Periódicos científicos eletrônicos em Comunicação 1 A passagem do impresso para o on-line. Renata Carvalho da Costa 2

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Transcrição:

Periódicos científicos eletrônicos em Comunicação 1 A passagem do impresso para o on-line Renata Carvalho da Costa 2 Resumo O trabalho analisa a passagem do impresso para o digital e discute os recursos da plataforma on-line utilizados pelos periódicos científicos. O corpus do trabalho é composto pelos cinco periódicos científicos brasileiros on-line da área de Comunicação com melhor qualificação WebQualis - sistema de avaliação de periódicos da Capes -, ou seja, classificados como A2 no triênio 2010-2012. São eles: E-Compós (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação); Famecos (PUC-RS); Galáxia (PUC-SP); Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) e MATRIZes (USP). Palavras-chave Ciências da Comunicação; periódicos científicos; plataforma digital; WebQualis A passagem do meio impresso para o digital transforma, segundo Chartier (1996), a escrita, a leitura e a relação do leitor com o texto. O autor explica que estamos acostumados com a percepção da cultura escrita e impressa que se baseia em diferenças imediatamente visíveis entre os objetos (cartas, documentos, diários, livros etc) (Chartier, 1996: 22). É o que ele chama de ordem dos discursos, que muda com o texto eletrônico, já que o computador apresenta os diversos tipos de textos, não importa o gênero, no mesmo suporte. Por isso, optamos por chamar neste trabalho as revistas científicas ou jornais científicos como periódicos científicos. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) tem uma definição para o que considera periódico científico, e ela é adotada pela comissão da área de Ciências Sociais Aplicadas 1 (responsável pela qualificação e classificação dos periódicos científicos de Ciências da Comunicação, Ciências da Informação e Museologia). Essa definição estabelece que, para que um periódico seja classificado como científico, ele cumpra alguns 1 Trabalho apresentado no GT 1 Arte, Imagens, Estéticas e Tecnologias da Comunicação do VI Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, na categoria pós-graduação. UERJ, Rio de Janeiro, outubro de 2013. 2 Jornalista pela ECA-USP e doutoranda e mestre em Ciências da Comunicação pela mesma universidade. www.conecorio.org 1

critérios mínimos. Em linhas gerais, são eles: ter editor responsável, comissão editorial, conselho consultivo formado por pesquisadores de diferentes instituições, registro de ISSN, linha editorial definida, normas de submissão claras, periodicidade regular, avaliação dos originais por pareceristas, indicação de titulação e afiliação institucional dos autores, título, resumo e palavras-chave no mínimo em dois idiomas, data de recebimento de cada artigo e aceitação para publicação 3. Nessa atual fase de passagem e convivência dos dois meios (impresso e online) conta com fãs e detratores em ambos os lados. É importante destacar as principais características dos dois meios do ponto de vista material (Monteiro, 2001): Meios digitais: facilidade de distribuição, reprodução (e não há perda de qualidade ao fazer duplicação de cópias) e atualização, capacidade de armazenamento maior, produção e manipulação de informações (rapidez na entrada e modificação de dados no momento da escrita, localização rápida de palavras, reposicionamento de trechos etc), tecnologia ecológica (tecnologia digital é limpa, não tem resíduos se não for impressa), maior interatividade (tira o usuário da posição passiva de espectador). Aspectos em que o papel supera o meio digital: fino, flexível e leve, pode ser dobrado e carregado com facilidade, qualidades óticas excelentes, barato, flexibilidade de organização espacial (empilhado, grampeado etc), facilidade de acesso (não precisa de dispositivo para ser acessado), capacidade de endereçamento de informações (pode receber informações por caneta, impressora etc), independe de energia para leitura, facilidade de manuseio, orientação espacial (recordamos um trecho que nos interessa, lembrando que ele estava em uma página da esquerda, ao lado de uma determinada figura (Ibid.: 7), possibilidade de anotações simultâneas à leitura, resistência a alterações indevidas (difícil falsificar), aspecto tátil. Um pouco de história O primeiro periódico científico on-line, do New Jersey Institute of Technology, surgiu em 1978 e foi financiado pela National Science Foundation, nos Estados 3 http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/comunicado_01_2013_qualis_csa.pdf Acesso em agosto 2013. www.conecorio.org 2

Unidos (Targino, 1999). No Brasil, o primeiro periódico científico com versão na internet foi o The Online Journal of Plastic and Reconstructive Surgery, da Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial, no início da década de 1990. Na área de Comunicação, no país, a primeira revista totalmente digital foi a Eptic (Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura), criada em 1999 pela Alaic (Asociación Latino-americana de Investigadores de la Comunicación) em conjunto com a Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). Na área de Ciências da Comunicação, embora o apreço pelo papel continue em alta, pelo que indica o número de publicações impressas, a tendência é que todas elas tenham sua versão on-line. Algumas têm mantido os dois formatos, como as revistas MATRIZes (USP), Intercom e Galáxia (PUC-SP). Outras deixaram de lado a versão impressa, como a revista Famecos (PUC-RS) que, desde 2010 é apenas on-line. E outras já nasceram somente on-line, caso da Revista E-Compós. São 1.233 periódicos científicos reconhecidos e classificados pelo WebQualis, da Capes, órgão ligado ao Ministério da Educação e Cultura, na área de Ciências Sociais Aplicadas 1. A apuração dos títulos dos periódicos é feita a partir das informações obtidas na coleta Capes, em que os programas de pós-graduação enviam à instituição governamental dados de produção de seus pesquisadores (professores e alunos) a partir do preenchimento que os mesmos fazem em seus currículos Lattes. Ou seja, se ao menos um pesquisador das Ciências da Comunicação tiver publicado um artigo em um determinado periódico científico no triênio, esse periódico será incluído na lista do WebQualis e analisado. Isso quer dizer que a área da Comunicação pode ter mais periódicos científicos, porém neste trabalho são considerados apenas os relacionados pelo WebQualis da Capes. O WebQualis é um: Conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação... Como resultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação de sua produção. A estratificação da qualidade dessa produção é realizada de forma indireta. Dessa forma, o Qualis afere a qualidade dos artigos e de www.conecorio.org 3

outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos (SITE CAPES) 4. Ciências da Comunicação tem 101 periódicos científicos nacionais classificados no WebQualis 2010-2012, entre os estratos indicativos de qualidade entre A2 e B5. Na área A1, estrato considerado de nível e alcance internacional, não há revistas de comunicação nacionais. Portanto, as mais bem classificadas da área no país estão em A2 e são as seguintes: - E-Compós (da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, quadrimestral, apenas on-line, desde 2004); - Famecos (da Faculdade de Comunicação Social da PUC-RS, quadrimestral, início impressa em 1994, impressa e on-line desde 2000, só on-line a partir de 2010); - Galáxia (do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, semestral, on-line e impressa desde 2001); - Intercom (da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, semestral, impressa desde 1978, atualmente impressa e on-line) - MATRIZes (do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da USP, semestral, on-line e impressa desde 2007). As demais revistas da área de Comunicação estão assim classificadas 5 : Estrato Nº de periódicos B1 32 B2 10 B3 15 B4 20 B5 19 Para serem classificados em cada um dos estratos, os periódicos científicos devem obedecer a certos critérios de qualidade. Na área A1, na qual não há nenhum periódico científico nacional de Comunicação, foram classificados os periódicos 4 Disponível em http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. Acesso em agosto 2013. 5 Não foram considerados os periódicos classificados como C, pois este estrato é dedicado aos não científicos. www.conecorio.org 4

científicos indexados na Web of Science e/ou JCR (Journal Citation Reports) Social Sciences, relacionado à área de Ciências Sociais Aplicadas 1 e à área de conhecimento Ciências Humanas. É possível explicar essa exigência (única) para esse estrato, pois para ser indexado nesses sites pedidos, é preciso que a revista tenha uma série de procedimentos de qualidade na edição e ainda seja citada por pesquisadores em artigos presentes na base de dados Web of Science. O JCR 6 faz uma análise quantitativa e estatística de citações de artigos dos periódicos científicos que constituem 7 a base do Web of Science 8. Nenhuma revista brasileira de Ciências da Comunicação está indexada nessa base. No estrato A2, foi solicitado que o periódico estivesse (A) indexado na base Scopus e/ou Scielo 9 (caso da Revista Intercom). E foram considerados outros requisitos, listados a seguir: B) Origem da publicação periódico publicado por instituição com Pós- Graduação stricto sensu, ou Sociedade Científica de âmbito nacional ou internacional, ou Instituição de Pesquisa, ou publicada com apoio da Capes, CNPq ou financiada por órgão de fomento de âmbito estadual. C) Origem dos artigos conter artigos de autores doutores, vinculados a diferentes instituições, com expressiva publicação de artigos, por volume, de autores ou coautores filiados a instituições estrangeiras. D) Reputação do periódico periódicos identificados como relevantes para a área, de acordo com os seguintes critérios: origem da publicação, origem dos artigos, quantidade de artigos no triênio 2007-2009 e nos anos de 2010 e 2011, acessibilidade facilitada pelo formato digital, projeção internacional do periódico indicada por publicação de artigos e autores estrangeiros. E) Classificação especial com a inclusão do critério Reputação foram selecionados e analisados, individualmente, um grupo de periódicos da área da Comunicação com o maior número de artigos no triênio 2007-2009, 2010 e em 2011, 6 Disponível em http://wokinfo.com/products_tools/analytical/jcr/. Acesso em agosto 2013. 7 Disponível em http://ip-science.thomsonreuters.com/mjl/ Acesso em agosto 2013. 8 Disponível em http://thomsonreuters.com/web-of-science/. Acesso em agosto de 2013. 9 Disponível em http://www.scielo.org. Acesso em agosto 2013. www.conecorio.org 5

classificados como B1 e passíveis de análise visando o Estrato A2 Foram 4 periódicos nesse caso: Galáxia, Matrizes e Revista Famecos, que responderam aos critérios B, C, D e E e a revista E-Compós que respondeu aos critérios B, C e D 10. No caso específico da E-Compós, o documento salienta que a Comissão decidiu pela sua inclusão nesse estrato por ter sido escolhido pelos programas e pesquisadores da Área, em 2011, para receber investimentos da Capes destinados à sua inserção internacional. Por conta desses critérios incluírem a necessidade de as revistas estarem presentes em indexadores e bancos de dados, as revistas acabam obedecendo a regras de edição determinadas exteriormente ao seu corpo editorial e científico. Ou seja, no caso de A2, a Revista da Intercom se classifica por estar indexada no Scielo (Scientific Electronic Library Online), coleção de artigos e periódicos científicos nacional que, inicialmente, era voltada apenas para área de Ciências da Saúde, porém hoje abrange todas as áreas de conhecimento. Para ser indexado no Scielo, o periódico deve seguir determinados critérios de qualidade exigidos por esse indexador. Para a área de Ciências Humanas, por exemplo, o periódico deve ser, no mínimo, semestral, sendo que a periodicidade desejável é quadrimestral; número mínimo de artigos de 18 por ano e, desejável, de 24. Além disso, é pedido que o periódico seja lançado regularmente e apresente uma série de especificações nos artigos, como nome e afiliação completa do autor e e-mail, além de título, resumo e palavras-chave em português e inglês. Para avaliar essas e outras exigências, os cinco periódicos do corpus deste trabalho tiveram suas versões on-line submetidas a um roteiro elaborado por Gruszynski, Golin e Castedo (2008). O roteiro foi originalmente criado após estudo feito pelas autoras sobre os periódicos científicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e elaborado com a intenção de servir como um guia de edição de excelência para os editores científicos. Neste presente trabalho, fazemos o 10 http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/comunicado_01_2013_qualis_csa.pdf Acesso em agosto 2012. www.conecorio.org 6

caminho inverso. Aplicamos e, ainda que minimamente, adaptamos o roteiro 11 para avaliar as versões on-line dos cinco periódicos de nosso corpus, de acordo com as informações disponíveis em seus websites. Análise do corpus Destacaremos a seguir alguns dados extraídos da tabela originada após a aplicação do roteiro (TABELA 1): Extratos roteiro Conselho editorial Parcerias, fomento ou patrocínio do E-Compós Famecos Galáxia Intercom MATRIZes 49 bras. e 10 estrangeiros Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação 19 bras. e 9 estrangeiros Patrocínio IBICT e Supernova Editora; Edipucrs 33 bras. e 3 estrangeiros CNPq 65 bras; 28 estrangeiros Intercom, CNPq e Capes 27 bras. e 16 estrangeiros SIBI-USP Periodicidade Quadrimestral Quadrimestral Semestral Semestral Semestral Perfil de autores Mínimo Doutores (artigos) Doutorandos e Não especifica Mínimo doutorando e mestre para doutores doutorando Modo de submissão Identificação do periódico Presença em base de dados resenha Sistema Sistema SEER/OJS SEER/OJS nome, E-ISSN nome, E-ISSN nome, E-ISSN Portal CAPES e Latindex Clase, DOAJ, IAI, Latindex, CNEN/LivRe, OJS, Portal Capes, Revcom, Red Iberoamericana de revistas de comunicación y cultura, Seer- IBICT, Sumários.org, Univerciencia Sistema SEER/OJS não cita Sistema SEER/OJS nome, ISSN e E-ISSN Scielo, DOAJ, Latindex, Public Knowledge Project, Institutional Archieves Registry, Revcom Sistema SEER/OJS nome e E-ISSN DOAJ, CMMC, Redalyc, Latindex, Portal de la Comunicación, OEI, IBICT, Univerciência, WZB, Portal de Revista USP (SIBI) A partir desses destaques, é possível fazer algumas considerações. A primeira delas é em relação à composição do conselho editorial e sua abrangência. O periódico com o maior número de pesquisadores tanto brasileiros como estrangeiros é a Intercom, a única revista brasileira de Comunicação aceita no Scielo. Não é possível 11 Anexo 1. www.conecorio.org 7

deduzir que esse seja o motivo da aceitação por parte desse indexador, mas a diferença é bastante grande em relação aos demais periódicos e deve ser sinalizada. Quanto ao aspecto do patrocínio, o único periódico mantido unicamente pela associação publicadora é o E-Compós. Os demais recebem verba externa (seja Capes, CNPq, Sibi-USP etc). Sobre a periodicidade, todos estão dentro do desejado pelo Scielo. Em comum, nota-se que quatro deles publicam apenas artigos de pesquisadores que sejam, no mínimo, doutorandos. A Revista da Intercom é a única a não especificar em suas normas essa condição. E, em uma análise interna dos artigos, é possível notar que ela publica também autores apenas graduados ou graduandos, desde que acompanhados por doutores. Esse aspecto é importante de ser assinalado porque indica a dificuldade de aceite da revista (se ela publica todo mundo ou se tem nível de formação mínimo exigido). Todas estão publicadas no sistema SEER/OJS, que conforme explica o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, O Open Journal Systems é um software desenvolvido pela Universidade British Columbia. No Brasil foi traduzido e customizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e recebe o nome de Sistema Eletrônico de Editoração (SEER). Trata-se de um software desenvolvido para a construção e gestão de publicações periódicas eletrônicas (SITE IBICT) 12. Esse sistema gratuito de publicação foi rapidamente adotado por muitos periódicos da área de Comunicação, já que permite toda a administração (recebimento de artigo, troca de correspondência com o autor, envio do artigo ao parecerista, recebimento do parecer, edição, revisão) e editoração do periódico. Além disso, esse formato de publicação (utilizando protocolo OAI/PMH 13 ) permite a intercomunicação e a interoperabilidade com outros portais de mesmo protocolo, facilitando a indexação dos periódicos em bases de dados e indexadores. Embora pareça óbvia a importância da divulgação da Ciência de maneira irrestrita e ampla ainda mais para periódicos patrocinados com verbas públicas 12 http://seer.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=286&itemid=74 Acesso em agosto de 2013. 13 Open Archives Iniciatives Protocol for Metadata Harvesting www.conecorio.org 8

derivadas de órgãos como o CNPq, Capes e mesmo o SIBI (Sistema Integrado de Bibliotecas), da Universidade de São Paulo -, em outras áreas do conhecimento essa é uma batalha que está ainda sendo travada. A obra A questão dos livros, de Robert Darnton (2010), diretor da biblioteca da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, relata, entre outras histórias, algumas medidas que o autor tomou à frente de seu trabalho na biblioteca. Uma delas tem importância especial para este estudo: Outra questão que me ocupou... foi uma versão local do movimento mais amplo conhecido como acesso livre. (...) defendi uma moção perante o Instituto de Artes e Ciências para disponibilizar gratuitamente na internet todos os artigos científicos produzidos por seus membros. A moção foi aprovada por unanimidade em 12 de fevereiro de 2008. Desde então, moções similares foram adotadas pela Harvard Law School, pela Kennedy School of Government e pela School of Education. Espera-se que os outros institutos que formam a Universidade Harvard sigam o mesmo exemplo, e um modelo Harvard de acesso livre está sendo discutido amplamente no mundo acadêmico. Todos podem optar pela não participação requisitando o documento adequado, que é concedido automaticamente. Em princípio, contudo, estão comprometidos a difundir os resultados de suas pesquisas de forma livre a qualquer pessoa com internet (DARNTON, 2010: 11). Fora do Brasil e da área de Ciências Humanas, em geral, tem-se a questão de periódicos fechados e pagos (até mesmo alguns na área de Comunicação e Cultura também são pagos e de acesso fechado, por isso as assinaturas feitas pela Capes para bibliotecas universitárias). Se a palavra publicar deriva de trazer à luz e a Ciência, para ter sentido, deve ser divulgada (e assim preservada para a posteridade a fim de gerar conhecimento também às próximas gerações), não faz sentido o acesso fechado a artigos que são reflexões ou resultados de pesquisa. Menos ainda no caso de pesquisas financiadas com recursos públicos. Sem contar que as revistas utilizam mão-de-obra gratuita dos próprios pesquisadores de um campo para uma avaliação dos artigos a serem publicados. Outras questões importantes a serem consideradas são os dados de identificação dos periódicos e a indexação dos mesmos (ou sua assimilação em bases de dados). No Brasil, o IBICT é o órgão responsável por fornecer um número identificador a cada periódico. O ISSN (International Standard Serial Number) é um código que individualiza o título de uma publicação seriada e foi criado pela Rede www.conecorio.org 9

ISSN junto com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1971 e implantado em 1974, para apoiar o controle bibliográfico mundial de publicações seriadas, por meio de um código único (Site IBICT 14 ). Se um periódico impresso inicia sua versão on-line, ainda que seu conteúdo seja um espelho da impressa, é necessário um novo número de ISSN, o E-ISSN, o ISSN eletrônico. As revistas Galáxia, Intercom e MATRIZes, conforme visto na tabela 1, não explicam a seus leitores a diferença entre esses índices. Galáxia e MATRIZes indicam em seus portais o ISSN eletrônico, enquanto a Intercom publica os dois da versão impressa e da eletrônica. Em termos gerais, isso tem uma aplicação prática, por exemplo, na avaliação de periódicos no WebQualis. Se um pesquisador descreve em seu currículo lattes que publicou artigo em uma revista e coloca apenas um dos ISSN (o da versão impressa ou da digital), é esse número que será considerado para a avaliação. Isso pode acarretar em que a revista tenha apenas uma de suas versões avaliada pela Capes. O ISSN ou o E-ISSN também é importante na questão da preservação da memória do artigo e seus metadados. Com os artigos científicos disponíveis na internet e, no modelo de publicação OJS/SEER, que pode ser baixado como PDF (portable document format), artigos sem identificação de ISSN, autor, título do periódico entre outros dados, podem se dispersar pela internet e, dessa maneira, perder a autoria. O risco é tanto maior quanto maior for o número de base de dados e indexadores em que o periódico estiver. Por isso exigências como as feitas pelo Scielo e pela Capes, para que todas as páginas do artigo tenham uma identificação mínima correta com título do periódico, autor, ano etc. Os artigos publicados pela revista da Intercom têm ainda uma identificação padrão internacional, o DOI 15 (Digital Object Identifier), atribuída a cada um de seus artigos. O DOI permite que qualquer texto ou objeto na internet seja identificado e 14 http://www.ibict.br/informacao-para-ciencia-tecnologia-e-inovacao%20/centro-brasileiro-do-issn Acesso em agosto 2013 15 Disponível em www.doi.org. Acesso em agosto 2013. www.conecorio.org 10

facilita sua recuperação em bases de dados ou outros locais, de maneira que o artigo não se perca na Web (é um serviço pago). A primeira revista da área de Comunicação a adotar esse procedimento foi a Estudos em Jornalismo e Mídia, periódico científico do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina em 2010. Dos periódicos que constituem o corpus do trabalho, apenas a Intercom tem DOI, via Scielo, que o atribui aos artigos de todas as suas revistas. Ainda sobre os indexadores e base de dados, é importante destacar que há diferenças entre eles. Os indexadores têm uma série de exigências a serem cumpridas, como o Scielo, Redalyc 16 e Latindex 17. Por esse motivo, estar em indexadores já diz algo a respeito da qualidade de um periódico. Por outro lado, as bases de dados são listas de publicações e não necessariamente acolhe as melhores ou tem algum tipo de critério de seleção por qualidade. O IBICT, por exemplo, oferece uma lista de publicações que utilizam o sistema SEER/OJS, sem avaliar a qualidade das mesmas. As cinco revistas constituintes do corpus deste trabalho não explicam essa diferença ao leitor e listam juntos indexadores e bases de dados, sem qualquer distinção. Recursos e possibilidades da Internet Tabela 2 Recursos utilizados pelos artigos E-Compós Famecos Galáxia Intercom MATRIZes Texto Sim Sim Sim Sim Sim Imagem fixa Ocasional Ocasional Ocasional Ocasional Ocasional Imagem em movimento Não Não Não Não Não Áudio Não Não Não Não Não Sistema de busca Sim Sim Sim Sim Sim Ferramentas contextuais Não Não Não Não Não Diagramação PDF PDF PDF PDF e HTML PDF Fonte: extraído da análise por meio do roteiro de Gruszynski, Castedo e Golin, 2008 Texto e imagem fixa são os recursos utilizados pelos cinco periódicos científicos. Pela análise, fica claro que a versão on-line é uma transposição do pdf da versão impressa (dos periódicos que possuem essa versão) para o on-line. Interessante notar que, no caso dos periódicos que são apenas on-line, caso da E-Compós e da Famecos, os artigos também são apresentados em formato PDF. Isso evidencia, 16 Disponível em www.redalyc.org Acesso em agosto 2013. 17 Disponível em http://www.latindex.unam.mx/ Acesso em agosto 2013. www.conecorio.org 11

portanto, a condição do periódico on-line como uma simples transição do papel para a tela, sem mudanças significativas e adaptativas ao meio. A revista Intercom possui também formato html de seus artigos, pois são assim disponibilizados pelo Scielo. É importante frisar que a plataforma OJS/SEER permite o uso de arquivos em qualquer formato, inclusive áudio e vídeo, imagens e tabelas dinâmicas (que podem ser inseridos na plataforma como documentos suplementares ao artigo durante a submissão ou posteriormente). No entanto, nenhuma das revistas utiliza esses recursos. Não há indicação do contrário aos autores, ou seja, os autores podem submeter os arquivos que desejarem, se assim quiserem. Porém, talvez por não ser hábito da área da Comunicação ou poderia se dizer da Ciência em geral os autores não se interessam em enviar esse tipo de arquivos. E também não é possível garantir que os arquivos seriam publicados, disponibilizados nos sites dos periódicos. Conforme defende Darnton (2010), a internet oferece a possibilidade ilimitada de documentos suplementares, tabelas de dados, informações detalhadas de pesquisa, o que poderia garantir ainda maior acuidade na validação das pesquisas publicadas nos periódicos científicos. Essa questão do uso de recursos outros que não sejam o texto científico formal para a publicação científica já foi discutida anteriormente e deriva da ontologia da metodologia da Ciência. À essência institucional deste pensamento analítico... composto por um processo de fragmentação dos objetos de pesquisa, somaram-se inúmeras características de fundamentos filosófico-teóricos que, independente de suas variações e abordagens, determinam a relação leitura/escrita como o único caminho possível à reflexão científica (BAIRON, 2004: 103). Os periódicos também não possuem ferramentas contextuais, que são aquelas que permitem que se destaque uma imagem, tabela ou trecho para uma análise isolada. O sistema de busca é o único recurso utilizado pelos periódicos e já é uma ferramenta automática oferecida pela plataforma OJS/SEER. Até agora, nenhum indexador importante para a área exige o uso desses recursos (áudio, vídeo etc), o que pode justificar o não uso por parte dos periódicos. Em resumo, o que se vê nos periódicos científicos da área de Comunicação que www.conecorio.org 12

constituem o corpus deste trabalho é que seus artigos são uma mera transposição do formato PDF do impresso para o digital, mesmo em periódicos que não têm versão impressa. Considerações finais A partir da análise dos cinco periódicos científicos on-line da área de Ciências da Comunicação mais bem classificados pelo sistema WebQualis, é possível afirmar que eles estão, por um lado, em posição de vanguarda em relação aos periódicos de outros campos científicos, pois têm versão on-line de acesso totalmente aberto, em plataforma de protocolo OAI, algo exigido pela maioria dos indexadores e não seguido por periódicos de outras áreas do conhecimento. Muitas áreas científicas ainda estão discutindo a possibilidade de abrir o conteúdo de suas publicações científicas, já que o padrão de algumas, como as Ciências Médicas, sempre foram fechadas e pagas. A solução não é tão simples, pois em alguns casos envolve editoras comerciais que ganham muito dinheiro vendendo assinaturas a bibliotecas de universidades. Pelo aspecto formal, os periódicos científicos da área de Comunicação estudados aqui não apresentam inovações na apresentação dos artigos científicos. Por ser uma área permeada por diversas outras do conhecimento, a Comunicação pode se posicionar como pioneira na discussão da propagação do conhecimento utilizando formas consideradas, muitas vezes, como exclusivamente artísticas. Nesse início de século, temos possibilidades, quase ilimitadas, de desenvolvermos uma metodologia hipermidiática 18 de pesquisa científica, que sirva tanto para processos de produção quanto de avaliação do conhecimento científico. Neste contexto, os maiores desafios estão localizados na lide resultante da relação entre os recursos hipermidiáticos à disposição e a proposta de renovação teórico-temática do trabalho científico de tradição verbal escrita (Ibid.: 103). 18 Hipermídia foi conceito criado em 1960 pelo sociólogo americano Ted Nelson, a partir de sua experiência usando computador. Utilizada como extensão do termo hiperlink, a hipermídia promoveu a fusão de vários tipos de mídia como áudio, vídeo, texto e gráficos para criar um meio de comunicação único, de leitura não linear, características próprias e gramática peculiar. www.conecorio.org 13

A criação de hipermídias, conforme pensada por Bairon, parece ainda mais distante da realidade dos periódicos científicos, tendo em vista que nem mesmo os recursos de vídeo, áudio e outros são usados per se como material complementar quanto mais um salto nesse nível de construção de hipermídia como meio de comunicação único. Referências bibliográficas BAIRON, Sérgio. Tendências da linguagem científica contemporânea em expressividade digital: uma problematização. In.: Informática na Educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 7. N.2, pp. 101-156, jul/dez. 2004. CHARTIER, Roger. Os desafios da escrita. São Paulo: Editora da Unesp, 2002. DARNTON, Robert. A questão dos livros. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. GRUSZYNSKI, Ana.; GOLIN, Cida; CASTEDO, Raquel. Produção editorial e comunicação científica: uma proposta para edição de revistas científicas. In.: Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação E- Compós. Brasília, v. 11, n.2, maio/agosto 2008. MONTEIRO, Luís. Do papel ao monitor possibilidades e limitações do meio eletrônico. XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Campo Grande, MS, 2001. TARGINO, Maria das Graças. Comunicação científica na sociedade tecnológica: periódicos eletrônicos em discussão. Comunicação & Sociedade. São Paulo, n. 31, 1999. Disponível em < http://posftp.metodista.br/publicacoes/ces/comunicacao-esociedade-31.zip>. Acesso em nov.2010. www.conecorio.org 14

Anexo 1 - Roteiro adaptado Orientação para edição de periódicos científicos on-line A) Planejamento editorial 1) Gestão editorial 1.1. Composição de corpo editorial Comissão executiva e editor responsável Conselho editorial local, nacional,internacional 1.2. Definição de avaliadores ad hoc 2) Infra- estrutura 2.1. Espaço físico 3) Serviços técnicos especializados 3.1. Recursos financeiros para contratação 3.2. Parcerias, fomento ou patrocínio 4) Política editorial 4.1. Título e subtítulo do periódico 4.2. Área de conhecimento abrangida 4.3. Projeto editorial Missão Periodicidade Avaliação por pares e critério de arbitragem Originalidade dos artigos Seções Idiomas Perfil de autores e leitores Requisitos normativos 5) Critérios de edição (oriundos da política editorial) 5.1. Diretrizes para autores Modo de submissão Normalização utilizada e exemplos Formato e tamanho para documentos Metadados da submissão Direitos autorais 5.2. Número mínimo de textos por volume 5.3. Organização/edição dos conteúdos em ordem: alfabética/ temática/por ordem de aceite 5.4. Cronograma/prazos por etapa B) Fluxo editorial 1. Edição de texto 1.1. Avaliação pelos pares 1.2. Após aceite, revisão ortográfica/ gramatical 1.3. Mediante aceite, normalização técnica Elementos que devem constar no site - Dados de identificação do periódico Título E- ISSN e/ou ISSN Dados para contato - Instituição responsável Fontes de apoio/patrocínio - Dados sobre gestão e política editorial Nominata de membros Missão Periodicidade Avaliação por pares e critérios de arbitragem Diretrizes para submissão Propriedade do direito autoral - Dados sobre circulação Autorização para reprodução Local e data de publicação Tempo de publicação Elementos que devem constar no fascículo - Sumário do fascículo - Expediente Dados de identificação do periódico Gestão e política editorial do periódico Elementos que devem constar no artigo - Autoria Nome Filiação/currículo Contato - Texto Título Resumo Descritores Referências Data de recebimento e aceite - Identificação do artigo Legenda bibliográfica Paginação sequencial no fascículo Data de publicação e eventual atualização do arquivo DOI 2) Edição de layout 2.1. Arquitetura da informação e interface do site Consistência entre as páginas - Estilos de menu/barra de navegação - Estilos de texto - Estilo de cores e imagens - Estilo de link Tipos de recursos utilizados pelos artigos - Texto - Imagem fixa - Imagem em movimento - Áudio Formato dos fascículos e artigos Sistema de busca Ferramentas contextuais 2.2. Diagramação dos artigos/fascículos 2.3. Revisão de provas 2.4. Disponibilização on-line/publicação C) Circulação 1) Regularidade 1.1. Periodicidade 2) Distribuição Formas de acesso 2.1. Livre (protocolo OAI- PHM) 2.2. Aberto por site próprio 2.3. Mala direta 2.4. Disponível em outro formatodifusão 3.1. Presença em base de dados De textos completos/ Referenciais/ De citações - Com critérios seletivos reconhecidos pela área - Com critérios seletivos de abrangência restrita 3.2. Estatísticas de acesso e fator de impacto Periódico Fascículos Artigos - Consulta - Download www.conecorio.org 15