DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DO BAIRRO CANINDEZINHO: A PERSPECTIVA DOS MORADORES



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Transcrição:

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DO BAIRRO CANINDEZINHO: A PERSPECTIVA DOS MORADORES Fortaleza / Ceará Agosto de 2015 1

EQUIPE TÉCNICA Coordenadores de campo: Adilson da Cruz Rolim Bernadete Ferreira Pesquisadores de campo: Leide Daiana Pinto de Sousa Lucas Pinto Alves Especialista Visual (SIG): Valsergio Barros da Silva Secretária Executiva: Carolina Moreira Pontes da Rocha Participantes da Prefeitura: Douglas Bettiol Corrêa Raimundo Ferreira Filho Participantes Acadêmicos: Christopher Yutzy (Universidade de Arizona) Dr. Donald R. Nelson (Universidade de Georgia) Dr. José Wilson Galdino (Universidade Federal do Ceará) Dr. Timothy J. Finan (Universidade de Arizona) Heather Gustus (Universidade de Arizona) Rossana Barros Silveira (Instituto Federal do Ceará) Ex-Participantes: Diana Zeferino Oliveira Francisco Alef Feitosa Halina Alves de Amorim Ícaro Breno da Silva Jorge Alberto de Sousa Saraiva Josileine Araújo de Abreu Paulo Sérgio Lisboa Cavalcante Stephanie Amanda Bernardo Gurgel 2

Visão: Promover uma Fortaleza participativa, inclusiva e transparente em que todos os cidadãos exercem os seus direitos de acesso aos serviços públicos básicos. Missão: Fazer com que as comunidades de Fortaleza possam virar protagonistas na construção de um futuro melhor através da sua própria determinação de prioridades e ações, através da estruturação de meios efetivos de comunicação com o poder público e através da abertura de espaço para renascer um senso compartilhado de comunidade. 3

ÍNDICE 1.1 Objetivo deste Diagnóstico... 8 1.2 A Metodologia PROVOZ... 8 1.2.1 Os Procedimentos da Execução do PROVOZ... 9 2. O BAIRRO CANINDEZINHO E SUAS COMUNIDADES... 11 2.1 Características Gerais... 11 2.2 Canindezinho Oficial e Canindezinho Sentimental... 12 2.3 Elementos Históricos da Fundação do Bairro... 15 2.4 Características Ambientais do Bairro... 16 3. ANÁLISE POR COMUNIDADE... 17 3.1 Comunidade 8 de Dezembro... 17 3.2 Comunidade Nova Canudos... 21 3.3 Comunidade Marrocos... 24 3.4 Loteamento Siqueira II (Comunidade Nossa Senhora das Graças)... 28 3.5 Comunidade Parque Jerusalém... 30 3.6 Comunidade Parque São Vicente... 35 3.7 Comunidade Planalto Vitória... 40 3.8 Comunidade Terra de Assis... 43 3.9 Comunidade Canindezinho... 46 4. ANÁLISE POR SETOR... 51 4.1... 52 4.2 Saúde... 57 4.3 Educação... 59 4.4 Economia e Renda... 62 4.5 Mobilidade Urbana... 63 4.6 Cultura, Esporte e Lazer... 64 4.7 Segurança... 65 4.8 Habitação... 65 5. Considerações Finais... 66 4

Lista de Fotos FOTO 1: (117) SÍTIO CANAÃ, ABANDONADO, COM LIXO, USO DE DROGAS E DESOVA DE CADÁVERES... 20 FOTO 2: (16) ESCOLA ALEGRIA CULTURAL... 20 FOTO 3: (120) PONTE SOBRE O RIO SIQUEIRA.... 20 FOTO 4: (20) TERRENO BALDIO DE PROPRIEDADE PARTICULAR PRÓXIMO AO POSTO DE GASOLINA.... 20 FOTO 5: (118) TERRENO BALDIO ACÚMULO DE LIXO, CHEIO DE MATO E UMA LAGOA POLUÍDA... 21 FOTO 6: (204) DÚVIDA SOBRE A FRONTEIRA DE MARACANAÚ COM FORTALEZA.... 21 FOTO 7: (150) RUA TODA EM CHÃO BATIDO COM ENORMES BURACOS.... 23 FOTO 8: (102) ESCOLA TOMAZ MUNIZ SEM INFRAESTRUTURA E SEGURANÇA.... 23 FOTO 9: (99) RUA ESTREITA COM PAVIMENTAÇÃO PRECÁRIA, CORTADA POR UM CANAL COM BOCAS... 24 FOTO 10: (98) POSTO DE SAÚDE ABNER CAVALCANTE... 24 FOTO 11: (153) RUA ESTREITA COM PAVIMENTAÇÃO PRECÁRIA.... 24 FOTO 12: (152) CANAL QUE NUNCA FOI FEITO LIMPEZA E TEM MUITO ACÚMULO DE MATO E LIXO.... 24 FOTO 13: (132) ESGOTO A CÉU ABERTO.... 27 FOTO 14: (135) RUA DE TERRA BATIDA, COM ACÚMULO DE MATO E LAMA.... 27 FOTO 15: (141) ÁREAS USADAS COMO LAZER COM LAMA E MATO.... 27 FOTO 16: (142) ÁREA DE RISCO - QUINTAIS COM SEIS FAMÍLIAS.... 27 FOTO 17: (143) CAMPO DE FUTEBOL QUE ESTÁ SENDO OCUPADO.... 28 FOTO 18: (145) LAGOA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA ABANDONADA.... 28 FOTO 19: (144) FÁBRICA DE PAPELÃO.... 28 FOTO 20: TRAVESSIA DE PEDESTRE NA AVENIDA OSÓRIO DE PAIVA.... 30 FOTO 21: OBRA DO CALÇADÃO.... 30 FOTO 22: (120) PONTE SOBRE O RIO MARANGUAPINHO.... 30 FOTO 23: SEM SANEAMENTO BÁSICO.... 30 FOTO 24: (93) A ESTRUTURA PREJUDICA OS PROFESSORES E ALUNOS.... 34 FOTO 25: TERRENO BALDIO COM ACÚMULO DE LIXO E LAMA.... 34 FOTO 26: (95) ESCOLA FRANCISCA DE ABREU LIMA - DE DIFÍCIL ACESSO.... 34 FOTO 27: (167) OBRA PARADA NO CALÇADÃO.... 34 FOTO 28: ESGOTO A CÉU ABERTO.... 34 FOTO 29: (166) PONTE SEM ILUMINAÇÃO.... 34 FOTO 30: (169) ACÚMULO DE LIXO E LAMA.... 35 FOTO 31: (170) OBRA DO POSTO DE SAÚDE PARQUE JERUSALÉM... 35 FOTO 32: (13) TERRENO BALDIO - ACÚMULO DE LIXO.... 39 FOTO 33: (77) CEI CHICO ANYSIO... 39 FOTO 34: (83) OBRA DO POSTO DE SAÚDE MANOEL SÁTIRO PARADA.... 39 FOTO 35: (129) CANAL DE DRENAGEM A CÉU ABERTO.... 39 FOTO 36: (85) RECICLAGEM O RAFAEL... 40 FOTO 37: (87) CRAS DO CANINDEZINHO... 40 FOTO 38: (88) REVITALIZAR A VILA OLÍMPICA... 40 FOTO 39: (149) BURACOS NA RUA.... 40 FOTO 40: (123) TERRENO BALDIO COM ACÚMULO DE LIXO.... 43 FOTO 41: (124) RUA DE CHÃO BATIDO.... 43 FOTO 42: (125) CAMPO DE FUTEBOL.... 43 FOTO 43: (206) LINHA DE ÔNIBUS INADEQUADA.... 43 FOTO 44: PRAÇA DO CANINDEZINHO.... 46 FOTO 45: (172) RUA ESTREITA SEM PAVIMENTAÇÃO.... 46 FOTO 46: CASAS SEM ESCRITURA E DOCUMENTOS DE PROPRIEDADE... 51 FOTO 47: TRÁFICO DE DROGAS ENTRE A JUVENTUDE... 51 5

FOTO 48: NÚMERO INSUFICIENTE DE CONTAINERS DE LIXO.... 52 FOTO 49: CONSTRUÇÃO DE UMA QUADRA POLIESPORTIVA.... 52 FOTO 50: CICLOVIA.... 52 FOTO 51: EXEMPLO 1 - PONTOS DE ESGOTO A CÉU ABERTO.... 53 FOTO 52: EXEMPLO 2 - PONTOS DE ESGOTO A CÉU ABERTO.... 53 FOTO 53: EXEMPLO 1- RUA DE CHÃO BATIDO R. PEDRO VIANA, PLANALTO VITÓRIA E PARQUE SÃO VICENTE.... 54 FOTO 54: EXEMPLO 2-RUA DE CHÃO BATIDO - R. PEDRO VIANA, PLANALTO VITÓRIA E PARQUE SÃO VICENTE.... 54 FOTO 55: PONTOS DE BURACOS - R. FRANCISCO ARAQUÉM, PARQUE SÃO VICENTE.... 54 FOTO 56: PONTOS DE BURACOS - PERTO DA UPA, PLANALTO VITÓRIA.... 54 FOTO 57: EXEMPLO 1- LIXO NOS TERRENOS- R. GENERAL RABELO, PARQUE SÃO VICENTE E PLANALTO VITÓRIA.... 55 FOTO 58: EXEMPLO 2-LIXO NOS TERRENOS- R. GENERAL RABELO, PARQUE SÃO VICENTE E PLANALTO VITÓRIA.... 55 FOTO 59: EXEMPLO 1-RIACHOS E CANAIS POLUÍDOS-PARQUE JERUSALÉM E 8 DE DEZEMBRO.... 56 FOTO 60: EXEMPLO 2- RIACHOS E CANAIS POLUÍDOS-PARQUE JERUSALÉM E 8 DE DEZEMBRO... 56 FOTO 61: PONTE PRECÁRIA 8 DE DEZEMBRO E PLANALTO VITÓRIA.... 56 FOTO 62: PONTE PRECÁRIA 2 8 DE DEZEMBRO E PLANALTO VITÓRIA... 56 FOTO 63: OBRA DO POSTO PARADA NOVO CANUDOS.... 58 FOTO 64: POSTO EM OBRAS-PARQUE JERUSALÉM... 58 FOTO 65: OBRA PROJETADA-PLANALTO VITÓRIA.... 58 FOTO 66: ESCOLA MARACANAÚ... 62 Lista de Quadros QUADRO 1: ÁREA EM HECTARES DAS COMUNIDADES DO CANINDEZINHO.... 13 QUADRO 2: RESUMO DA COMUNIDADE 8 DE DEZEMBRO.... 19 QUADRO 3: RESUMO DA COMUNIDADE NOVA CANUDOS... 23 QUADRO 4: RESUMO DA COMUNIDADE MARROCOS... 26 QUADRO 5: RESUMO DA COMUNIDADE PARQUE JERUSALÉM... 32 QUADRO 6: RESUMO DA COMUNIDADE PARQUE SÃO VICENTE... 37 QUADRO 7: RESUMO DA COMUNIDADE PLANALTO VITÓRIA... 42 QUADRO 8: RESUMO DA COMUNIDADE TERRA DE ASSIS... 45 QUADRO 9: RESUMO DA COMUNIDADE CANINDEZINHO... 48 QUADRO 10: PONTOS DE ESGOTOS A CÉU ABERTO E FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO.... 53 QUADRO 11: ESCOLAS E CRECHES PÚBLICAS NO BAIRRO CANINDEZINHO... 59 QUADRO 12: GRUPOS CULTURAIS E ASSOCIAÇÕES... 64 Lista de Mapas MAPA 1: CANINDEZINHO "SENTIMENTAL" E "OFICIAL".... 14 MAPA 2: COMUNIDADE 8 DE DEZEMBRO... 18 MAPA 3: COMUNIDADE NOVA CANUDOS... 22 MAPA 4: COMUNIDADE MARROCOS... 25 MAPA 5: COMUNIDADE LOTEAMENTO SIQUEIRA II (COMUNIDADE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS)... 29 MAPA 6: COMUNIDADE PARQUE JERUSALÉM... 31 MAPA 7: COMUNIDADE PARQUE SÃO VICENTE... 36 MAPA 8: COMUNIDADE PLANALTO VITÓRIA... 41 MAPA 9: COMUNIDADE TERRA DE ASSIS... 44 MAPA 10: CANINDEZINHO... 47 MAPA 11: LOCALIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE SAÚDE.... 57 MAPA 12: LOCALIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO PÚBLICA AOS DIVERSOS NÍVEIS.... 60 6

Lista de Gráficos GRÁFICO 1: PROCESSO METODOLÓGICO... 11 7

1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivo deste Diagnóstico O caminho da democracia brasileira foi reencontrado com a Constituição de 1988, depois de mais de duas décadas de autoritarismo militar. Apesar da larga presença do conceito de cidadania no discurso público da Nação, ainda se procura institucionalizar os mecanismos necessários para a prática de democracia e cidadania que possam substituir o clientelismo como a principal forma de acesso aos serviços públicos básicos. Dentro deste contexto, o Projeto PROVOZ representa uma tentativa de criar uma ponte institucional entre o aparelho público e populações carentes assim, privilegiando a cidadania e os direitos residentes em todos os cidadãos brasileiros ao nível da sua realidade local. Sendo assim, o presente documento apresenta o diagnóstico participativo do Bairro Canindezinho, localizado no município de Fortaleza CE. No espírito desta procura pelas instituições vibrantes na prática de cidadania, este diagnóstico foi elaborado pela equipe PROVOZ, em conjunto com os residentes das comunidades pertencentes ao Canindezinho, no período de julho de 2013 até janeiro de 2015. O objetivo do diagnóstico dentro da metodologia do PROVOZ é de organizar e divulgar de forma sistemática e transparente as informações e reflexões dos moradores do Canindezinho a respeito da realidade vivida diariamente e dos seus imaginários de um bairro melhor. Nesta ótica, o documento serve de base para a elaboração de um Pacto de Compromisso para ser negociado entre os moradores do Canindezinho e os órgãos públicos da Prefeitura de Fortaleza. O conteúdo do diagnóstico está estruturado em três partes: a primeira apresenta o perfil geral do Canindezinho incluindo um contexto histórico e as características socioeconômicas e ambientais. Esta seção também aproveita o momento para apresentar os elementos básicos da metodologia PROVOZ. Na segunda, apresenta-se uma análise por cada comunidade do Bairro Canindezinho. Aqui se retrata a paisagem social feita pelas comunidades localizando em mapa as áreas de preocupação os problemas e as soluções correspondentes sugeridas pelos moradores. Na seção final, o documento salienta os elementos de um Pacto de Compromisso com a Prefeitura por setor atingido. 1.2 A Metodologia PROVOZ O Projeto PROVOZ é um Projeto Social de Desenvolvimento para a população de Fortaleza. O Projeto se define com base nos valores e reflexões dos próprios residentes das suas comunidades, e serve como uma ferramenta participativa e transparente de planejamento urbano que possibilita uma ligação dinâmica e bidirecional com os serviços da Prefeitura de Fortaleza. Em escala piloto, PROVOZ está sendo implantado nos bairros com os menores índices de desenvolvimento humano. O PROVOZ propõe adaptar uma metodologia de participação comunitária que integra um autodiagnóstico das realidades atuais com a elaboração de uma visão de um bairro melhor. Esta metodologia elaborada há 15 anos foi denominada Mapeamento Participativo para Planejamento (MAPLAN), utilizada nos municípios interioranos do Ceará, em parceria com a Universidade Federal do Ceará, a Universidade do Arizona e a então Secretaria de Desenvolvimento Local e Regional, onde se utilizavam ferramentas do SIG (Sistema de Informações Geográficas) participativo aliadas às oficinas de diagnóstico. A adaptação da metodologia para a zona urbana de Fortaleza necessitou de diferentes instrumentos para 8

que todos pudessem participar e se expressar de diferentes formas. O que surgiu foi uma metodologia inclusiva e transparente, que objetiva dar voz a todos, desenvolvendo o senso de comunidade e de trabalho coletivo, e fazendo com que as pessoas exerçam seu papel de cidadania e se tornem protagonistas dentro de suas realidades. Além de estimular uma dinâmica de planejamento local participativo, esta metodologia também oferece uma forma de avaliação das políticas públicas. Como os mapas são das comunidades, os residentes podem atualizar os mapas conforme as mudanças na sua realidade devido aos investimentos públicos e acompanhar a gestão municipal. É com esta base de participação no planejamento e acompanhamento das politicais públicas, que se espera ver manifestado o crescimento de cidadania. O diagnóstico atual propõe desenvolver uma metodologia participativa que possibilite o exercício de práticas democráticas que efetuem uma mudança na organização social da zona urbana. Os procedimentos iniciam com contatos sistemáticos aos moradores do bairro através de caminhadas de rua e oficinas de diagnóstico participativo nas comunidades. As perspectivas geradas por estas atividades definem um espaço físico e um espaço social que representam as realidades relatadas pelos moradores. Com base nestes resultados, as realidades são mapeadas empregando as técnicas do SIG (Sistema de Informação Geográfica). 1.2.1 Os Procedimentos da Execução do PROVOZ O PROVOZ atua dentro de um bairro e os procedimentos são seguidos ao nível comunitário. No dia a dia dos moradores, a comunidade é o ponto de referência e o que melhor captura o senso de pertencimento social. A implementação do PROVOZ passa por uma lógica sequencial das etapas de aprendizagem, mobilização e negociação até a pactuação, monitoramento e avaliação. Os passos se resumem assim: a) Conhecer o Bairro é a etapa de aprendizagem para a equipe PROVOZ. Compõe-se de várias atividades de contato sistemático com os moradores do bairro. Primeiro se faz um levantamento de todas as associações de bairro, associações comunitárias, ONGs, equipamentos públicos como escolas municipais e estaduais, hospitais, postos de saúde, CRAS, CAPS, delegacias, comércios e pessoas da comunidade que possam contribuir com informações ou auxiliar nas caminhadas de rua. Depois, a equipe PROVOZ faz caminhadas de rua nas diferentes comunidades, parando nas calçadas, nas casas e nas esquinas para conversar informalmente com os moradores presentes. Os objetivos destas caminhadas são de acumular conhecimento sobre o bairro pela perspectiva dos próprios moradores e de informar aos residentes sobre o PROVOZ. A outra atividade é o registro fotográfico das comunidades feito pelos moradores com máquinas descartáveis. A finalidade desta atividade é dar oportunidade aos moradores de documentar a sua própria realidade espaços problemáticos como espaços de orgulho. b) Retrato da Paisagem Social Atual é a etapa de reflexão e mobilização. Durante uma série de oficinas comunitárias, os moradores participantes relatam a sua realidade social, localizando esta realidade em mapas criados por eles. As fotos do registro fotográfico são utilizadas como pontos de referência. Assim os mapas possibilitam um processo de reflexão sobre esta realidade atual. Em seguida, a realidade mapeada nas oficinas é georreferenciada no SIG. 9

c) Retrato da Comunidade Desejada é resultado de oficinas comunitárias onde os participantes criam um imaginário da sua comunidade desejada. Partindo das reflexões sobre a realidade social atual, os moradores começam a contemplar mudanças no seu ambiente social que resultam numa melhoria desejada. O retrato atual é o ponto inicial, e o retrato desejado representa a aspiração futura. d) Institucionalização dos NUAPs é a etapa mais importante no processo PROVOZ. Os Núcleos de Aproximação são auto-identificados entre os participantes nas oficinas. O NUAP abraça qualquer residente que queira participar, desde que tenha uma visão comunitária. Os NUAPs são as instituições de cidadania local que fazem a ponte entre a comunidade e o poder público e são compostos de moradores de cada comunidade. A equipe PROVOZ trabalha intensivamente com os NUAPs e lhes oferece um leque de capacitações sobre a cidadania, o funcionamento do governo, a elaboração de projetos, o monitoramento e avaliação. e) Pacto Integrado do Bairro é a primeira tarefa dos NUAPs. Em comparar o retrato social atual com o retrato desejado, os NUAPs identificam os elementos prioritários de um plano de desenvolvimento local. Este plano de projetos e intervenções tanto conjunturais como estruturantes é negociado com os representantes dos serviços públicos. f) Integração do Pacto no Planejamento da Prefeitura é o resultado das negociações entre os NUAPs e os instrumentos públicos da Prefeitura. O pacto se torna o documento de referência para os fins de planejamento ao médio prazo. g) Monitoramento e Avaliação é a outra responsabilidade assumida pelos NUAPs. Com a assistência da equipe PROVOZ, um sistema de acompanhamento das ações públicas e os seus impactos fornece a Prefeitura um processo de feedback e avaliação da sua estratégia de desenvolvimento. 10

Gráfico 1: Processo Metodológico 2. O BAIRRO CANINDEZINHO E SUAS COMUNIDADES 2.1 Características Gerais A cidade de Fortaleza possui 2.551.805 habitantes (IBGE/2013), ocupa uma área de 315 km² e é dividida em 7 regiões administrativas. O bairro do Canindezinho se localiza dentro da 5ª região e engloba as seguintes comunidades: Parque São Vicente, Planalto Vitória, Parque Jerusalém, Terra de Assis, Canindezinho, Marrocos, Nova Canudos, Loteamento Siqueira II e Comunidade 8 de Dezembro, ocupando uma área total de 3,38 km² (338 ha). Segundo o Censo/IBGE (2010), residem no bairro 41.202 habitantes, destes 21.075 são mulheres e 20.127 são homens. Os habitantes estão distribuídos em aproximadamente 12.118 domicílios, o que resulta em uma média de 3,4 pessoas por domicílio e uma densidade demográfica de mais de 12.000 pessoas/km 2. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Renda de 2010, o Canindezinho ocupa a 3ª pior posição no Ranking de Fortaleza com 0,025, contrastando com o IDH Renda do Meireles de 0,953. O IDH Longevidade do Canindezinho é de 0,111 contra 1,0 do bairro José Bonifácio. Quando visualizamos o IDH Geral, encontramos no bairro Meireles 0,953, que ocupa o 1º lugar, contra o Canindezinho com IDH 0,136 que ocupa a 117ª posição dos 119 bairros. Comparativamente a outros países, o IDH geral do Meireles seria semelhante ao da Noruega que é de 0,944, ou seja, comparativamente, o Meireles teria o IDH melhor que o país com o mais alto desenvolvimento humano, enquanto o Canindezinho teria o IDH bem inferior ao país com o pior índice de desenvolvimento humano no mundo e, podemos ver que ainda existem dois bairros com situação ainda pior 11

que o Canindezinho, o bairro Presidente Vargas com IDH de 0,135 e o Conjunto Palmeiras, com IDH de 0,119. 1 2.2 Canindezinho Oficial e Canindezinho Sentimental O conceito de bairro é uma construção social tanto quanto espacial. No caso do Canindezinho, existe uma divergência entre o bairro oficial, isto é, as delimitações feitas pela Prefeitura, e o bairro sentimental, isto é, as delimitações feitas pelos próprios residentes. Existem comunidades que pertencem ao bairro Canindezinho na geografia social dos moradores, mas não constam no mapa oficial do bairro. Neste diagnóstico, a área abrangida corresponde às comunidades em que a população reconhece como sendo parte do Canindezinho. Estas comunidades são apresentadas no Mapa 1: i. Marrocos Rua Urucutuba, Rua Cel. Virgílio Nogueira, circunda a lagoa até umas casas antes da Rua Ipiranga (não tem rua no mapa, só mato), Rua Maria Núbia Araújo Cavalcante até a Rua Urucutuba. ii. iii. iv. Parque São Vicente R. São Francisco, Av. Gen. Osório de Paiva até às ruas de trás da Rua José Maurício até antes do Conjunto Tatumundé, ladeando a lagoa da divisa com o Marrocos, circunda as casas da Rua Ipiranga, pega meio quarteirão da Rua Ipiranga, Rua Francisco Machado, Rua Gen. Rabelo, Rua Vanda Cidade, Rua D, Rua Maria de Jesus, Rua Maria Nubia Araújo Cavalcante, Rua São Francisco. Nova Canudos Rua Maria de Jesus, até um pouco depois da Rua D, Rua Vanda Cidade, Rua Gen. Rabelo, Rua Francisco Machado, Rua Maria Nubia Cavalcante, Rua Maria de Jesus. 8 de Dezembro Av. Gen. Osório de Paiva, R. Francisco até o Rio Maranguapinho até a Rua Marcos Barros (Sítio Canaã). v. Loteamento Siqueira II Av. Gen. Osório de Paiva, Rua Francisco até o Rio Maranguapinho, segue o Rio em direção ao Canindezinho até a Rua das Umarizeiras. vi. vii. viii. ix. Canindezinho Av. Gen. Osório de Paiva, Rua Umarizeiras, R. Côn. De Castro, Rua Jardim Fluminense até a Av. Osório de Paiva. Terra de Assis Av. Gen. Osório de Paiva, Rua Jardim Fluminense, Rua Itatiaia, Rua Pitangueira, Av. Gen. Osório de Paiva. Parque Jerusalém Av. Gen. Osório de Paiva, Rua Pitangueiras, Rua Itatiaia, Rua Jardim Fluminense até o Rio Maranguapinho até à Av. Osório de Paiva. Planalto Vitória Segue o Rio Maranguapinho, Rua Martins Lima, Rua Côn. de Castro, Rua das Umarizeiras até o Rio Maranguapinho. De acordo com a Prefeitura, o território do Canindezinho se compõe ao norte do Rio Maranguapinho/Siqueira e do Parque São José (Travessa Pirajuí); ao sul, do município de Maracanaú (Rua Martins Lima); ao leste, da Av. Manuel Sátiro, do Conjunto Esperança, do Parque Santa Rosa e do Parque Presidente Vargas (Av. Cônego de Castro); e ao oeste, dos bairros do Siqueira, Bom Jardim e Granja Portugal (Avenida Gen. Osório de Paiva). 1 Fonte do IDH mundial: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/ranking-idh-global-2013.aspx / Fonte do IDH de Fortaleza: http://www.fortaleza.ce.gov.br/sites/default/files/u2015/25.02.2014_-_pesquisa_finalizada.pdf 12

No Mapa 1 a linha azul é a delimitação do bairro segundo a Prefeitura. As áreas coloridas são as de acordo com o informado pelos moradores. Pelo sentimento do povo o Canindezinho é um pouco maior do que o apresentado pela Prefeitura. Utilizando as ferramentas do Google Earth Pro, Google Maps e o programa QGIS Desktop 2.6.1, é possível estimar a área de cada comunidade do bairro seguindo o sentimento dos moradores (Quadro 1). Infelizmente o Censo não relata os dados da população por comunidade, embora uma estimativa da densidade populacional seja apresentada mais abaixo. Quadro 1: Área em hectares das comunidades do Canindezinho. Comunidade Área (ha) 8 de Dezembro 9,4 Nova Canudos 15,0 Marrocos 30,0 Loteamento Siqueira II 19,9 Parque Jerusalém 108,1 Parque São Vicente 83,0 Planalto Vitória 86,3 Terra de Assis 3,6 Canindezinho 88,3 Total 443,3 13

Mapa 1: Canindezinho "sentimental" e "oficial". 14

2.3 Elementos Históricos da Fundação do Bairro A história bem particular do Bairro Canindezinho tem as suas raízes na confluência de fatores demográficos, econômicos e religiosos. No início do século vinte, a localidade do Canindezinho (nesta época conhecido como Siqueira o mesmo nome do rio que hoje é chamado de Rio Maranguapinho) era de propriedade de famílias tradicionais como a família Benedito Clementino, a família Pedro Martins, a família Sebastião Gabriel, a família João Oscar, a família Guedes Holanda e a família Carioca. As terras eram de vocação agrícola e cortada em propriedades de produção agrícola. As famílias que vinham para ocupar estas terras tinham suas origens no sertão e de certa maneira recriavam a vida sertaneja que conheciam, assim exercendo a agricultura e a criação de pequenos e grandes animais. A nascente do Rio Siqueira se localizava na Serra de Maranguape e o rio atravessava o Grande Bom Jardim no sentido ao mar. Neste rio os moradores tomavam banho, pescavam, lavavam as roupas e desviavam água para as culturas irrigadas. Na década de 30, foram erguidas na beira do rio as primeiras olarias que diversificavam as opções econômicas e ofereciam empregos para as pessoas sem terras agrícolas. As fontes históricas registram a construção de uma capela dedicada a São Francisco de Assis, em 1913, nas terras doadas pela família Saraiva. Outra capela foi construída nas terras do Pedro Martins, em 1918, no nome do mesmo santo. Nesta época a localidade era afastada da cidade de Fortaleza, mas estrategicamente situada no caminho da cidade de Canindé, o famoso destino de romarias. Os romeiros se congregavam e se mobilizavam para a viagem (a pé) à Canindé, e os moradores ao redor das capelas davam lhes apoio. Por ser o mesmo padroeiro da cidade de Canindé, as pessoas que visitavam a capela São Francisco começaram a chamar aquele local de Canindezinho, como uma alusão ao que eles chamavam de Canindé Grande, que era a cidade de Canindé, conta o morador, Sr. Ramalho. Muitas pessoas vinham visitar a capela. Às vezes por não ter condições financeiras ou físicas para irem pagar suas promessas no Canindé, era naquela simples capela que eles faziam as suas preces de agradecimento ao santo. O local assumiu um peso religioso e se tornou um ponto fundamental para o bairro. A comunidade crescente do Canindezinho começou a agregar famílias que vinham do interior por causa destas atividades religiosas e as oportunidades econômicas nas olarias. No início, eram poucas casas que existiam no local e não tinha infraestrutura. A estrada era estreita e as casas eram sempre muito distantes umas das outras. Dona Iolanda foi umas das primeiras moradoras do bairro. Ela conta que sua mãe chegou ao bairro em 1938: Quando minha mãe chegou aqui, só tinham umas duas ou três casas aqui perto de nós. A estrada era bem estreitinha e só passava um carro. Essa estrada era a única via que fazia a ligação do bairro com o distrito de Parangaba da então Fortaleza. A partir da década de 1960, o Canindezinho vem definindo a sua identidade social e aumentando um sentimento de pertencimento no bairro. Agora mais numerosos, os moradores começaram a exigir melhorias como iluminação, água potável, telefone, escolas, posto de saúde e a ampliação da avenida principal, a Av. Gen. Osório de Paiva. Em meados da década de 1970, o bairro foi formalmente denominado de Canindezinho, muito em função da sua relação com a tradição religiosa franciscana, cuja capela tinha como padroeiro, São Francisco. 2 Sua festa tradicional é realizada entre os dias 25 de setembro e 04 2 A fonte destas informações vem do documento importante Bairro Canindezinho emitido em Março de 2004 pelo CDVHS em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão: Gestão Pública e Desenvolvimento Urbano GPDU. Diagnóstico Sócio-Participativo do Grande Bom Jardim. 15

de outubro. Nas celebrações do ano de 1975, a frota do ônibus Uchôa foi abençoada. Entre as linhas de ônibus que esta empresa teria, uma delas seria a São Francisco. A festa do padroeiro era um evento de grande importância para os moradores do Canindezinho e as atividades religiosas reforçava o senso de solidariedade e união entre eles. Nas décadas de 1970 e 1980, em particular, quando o processo de redemocratização tomou rumo, Canindezinho passa por uma fase de urbanização e consolidação como um bairro. A energia elétrica chegou ao bairro em 1986. O abastecimento d água, através da Companhia de Água e Esgotos do Estado do Ceará (CAGECE), chegou ao bairro só no final dessa década. A Avenida General Osório de Paiva, em 1989, segundo dona Iolanda Lima (outra moradora), era asfaltada e estreita, mas em mão dupla. A primeira escola foi a E.E.F.M. Osíres Pontes, na gestão do Gonzaga Mota, mas em território do bairro Bom Jardim, segundo dados da Prefeitura de Fortaleza. A partir deste momento de urbanização, os padrões demográficos são muito condicionados pelo êxodo rural do interior do estado e pelo traslado de famílias mais pobres à periferia em busca de casas. Relevante para este diagnóstico era a ocupação de terras pelas famílias recém-chegadas. Inicialmente, se instalavam nas terras da Igreja ou nas terras públicas. Depois a ocupação atingiu as terras privadas e as áreas de alto risco, como por exemplo, nas beiras do rio. Consequentemente, a maioria das residências foi construída em terrenos sem título de posse e sem o benefício de um planejamento urbano. Hoje em dia, muitos moradores de Canindezinho não têm estabilidade fundiária nem acesso fácil aos serviços públicos (ruas asfaltadas, rede de esgotamento, passagem para a coleta de lixo, etc.). 2.4 Características Ambientais do Bairro O Canindezinho foi marcado por ocupações desordenadas. Assim, suas características naturais foram se modificando a medida que a população ia se apropriando dos espaços. Dessa forma, a vegetação e o relevo natural deram lugar a uma área urbanizada com solos compactados, impermeabilizados, aterrados, muitas vezes com camadas de lixo e entulhos, gerando uma série de danos ambientais à região. Esta modificação do relevo aumentou as áreas inundáveis. O bairro é cortado pelo rio Maranguapinho, que teve suas características alteradas, devido a retirada da mata ciliar, assim aumentando os processos erosivos. Também ocorre o lançamento de efluentes domésticos e industriais, causadores da poluição do rio. No que diz respeito a vegetação, pode-se observar que ela foi praticamente destruída, dando lugar a ocupações/habitações e terrenos baldios que foram sendo transformados em pontos de lixo. A vegetação existente nas margens do rio Maranguapinho foi totalmente removida, provocando uma mudança em toda a dinâmica local e, além disso, essas margens passaram a ser ocupadas para usos diversos, expondo a população a situações de risco. 16

3. ANÁLISE POR COMUNIDADE 3.1 Comunidade 8 de Dezembro 3 (Bairro oficial: Canindezinho) A comunidade foi criada no ano de 1988, e ocupada pelos moradores em regime de mutirão. Antigamente não existia água para o consumo e os moradores pegavam no outro lado do Canindezinho, onde um rapaz que tinha uma cacimba dava água para os moradores. A água da CAGECE foi introduzida em regime de mutirão e todos os moradores pagaram uma taxa para os canos da rua. As valetas também foram cavadas pelos moradores. As missas eram realizadas nas ruas em parceria com a comunidade. Hoje a fonte de renda de alguns moradores vem do artesanato, costura e reciclagem. A fronteira da Comunidade 8 de Dezembro com o município de Maracanaú não está bem definida, e esta dúvida cria dificuldades no atendimento da comunidade pelos órgãos públicos de saúde, educação, infraestrutura e assistência social. Os moradores apelam para que as competências municipais sejam claramente estabelecidas. O mapa da comunidade 8 de Dezembro, marca as localizações dos problemas e soluções identificadas pelos moradores. O Quadro 2, lista os problemas prioritários e as respetivas soluções colhidos pelos moradores da comunidade. Seguem as fotos referentes aos problemas (o número de cada foto corresponde a sua localização no mapa). 3 Na análise das comunidades, todas as informações apresentadas foram prestadas pelos moradores das localidades durantes as entrevistas e oficinas. 17

Mapa 2: Comunidade 8 de Dezembro 18

Quadro 2: Resumo da Comunidade 8 de Dezembro Descrição Situação atual Localização Situação desejada *Escola Alegria Cultural Anexo Esta escola não atende à demanda da comunidade Maracanaú (limite com Canindezinho) Construção de nova escola de tempo integral no terreno próximo ao posto de gasolina Setores Implicados Educação * Terreno Baldio Terreno murado e abandonado Próximo ao posto de gasolina Construção de escola de tempo integral Educação *Ponte Sobre o Rio Siqueira (Maranguapinho) Existe uma ponte de madeira que está em estado precário Sobre o rio, limite de 8 de Dezembro e Planalto Vitória Construção de nova ponte para pedestres e veículos com iluminação Terreno de Mato e Lagoa Poluída que foi aterrada Espaço para encontros de grupos culturais Esgoto a céu aberto existe a galeria pluvial mais não é permitido colocar água de esgotamento Existem grupos culturais mas não existe local para os mesmos ensaiar e fazer apresentações Rua São Luís Comunidade Colocar o esgotamento Construção de um espaço para os grupos culturais Esporte, Cultura e Lazer Terreno Abandonado Terreno com acúmulo de lixo, lugar de uso de drogas e desova de cadáveres. Sítio Canaã Urbanização do terreno e construção de centro de artesanato e empreendedorismo Áreas alagadas Lixo no rio Maranguapinho Ás águas entra nas casas, causa problemas na área de saúde, atrai mosquito e causa problemas de mobilidades. Os moradores jogam lixo dentro do rio Rua Nossa Senhora de Fátima, Perpetuo do Socorro e Marcos Barros Comunidade Melhorar a infraestrutura das ruas Campanha de educação ambiental para a comunidade Meio Ambiente Falta de Curso Profissionalizante Pais não têm condições para pagar passagem para os filhos frequentarem os cursos do CUCA Comunidade Cursos profissionalizantes na escola Alegria Culturais e Don Elder. Escola de tempo integral SDE 19

Descrição Situação atual Localização Situação desejada Setores Implicados Limite entre 8 de Dezembro e o Alto Alegre de Maracanaú Dúvida sobre a fronteira de Maracanaú com Fortaleza dificulta o atendimento da comunidade pelos órgãos públicos de saúde, educação, infraestrutura e assistência social. Limite entre 8 de Dezembro e o Alto Alegre de Maracanaú Definição clara do território para delimitação das áreas de atendimento dos órgãos públicos de saúde, educação, infraestrutura e assistência social. e Mobilidade Urbana * Principais prioridades da comunidade. Foto 1: (117) Sítio Canaã, abandonado, com lixo, uso de drogas e desova de cadáveres. Foto 3: (120) Ponte sobre o Rio Siqueira interligando as comunidades Planalto Vitória e 8 de Dezembro. Foto 2: (16) Escola Alegria Cultural Foto 4: (20) Terreno baldio de propriedade particular próximo ao posto de gasolina. 20

Foto 5: (118) Terreno baldio acúmulo de lixo, cheio de mato e uma lagoa poluída. Foto 6: (204) Dúvida sobre a fronteira de Maracanaú com Fortaleza. 3.2 Comunidade Nova Canudos (Bairro oficial: Siqueira) A Comunidade Nova Canudos foi fundada no final de 1992 por moradores que vieram de outros bairros e cidades. Os primeiros começaram a habitar o local em barracas de plástico, construindo um cômodo nas areias brancas e fazendo o uso da instalação elétrica e de água através de gatos. A primeira conquista foi a água, antes eles usavam água das cacimbas. A segunda foi a energia. Com muita luta e com a ajuda do agente comunitário, Edson, e a candidata a Prefeita, Socorro França, legalizaram as instalações. Existia muita lama e em época chuvosa os trabalhadores tinham que levar os sapatos em uma sacola até o ponto de ônibus, pois só existia ônibus na estrada de Maranguape. Na época não existia violência, a população gostava de ficar até tarde nas calçadas, conversando com os vizinhos. Os padres Combonianos e as irmãs Salvatorianas trouxeram para a comunidade médicos do mundo e construíram um galpão para o atendimento médico que depois passaram para a prefeitura. 21

Mapa 3: Comunidade Nova Canudos 22

Quadro 3: Resumo da Comunidade Nova Canudos Descrição Situação atual Localização Situação desejada * Qualidade da rua Rua de chão batida com enormes buracos, sujeira e enchentes no período chuvoso. R. Cristo Rei, R. Francisco Machado e R. Ipiranga Pavimentação, saneamento básico, despoluição do rio. Setores Implicados * Canal sem limpeza Grande acúmulo de lixo e mato. Entre R. Cristo Rei e R. Maria de Jesus Limpeza, drenagem e saneamento básico * Posto de saúde Atendimento no posto de saúde é inadequado à demanda e falta de respeito aos usuários. Posto Abner Cavalcante Aumento do portão de estacionamento, fiscalização do tratamento dos usuários. Saúde Acesso à escola Escola localizada entre duas lagoas, sem nenhuma infraestrutura de drenagem e iluminação, foco de dengue, grande insegurança para as crianças e professores. Escola Tomaz Muniz Terraplanagem urgente, limpeza urbana, drenagem, saneamento básico e calçamento, câmeras e guarda para a escola. Educação e Qualidade da rua Rua estreita com pavimentação precária, cortada por canal sem bocas de lobo. Rua Benjamin da Silva Rua pavimentada com bocas de lobo desobstruídas Área de risco Quintais com acúmulo de lixo, buracos de água com famílias residentes. * Principais prioridades da comunidade. Travessa das Flores Limpeza do canal, reforma das casas de taipa e projeto de construção. Habitafor, Foto 8: (102) Escola Tomaz Muniz sem infraestrutura e segurança. Foto 7: (150) Rua toda em chão batido com enormes buracos. 23

Foto 9: (99) Rua estreita com pavimentação precária, cortada por um canal com bocas. Foto 11: (153) Rua estreita com pavimentação precária. Foto 10: (98) Posto de Saúde Abner Cavalcante - Estrutura insuficiente para atender as demandas das 8 comunidades, atendimento desumano. Foto 12: (152) Canal que nunca foi feito limpeza e tem muito acúmulo de mato e lixo. 3.3 Comunidade Marrocos (Bairro oficial: Siqueira) Segundo os moradores, Marrocos foi ocupado em 2001 por pessoas que moravam na área e por pessoas que vinham de fora e moravam de aluguel. Tentaram achar o dono do terreno, mas não conseguiram. Assim elaborou-se em 2005 um projeto através do orçamento participativo para trocar casa de taipa por casa de alvenaria. Em 2006 foram feitas 65 casas (de 157 projetadas) e outras casas foram construídas nos anos 2006 e 2007. O projeto parou em 2008 e a CAGECE deixou tudo abandonado e muitas fossas estouradas. A comunidade Marrocos tem 1.200 famílias e 3.500 pessoas. No início, o nome era para ser Planalto Urucutuba, mas na época passava a novela o Clone na TV e a comunidade se parecia muito com Marrocos, então os moradores ficaram muito comovidos com o Marrocos da novela e compararam com a realidade da comunidade, daí eles colocaram o nome Marrocos. 24

Mapa 4: Comunidade Marrocos 25

Quadro 4: Resumo da Comunidade Marrocos Descrição Situação atual Localização Situação desejada * Área de propriedade privada Insegurança quanto à regularização fundiária Comunidade inteira Desapropriação Setores Implicados Habitafor e CRAS * Obras de construção de casas inacabadas Famílias com habitação em situação precária, sem banheiro, sem saneamento básico. Comunidade inteira Conclusão da construção das moradias e regularização fundiária da comunidade Habitafor * Rua de terra batida Chão de terra batida e acúmulo de lixo e mata Acesso à Rua Plínio Baixo Cavalcante, Rua Francisco Maurício. Drenagem e pavimentação Lagoa para tratamento de água Lagoa foi abandonada por CAGECE Rua Plínio Baixo Cavalcante CAGECE retomar os trabalhos na estação de tratamento CAGECE, Ocupação do campo de futebol Campo está sendo ocupado por casas Perto da Rua Sílvio Rocha Deslocar essas famílias para outras casas novas Habitafor Obra de acesso inacabada Rua em obra, nenhuma infraestrutura. Acesso à Rua Maria Núbia e Rua Araújo Cavalcante Conclusão da obra, drenagem e pavimentação. Esgoto a céu aberto Água de esgoto correndo na rua, chão de terra batida, risco para a saúde. Comunidade inteira Saneamento básico e pavimentação Casas sem banheiro As pessoas não têm acesso sanitário adequado e isto pode ocasionar problemas de saúde e poluição ambiental Rua Coronel Sérgio, Rua C e Rua Sandra Regina Cavalcante. Construção de banheiros Caminhão que coleta lixo não entra na comunidade Dificuldade para colocar o lixo nos locais oficiais de coletas Comunidade inteira Facilitar o processo de coleta de lixo dentro da comunidade 26

Descrição Situação atual Localização Situação desejada Setores Implicados Área de lazer Área de lazer com lama e mato Rua Sandra Regina Cavalcante Praça para juventude, Cultura, Lazer e Esporte. Acesso a serviços de saúde Não tem agentes de saúde para acompanhar e orientar os moradores Comunidade inteira Agente de saúde na comunidade Saúde Fábrica de papelão Falta de regularização * Principais prioridades da comunidade Perto da Rua Indiara Promover a reciclagem e regularizar a firma SDE Foto 13: (132) Esgoto a céu aberto. Foto 15: (141) Áreas usadas como lazer com lama e mato. Foto 14: (135) Rua de terra batida, com acúmulo de mato e lama. Foto 16: (142) Área de risco - quintais com seis famílias. 27

Foto 17: (143) Campo de futebol que está sendo ocupado. Foto 18: (145) Lagoa para tratamento de água abandonada. Foto 19: (144) Fábrica de papelão. 3.4 Loteamento Siqueira II (Bairro oficial: Canindezinho) O Senhor Raimundo Nonato foi um dos fundadores da Comunidade Loteamento Siqueira II. Ao chegarem na região, o local era cercado por sítios e não possuía nem luz e água. Retiravam a água do Rio Maranguapinho. Existiam muitas olarias na comunidade das quais os moradores sobreviviam da atividade artesanal, algo muito praticado na época. O único transporte existente na época era o ônibus que fazia a linha Maranguape-Fortaleza. Quando os moradores dirigiam-se para o centro de Fortaleza, diziam que estavam indo para a capital. A estrada era estreita e de piçarra. No dia 19 de julho de1988 fundaram a Comunidade Nossa Senhora das Graças. Três dias depois, reuniram-se com outros moradores do local e discutiram para saber quais os tipos de pessoas habitariam aquele bairro, levantando questões sociais, culturais e religiosas. Na época as missas eram realizadas embaixo de uma mangueira. Com o aumento da população o local ficou pequeno e foi doado um terreno para levantar a igreja para a comunidade. Hoje igreja Nossa Senhora das Graças. 28

Mapa 5: Comunidade Loteamento Siqueira II (Comunidade Nossa Senhora das Graças) 29

Quadro 5: Resumo da Comunidade Loteamento Siqueira II. Descrição Situação atual Localização Situação desejada Setores Implicados * Travessia de pedestre na Av. Osório de Paiva Os moradores sofrem muito para atravessar para o outro lado da Avenida Osório de Paiva Av. Osório de Paiva. Que a prefeitura faça a instalação de um semáforo ou uma passarela próxima da comunidade. * Ponte sobre o rio Maranguapinho As pessoas atravessam o rio Maranguapinho por uma ponte improvisada, construída pelos moradores e em períodos de chuvas a ponte é destruída com o aumento do volume de água. Rio Maranguapinho. Construção de uma ponte de acesso que ligue ao outro lado do rio, ou seja, o Loteamento Siqueira II ao Parque Santa Rosa. *Saneamento Básico Nenhuma das ruas da comunidade têm saneamento e nem drenagem. Na altura do numeral, 189, rua Umarizeras, tem esgoto a céu aberto e muita lama. E muitas pessoas têm adoecido devido ao foco do mosquito da dengue que fica armazenado nesses locais. Toda comunidade. Que todas as ruas tenham saneamento básico e rede de drenagem, asfalto e que o carro fumacê volte a passar na comunidade. Obra do Calçadão. A obra a beira do rio Maranguapinho está abandonada. Rio Maranguapinho. Conclusão da obra. Escola Narciso Pessoa. A escola não atende a demanda da população. Av. Osório de Paiva. Que seja construída uma creche para as crianças da comunidade. Que seja construída uma creche para as crianças da comunidade. Educação Acesso a serviços de saúde. E difícil conseguir atendimento no posto de saúde Siqueira II, faltam médicos, dentistas, medicamento e o atendimento é péssimo. A UPA é o único local que atende bem a população. * Principais prioridades da comunidade. Toda a comunidade. Melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Saúde 30

Foto 20: Travessia de pedestre na Avenida Osório de Paiva. Foto 22: (120) Ponte sobre o Rio Maranguapinho. Foto 21: Obra do Calçadão. Foto 23: Sem saneamento básico. 3.5 Comunidade Parque Jerusalém (Bairro oficial: Canindezinho) A Comunidade Parque Jerusalém surgiu no ano de 1989. Nessa época só existia quatro moradores e tratava-se de um loteamento. Os moradores contaram com a ajuda de uma vereadora para obter energia elétrica o qual foi motivo de grande festa em 1991. Com a ajuda de outro vereador, conseguiram um chafariz, e depois de muita luta obtiveram a água potável. Houve um aumento da violência no bairro, principalmente na Rua dos Trevos. Eles conseguiram uma cabine de segurança com intervenção do governo. Também não existia transporte na comunidade. Depois de muita luta de três lideranças Dona Regina, Dona Bernadete e Dona Ritinha realizaram um movimento para conseguir os transportes que existem hoje nas comunidades do Parque Jerusalém, Parque São Vicente e Jardim Fluminense. 30

Mapa 6: Comunidade Parque Jerusalém 31

Quadro 5: Resumo da Comunidade Parque Jerusalém Descrição Situação atual Localização Situação desejada *Esgoto a céu aberto Além do mau cheiro e aparência desagradável, as doenças causadas, podem variar destes simples sintomas como dores de cabeça, musculares, febres, bem como, doenças mais graves que podem até mesmo levar a morte. Toda a comunidade Melhorar a estrutura da rede de drenagem e fazer pavimentação das ruas Setores Implicados *Posto de saúde Obra do posto Parque Jerusalém Rua dos Trevos e Rua 1 Que logo após a entrega da obra o posto comece a funcionar. Capacitação para fortalecimento dos conselheiros (as) seja feito pelo cesau, porque não generalizando tem uns conselheiros que entra e nem sabe qual o seu papel ou responsabilidade e prejudica e o povo e gestão. Saúde *Creche Todas as cresches devem ser tempo integral, pois como famílias podem trabalhar se o menino só fica um período. Comunidade Parque Jerusalém Construção de uma creche. Educação *Cras O CRAS do Canindezinho é muito distante da comunidade. Comunidade Parque Jerusalém Construção de um CRAS na comunidade SETRA *Terreno baldio Terreno com acúmulo de lama e lixo, que quando chove acumula água e tornase o um foco para várias doenças, entre elas a dengue. Todas as ruas Limpeza do mato, boca de lobo e educação ambiental. e Educação Acesso à escola Escola muito distante para os alunos Escola São Francisco de Assis Fornecimento de transporte escolar e construção de mais escolas Educação 32

Descrição Situação atual Localização Situação desejada Escola com estrutura inadequada O prédio tem acústica insuportável que prejudica a aprendizagem dos alunos e a saúde dos funcionários, não tem saída de emergência e nem extintor. Nos dias de feiras a frequência dos alunos é baixa. Escola Florival Alves Seraine Reforma da escola. Setores Implicados Educação Obra inacabada Obra de calçadão parada Rio Maranguapinho Conclusão da obra Ruas alagadas Acúmulo de lixo e mato Ciclovia Retirada do retorno Escola de difícil acesso Falta de áreas de lazer para os jovens Durante a chuva muitas ruas são intransitáveis Crescimento da população de ratos e baratas. Aumento de focos para a reprodução do mosquito da dengue. Existe um processo há anos na regional v para reestrutura e colocar saída das águas fluviais, pois quando chove e um tanque. Obs. Onde fala se tanto de mobilidade e se cria ciclovia e que a temos e abandonada. Porque é o retorno dos acidentes e mortes. Chão batido, buracos e lama em período de chuvas. Não existe espaço público dedicado ao esporte, cultura e lazer. Toda a comunidade Toda a comunidade Av. Osorio De Paiva Av. Osorio De Paiva Escola de Francisca de Abreu Lima Toda a comunidade Saneamento, calçamento, iluminação. Melhorar o serviço de Limpeza e coleta de lixo Colocar ao longo da ciclovia e av. Osório de Paiva plantas ypê de todas as cores para dar um colorido em nosso bairro. Coloca de frente o muro da carbomil onde não seja saída de rua l. Drenagem e pavimentação em frente da escola Construção de campos e espaços de cultura e lazer. E cursos profissionalizantes. e Educação, Esporte e Lazer. Ponte sobre o Rio Maranguapinho Ponte escura sem iluminação, insegurança, ameaça de desabamento. Av. Cônego de Castro Conclusão da obra, Segurança Insegurança Muitos assaltos, violência e prostituição. Toda a comunidade Policiamento preventivo fazendo Ronda dentro da comunidade Segurança 33

Descrição Situação atual Localização Situação desejada Restaurante Popular O restaurante popular da Parangaba não tem condições de anteder a demanda da população. * Principais prioridades da comunidade. Prédio da carbomil em frente a vila olímpica Restaurante em todas as Regionais mais o do grande bom jardim Setores Implicados SETRA Foto 24: (93) A estrutura prejudica os professores e alunos. Foto 26: (95) Escola Francisca de Abreu Lima - de difícil acesso. Foto 25: Terreno baldio com acúmulo de lixo e lama. Foto 27: (167) Obra parada no calçadão. Foto 28: Esgoto a céu aberto. Foto 29: (166) Ponte sem iluminação. 34

Foto 30: (169) Acúmulo de lixo e lama. Foto 31: (170) Obra do posto de saúde parque Jerusalém 3.6 Comunidade Parque São Vicente (Bairro oficial: Siqueira e Bom Jardim) A Comunidade Parque São Vicente surgiu no ano de 1960 como Loteamento Jardim das Oliveiras até a década de 1970. A partir de então a comunidade passou a ser conhecida com Canindezinho até 2010. Pertencia ao bairro do Canindezinho mais pela questão religiosa. Com o crescimento demográfico e a organização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a igreja foi ficando distante e a comunidade fundou a sua própria igreja com o padroeiro São Vicente. O ônibus era na praça da igreja. Essa comunidade teve a participação das organizações dos Padres Combonianos, Comunidades Eclesiais de Base e Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS). 35

Mapa 7: Comunidade Parque São Vicente 36

Quadro 6: Resumo da Comunidade Parque São Vicente Descrição Situação atual Localização Situação desejada * Ruas com buracos e canal de drenagem obstruído. Ruas com dificuldade de transitar devido aos buracos Av. Alves Bezerra Pavimentação Setores Implicados * Tubulação de esgotamento sanitário quebrada Não ocorre o escoamento adequado das águas pluviais. Av. Alves Bezerra Consertar a tubulação. Desobstrução das galerias pluviais existentes e implantação de um sistema de drenagem e de sistema de esgotamento sanitário. * Terreno baldio Acúmulo de lixo Rua Senhor do Bonfim e Av. Gen. Osório de Paiva e Mata da Viúva com a Rua José Maurício. Limpeza urbana * Adolescentes e jovens ociosos. Adolescentes e jovens sem espaço para o desenvolvimento de cultura, esporte e lazer. Toda a comunidade Construção de praça com academia ao ar livre, ginásio poliesportivo e areninha ao lado da creche Chico Anísio. e Cultura, Esporte e Lazer. * Avanço de construções sobre Av. Alves Bezerra Estreitamento da Avenida e calçada que impede o tráfego de veículos e pedestres. Av. Alves Bezerra Reconstituir o projeto original da Avenida. * Vila Olímpica abandonada Situação de abandono e crianças, adolescentes e jovens sem atividades. Vila Olímpica Reabrir e articular as suas atividades com os CUCAs. Cultura, Esporte e Lazer, Governo do Estado. CEI Criança Esperança Retirada do tempo integral, mães são obrigadas a tirar os filhos da creche. Rua Divina Nova creche de tempo integral Educação 37

Crianças e adolescentes estudando em locais distante. Mães tem dificuldade de levar os filhos para as escolas. Toda comunidade do Parque São Vicente Construção de creches e escolas dentro da comunidade Educação CEI Chico Anísio Insuficiente para atender à demanda, exposto à violência da Comunidade Marrocos. Rua sesburacada, muro baixo, faltam professores e funcionários. Atrás da comunidade de Marrocos Aumentar os muros, mais segurança, faixa de pedestre. Educação, Segurança Canal a céu aberto e poluído Água poluída deixa a saúde em risco, mau cheiro e foco para mosquito. Rua Padre Renato até Rua Alves Bezerra Limpeza do canal, cobertura do canal. Ruas com buracos e canal de drenagem obstruído. Ruas com dificuldade de transitar devido aos buracos Av. Alves Bezerra Pavimentação Alagamento e esgoto a céu aberto Acúmulo de lixo, mato e lama. Ao longo da Rua Vanda Cidade (Escola Tomaz Muniz) e Rua Divina. Limpeza, pavimentação, drenagem e saneamento básico. Calçamento mal feito Calçamento impede mobilidade Rua José Maurício Final de Av. Alves Bezerra, R. Divina Pavimentação, melhorar a mobilidade urbana. Calçamento inacabado Tem muita lama e dificuldade de passagem da Rua José Maurício para a comunidade Tatumundé Rua José Maurício Concluir a pavimentação e construir uma ponte ligando a Rua José Maurício com Tatumundé. Risco na travessia da Av. Gen. Osório de Paiva. Tráfego de veículo intenso, sem sinal, sem faixa de pedestre e passarela. Avenida Gen. Osório de Paiva. Sinal com faixa de pedestre ou passarela Obra do posto de saúde parada Inauguração prevista para maio 2014, agora a obra está paralisada. Posto de Saúde Manoel Sátiro Retomada do posto Saúde 38