A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA HISTÓRIA: DA CONSCIÊNCIA À PRÁTICA EDUCACIONAL, DA PRÁTICA EDUCACIONAL À CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL



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Transcrição:

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA HISTÓRIA: DA CONSCIÊNCIA À PRÁTICA EDUCACIONAL, DA PRÁTICA EDUCACIONAL À CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Lago Messeder, graduanda UESB Angélica Silva Santos, graduanda UESB Rafael Martins Ribeiro, professor UESB Resumo O presente artigo, que se trata de uma pesquisa bibliográfica, tem por objetivo abordar o histórico da consciência ambiental que surge após a II Grande Guerra, destacando os principais acontecimentos a nível mundial quanto à discussão da problemática ambiental. Entende-se que dessa consciência, surge à necessidade de uma educação ambiental desde a primeira etapa da vida escolar, que acontece a princípio na educação infantil, que tenha por objetivo produzir uma nova consciência no indivíduo, visando o desenvolvimento sustentável. Conclui-se que é imprescindível que haja o incentivo a projetos articulados nessa temática, viabilizando um novo posicionamento da criança/homem diante das questões ambientais. Palavras-Chave: Consciência Ambiental, Educação Infantil, Desenvolvimento Sustentável. Introdução Esse texto tem como proposta abordar um histórico da consciência ambiental, destacando os principais marcos que apontam a evolução da preocupação com o meio ambiente, no Brasil e no mundo, culminando em um processo de educação que visa o cuidado com o meio em que se vive. Desde o fim da II Guerra Mundial, uma preocupação com o meio ambiente surge, quando os homens em sociedade percebem que a qualidade de vida está diminuindo, seja pela escassez de água, pela alta quantidade de produtos químicos utilizados na alimentação ou pela alta concentração de poluentes no ar. Na história recente deste planeta, muitas ações foram efetuadas na busca de se diminuir o processo de degradação do meio ambiente. Inúmeras discussões a nível internacional foram realizadas, mas nem sempre com resultados positivos. Muitos países, em contrapartida ao que se acorda nessas discussões, continuaram a degradar o meio ambiente, ou até aceleram este processo em busca de um progresso a todo custo.

Nesse interim, cabe a realização de uma nova conscientização, a partir de práticas pedagógicas efetivais, no que tange o cuidado com o ambiente em que se vive, já desde a Educação Infantil, que é a etapa onde se começa a vida educacional. Várias pesquisas (AMANCIO, 2005; ORTIGOZA, 2007; NEVES E TOSTES, 1992) apontam que somente com uma educação ambiental a nível mundial, poderemos reverter esse processo de degradação do meio ambiente que está dirimindo a qualidade de vida dos moradores deste planeta. De uma consciência ambiental, surge a necessidade de uma educação ambiental, para assim fazer surgir naqueles que são considerados o futuro da nação, as crianças, uma nova consciência ambiental pautada no desenvolvimento sustentável, no respeito à diversidade cultural, na busca da redução das desigualdades e na justiça social. Quanto mais cedo essa conscientização for realizada, mais significativas, nesse cidadão ativo no seio da sociedade, serão as atitudes para com o cuidado com o meio ambiente. Metodologia Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que tem por objetivo trazer uma reflexão sobre a história da Educação Ambiental, entendendo que esta surge de uma consciência nascida com o fim da II Grande Guerra, e que tem por objetivo principal fazer surgir uma nova consciência, pautada na sustentabilidade e no respeito à ética social, acrescentando que se essa consciência for suscitada desde tenra idade, as atitudes sustentáveis serão mais eficazes. O texto está dividido em duas partes, a primeira parte aborda o histórico da consciência ambiental, apresentando seus principais marcos históricos no Brasil e no mundo, a segunda parte versa sobre uma reflexão da importância da Educação Ambiental, desde a Educação Infantil, na luta por uma nova consciência do cuidado com o meio ambiente, que tem por base o desenvolvimento sustentável. Da consciência...

O histórico da consciência ambiental evidencia-se após a Primeira Guerra Mundial, com o uso indiscriminado de produtos químicos no cultivo de alimentos. Esse problema foi questionado por Rachel Carson que em 1962, lançou seu livro Primavera Silenciosa, na qual se tornou um clássico na história do ambientalismo social. Sua obra ressalta a perda da condição de vida saudável pelo uso de produtos químicos nos alimentos, de forma acumulativa, o que provocou efeitos sobre os recursos ambientais. A partir de suas ideias, surgiram vários movimentos ambientalistas, alimentados pela crescente queda da qualidade ambiental produzida pela ganância dos lucros. Em 1968, vários questionamentos foram sistematizados, quando 30 especialistas reuniram-se para discutir a crise da época e o futuro da humanidade. Nesse período, fundava-se o clube de Roma que em 1972, publicou seu relatório Os limites do crescimento, cujo mesmo denunciava o crescente consumo mundial que levaria a humanidade a um possível colapso. Considerado um marco histórico, político internacional para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, a conferência de Estocolmo, foi de grande importância para controlar o uso dos recursos naturais pelo homem. Com base nas propostas dessa conferencia, a Organização das Nações Unidas (ONU), decidiu lançar a Primeira Conferência Sobre o Homem e o Meio Ambiente. Essa conferência, visava a redução das atividades industriais, o que provocou divergências entre os países desenvolvidos e os países em processo de desenvolvimento. Os países em desenvolvimento não aprovaram essa proposta, pois baseavam sua economia na industrialização. No Brasil, o então Ministro da Agricultura Delfim Netto anunciou que o país estava aberto a poluição, isso porque, o Brasil visava desenvolverse a qualquer custo. Em resposta a conferência de Estocolmo, no ano de 1975 aconteceu a Conferência de Belgrado, onde foram formulados os princípios e orientações para um programa internacional de Educação Ambiental. Nesse encontro, foi criada a Carta de Belgrado que indicava a necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a

erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação humana. Trecho da Carta de Belgrado (1971, p1): Nossa geração foi testemunha de um crescimento e de um progresso tecnológico sem precedentes, que mesmo quando apartou benefícios a muitas pessoas, provocou ao mesmo tempo graves consequências sociais e ambientais. Aumenta a desigualdade entre ricos e pobres, entre as nações e dentro delas; e existem evidências de uma crescente degradação ambiental, sob diferentes formas, em escala mundial. Esta situação, apesar de causada principalmente por um número relativamente pequeno de países, afeta a toda humanidade. Após essa conferência, aconteceram outros encontros regionais em todo o mundo. Dentre eles, a Conferência de Tbilisi (1977), promovida pela UNESCO em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e se constituiu como o marco mais importante da evolução da EA. Nela foi desenvolvida a Declaração sobre a Educação Ambiental, sendo a mesma um documento técnico que apresentavam as finalidades, objetivos, princípios orientadores e estratégias para o desenvolvimento da EA. No Brasil, a Conferência de Tbilisi influenciou a criação da Lei nº 6.938, de 1981. A mesma dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, ressaltando propósitos e recursos de sua formulação e execução. Esta lei diz respeito a inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. A EA nesse sentido, auxilia na formação de comportamentos positivos e respeitosos em relação ao meio ambiente. A essência das recomendações desta conferência, consiste na implementação da visão sistêmica (capacidade de ver o todo, de modo a oportunizar a análise do mesmo) e no desenvolvimento da Interdisciplinaridade que propicia uma melhor formação e prática docente. O MEC, a partir da portaria 2421/91, define com as Secretarias Estaduais de Educação, as metas e as estratégias para a implantação da Educação Ambiental no país, se preparando para a realização da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento organizada pela ONU no Rio de Janeiro.

A Rio-92 contou com a participação de chefes de Estado, enfatizando a importância da questão ambiental no início dos anos 90. Nela foram criados documentos que até hoje servem como pauta das discussões ambientais. Dentre esses documentos está a Carta da Terra, que se trata de uma declaração de princípios éticos cruciais para a construção de uma sociedade global sustentável e pacífica entre homem e natureza. Trecho da Carta da Terra (2000, p1): Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria. É válido ressaltar que na Conferência do Rio, também foi assinada a Agenda XXI, na qual consiste num plano de ações e metas, visando a melhoria das condições ambientais do mundo no século XXI. A partir daí, o MEC promoveu uma série de atividades com o objetivo de socializar os resultados das experiências nacionais e internacionais de EA, resultando na Carta brasileira para Educação Ambiental, que após muitas propostas, culmina com a lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.... à prática educacional No que diz respeito a Educação Ambiental, seu histórico, assim como seus objetivos remetem para a sustentabilidade. Entende-se sustentabilidade como o uso consciente dos recursos naturais para atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer as futuras gerações.

Segundo Ortigoza (2007, p.51) a essência da sustentabilida de é criar nos consumidores uma consciência ecologicamente seletiva, desenvolvendo dentro do cotidiano novos hábitos de consumo mais responsáveis, com menos volume de desperdício. Trata-se de um projeto altamente preventivo centrado na educação ambiental. O que caracteriza, a sustentabilidade como um vasto campo de estudo no âmbito da EA. Quando se fala em sustentabilidade, deve-se entender que esta não se fecha somente às questões de ecologia, mas se mostra como campo amplo de possibilidades quando se entende seu caráter social. Pois como afirma Jacobi (1999, p.43) A sustentabilidade como critério básico e integrador precisa estimular permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspectos extra econômicos servem para reconsiderar os aspectos relacionados com a equidade, a justiça social, e a ética dos seres vivos. Para alcançar o Desenvolvimento Sustentável é necessário despertar a consciência ambiental em todos os cidadãos que formam a sociedade, principalmente os mais pequeninos, e esse despertar deve ser feito nos seus espaços de vivência educacional. Além do seio da família, é na creche e na pré-escola, que as crianças de 0 a 6 anos realizam seus primeiros contatos com o mundo do conhecimento. Por este motivo, considerando que a escola é o espaço social onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização e que comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na pratica, no dia-a-dia, que a escola deve contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e sustentáveis. Sendo um ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o ambiente com o intuito de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos seus recursos, a EA se constitui um campo de análise que surge devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas. Segundo a Conferência Sub-Regional de Educação Ambiental Para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976).

A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. A educação ambiental tornou-se lei no Brasil em 27 de Abril de 1999. A Lei N 9.795 Lei da Educação Ambiental, em seu Art. 2 afirma: A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Segundo Santos (et al, 2000, p.37) A Educação Ambiental é a prática educacional que ocorre em sintonia com a vida em sociedade, que pode (e deveria) ser inserida sob diversos enfoques: social, econômico, político, cultural, artístico etc., não podendo ser considerada como uma prática estanque, uma vez que abrange diversas áreas. Desta forma também pode ser considerada como uma arte, no sentido de trabalhar com a criatividade no que tange procurar alternativas para envolver os indivíduos num processo de reeducação de valores, percepções e sentidos em relação a forma de ver e viver o mundo. O contato do homem com o meio ambiente vem acontecendo de forma predatória, e esse comportamento desequilibrado não é novo. Ao reconhecer os problemas ambientais, o homem passou a buscar alternativas de soluções para resolvelos. Dessa forma, tornou-se necessário mudar a consciência diante do meio ambiente, pois antes, este era pensado como uma fonte inesgotável de recursos. A participação da população na aplicação das leis e das políticas de defesa do meio ambiente é condição essencial ao seu sucesso. Não há batalhão de fiscais que possa se substituir ao trabalho de vigilância de uma população comprometida com seus direitos e suas riquezas ambientais. (NEVES, TOSTES, 1992) A conservação do meio ambiente tem sido preocupante nas últimas décadas, por isso os projetos ambientais são voltados para formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas com ele relacionados, uma população que tenha conhecimento, competências, estado de espírito, motivações e sentido de

empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam. Existe certo consenso de que a consciência ecológica se constrói, de um lado, na busca de tecnologias alternativas visando superar ou restringir os constrangimentos que o padrão tecnológico coloca ao meio ambiente cotidiano. De outro lado ela se constrói pelo movimento social em luta. Pensando no desenvolvimento desta consciência e de uma sociedade sustentável é possível problematizar sobre o papel da educação ambiental como instrumento crítico de reflexão do modelo de desenvolvimento que cada sujeito define como sendo o seu e o impacto que estas escolhas individuais têm dentro da coletividade. (AMANCIO, 2005, p3) A Educação Ambiental está diretamente ligada a nossa vida como um todo, ela abrange desde o que comemos, como moramos, o que vestimos, até o que consumimos. Por este motivo, há uma grande importância do ensino da EA no currículo da pré-escola, cuja atuação deve-se proceder na forma de trabalhar as problemáticas que envolvem as questões ambientais, buscando promover o princípio de responsabilidade aos alunos, referente às limitações da natureza, a partir de instrumentos que viabilizam a reflexão destes para as questões que envolvem o meio ambiente, proporcionando uma aprendizagem de forma contínua e integrada. Desta forma, deve-se tornar possível a formação consciente das crianças, de maneira interdisciplinar, diante de questões relacionadas ao meio ambiente, visando através da educação o desenvolvimento sustentável, além de promover estratégias que envolva a participação de todos os constituintes do ambiente escolar, e isso vai desde os professores, auxiliares e alunos a funcionários dos mais diversos setores, promovendo a reflexão e o conhecimento dos recursos naturais, buscando o incentivo ao convívio e o respeito com a natureza e estimulando o trabalho em equipe. Não somente os alunos, mas todos os atores da escola, nesse sentido se tornarão agentes de mudança, pois levarão para o seus dia-a-dia a proposta realizada no ambiente escolar. É importante ressaltar que para atingir o desenvolvimento sustentável depende do planejamento e do reconhecimento dos recursos naturais como finitos. A vida depende do ambiente, e o ambiente depende do cuidado de cada um.

Conclusão É imprescindível para o bem de ambos, um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Nesta perspectiva, professores e alunos devem buscar uma reflexão crítica que transforme o cotidiano escolar, o mundo, a sociedade e seus indivíduos para que de fato, em sua atuação, contribuam na construção de um mundo melhor para todos. É de fundamental importância que a educação ambiental leve em consideração os aspectos biológicos, psíquicos e socioculturais, nos quais se constroem a concepção de homem, do mundo e de sociedade, dando conta da relação indivíduo/sociedade e natureza/cultura para alcançar uma forma de pensar global. É importante o incentivo a projetos sobre intervenção na realidade das escolas de todos os níveis educacionais, no tocante à educação ambiental, para que possamos consolidar uma pratica educativa que desenvolva novos valores em relação à forma como vemos, sentimos e vivemos. Referências AMANCIO, Cristhiane. O porquê da educação ambiental? In. ADM Artigo de Divulgação na Mídia, Embrapa Pantanal, Corumbá, MS, n.83, p. 1-3, set. 2005. BELGRADO. Carta de Belgrado: Uma estrutura global para educação ambiental, 1975. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/crt_belgrado.pdf. Acesso em 20 SET 2012. CARTA DA TERRA. Disponível em: <http://www.paulofreire.org>. Acesso em: 10 jan. 2013. DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 5ª edição São Paulo, Editora Global 1998. JACOBI, Pedro. Poder local, políticas sociais e sustentabilidade. In. Saúde e Sociedade.vol 8. São Paulo Jan/1999. Disponível <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/ v8n1/04.pdf. Acessado em: 12/03/2013.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política de Educação Ambiental. Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária. Chosica/Peru, 1976. Disponível em: http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacaoambiental. Acesso em 18/11/2012 NEVES, Estela, TOSTES, André. Meio Ambiente, a lei em suas mãos. Petrópolis: Editora Vozes, 1992. REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. 2ª edição - São Paulo, Editora Cortez, 1997. SANTOS, J. G., et al. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade: um estudo com alunos do ensino fundamental. Disponivel em: http://www.brasilescola.com/ geografia/eco-. Acesso em: 25 de jan de 2014.