ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL www.abmvl.org.br A ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO COMO PERITO

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Transcrição:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL www.abmvl.org.br A ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO COMO PERITO A PERÍCIA FORENSE HISTÓRIA O uso da ciência na investigação de crimes se inicia na antiguidade. Até o Século XIX, a principal ciência utilizada era a Medicina, que emprestava seus conhecimentos científicos à investigação de crimes contra a integridade física do ser humano. 300 a.c. - Arquimedes Eureka! Eureka! Julio Cesar 44 a.c. 700 China (autenticidade em pinturas e esculturas de barro). 1209 - por Decreto do Papa Inocêncio III inicia-se a perícia médica (humana). 1248 China Hsi Duan Yu (livro) diferenciação entre afogamento e estrangulamento. 1835 Inglaterra Primeira comparação balística (imperfeição visível) Prisão assassino. 1864 Odelbrecht Uso da fotografia para a identificação de criminosos e registro de vestígios em locais de crime. 1880 Publicado na revista Nature que impressões digitais encontradas em locais de crime poderiam identificar o suspeito. Um dos primeiros casos foi a exclusão de um inocente de um arrombamento em Tokio.

1891 Hans Gross Publicou Criminal Investigation A primeira descrição do uso de vestígios físicos para solução de crimes. Forjou o termo Criminalística. 1892 Juan Vucetich Argentina Classificação das impressões digitais Mãe assassinando os próprios filhos (digitais com sangue). 1894 Exame grafotécnico na França (Bertillon) condena Alfred Dreyfus por traição. 1898 Alemanha Microfotografias aplicadas a balística (Químico forense). 1910 Edmond Locard Primeiro Laboratório (Police Crime Laboratory) Universidade de Lyon França. - 1916 California/USA - Primeiro uso de aspirador de pó para coletar vestígios. 1926 Popularização da microcomparação balística (Sacco e Vanzetti) Massachusetts/USA. 1930 Fundação do American Journal of Police Science Journal of Criminal Law, Criminology and Police Science. 1941 Bells Lab (EUA) estudos para reconhecimento da voz. 1960 Uso de Cromatógrafo Gasoso em laboratórios forenses (Canadá). 1974 Microscopia eletrônica de varredura (Exame de resíduo de disparo em arma de fogo). 1977 AFIS Sistema Automatizado de Identificação de Digitais (FBI). 1984 Primeiro Exame de DNA (Revista Nature). 1986 Uso forense do DNA para identificar um suspeito e inocentar outro. Inglaterra. NO BRASIL - Código de Processo Civil (1939) Código de Processo Penal (1941) CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988)

Direitos fundamentais de terceira geração: meio ambiente desenvolvimento econômico defesa do consumidor RAZÕES PARA O DESENVOLVIMENTO RECENTE DAS CIÊNCIAS FORENSES: Progresso do conhecimento científico; Diversidade das demandas; Fragilidade da prova testemunhal. CONCEITOS PERITO Perito (sentido amplo) = experimentado, experiente, prático, versátil, sábio, douto, erudito, hábil, destro, fino, sagaz. Perito (Direito): é o especialista que examina questões que lhe são submetidas a fim de esclarecer fatos que auxiliem o julgador a formar a sua convicção. Perito Oficial: Geralmente integrante das instituições policiais investido na função pública, com missão específica. Perito Não-Oficial (ou louvado): Em casos onde o poder público não dispõe de serviço de perícias ou em razão do nível de especialização exigido para o exame. Art. 159 do CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Art. 159, 1, CPP. Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame.

Art. 145 do CPC: quando o fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo disposto no art. 421. 1º Os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo VI, Seção VII, deste Código. ASSINTENTE TÉCNICO São profissionais de confiança das partes em um processo judicial, seja ele cível ou criminal; esses profissionais analisam os exames realizados pelo perito do juízo, emitindo o respectivo parecer técnico, não estando, diferentemente dos peritos, sujeitos à exigência de imparcialidade. PERÍCIA É a capacidade teórica e prática para empregar, com talento, determinado campo do conhecimento, alcançando sempre o mesmo resultado. (Hermes Rodrigues de Alcântara 1982) CPC Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. EXAME - perícia realizada em pessoas, móveis ou semoventes; VISTORIA - perícia realizada em imóveis; AVALIAÇÃO - estimativa do valor equivalente em dinheiro; ARBITRAMENTO - determinação de valores ou solução de controvérsia por critério técnico. TIPOS DE PERÍCIAS: 1 Criminais: fatos imputados como crime; 2 Cíveis: reparação de dano; 3 Administrativas: interna corporis ; 4 - Trabalhista: assistente técnico; 5 - Previdenciária: privativa de Médicos da previdência; 6 - Securitária: profissionais credenciados pelas empresas seguradoras.

A MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL HISTÓRICO - No final da década de 40 o Coronel Adélio Ramos organiza no Rio de Janeiro a disciplina Medicina Veterinária Legal" que, todavia, não prospera. - 1989 - o Prof. Dr. Enio Pedone Bandarra estrutura a disciplina de Medicina Veterinária Legal na UNESP de Botucatu. Hoje, diversos cursos de medicina veterinária no Brasil possuem essa disciplina em sua grade curricular. - 1997 - Marcos Alexandre Oliveira torna-se o primeiro médico veterinário a ingressar na carreira de Perito Criminal Federal, no Departamento de Polícia Federal (Instituto Nacional de Criminalística Brasília/DF). Hoje há diversos médicos veterinários atuando como peritos oficiais no DPF e nos Institutos de Criminalística dos Estados. - 2002 - Kalio Paarmann lança o primeiro livro sobre Medicina Veterinária Legal no Brasil. - 2003 através da Resolução nº 756, de 17 de Outubro de 2003, o CFMV reconhece a Medicina Veterinária Legal como uma especialidade veterinária. - 2009 em 15 de agosto de 2009 é fundada em São Paulo a Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal (ABMVL). A Medicina Veterinária Legal pode ser conceituada como o ramo da Medicina Veterinária que faz a ligação e a aplicação dos conhecimentos técnicos médicos veterinários às questões judiciais e aos aspectos legais do exercício profissional. Envolve a atuação do médico veterinário como perito, assistente técnico, consultor ou auditor. À medida que a sociedade avança em setores como economia, ciência e tecnologia, as áreas do conhecimento humano se diversificam, sendo cada vez mais necessária a assistência técnico-científica especializada como ferramenta de auxílio na solução das disputas. Em relação à Medicina Veterinária, vemos o surgimento de novas áreas de atuação e campos de conhecimento. Somos testemunhas do aprofundamento de debates em torno de temas como bem-estar animal, direitos dos animais, guarda responsável, proteção ao meio-ambiente e saúde pública. Com a expansão do acesso à informação e à tutela jurídica,

vemos um maior número de processos judiciais envolvendo animais e produtos de origem animal, criando uma demanda crescente pela perícia médica veterinária. Como perito, o médico veterinário aplicará os seus conhecimentos técnico-científicos em procedimentos judiciais e extrajudiciais, elaborando laudos, informações e pareceres em relação a animais e produtos de origem animal, visando o estabelecimento da justiça. Algumas das áreas de atuação do perito médico veterinário são meio-ambiente, alimentos, maus-tratos, clínica, patologia, avaliação de rebanhos, seguro animal, saúde pública, bem-estar e proteção animal. Para o adequado desempenho da função pericial nessa área, o perito deve possuir, além de uma boa formação veterinária, conhecimento sobre Medicina Veterinária Legal, direitos e deveres da profissão, os requisitos legais e éticos da atividade e conhecimentos de Direito, material e processual. Além disso, há outros requisitos éticos e deontológicos como o suficiente conhecimento específico, discrição e imparcialidade. AMPARO LEGAL A Lei 5.517/68, que dispõe sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário, elenca as suas competências: Art. 5º É da competência privativa do médico veterinário o exercício das seguintes atividades e funções a cargo da União, dos Estados, dos Municípios, dos Territórios Federais, entidades autárquicas, paraestatais e de economia mista e particulares: g) a peritagem sobre animais, identificação, defeitos, vícios, doenças, acidentes, e exames técnicos em questões judiciais; h) as perícias, os exames e as pesquisas reveladores de fraudes ou operação dolosa nos animais inscritos nas competições desportivas ou nas exposições pecuárias; Art. 6º Constitui, ainda, competência do médico-veterinário o exercício de atividades ou funções públicas e particulares, relacionadas com:

c) a avaliação e peritagem relativas aos animais para fins administrativos de crédito e de seguro; g) os exames periciais tecnológicos e sanitários dos subprodutos da indústria animal; O Código de Ética do Médico Veterinário, em seu Capítulo XII, prevê ainda expressamente algumas obrigações do médico veterinário na função de perito: CAPÍTULO XII - DAS RELAÇÕES COM A JUSTIÇA Art. 28. O médico veterinário na função de perito deve guardar segredo profissional, sendo-lhe vedado: I- deixar de atuar com absoluta isenção, quando designado para servir como perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites das suas atribuições; II- ser perito de cliente, familiar ou de qualquer pessoa cujas relações influam em seu trabalho; III- intervir, quando em função de auditor ou perito, nos atos profissionais de outro médico veterinário, ou fazer qualquer apreciação em presença do interessado, devendo restringir suas observações ao relatório. ALGUNS ASPECTOS LEGAIS DA ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO COMO PERITO: CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA Incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade (Artigo 225 par. 1º, inciso VII) LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI 9605/98 Art. 29: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida Pena detenção de 6 meses a 1 ano, e multa.

Art. 32 Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Par. 1º - quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos Pena detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. DECRETO-LEI 24.645/34 - define o crime de maus-tratos Art 2º 3 Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras dos animais. Art 3º I praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; II manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz; III obrigar animais a trabalho excessivo ou superiores às suas forças e a todo que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, razoavelmente, não se lhes possam exigir senão com castigo; IV golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo do animais e as exigidas para defesa do homem, ou interesse da ciência; V abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; Novo Código Civil Brasileiro Lei 10.406 de 11 de janeiro de 2003. Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

Lei das Contravenções Penais - Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941 Art. 31 - Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso. ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PERITO MÉDICO VETERINÁRIO 1. Defesa Consumidor 2. Erro Médico 3. Maus-tratos 4. Saúde Pública 5. Identificação de animais 6. Alimentos 7. Avaliação de animais 8. Evolução de rebanho 9. Crimes ambientais 10. Outras 1. DEFESA DO CONSUMIDOR O Código de Defesa do Consumidor define animal como bem semovente, protegendo as relações de comércio dos mesmos nos artigos de 12 a 18. O criador equivale a um fabricante, então responde por vícios de produção. Animais têm certa validade e prazo de garantia estabelecido no Código de Defesa do Consumidor, portanto no caso de vício há a obrigação de ressarcir. Os Artigos 26,II, 27 e 49 garantem o prazo de 90 dias para a devolução do valor pago no caso de vícios do produto ou seja, doenças infecto-contagiosas, mais valores gastos com despesas oriundas do vício (medicamentos, internações, etc.)

Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I- 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviços ou de produtos não duráveis. II- 90 dias, tratando-se de serviços ou produtos duráveis 3º. Tratando-se de vicio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que fica evidenciado o defeito. 2. ERRO MÉDICO VETERINÁRIO Obrigação de meio - o profissional está obrigado a empenhar todos os esforços possíveis para a prestação de determinado serviço, não existindo compromisso de obtenção de um resultado específico. *Castração e estética obrigação de resultado. Código de Defesa do Consumidor Art. 14 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. *CULPA = imperícia, imprudência, negligência. 3. MAUS-TRATOS LEI 9605/98 Art. 32 Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. DECRETO-LEI 24.645/34 - define o crime de maus-tratos 4. SAÚDE PÚBLICA Relacionada ao controle de zoonoses, destinação de resíduos de serviço de saúde animal, inspeção de estabelecimentos de abate, comércio de alimentos, estabelecimentos e medicamentos veterinários etc.

5. IDENTIFICAÇÃO taxonomia (direta, indireta, molecular); parentesco / dna; tamanho, sexo, idade, raça, peso coloração, marcas, sinais. 6. ALIMENTOS 6.1 FRAUDE EM CARNES Detecção de aditivo alimentar. Exemplos: dióxido de enxofre, sulfitos, bissulfitos, metasulfitos de sódio e potássio. 6.2 FRAUDE NO LEITE FLUIDO Aditivos para restaurar valores analíticos "normais. Exemplos: Adição de água, adição de "soro de queijo", adição de leitelho e o emprego de dextrinas de uso comercial. 6.3 FRAUDE EM AVES E PEIXES Hidratação excessiva das carnes congeladas. 6.4 FRAUDE SUÍNOS Relacionada com a certificação da origem (rastreamento). 6.5 FRAUDE EM MEL caramelo, o xarope de glicose e o açúcar invertido 6.6 IDENTIFICAÇÃO DE CARNES Biotecnologia: PCR; ELISA. 6.7 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

7. AVALIAÇÃO DE ANIMAIS Aferição do valor monetário do animal, produto ou subproduto. 8. EVOLUÇÃO DE REBANHO Fornecer à justiça dados atualizados do rebanho e o respectivo valor monetário, mostrando o progresso paulatino e contínuo do mesmo, a partir de dados apresentados. 9. PERÍCIA AMBIENTAL 9.1 CRIMES CONTRA A FAUNA Envolvem principalmente o comércio ilegal de animais silvestres, produtos e subprodutos da fauna, a caça ilegal, a pesca ilegal e os maus-tratos. É importante a identificação taxonômica dos animais e a verificação da sua presença nas listas oficiais de espécies ameaçadas. - Taxonomia direta: identificação através da observação das características físicas do animal. - Taxonomia indireta: identificação através de rastros, ninhos, pegadas etc. - Taxonomia molecular: identificação através de exame de DNA. 9.2 POLUIÇÃO AGROPECUÁRIA - Dejetos, substâncias químicas componentes das rações, sangue e vísceras. - Detergentes utilizados na lavagem das pocilgas, estábulos e aviários, lançados nas águas dos rios e lagos sem qualquer tratamento. - Contaminação do solo e águas.

O LAUDO PERICIAL Documento produzido pelo perito apresentando a descrição minuciosa da perícia realizada a fim de responder à solicitação da autoridade. ESTRUTURA BÁSICA DO LAUDO PERICIAL: PREÂMBULO: hora, data e local. Nome da autoridade que requereu e daquela que determinou a perícia. Qualificação dos peritos. QUESITOS: questionamentos formulados pela autoridade ou pelas partes. Ex: 1 - Houve morte? 2 - Qual a causa da morte? 3 - Qual o instrumento ou meio que produziu a morte? HISTÓRICO: registro dos fatos mais significativos. EXAMES: descrição pormenorizadas dos exames realizados e discussão das hipóteses. CONCLUSÃO: síntese diagnóstica.