LIÇÃO II 11 DE OUTUBRO DE 2007 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS TIPOS DE ACÇÕES



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Transcrição:

LIÇÃO II 11 DE OUTUBRO DE 2007 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS TIPOS DE ACÇÕES CASO 1 António, estudante de Direito da Universidade do Minho, reside em Chaves e desloca-se todas as semanas a Braga. No dia 24 de Setembro de 2007, quando circulava com o seu automóvel na EN Braga-Chaves, foi violentamente embatido pelo veículo automóvel conduzido por Berto e segurado na Companhia de Seguros Fidelidade, S.A. Em consequência desse acidente, o automóvel de António sofreu danos avaliados pelo perito da companhia de seguros em 3.750,00 e António ficou internado no hospital de S. Marcos com uma perna partida e lesões no tórax. a) Suponha que o advogado de António pretende intentar uma acção judicial pedindo a condenação da companhia de seguros no pagamento da quantia de 12.5000 a título de danos patrimoniais e não patrimoniais. Caracterize a acção a ser intentada. b) No dia da audiência de julgamento, António e a companhia de seguros pretendem fazer uma transacção pela qual a companhia paga imediatamente a quantia de 10.000,00. Tendo em conta os princípios vigentes no processo civil, seria tal acordo admissível? c) Suponha que aquando da propositura da acção António não sabe ainda qual o montante definitivo dos danos não patrimoniais porquanto vai ser submetido no final do ano a uma operação à perna, bem como a diversos tratamentos de fisioterapia cujo custo não é ainda passível de ser contabilizado neste momento. Quid iuris? 1

CASO 2 Deolinda, Francisco e Guilherme, residentes no Lugar da Veiga, em Guimarães, intentaram uma acção judicial com processo ordinário no Tribunal Judicial de Guimarães contra a Assembleia de Freguesia de Azurém e António e mulher Berta, residentes no Toural, Guimarães, pedindo que se declare: - que pelas propriedades dos autores, identificadas na petição inicial, não passa nem nunca passou qualquer caminho de servidão a favor do prédio vizinho ou de outro prédio e que por isso a mesma nunca foi onerada por servidão de passagem a favor dos réus, e ainda que pelas referidas propriedades dos autores nunca passou nem existiu ou existe qualquer caminho público ou atravessadouro; - que os moradores da freguesia de Azurém nunca fizeram uso directo e imediato de qualquer caminho público ou atravessadouro que atravesse as propriedades dos autores; - que nem a Assembleia de Freguesia nem qualquer outro órgão da Junta, ou esta ou qualquer outra autarquia, se apropriaram de modo legítimo de qualquer caminho público nas propriedades dos autores, designadamente do caminho em questão, e que nunca fizeram neste quaisquer obras de conservação, como nunca o administraram. a) Caracterize o tipo de acção que foi intentada. b) Suponha que os autores pretendem desistir do pedido depois da acção ter sido contestada pelos réus. Quid iuris? (Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 1 de Junho de 2005) 2

Caso 3 Em 11 de Março de 2002, José e a sua mulher Ana, casados no regime de comunhão geral de bens e residentes em Vieira do Minho decidem contactar um advogado uma vez que tiveram conhecimento que os seus senhorios Alzira e João venderam o prédio que lhes estava arrendado há cerca de dez anos sem que tivesse sido observado o respectivo direito de preferência. Pedem ainda que o preço simulado de 125.000,00 constante da escritura pública de compra e venda seja reduzido ao preço dissimulado de 65.000,00. a) Que tipo de acção deve ser intentada? b) Suponha que o juiz de Vieira do Minho, amigo de longa data do casal e depois de ter tomado conhecimento dessa venda, propõe oficiosamente no tribunal a respectiva acção e ordena a imediata citação dos réus, com fundamento na manifesta violação do direito de preferência dos autoros. Quid iuris? c) Imagine, em hipótese diversa da anterior, que a acção judicial foi intentada em juízo e que o tribunal, perante a evidência dos factos e a violação evidente do direito de preferência dos autores, julga imediatamente provada e procedente a acção sem necessidade de audição dos senhorios dos autores. (Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 12 de Junho de 2003) 3

Caso 4 Carlos e Eduarda casaram-se há 6 meses e residem na Maia. Carlos é um empresário de diversão nocturna e em Setembro deslocou-se numa viagem de negócios ao Brasil. Perante a ausência do seu marido, Eduarda envolveu-se numa relação extraconjugal com Filipe, amigo de longa data do casal, sendo que Carlos veio a ter conhecimento desse facto durante uma discussão com Eduarda no princípio de Outubro. Face a essa circunstância, Carlos contactou um advogado para que seja instaurada a competente acção de divórcio litigioso. a) Identifique o tipo de acção a ser intentada em juízo. b) Suponha que Carlos pretende que Eduarda lhe pague uma indemnização no valor de 15.000,00 a título de danos morais. Perante esse facto alteraria a resposta dada na questão anterior? 4

Caso 5 Eduardo e Francisco celebraram um contrato de mútuo pelo qual o primeiro emprestou ao segundo a quantia de 15.000,00, quantia essa que devia ser restituída até ao dia 30 de Setembro de 2007. Sucede que Francisco recusa-se a restituir a quantia mutuada não obstante ter sido interpelado por diversas vezes por Eduardo no sentido de lhe ser paga a referida quantia. Suponha que: Hip. 1 Eduardo intenta uma acção judicial na qual vem peticionar o pagamento da quantia de 15.000,00, acrescida dos juros de mora vencidos e vincendos até efectivo e integral pagamento; Hip. 2 Francisco intenta uma acção judicial pedindo a anulação do referido contrato de mútuo uma vez que o mesmo teria sido moralmente coagido a assinar esse contrato; Hip. 3 Perante a interpelação que lhe foi enviada por Eduardo, Francisco intenta uma acção judicial pela qual vem pedir que o tribunal reconheça que já foi efectuado aquele pagamento, tendo apresentado com a petição inicial o respectivo recibo, e consequentemente declare que Francisco nada deve a Eduardo. 5

Caso 6 António e Berto celebraram um contrato promessa de compra e venda de uma moradia situada na freguesia de Nogueiró, da cidade de Braga, mediante o qual o primeiro prometia vender a referida moradia e o segundo prometia comprá-la mediante o pagamento da quantia de 350.000,00. Na data da celebração do aludido contrato promessa, Berto entregou a António a quantia de 25.000,00 a título de sinal, tendo ficado convencionado que o remanescente seria pago na data da escritura definitiva da compra e venda. a) Suponha que Berto não marcou até à data a escritura definitiva, não obstante tal obrigação ter ficado a constar expressamente do contrato promessa de compra e venda, motivo pelo qual António pretende recorrer à execução específica desse contrato; b) Suponha que António não conseguiu concluir a construção da moradia dentro do prazo convencionado, motivo pelo qual Berto vem invocar a perda de interesse na celebração do contrato definitivo e exigir a restituição do sinal em dobro. Quid iuris? 6