na seção anterior, o nível de excelência das atividades de pesquisa, somado a sua relevância para o setor empresarial são os principais atributos desta relação e impactam diretamente nos resultados gerados. Um panorama geral sobre o sistema brasileiro de educação superior pode ser observado na tabela 3.1 abaixo. As universidades representam menos de 10% do total de instituições de ensino superior. 6

Tipos de IES Universidades Outras IES Número Total Número Total Totais Parciais Federal 52 45 97 Estadual 33 42 75 Municipal 5 54 59 Total Públicas 90 141 231 Lucrativo 25 1495 1.520 Não lucrativo 61 353 414 Total Privadas 86 1848 1.934 Total IES 176 1989 2.165 Tabela 3.1 Intuições de Educação Superior no Brasil, 2006 Fonte: INEP (2006) Censo da Educação Superior São consideradas universidades instituições que praticam ensino, pesquisa e extensão e segundo a lei de reforma do ensino superior (2005) estas devem apresentar pelo menos três programas de mestrado e um programa de doutorado. Este sistema passou por uma rápida expansão nas quatro últimas décadas, saltando das 93.202 matrículas em 1960 para cerca de 4 milhões em 2006. O número de Universidades cresceu de 39 em 1964 para 176 em 2006. Nos anos mais recentes, o número de instituições de educação superior cresceu de 900 em 1997 para 2.165 em 2006. Mesmo assim a expansão foi menor do que o desejado, uma vez que o percentual da população com idade entre 18-25 anos matriculado em instituições de ensino superior em 2006 foi de 11%, a mesma observada no ano de 1985. Quando são analisadas as potencialidades de políticas públicas de promoção da interação entre universidades e empresas é preciso levar em consideração estas características do sistema de educação superior, sua heterogeneidade e concentração. Os resultados destas políticas, mesmo que sejam bem sucedidos, não serão massificados. 7

Como foi apresentado, não são muitas as instituições habilitadas no cenário nacional a conduzirem este tipo de relacionamento de forma bem sucedida, porque são poucas as que são universidades e apresentam atividades consolidadas de pesquisa. Mesmo entre as universidades, existe grande heterogeneidade entre o perfil das atividades de pesquisa realizadas, o que afeta seu padrão de interação com o setor empresarial. 3.1 As atividades de pesquisa nas IES brasileiras No Brasil a maior parte da atividade de pesquisa está concentrada nos programas de pós-graduação stricto sensu. São 196 instituições que oferecem 1.819 programas de pós-graduação stricto sensu, das quais 9% são institutos e centros de pesquisa, 26% são faculdades e outros tipos de IES não universitárias e 65% são universidades (CAPES, 2007). Mesmo entre estas 196 instituições é grande a heterogeneidade, sendo poucas aquelas que apresentam programas de pesquisa em larga escala, mais da metade destas instituições só apresentam cursos de mestrado, as que apresentam mais de 10 cursos de doutorado são somente 6% do total. Apresar da concentração é bastante expressiva a atividade de pesquisa e de formação de recursos humanos a nível pós-graduação nas universidades brasileiras. O número de mestres e doutores formados evoluiu de 868 doutores e 3.647 mestres formados, em 1987 para 8.094 e 27.630 respectivamente, em 2003, e em 2007 já ultrapassa 11.000 doutores e 35.000 mestres. A evolução dos grupos de pesquisa atuantes em âmbito nacional também se constitui como um indicador para análise da evolução deste sistema. O Brasil apresenta atualmente algo em torno de 15.000 grupos de pesquisa distribuídos em 268 instituições (CNPq, 2006). Estes grupos são responsáveis por 1,8% da produção científica mundial indexada e 40% da produção científica latino-americana. 8

3.2 - Áreas de formação e excelência A formação de recursos humanos e existência de produção científica de alto nível em áreas como engenharias & tecnologia, ciências da vida, ciências exatas e da terra e ciências agrícolas é uma das condições para a dinamização do processo inovativo. São competências que conferem a uma determinada região insumos para consolidação de um sistema de inovação dinâmico. Neste sentido, o quadro apurado, mesmo que a grosso modo, revela limitações do sistema brasileiro. Aproximadamente 70% dos alunos matriculados nas IES brasileiras estão alocados em cursos da área de ciências humanas e sociais, sendo a participação da área de engenharia e tecnologia de apenas 11%. O sistema de pós-graduação stricto sensu também revela limitações neste sentido. Os programas alocados na área de ciências humanas e sociais participam com 31%, os de ciência da vida com 30% e os das engenharias com 11%. 4 Universidades brasileiras com atividades de pesquisa em áreas tecnológicas: perfis heterogêneos de parceria com empresas Para melhor ilustrar os perfis heterogêneos de atuação de universidades brasileiras em termos de realização de parcerias com empresas foram realizados dois estudos de caso em universidades situadas entre as 20 universidades brasileiras com maior número de programas de pós-graduação stricto sensu, onde estão situadas as atividades de pesquisa, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Estas universidades estão localizadas na mesma região metropolitana, possuem parcerias com as mesmas empresas, entretanto, com perfis bastante diferenciados. Nosso estudo focou unidades acadêmicas do campo das engenharias em ambas as universidades. Foram levantadas informações sobre as atividades de pesquisa realizadas neste campo, o que mostrou que a UFRJ possui 9

maior intensidade e qualidade de pesquisa. Em seguida foram selecionados e analisados dois casos bem sucedidos de parcerias com empresas em cada uma das instituições. As entrevistas realizadas com os coordenadores destas unidades acadêmicas do campo das engenharias em ambas as instituições mostrou perfis bastante diferenciados de atuação. A análise mostra que o perfil da atividade de pesquisa influencia o perfil das parcerias realizadas com empresas. 4.1 UFRJ x UFF: pesquisa e parceria com empresas O programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ (COPPE/UFRJ) foi criado em 1963 já com a missão de desempenhar atividades de ensino e pesquisa. Desde sua criação a instituição se guiou por dois princípios acadêmicos essenciais: a organização das atividades de pesquisa em tempo integral, diferentemente do modelo organizacional utilizado na época onde professores praticavam apenas ensino em tempo parcial, e a formação dos alunos de pós-graduação a partir de atividades de pesquisa. A COPPE/UFRJ apresenta atualmente 13 programas de pós-graduação em engenharias (Civil, Química, Elétrica, Computação, Polímeros, Metalurgica / Materiais, Nuclear, Processos Químicos e Bioquímicos, Mecânica, Biomédica, Transporte, Produção e Oceânica) das quais 3 são avaliadas pela nota máxima atribuida pelo Ministério da Educação, nota 7, sete são avaliadas com nota 6, duas com nota 5 e uma com nota 4. Trata-se da maior infra-estrutura de ensino e pesquisa em engenharias da América Latina, com cerca de 3.000 alunos, 300 professores e mais de 100 laboratórios. Além disso, a instituição abriga centros de pesquisa como o CENPES da Petrobras, empresa estatal de petróleo e gás, o CEPEL, da Eletrobrás, empresa nacional de energia elétrica, e o CETEM, de pesquisas minerais. Esta infra-estrutura científico-tecnológica compõe-se ainda de uma incubadora de empresas de base tecnológica onde já foram criadas 46 empresas com produtos e serviços de alta densidade tecnológica. Conforme a argumentação utilizada ao longo do trabalho, a intensidade da atividade de 10

pesquisa realizada nesta instituição permite a geração de novas tecnologias e consequentemente uma maior propensão para a geração de spin-offs para sua exploração comercial. A UFF por sua vez apresenta pós-graduação em quatro engenharias (Civil, Metalurgica, Mecânica e Produção) as quais foram criadas a partir do final dos anos 70 a partir de recursos humanos formados na COPPE/UFRJ. Os quatro programas de pós-graduação em egenharia existentes na instituição apresentam nota 4 atribuída pelo ministério da educação, sendo que um deles só apresenta curso de mestrado. A instituição não abriga centros de pesquisa de empresas e são menos de 80 os professores vinculados a estes programas de pós-graduação. Os laboratórios de pesquisa presentes na UFF são cerca de 20 e não apresentam a robustez científico-tecnológica daqueles encontrados na COPPE/UFRJ. A UFF também apresenta uma incubadora de empresas, cujos resultados são bastante modestos quando comprados com os da COPPE/UFRJ. Ambas as incubadoras foram criadas no final dos anos 90, mas no caso da UFF foram somente 9 as empresas criadas neste período. Além disso, quando se analisa o perfil das empresas criadas, a densidade tecnológica de seus produtos e serviços é bastante inferior. Diferentemente da COPPE/UFRJ onde as 46 empresas apoiadas pela incubadora foram criadas a partir de pesquisas realizadas em seus laboratórios, no caso da UFF, das 9 empresas criadas, apenas 2 tiveram origem nos laboratórios da instituição. Cabe ressaltar ainda que estas duas empresas não foram criadas no departamento de engenharia e sim nos departamentos de física e de geoquímica, onde a UFF apresenta cursos com nota 6 e intensa atividade de pesquisa. 4.2 UFRJ x UFF: estudos de caso em unidades acadêmicas do campo das engenharias Com o objetivo de melhor compreender o padrão da interação entre unidades acadêmicas de ambas as instituições com empresas, foram selecionadas e analisadas duas experiências no campo das engenharias em cada uma das 11

universidades. São experiências bem sucedidas de interação universidade empresa com perfis bastante diferenciados. Estas experiências ilustram bem o perfil de interação universidade empresa em ambas as instituições. Na COPPE/UFRJ foram analisadas as experiências do Laboratório de Separação por Membranas, da engenharia química, e o Laboratório de Controle de Vibrações, da engenharia civil. Na UFF foram analisadas as experiências dos laboratórios de Energia Elétrica, da engenharia elétrica, e o Latec Laboratório de Tecnologia, da engenharia civil. O laboratório de Sepração por Membranas é formado por três pesquisadores com bolsas de produtividade em pesquisa concedida pelo conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq). Após 30 anos de pesquisa e estreito relacionamento com laboratórios do exterior os pesquisadores desenvolveram um processo de fabricação de membras poliméricas porosas que permitem processos de microfiltração. Este grupo é o único a dominar esta técnologia a nível latino-americano. As aplicações comerciais desta tecnologia envolvem o tratamento de efluentes industriais, reuso e purificação de água, indústria de alimentos, indústria de biocombustíveis, purificação e esterilização de ambientes, entre outros. Tratase de uma tecnologia com grande potencial mercadológico. Ao longo do processo de desenvolvimento da tecnologia os pesquisadores tiveram contato com diversas empresas como a PETROBRAS, Filtros Europa e White Martins. Atualmente os pesquisadores criaram uma empresa spin-off, a PAM-Membranas, que se encontra incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da COPPE/UFRJ já tendo sido sondada por investidores de risco nacionais e internacionais. No Laboratório de Controle de Vibrações o coordenador é um pesquisador de renome internacional, também com bolsa de produtividade de nível máximo concedida pelo CNPq. Após diversos projetos realizados junto a grandes empresas de engenharia civil criou uma empresa spin-off chamada Controllato. Atualmente esta empresa se encontra na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da COPPE/UFRJ realizando projetos junto a 12

PETROBRAS para desenvolvimento de mecanismos eletromecânicos de controle de vibrações em plataformas off-shore de exploração de petróleo. Já no caso da UFF, as experiência de sucesso no campo da engenharia apresentam um perfil bastante diferenciado. O laboratório de Energia Elétrica apresenta forte atuação no campo da eficiência energética, recombinando conhecimentos pré-existentes para gerar soluções tecnológicas que diminuam o consumo de energia elétrica. A pesquisa realizada neste laboratório não está na fronteira do conhecimento e tem como principal motivação a atualização com relação aos novos conhecimentos existentes no campo. O seu coordenador não apresenta bolsa de produtividade de pesquisa e suas publicações geralmente circulam em ambito local. Quando perguntado sobre a possibilidade de criar uma empresa spin-off para explorar comercialmente os conhecimentos gerados em suas atividades de pesquisa o professor argumenta na universidade eu sou subsidiado, tenho fácil acesso a amplos recursos que vão desde laboratórios de pesquisa de ponta existentes em outras universidades até financiamentos públicos para minhas atividades. Neste sentido o posicionamento deste laboratório é claramente a realização de pesquisas para atualização dos últimos conhecimentos gerados na área e a prestação de serviços tecnológicos para atores externos a partir da recombinação destes conhecimentos préexistentes. No caso do LATEC Laboratório de Tecnologia o padrão de interação com empresas é bastante similar ao caso anteiror. O coordenador do laboratório também apresenta produção científica de circulação local e seus estudos são basicamente voltados para a atualização dos novos conhecimentos existentes em sua área de atuação. O laboratório liderado por este professor apresenta mais de duas dezenas de projetos de treinamento e implatação de sistemas de controle de qualidade em gestão de projetos para empresas. Quando perguntado sobre a possibilidade de criar um spin-off ele argumenta, a atividade que realizamos é basicamente de treinamento e difusão de conhecimentos e metodologias, é muito mais conveniente permanecer na universidade. 13

Estas são as duas experiências de maior sucesso no relacionamento universidade empresa nas engenharias da UFF e ilustram um perfil de atuação bastante diferenciado daquele observado na COPPE/UFRJ. De maneira genérica podemos afirmar que no caso da COPPE/UFRJ o perfil de atuação está mais voltado para geração de inovações de base científica, com amplo alcance e potencial mercadológico. Já no caso das engenharias da UFF as atividades estão mais voltadas para o processo de modernização e difusão de conhecimentos pré-existentes, gerando um impacto mais localizado. Ambos perfis de atuação são de extrema importância para o sistema de inovação e requerem políticas de fomento adequadas a esta realidade heterogênea. 5 Conclusões Como foi apresentado ao longo do trabalho, são diversas as contribuições que podem ser dadas por universidades para o sistema de inovação. Estas contribuições permeiam todas as três missões acadêmicas, ensino, pesquisa e atuação pró-ativa através da criação de empresas ou transferência / comercialização de conhecimentos. Alguns dados sobre o sistema brasileiro de educação superior e de pesquisa foram apresentados, trata-se de um sistema bastante heterogêneo e com forte concentração das atividades de pesquisa em uma parcela de instituições que não chegam aos 5% do total. O argumento principal do trabalho é que a estrutura da atividade de pesquisa, seu nível de excelência e relevância para empresas são atributos centrais da relação universidade empresa e devem ser considerados na formulação depolíticas públicas para o segmento. Neste sentido foram observados dois perfis distintos de atuação de unidades acadêmicas do campo das engenharias em universidades brasileiras, um primeiro com intensa atividade de pesquisa, com alto nível de excelência e relevância para empresas, a COPPE/UFRJ. Neste caso o padrão observado é a prestação de serviços tecnológicos e de treinamento para atores externos 14

e uma maior propensão a geração de novas tecnologias de base científica e spin-offs para explorá-las comercialmente. Um segundo grupo engloba unidades acadêmicas que realizam pesquisas relevantes para empresas, porém com um nível de excelência mais baixo, o caso das engenharias da UFF. As atividades de pesquisa nestas unidades acadêmicas estão voltadas basicamente para atualização dos conhecimentos disponíveis e seus outputs, ao contrário do caso anterior, não apresentam circulação internacional. Neste caso observou-se uma maior propensão a prestação de serviços tecnológicos, difusão de conhecimentos pré-existentes e geração de soluções técnológicas a partir da recombinação de conhecimentos pré-existentes. A propensão a gerar spin-offs é mais baixa, sendo mais coveniente para os pesquisadores permanecerem nos laboratórios universitários. Como consequencia desta análise coloca-se para os formuladores de políticas públicas o desafio de desenvolver ações que estimulem ambos os perfis de atuação de maneira a combiná-los. Por um lado atividades de inovação de base científica de amplo alcance mercadológico e de outras inovações incrementais, baseadas na difusão e recombinação de conhecimentos pré-existentes, que permitem a modernização de empresas que realizam parcerias com estas unidades acadêmicas. 6 Referências bibliográficas Albuquerque, E.; Sicsu, J. (2000). Inovação institucional e estímulo ao investimento privado. São Paulo Perspec. [online]: v. 14, n. 3, p. 108-114. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php em 04/10/06. Bower, J. (2003). Business model fashion and the academic spinout firm. R&D Management, V.33, N2 Bozeman, B. & Gaughan, M. (2007) Impacts of grants and contracts on academic researchers interactions with industry Research policy 36 (2007) 694 707 15

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