AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA



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Transcrição:

ERAMAC - Maximização da Penetração das Energias Renováveis e Utilização Racional da Energia nas Ilhas da Macaronésia Contrato nº MAC/4.3/C1 Projecto co-financiado pela UE INTERREG IIIB AMC, FEDER e pela RAM, através da Vice-Presidência do Governo Regional da Madeira, com a colaboração da Direcção Regional do Comércio, Indústria e Energia AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA Agosto de 2005 Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma da Madeira IDMEC Institute of Mechanical Engineering

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA Relatório Final Promotor: AREAM - Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma da Madeira Elaboração: LASEF Coordenação geral: AREAM Coordenação técnico-científica: Prof. José Carlos Pereira, LASEF Equipa de Trabalho: Bach. Ana Rita Ervilha, LASEF Doutor José Chaves Pereira, LASEF Agosto de 2005

ÍNDICE 1. SUMÁRIO EXECUTIVO...4 2. METODOLOGIA...5 3. DADOS...11 4. RESULTADOS E MAPAS ELABORADOS...15 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES...22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...24 ANEXOS...25 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 3/27

1. SUMÁRIO EXECUTIVO Numa ilha em que os recursos energéticos endógenos com viabilidade de utilização são limitados, a busca da redução da dependência energética leva, naturalmente, à procura de novos locais adequados à concretização de projectos no domínio das energias renováveis, em particular no que refere à energia solar térmica e fotovoltaica. O presente relatório foi elaborado no âmbito de um estudo solicitado pela AREAM para as ilhas da Madeira e Porto Santo. Os estudos e análises efectuados tiveram como principal componente a determinação do potencial solar para as ilhas referidas. O potencial solar foi calculado com base nos dados meteorológicos disponíveis, relativos a 5 anos. No decorrer do estudo efectuado foi utilizado o seguinte software: ArcGIS, AutoCAD, Visual Basic. O presente relatório compõe-se de 6 secções. Na segunda secção é apresentada a metodologia seguida e na terceira secção constam os dados utilizados no decorrer do trabalho. Os resultados e os mapas elaborados constituem a quarta secção do relatório e a análise dos resultados e conclusões obtidas encontram-se na quinta secção. A sexta secção consiste nas referência bibliográficas tidas em consideração. Por fim, é apresentado em anexo uma listagem dos dados em formato digital (ArcGIS), representados em 30 ficheiros com um total de 55 MB. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 4/27

2. METODOLOGIA A radiação solar global, medida num plano horizontal durante uma hora, é dada pela seguinte relação: I = ( I cos θ ) + I h b z d onde: I h radiação solar global em plano horizontal (W/m 2 ); I b radiação directa (W/m 2 ), ou seja, aquela que chega directamente do disco solar; I d radiação difusa (W/m 2 ), resultante da diferença entre a radiação global e a radiação directa incidente no plano; θ z ângulo de zénite (rad). O cálculo da radiação directa, na horizontal e para um dia claro, pode ser estimado, sendo considerada a visibilidade atmosférica e a altitude acima do nível do mar, da seguinte forma: I b k = I oef a0 + a1 exp cosθ z onde: I oef constante solar efectiva (W/m 2 ); a 0, a 1 e k coeficientes (adimensionais). AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 5/27

A constante solar efectiva é dada por: I oef 2π n = 1373 1 + cos 365,25 onde: n dia juliano (por exemplo, para n = 1 corresponde o primeiro de Janeiro). Se o ângulo de zénite for maior ou igual a 90º ou se o local estiver numa zona de sombra, então a radiação directa será zero. Note-se que a detecção de zonas de sombra é feita pelo SIG em função da orografia do terreno e da posição solar. O ângulo de zénite é definido como o ângulo entre o raio de incidência do Sol e a normal a um plano horizontal. A altitude solar é o complemento do ângulo de zénite, variando para cada hora do dia e sendo, portanto, máxima para o meio-dia (hora solar). Desta forma, o ângulo de zénite é dado por: θ z = 90 α = senδ senφ + cosδ cosφ cosω onde: δ declinação solar (graus); φ - latitude (graus), sendo o Norte positivo; ω - ângulo horário (graus). A declinação solar é dada pela seguinte relação: 2π δ = 23,45 ( n + 248) 365 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 6/27

O ângulo horário varia 15º por hora, sendo zero para o meio-dia (hora solar) e positivo para a manhã. A hora do nascer do Sol é dada por: ω = arccos( tanφ tanδ ) s Quanto aos coeficientes a 0, a 1 e k são função da altitude e da visibilidade atmosférica. Para uma visibilidade de 23 km [1], vem: 2 a0 = r0 (0,4237 0,00821 (6 A) ) 2 a1 = r1 (0,5055 0,00595 (6,5 A) ) 2 k = rk (0,2711 + 0,01858 (2,5 A) ) onde: A altitude (km). Os coeficientes r 0, r 1 e r k são diferentes para cada clima. Estes coeficientes encontram-se na seguinte tabela. Tipo de clima r 0 (visibilidade de 23 km) r 1 r k Tropical 0,95 0,98 1,02 Verão de meia latitude 0,97 0,99 1,02 Verão sub-ártico 0,99 0,99 1,01 Inverno de meia latitude 1,03 1,01 1,00 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 7/27

Neste trabalho, considerou-se o Verão de meia latitude como o tipo de clima das ilhas da Madeira e Porto Santo. Com o valor da radiação directa, torna-se possível calcular a radiação difusa, na horizontal e para um dia claro, através da seguinte expressão: I d = ( 0,2710 I oef 0,2939 I b ) cosθ z Se o ângulo de zénite for maior ou igual a 90º, então cos θ z será nulo e, portanto, a radiação difusa assume o valor zero. Note-se que a radiação difusa é afectada pelas sombras apenas através do valor da radiação directa. Outras influências como humidade, nuvens, etc., são difíceis de contabilizar. Verifica-se porém que, para os dados disponíveis, a intensidade total calculada é próxima dos valores reais, tendo que se considerar o modelo bastante robusto e preciso para o caso presente. Para uma superfície, o valor da radiação solar global num dia claro é dado pela seguinte relação: I = I s + I d ( 1 + cosθ s ) (1 cosθ s ) + I h ρ 2 2 onde: I s radiação solar sobre uma superfície inclinada (W/m 2 ); ρ - albedo, ou seja, o índice de reflectância do terreno (adimensional). Neste trabalho, utilizou-se como valor médio para as ilhas um albedo de 0,2 [2]. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 8/27

A radiação solar sobre uma superfície inclinada é calculada da seguinte forma: I = s I b cosθ s onde: θ s ângulo entre os raios solares e a normal à superfície (rad). A trajectória solar pode ser definida não só pela altitude solar como também pelo azimute. O azimute é o ângulo entre a direcção da projecção do Sol no horizonte e a direcção Sul, pelo que a rotação da Terra de Este para Oeste originará um ângulo entre -90º e 90º, respectivamente. O cálculo do azimute pode ser efectuado através da seguinte expressão: Ψ = cos δ senϖ senθ z Para determinar a radiação global numa superfície, é necessário aplicar o índice de claridade ao cálculo já efectuado da radiação global (para um dia claro) nessa mesma superfície. Este índice provém da relação entre a radiação global calculada (para um dia claro) num dado momento e a radiação global registada nesse mesmo momento (a qual provém dos dados meteorológicos obtidos). Para cada mês, o resultado final é dado por: resultado final ( α ) + ( ( α )) = RDC F RDC C 1 onde: α = C 2 C + + F F 2 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 9/27

e: F índice de claridade do Funchal; C índice de claridade do Caniçal; RDC F resultados dia claro para o Funchal; RDC C resultados dia claro para o Caniçal. O alfa (α) foi obtido pelo método dos mínimos quadrados, minimizando a soma dos quadrados das distâncias relativas dos resultados dia claro aos reais. A minimização baseou-se em distâncias relativas para que a margem de erro final se situasse numa gama inferior a 15 % nas duas estações. Minimizando de forma absoluta, a estação com menos radiação incidente sofreria erros de aproximação de maior monta. Uma vez que os resultados de toda a ilha foram providenciados pela análise local destes dois conjuntos de dados, a abordagem referida acima parece ser a mais satisfatória.. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 10/27

3. DADOS A informação topográfica teve por base cartas geográficas das ilhas da Madeira e Porto Santo do Instituto Geográfico Português (IGP), à escala 1:50.000, com curvas de nível espaçadas de 25 em 25 metros. O Sistema de Coordenadas é Rectangulares com Projecção UTM (Fuso 28), Elipsóide de Hayford, Datum Porto Santo. Para a ocupação urbana, foram utilizados os dados do Instituto Geográfico do Exército (IGEOE), à escala 1:25.000. Os dados meteorológicos utilizados são dados horários referentes a um período de cinco anos (1999 2003) e encontram-se compilados nos gráficos em baixo, respectivamente, para as estações meteorológicas do Funchal e do Porto Santo. 35000 Irradiação Solar Global Média Diária ao Longo de Um Ano (Funchal) 30000 irradiação solar global (kj/m 2 ) 25000 20000 15000 10000 5000 0 1 16 31 46 61 76 91 106 121 136 151 166 181 196 211 226 241 256 271 286 301 316 331 346 361 dia AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 11/27

Irradiação Solar Global Média Diária ao Longo de Um ano (Porto Santo) 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 1 16 31 46 61 76 91 106 121 136 151 166 181 196 211 226 241 256 271 286 301 316 331 346 361 irradiação solar global (kj/m 2 ) dia Estes dados careceram de tratamento, nomeadamente no que se refere aos picos irrealistas que apresentavam, bem como às lacunas existentes em alguns períodos. Desta forma, foi necessário suprimir dados que pareciam díspares e proceder a uma intensiva interpolação de dados, quando os períodos em falta eram suficientemente curtos e passíveis de serem estimados com os valores existentes antes e depois. Foram também tidos em conta dados meteorológicos diários para as ilhas da Madeira e Porto Santo [3], referentes a um período de nove anos (de 1964 a 1972) e a um período de vinte e seis anos (1964 a 1989), respectivamente, os quais se encontram representados graficamente em seguida. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 12/27

Radiação Solar Global Média Diária ao Longo de Um Ano (Funchal) 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 1 18 35 52 69 86 103 120 137 154 171 188 205 222 239 256 273 290 307 324 341 358 radiação solar global (KJ/m 2 ) dia Radiação Solar Global Média Diária ao Longo de Um Ano (Porto Santo) 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 1 18 35 52 69 86 103 120 137 154 171 188 205 222 239 256 273 290 307 324 341 358 radiação solar global (KJ/m 2 ) dia Por comparação, os últimos dados referidos validam os primeiros, nomeadamente no que respeita ao andamento das curvas, bem como à ordem de grandeza do valor da radiação solar obtida. Desta forma se ilustra que os dados, embora restritos a duas estações, fazem denotar um comportamento geral estável tanto nas gamas de radiação quanto no padrão da variação da radiação solar ao longo do ano. Os cálculos foram AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 13/27

efectuados com os dados mais recentes, provenientes de EMA, como já foi referido, mas que interessa salientar. Foram ainda utilizados, no cálculo do índice de claridade a aplicar aos resultados obtidos para um dia claro, os dados diários de radiação solar global média disponibilizados pela AREAM. Estes dados são referentes ao Caniçal (Quinta do Lorde), correspondem a um período de 3 anos (de 2003 a 2005) e encontram-se sistematizados no gráfico seguinte. Radiação Solar Global Média Diária ao Longo de Um Ano (Caniçal) radiação solar global (KJ/m 2 ) 40000,00 35000,00 30000,00 25000,00 20000,00 15000,00 10000,00 5000,00 0,00 1 19 37 55 73 91 109 127 145 163 181 199 217 235 253 271 289 307 325 343 361 dia AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 14/27

4. RESULTADOS E MAPAS ELABORADOS Tendo em conta a metodologia já mencionada e os dados disponíveis, apresenta-se em seguida algumas figuras que reportam o cálculo efectuado da radiação solar média diária para os meses de Janeiro e Julho, bem como a média anual da radiação solar média diária para as ilhas da Madeira e Porto Santo. As zonas de ocupação urbana encontram-se delineadas nas figuras, permitindo a visualização global dos níveis de potencial associados às várias regiões das duas ilhas. Estas zonas de ocupação urbana foram definidas como as áreas do território que reúnem simultaneamente as duas condições: i) 300 metros de raio em redor de qualquer edificação identificada nas cartas do IGEOE e ii) existência de pelo menos três edificações no interior de um raio de 300 metros em redor de cada uma delas. No caso do potencial solar, a delimitação das zonas de ocupação humana foi efectuada com o propósito de identificar a zona onde a aplicação da energia solar seria para fins domésticos, inseridos normalmente no edificado, bem como de identificar as zonas desocupadas onde se poderiam eventualmente instalar parques de painéis fotovoltaicos. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 15/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 16/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 17/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 18/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 19/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 20/27

Legenda: Radiação solar média diária (Wh/m 2.dia) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 21/27

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES Para a análise dos resultados solares da ilha da Madeira, o Instituto de Meteorologia apenas disponibilizou dados de radiação da estação do Funchal. Posteriormente, a AREAM providenciou dados (ainda que referentes a outro período temporal) do Caniçal. Verificou-se que a previsão para o Caniçal obtida com os dados do Funchal apresentava um desvio de cerca de 20% em média (dependente do mês em questão). De forma similar, foram feitos cálculos baseados nos dados do Caniçal cuja estimativa para o Funchal também se situava em margens similares quando comparados com as medidas de radiação do Funchal. Esta constatação apoiou os resultados preliminares, sugerindo que a radiação solar da Madeira apresenta, além de relativamente próxima da radiação teórica do dia claro (no caso presente admite-se que a radiação difusa será da ordem da radiação absorvida antes de chegar ao solo), índices de claridade relativamente uniformes para toda a região, apesar de existirem fenómenos microclimáticos não considerados, por limitação de dados, designadamente a ocorrência de nevoeiros em zonas mais altas. Com duas fontes de dados e com as evidências referidas acima, o resultado final foi assumido como a média ponderada dos resultados obtidos independentemente, tendo por base os dados de radiação solar do Caniçal (dados da AREAM) e os da estação meteorológica do Funchal (dados do IM). Os dois valores para ponderação, α e (1-α), foram obtidos através dum método de minimização (mínimos quadrados). Da análise dos mapas de radiação solar diária, média anual, pode-se inferir que tanto a ilha da Madeira como a do Porto Santo apresentam condições gerais propícias para a utilização deste recurso. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 22/27

Em termos gerais, valores acima de 4 kwh/m².dia apresentam-se genericamente atractivos para o aproveitamento de energia solar fotovoltaica. Isto leva a concluir que, na generalidade da ilha da Madeira (superior a 50%) e na quase totalidade da ilha do Porto Santo (cerca de 90%), a energia solar é um recurso energético endógeno com interesse de exploração. No caso da Madeira, refira-se, adicionalmente, que a distribuição do potencial solar se dá, de forma equilibrada, entre a zona de ocupação urbana e o restante território. No entanto, fica a salvo quaisquer factores climatológicos localizados que possam existir, designadamente a frequente ocorrência de nevoeiros nas zonas mais altas. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 23/27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Monteiro C., Integração de Energias Renováveis na Produção Descentralizada de Electricidade Utilizando SIG, Tese de Mestrado, INESC Porto [2] Monteith J. & Unsworth M., Principles of Environmental Physics, 2 nd Edition, Arnold, London; New York. (1990) [3] World Radiation Data Centre, Solar Radiation and Radiation Balance Data (The World Network), World Meteorological Organization, Russian Federal Service for Hydrometeorology and Environmental Monitoring, St. Petersburg, Russia AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 24/27

ANEXOS MEMÓRIA DESCRITIVA DOS FICHEIROS DE DADOS PRODUZIDOS MADEIRA: Formato Raster: m_janeiro - radiação média diária global incidente no mês de Janeiro (Wh/m 2.dia) m_fevereiro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_marco - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_abril - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_maio - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_junho - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_julho - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_agosto - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_setembro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_outubro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_novembro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_dezembro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) m_media_dia - radiação média diária global incidente (Wh/m 2.dia) m_ocuphum - delimitação da zona de ocupação humana AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 25/27

Formato Vectorial: m_ocuphumana - delimitação da zona de ocupação humana PORTO SANTO: Formato Raster: ps_janeiro - radiação média diária global incidente no mês de Janeiro (Wh/m 2.dia) ps_fevereiro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_marco - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_abril - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_maio - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_junho - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_julho - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_agosto - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_setembro - radiação média diária global incidente no mês de (W/m 2.dia) ps_outubro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_novembro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_dezembro - radiação média diária global incidente no mês de (Wh/m 2.dia) ps_media_dia - radiação média diária global incidente (Wh/m 2.dia) ps_ocuphum - delimitação da zona de ocupação humana Formato Vectorial: ps_ocuphumana - delimitação da zona de ocupação humana AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 26/27

AGRADECIMENTOS Instituto Geográfico Português (IGP) Instituto de Meteorologia (IM) AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO SOLAR NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 27/27