PROJETO DE LEI Nº Institui o Programa Municipal de Agricultura Urbana, que consiste no cultivo de hortaliças, frutas e outros alimentos, plantas medicinais, ornamentais e para a produção de mudas, mediante o aproveitamento de terrenos dominiais ociosos do Município e de terrenos particulares ociosos cedidos temporariamente por seus proprietários. Art. 1º. Fica instituído o Programa Municipal de Agricultura Urbana no Município de Canoas. Parágrafo único. O Programa Municipal de Agricultura Urbana consiste na ocupação de áreas urbanas para o cultivo de hortaliças, frutas e outros alimentos, plantas medicinais, ornamentais e para a produção de mudas. Art. 2º. As áreas urbanas com possibilidade de integração ao Programa Municipal de Agricultura Urbana serão terrenos dominiais ociosos de propriedade do Município de Canoas e terrenos particulares ociosos que venham a ser cedidos temporariamente por seus proprietários. Art. 3º. A participação no Programa será formalizada através de convênio. Art. 4º. O Programa Municipal de Agricultura Urbana tem como objetivos principais: I- a complementação alimentar das famílias cadastradas junto às entidades cessionárias do Programa; II- otimizar o aproveitamento dos espaços urbanos; III- geração e complementação de renda; IV- melhoria da segurança alimentar e da saúde da população; V- melhoria do meio ambiente urbano mediante a utilização dos espaços urbanos ociosos. Art. 5º. Para emitir a realização do programa de hortas comunitárias a Prefeitura Municipal de Canoas fica autorizada
a celebrar convênios com órgãos Estaduais ou Federais para orientação dos trabalhos e fornecimento de sementes. Art. 6º. O Executivo Municipal regulamentará esta Lei a partir da data de sua publicação. Art. 7º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Canoas, 13 de agosto de 2009. Cezar Paulo Mossini Vereador e Vice-líder da Bancada do PMDB
Exmo. Sr. Nelson Luiz da Silva MD. Presidente da Câmara Municipal da Canoas O Vereador Cezar Paulo Mossini, Vice-líder da Bancada do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com assento nesta casa, vem, na forma regimental, apresentar o seguinte: PROJETO DE LEI Nº JUSTIFICATIVA Sr. Presidente, tomo a liberdade de solicitar a Vossa Excelência que a referida proposição seja submetida a exame dos demais colegas, considerando as justificativas apresentadas. O crescimento das cidades e das populações é um grande desafio que aguarda a humanidade no futuro, fazendo aumentar a importância da agricultura urbana no desenvolvimento sustentável das cidades. Na tentativa de solucionar os problemas relacionados à fome, é extremamente necessário associar a política de segurança alimentar às estratégias de desenvolvimento econômico e social, de modo a garantir a inclusão social de todos os habitantes. Para isto, uma das políticas incentivadas pelo Programa Fome Zero é o desenvolvimento de atividades de Agricultura Urbana nos Municípios, demonstrando a intensa articulação e a ação simultânea dos diferentes níveis governamentais, bem como da sociedade. Alertamos, ainda, que a carência alimentar tende a repercutir diretamente na administração pública e assistencial mais próxima do cidadão A crise econômica de alcance global, o rápido crescimento da população e a migração do campo para a cidade, além da deterioração das economias nacionais ou as persistentes dificuldades econômicas são condições prévias para o início da atividade de produção de alimentos nas cidades de muitos países em desenvolvimento e em transição. As ações de políticas públicas em relação à Agricultura Urbana podem se dar nas seguintes áreas normativas: política de uso do solo urbano; segurança alimentar urbana; política de saúde; política ambiental e política de desenvolvimento social. É importante ressaltar que a agricultura urbana contribuirá significativamente para a segurança alimentar da comunidade canoense e para o desenvolvimento urbano sustentável, além de efetivar o acesso a terra. Assim, uma das iniciativas do Programa Municipal de Agricultura Urbana em Canoas é o aproveitamento de terrenos dominiais ociosos de propriedade do Município e terrenos particulares ociosos, mediante cessão temporária ou permanente por seus proprietários.
O Programa consiste na ocupação destas áreas urbanas para o cultivo de hortaliças, frutas e outros alimentos, plantas medicinais e ornamentais e para a produção de mudas, com o objetivo de complementar a alimentação, com conseqüente melhoria da segurança alimentar e da saúde da população, principalmente das famílias beneficiárias do Bolsa Família, suprindo, então, a falta de alimentos ricos em vitaminas e sais minerais. Destaca-se que o Programa utilizará terrenos baldios que atualmente são utilizados como depósitos de entulho e que despende trabalho e investimentos do Poder Executivo, transformando-o em hortas comunitárias de grande valia para a sociedade canoense, reduzindo os custos quanto a manutenção destes terrenos e beneficiando as famílias inscritas em programas sociais. A estratégia de ação se fundamenta em um processo educativo permanente e crescente, visando a promoção da agricultura urbana no município, a partir da valorização da realidade peculiar de cada comunidade. O projeto visa a produção de alimentos orgânicos em hortas comunitárias, caseiras e escolares. A produção deverá suprir as necessidades das cozinhas comunitárias e estimular a geração de trabalho e renda. As famílias produtoras, organizadas nos grupos de agricultura urbana, poderão comercializar o excedente em feiras. Assim, a produção, além do autoconsumo, redução dos gastos com compra de alimentos, pode gerar um excedente para venda, aumentando a renda das famílias, bem como a melhoria do meio ambiente urbano. Cabe, entretanto, mencionar o princípio da função social da propriedade, protegido constitucionalmente: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXII é garantido o direito de propriedade; XXIII a propriedade atenderá sua função social. Para melhor elucidação, demonstro o entendimento de eminente doutrinador Telga Araújo 1 : A propriedade rural, mais que a urbana, deve cumprir a sua função social para que, explorada eficientemente, possa contribuir para o bem-estar não apenas de seu titular, mas, por meio de níveis satisfatórios de produtividade e sobretudo justas relações de trabalho, assegurar a justiça social a toda a comunidade rural. Entendimento completado por outros doutrinadores: 1 ARAÚJO, Telga de. A propriedade e sua função social. p.161. In: Direito agrário brasileiro / Raymundo Laranjeira coordenador. São Paulo: LTr, 1999. Vários autores.
Os conservadores da constituinte, contudo, insistiram para que a propriedade privada figurasse como um dos princípios da ordem econômica, sem perceber que, com isso, estavam relativizando o conceito de propriedade, porque submetendo-o aos ditames da justiça social, de sorte que se pode dizer que ela só é legítima enquanto cumpra uma função dirigida à justiça social. 2 Parece fora de dúvida que a expressão ''função social da propriedade'' comporta não apenas o primeiro sentido, a que dantes se aludiu, mas também esta segunda acepção a que agora nos estamos reportando. Com efeito, se alguma hesitação pudesse existir quanto a isto, bastaria uma simples inspeção visual no art. 160 da Carta do País - tantas vezes referido - para verificar-se que nele está explicitamente afirmado ser finalidade da ordem econômica e social realizar o desenvolvimento nacional e a justiça social. Ora bem, uma vez que estas finalidades hão de ser realizadas com base, entre outros princípios, no da ''função social da propriedade'' (item III), é óbvio que esta foi concebida tomando em conta objetivos de justiça social. 3 Dessa forma, visando a função social da propriedade e pensado na sustentabilidade a população urbana, o Programa de Agricultura Urbana como política de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável representa a conjunção de esforços de agentes públicos e da sociedade civil para a promoção de ações, que possam garantir o acesso ao alimento e combate à miséria, como instrumento de desenvolvimento e inclusão social das famílias e das comunidades, melhorando a qualidade, a quantidade e a regularidade de produtos agrícolas na alimentação. Colho o ensejo para reiterar a necessidade da aprovação desta proposição. Cordialmente, Canoas, 13 de agosto de 2009. Cezar Paulo Mossini Vereador Vice-líder da Bancada do PMDB 2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19ª ed. rev. e atual., São Paulo: Malheiros Editores, 2001. 3 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 8ª ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Malheiros Editores, 1996.