I N F O R M A T I V O CONSIDERAÇÕES E PONTOS DE ATENÇÃO NAS INSTRUÇÕES CVM Nº. 578 E 579, DE

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Transcrição:

I N F O R M A T I V O CONSIDERAÇÕES E PONTOS DE ATENÇÃO NAS INSTRUÇÕES CVM Nº. 578 E 579, DE 30.08.2016 1. Introdução Por meio da Instrução CVM n 578 ( Instrução CVM 578 ) e da Instrução CVM nº 579 ("Instrução CVM 579" e, em conjunto com a Instrução CVM 578, as "Instruções"), ambas de 30 de agosto de 2016, a Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ) promoveu as alterações das regras atualmente aplicáveis à indústria de Private Equity no Brasil, substancialmente na constituição, funcionamento e administração dos Fundos de Investimento em Participações ( FIPs ), bem como estabeleceu as regras aplicáveis à elaboração e divulgação das demonstrações contábeis dos FIPs. As novas Instruções são consequência do Edital de Audiência Pública SDM Nº 05/2015, e do Edital de Audiência Pública SNC Nº 03/15, que reuniram os comentários dos participantes do mercado de valores mobiliários, com a intenção de aproximar as regras aplicáveis à indústria brasileira de Private Equity às práticas internacionais, além de refletir a atual realidade operacional da indústria às minutas das Instruções. A Instrução CVM 578 revogou, dentre outras instruções da CVM, a Instrução CVM nº 391, de 16 de julho de 2003 ( Instrução CVM 391 ), passando a regular a constituição, administração, funcionamento e divulgação de informações dos FIPs e suas respectivas categorias. A Instrução CVM 579, por sua vez, estabeleceu os critérios contábeis de reconhecimento, classificação e mensuração de ativos e passivos, reconhecimentos de receitas, apropriação de despesas e divulgação de informações nas demonstrações contábeis dos FIPs. 2. Principais inovações trazidas pela Instrução CVM 578 2.1. Ativos Elegíveis a Investimentos pelos FIPs A Instrução CVM 578 introduziu, através de seu art. 5º, o rol de ativos elegíveis 1 a 1 Art. 5º O FIP, constituído sob a forma de condomínio fechado, é uma comunhão de recursos destinada à aquisição de ações, bônus de subscrição, debêntures simples, outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, bem como títulos e valores mobiliários representativos de 1

receber investimentos pelos FIPs ( Ativos Elegíveis ), além de permitir a aquisição de cotas de outros FIPs, conforme será abordado adiante em nossos itens de destaque. 2.1.1. Debêntures Simples Atendendo a demanda dos participantes do mercado, a CVM estabeleceu, através da Instrução CVM 578, a possibilidade de investimento pelos FIPs em debêntures simples dentre o rol dos Ativos Elegíveis, sendo ainda necessário, contudo, a participação do respectivo FIP no processo decisório da companhia emissora das debêntures simples, nos termos gerais para tanto estabelecidos na Instrução. Não obstante ao disposto acima, o investimento em debêntures simples pelos FIPs estará sujeito ao limite de até 33% (trinta e três por cento) do total do capital subscrito do respectivo FIP, com exceção dos FIPs classificados como FIP- Infraestrutura e FIP- Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (conforme abordados adiante), que não estarão sujeitos à observância deste limite. 2.1.2. Sociedades Limitadas A Instrução CVM 578 inovou ao possibilitar o investimento pelos FIPs em títulos e valores mobiliários representativos de participação em sociedades limitadas 2. À luz do entendimento da CVM disposto no Relatório de Audiência Pública SDM nº 05/2015, a possibilidade de investimento pelos FIPs em sociedades limitadas tem por objetivo o desenvolvimento de empresas consideradas startups e de pequeno porte em diferentes segmentos de negócios, razão pela qual a Instrução CVM 578 estabelece que esta modalidade de investimento obedecerá ao limite máximo de receita bruta anual previsto para as sociedades investidas pela categoria FIP Capital Semente (conforme abordada adiante). 2.1.3. Cotas de outros FIPs Ainda, a Instrução CVM 578 extinguiu a classificação dos fundos de investimento em cotas de fundos de investimento em participações (FIC-FIP), ao permitir, através participação em sociedades limitadas, que deve participar do processo decisório da sociedade investida, com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão. 2 Notem que a redação da referida Instrução não trata de investimento em quotas de sociedades limitadas, embora nos pareça ter sido a intenção da CVM ao autorizar este tipo de investimento. 2

de seu art. 13 3, que os FIPs invistam em cotas de outros FIPs para fins de atendimento ao limite mínimo de enquadramento da carteira dos FIPs, por sua vez previsto no art. 11 da referida norma, o qual estabelece que, no mínimo, 90% (noventa por cento) do patrimônio líquido dos FIPs deverão ser investidos em Ativos Elegíveis. Não obstante ao disposto acima, FIPs investidores deverão consolidar as aplicações dos FIPs investidos para fins de apuração dos limites de concentração da carteira, conforme previsto no 1º do referido art. 13, exceto se tais FIPs investidos forem geridos por terceiros que não sejam ligados aos administradores ou aos gestores dos FIPs investidores. 2.2. Direitos Econômico-Financeiros às Classes de Cotas A Instrução CVM 578 trouxe à regulamentação aplicável aos FIPs a possibilidade de atribuição de distintos direitos econômico-financeiros a uma ou mais classe de cotas dos FIPs ( Direitos Econômico-Financeiros ), exclusivamente quanto (i) à fixação das taxas de administração e de gestão, e (ii) à ordem de preferência no pagamento dos rendimentos, das amortizações ou do saldo de liquidação do respectivo FIP, através de seu art. 19, 2º 4. Anteriormente, durante a vigência da Instrução CVM 391, apenas era possível a atribuição de Direitos Econômico- Financeiros quanto à fixação das taxas de administração e de performance do respectivo FIP. Com efeito e, atendendo ao pleito dos participantes do mercado, a Instrução CVM 578 permitiu, também, aos FIPs que (i) sejam destinados à Investidores Profissionais, nos termos do artigo 9º-A da Instrução CVM nº 539, de 13 de novembro de 2013 5, ou (ii) obtenham apoio financeiro direto de organismos de 3 Art. 13. Os FIP podem investir em cotas de outros FIP ou em cotas de Fundos de Ações Mercado de Acesso para fins de atendimento ao limite mínimo de 90% referido no caput do art. 11. 1º Os FIP investidores são obrigados a consolidar as aplicações dos fundos investidos, inclusive para fins de apuração dos limites de concentração da carteira, exceto as aplicações em fundos geridos por terceiros não ligados ao administrador ou ao gestor do FIP investidor. 4 Art. 19. As cotas do fundo correspondem a frações ideais de seu patrimônio, são escriturais, nominativas, e conferem iguais direitos e obrigações aos cotistas. (...) 2º O regulamento do fundo pode atribuir a uma ou mais classe de cotas distintos direitos econômico-financeiros, exclusivamente quanto: I à fixação das taxas de administração e de gestão; e II à ordem de preferência no pagamento dos rendimentos, das amortizações ou do saldo de liquidação do fundo. 5 Art. 9º-A São considerados investidores profissionais: I instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil; II companhias seguradoras e sociedades de capitalização; III entidades abertas e fechadas de previdência complementar; 3

fomento nos termos do art. 10 da Instrução CVM 578, a possibilidade de atribuição de distintos Direitos Econômico-Financeiros além daqueles mencionados no parágrafo anterior. Adicionalmente às inovações descritas acima, a Instrução CVM 578 também passou a prever que a emissão de cotas de uma mesma classe dos FIPs poderá ser dividida em séries, a fim de possibilitar que sejam estabelecidas para cada série diferentes datas de integralização, amortização e remuneração. 2.3. Classificação dos FIPs De acordo com o art. 14 da Instrução CVM 578, os FIPs deverão ser classificados em uma das categorias especificadas adiante, de acordo com a composição de suas carteiras, conforme também resumidas no quadro que elaboramos ao final desta seção. 2.3.1. FIP Capital Semente Com o objetivo de incentivar o investimento em empresas de micro e pequeno porte, incluindo startups, a Instrução CVM 578 introduziu a categoria FIP Capital Semente, por meio da qual o fundo deverá investir em companhias ou sociedades limitadas que apresentem receita bruta anual de até R$ 16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais), e estando estas sociedades, inclusive, dispensadas de seguir as práticas de governança previstas no art. 8º 6 da referida norma. IV pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor profissional mediante termo próprio, de acordo com o Anexo 9-A; V fundos de investimento; VI clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM; VII agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios; VIII investidores não residentes. 6 Art. 8º As companhias fechadas referidas no art. 5º devem seguir as seguintes práticas de governança: I proibição de emissão de partes beneficiárias e inexistência desses títulos em circulação; II estabelecimento de um mandato unificado de até 2 (dois) anos para todo o Conselho de Administração, quando existente; III disponibilização para os acionistas de contratos com partes relacionadas, acordos de acionistas e programas de opções de aquisição de ações ou de outros títulos ou valores mobiliários de emissão da companhia; IV adesão a câmara de arbitragem para resolução de conflitos societários; V no caso de obtenção de registro de companhia aberta categoria A, obrigar-se, perante o fundo, a aderir a segmento especial de bolsa de valores ou de entidade administradora de mercado de balcão organizado que assegure, no mínimo, práticas diferenciadas de governança corporativa previstas nos incisos anteriores; e VI auditoria anual de suas demonstrações contábeis por auditores independentes registrados na CVM. 4

Nos casos em que, após o investimento pelo FIP Capital Semente, a receita bruta anual da sociedade investida exceda ao limite de R$ 16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais), conforme apuração ao final do respectivo exercício social, a sociedade investida deverá, no prazo de 2 (dois) anos contados a partir da data de encerramento do referido exercício e, enquanto a sua receita bruta anual não exceder a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), (i) atender às práticas de governança previstas no art. 8º da Instrução CVM 578, incisos III, V e VI, ou (ii) atender integralmente às referidas práticas previstas no art. 8º supracitado, quando a receita bruta anual exceder R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). 2.3.2. FIP Empresas Emergentes O FIP Empresas Emergentes deverá investir em companhias que apresentem receita bruta anual de até R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), e estando estas sociedades, ainda, dispensadas de seguirem as práticas de governança previstas nos incisos I, II e IV do art. 8º da Instrução CVM 578. Nas hipóteses em que o limite da receita bruta anual estabelecido acima seja excedido, conforme apuração ao final do respectivo exercício social, a companhia investida pelo FIP Empresas Emergentes deverá atender integralmente às práticas de governança previstas no artigo 8º supracitado, no prazo de até 2 (dois) anos contados a partir da referida data de encerramento do exercício social. Consequentemente, a Instrução CVM 578 revogou a Instrução CVM nº 209, de 25 de março de 1994, que dispunha sobre a constituição, o funcionamento e a administração dos Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes ( FMIEEs ), passando os FMIEEs a serem regulamentados pela referida Instrução CVM 578, e devendo se adaptar dentro do prazo previsto no item 4 deste Informativo. 2.3.3. FIP- Infraestrutura ( FIP-IE ) e FIP- Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação ( FIP- PD&I ) Com relação ao FIP-IE e o FIP-PD&I, estes deverão manter seus respectivos patrimônios líquidos investidos nos Ativos Elegíveis que sejam, estritamente, de emissão de companhias abertas ou fechadas, e que desenvolvam, respectivamente, novos projetos de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação no território nacional, nos setores de energia, transporte, água e saneamento básico, irrigação e outras áreas tidas como prioritárias pelo Poder Executivo Federal, não permitindo a Instrução CVM 578, 5

portanto, que o FIP-IE ou o FIP-PD&I realizem investimentos em sociedades limitadas. A Instrução CVM 578 estabelece também que, tanto o FIP-IE como o FIP-PD&I devem ter, no mínimo, 5 (cinco) cotistas, sendo que cada cotista não poderá deter mais de 40% (quarenta por cento) das cotas emitidas pelo respectivo FIP ou auferir rendimento superior a 40% (quarenta por cento) do rendimento do fundo, dispondo, por fim, que ambos os FIP-IE e FIP-PD&I deverão, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da obtenção do registro de funcionamento na CVM, iniciar suas atividades e se adequar ao percentual mínimo de enquadramento de 90% (noventa por cento), conforme regra estabelecida e aplicável aos demais FIPs no art. 11 da referida norma. 2.3.4. FIP Multiestratégia Atendendo aos pleitos dos participantes do mercado para que fosse criada uma categoria de FIP que pudesse se utilizar dos benefícios regulatórios aplicáveis às demais categorias estabelecidas pela Instrução CVM 578, a CVM instituiu a categoria FIP Multiestratégia, que poderá alocar seus recursos em Ativos Elegíveis de emissão de sociedades e companhias de diferentes tipos e portes. 2.4. Investimento no Exterior Com o advento da Instrução CVM 578 e, em inovação às regras dos FIPs previstas na Instrução CVM 391, a CVM possibilitou que as categorias dos FIPs invistam, direta ou indiretamente, até 20% (vinte por cento) de seu capital subscrito em ativos no exterior que sejam de mesma natureza econômica dos Ativos Elegíveis ( Ativos no Exterior ). Ainda, a Instrução CVM 578 estabeleceu que o FIP Multiestratégia, exclusivamente, poderá investir até 100% (cem por cento) de seu capital subscrito em Ativos no Exterior, desde que (i) preveja esta possibilidade de forma expressa em seu regulamento, (ii) seja destinado exclusivamente a Investidores Profissionais, e (iii) utilize o sufixo Investimento no Exterior em sua denominação. Para tanto, de acordo com a Instrução CVM 578, considera-se Ativo no Exterior quando o emissor (i) possuir sede no exterior, ou (ii) possuir sede no Brasil e ativos localizados no exterior que correspondam a 50% (cinquenta por cento) ou mais daqueles constantes das suas demonstrações contábeis. 6

Não obstante a faculdade de investimento em Ativos no Exterior, a participação dos FIPs no processo decisório da sociedade investida localizada no exterior deve ser assegurada pelo gestor do respectivo FIP, com a efetiva influência na definição de sua política estratégica e gestão da referida sociedade, o que poderá ser feito por meio do administrador ou gestor do veículo intermediário utilizado para o investimento nos Ativos no Exterior. 2.5. Quadro-resumo das categorias dos FIPs Categoria Tipos de Sociedades Investidas Foco das Sociedades Investidas Deve observar as Práticas de Governança do Art. 8º? Limite para Inv. no Exterior (% do capital subscrito) Capital Semente S.A. e Ltda. Micro, pequeno porte e Startups. Receita bruta anual da Investida: < que R$ 16 MM: dispensada; < que R$ 300 MM: parcialmente; > que R$ 300 MM: integralmente. Até 20% Empresas Emergentes IE e PD&I 7 S.A. e Ltda. S.A. Companhias que apresentem receita bruta de até R$ 300 MM/ano Companhias que desenvolvam projetos em áreas tidas como prioritárias pelo Poder Executivo Federal 8 Receita bruta anual da Investida: < que R$ 300 MM: parcialmente; > que R$ 300 MM: integralmente. Até 20% Sim Até 20% Multiestratégia S.A. e Ltda. Sociedades de diferentes tipos e portes. Faz jus às mesmas dispensas das demais categorias. Até 100% 9 7 Mínimo, 5 cotistas, sendo que cada cotista não poderá deter mais de 40% das cotas emitidas pelo FIP, ou auferir rendimento superior a 40% do rendimento do FIP, e devem, no prazo de 180 dias contados da obtenção do registro de funcionamento na CVM, iniciar suas atividades e se enquadrarem ao percentual mínimo de 90% conforme estipulado pelo art. 11 da ICVM 578. 8 Companhias que desenvolvam projetos de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação no território nacional, em determinados setores, outras áreas tidas como prioritárias pelo Poder Executivo Federal. 9 Desde que o FIP seja destinado a Investidores Profissionais 7

2.6. Responsabilidades dos prestadores de serviços dos FIPs Ao estipular as responsabilidades dos prestadores de serviços dos FIPs, a Instrução CVM 578 ampliou a atuação do gestor (i.e., em comparação às disposições previstas na Instrução CVM 391) e estabeleceu, ainda, que os prestadores de serviços dos FIPs contratados responderão perante a CVM, na esfera de suas respectivas competências, por seus próprios atos e omissões contrários à lei, ao regulamento do fundo ou às disposições regulamentares aplicáveis. Importante ressaltar que, não obstante ao disposto no parágrafo anterior, apenas os contratos de prestação de serviços firmados entre o administrador do FIP com o prestador de serviço de (i) tesouraria, (ii) atividades de controle e processamento dos ativos, e (iii) escrituração da emissão e resgate de cotas, deverão conter cláusula que estipule a responsabilidade solidária entre o administrador do respectivo FIP e respectivos prestadores de serviços contratados pelo fundo, por eventuais prejuízos causados aos cotistas em virtude de condutas contrárias à lei, ao regulamento ou aos atos normativos expedidos pela CVM. 2.7. Regime Informacional Outro ponto de destaque na Instrução CVM 578 foi o aumento do prazo para divulgações de informações semestrais e anuais, de 60 (sessenta) e 120 (cento e vinte) dias, respectivamente, conforme previsão na Instrução CVM 391, para 150 (cento e cinquenta) dias em ambos os casos, contados do encerramento do semestre e exercício social a que se referem. 3. Principais destaques da Instrução CVM 579 Anteriormente à Instrução CVM 579, não existia uma norma contábil específica para os FIPs. Com a edição da Instrução CVM 579, a CVM estabeleceu os critérios contábeis dos FIPs, tais como os de reconhecimento, classificação e mensuração de ativos e passivos, assim como os de reconhecimento de receitas, apropriações de despesas e divulgação de informações nas demonstrações contábeis dos FIPs. Dentre as disposições da Instrução CVM 579, destaca-se a definição de critérios alinhados àqueles previstos nas normas internacionais de contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB), assim definidas como Entidades de Investimento ou Não Entidades de Investimento, que serão 8

utilizadas para fins de se determinar os critérios específicos de mensuração dos ativos dos FIPs. Para os FIPs qualificados como Entidades de Investimento, assim entendidos aqueles que, dentre outros requisitos, (i) obtenham recursos de um ou mais investidores com a finalidade de atribuir a gestão da carteira do FIP a um gestor devidamente habilitado pela CVM, e (ii) que não confiram qualquer ingerência aos cotistas com relação às tomadas de decisão de investimentos e representação do FIP junto às sociedades investidas, a mensuração dos investimentos se dará pelo valor justo 10, enquanto que aos FIPs qualificados como Não Entidades de Investimento, a mensuração se dará pelo método de equivalência patrimonial, seguindo a norma contábil que trata de investimento em coligada, controlada, e em empreendimentos e negócios controlados em conjunto. 4. Data de Vigência, Prazo para Adaptação e Período de Transição A Instrução CVM 578 entrou em vigor na data de sua publicação, ou seja, em 30 de agosto de 2016 ( Data da Publicação ). Os FIPs e os FMIEEs que já tenham obtido registro de funcionamento até a data da publicação da Instrução CVM 578, inclusive, devem se adaptar à nova norma (i) em até 12 (doze) meses após a Data da Publicação, ou (ii) imediatamente, caso iniciem oferta pública de cotas registrada ou dispensada de registro na CVM após a Data da Publicação. A Instrução CVM 579, por sua vez, entrou em vigor na data de sua publicação, ou seja, em 30 de agosto de 2016, contudo será aplicada aos períodos contábeis iniciados em ou após 1º de janeiro de 2017. 5. Pontos de atenção na Instrução CVM 578 Abordaremos a seguir determinados aspectos que nos chamaram atenção a partir da leitura da Instrução CVM 578, e que entendemos que merecem destaque, em razão da cautela necessária que deverá ser tomada durante o processo de adaptação dos FIPs. 10 Instrução CVM 579, art. 3º, 1º: 1º O valor justo dos investimentos deve refletir as condições de mercado no momento de sua mensuração, entendido como a data do reconhecimento inicial, de apresentação das demonstrações contábeis ou aquela em que informações sobre o patrimônio do fundo são divulgadas ao mercado. 9

5.1. Emissões Privadas de Cotas A partir da edição da Instrução CVM 578, os FIPs poderão realizar emissões privadas de cotas destinadas aos seus cotistas, desde que (i) as cotas emitidas por este mecanismo não sejam admitidas à negociação em mercados organizados; e (ii) ocorra o cancelamento automático das cotas que não tenham sido colocadas junto aos cotistas do respectivo FIP, conforme previsão do Art. 22, 1º da referida norma 11 ( Emissão Privada ), não se qualificando, portanto, como oferta pública à luz da regulamentação da CVM aplicável. A partir disto, podemos observar que, por não se caracterizar como uma oferta pública, a realização de Emissão Privada não deverá ensejar na obrigação de adaptação à Instrução CVM 578 pelos FIPs que se utilizarem deste mecanismo, observado, contudo, o prazo máximo para adaptação de 12 (doze) meses após a Data da Publicação. 5.2. Alteração da Política de Investimento dos FIPs durante o processo de adaptação à Instrução CVM 578 Dentre as regras de adaptação previstas na Instrução CVM 578, chamamos a atenção para o disposto no 5º do Art. 58 12 da referida Instrução. Tal dispositivo institui que as alterações promovidas no regulamento dos FIPs durante o processo de adaptação para incluir prerrogativas ou ampliar limites nos termos da Instrução CVM 578, deverão ser realizadas por meio de assembleia geral e respeitar o quórum de aprovação previsto nos respectivos regulamentos. Adicionalmente, para as alterações promovidas no regulamento que sejam pertinentes à política de investimento do respectivo FIP, será necessária a aprovação da totalidade dos cotistas do fundo reunidos em assembleia geral. A referida exigência da aprovação pela totalidade de cotistas do FIP quando se tratar de alterações em sua política de investimento deu-se através do pleito do mercado, quando da realização da Audiência Pública SDM nº 05/15, baseado no objetivo de 11 Art. 22.(...) 1º Para fins desta Instrução, não se qualifica como oferta pública a emissão de cotas destinada aos cotistas do fundo, desde que: I as cotas não sejam admitidas à negociação em mercados organizados; e II as cotas não colocadas junto aos cotistas sejam automaticamente canceladas. 12 Art. 58. Esta Instrução entra em vigor na data de sua publicação. (...) 5º Caso o administrador pretenda promover alterações no regulamento para incluir prerrogativas ou ampliar limites nos termos facultados por esta Instrução, será necessária a aprovação dos cotistas reunidos em assembleia geral instalada em conformidade com o regulamento do fundo, salvo na ocorrência de alterações na política de investimentos do fundo, as quais dependerão da aprovação da totalidade dos seus cotistas. 10

evitar que cotistas de um determinado FIP se vissem expostos a novos riscos trazidos através do processo de adaptação, sem que estivessem de acordo com tais novos riscos. 5.3. Realização de adiantamentos para futuro aumento de capital ( AFAC ) Atendendo aos pleitos dos participantes do mercado para que houvesse previsão na norma da possibilidade dos FIPs realizarem AFACs nas sociedades investidas, a Instrução CVM 578 inovou ao permitir a realização destes adiantamentos nas companhias abertas ou fechadas investidas pelos FIPs, através do 1º do Art. 5º da referida norma, desde que (i) o FIP possua investimento em ações da companhia na data da realização do AFAC; (ii) a possibilidade de realização de AFAC esteja prevista no regulamento do FIP; (iii) seja vedada qualquer forma de arrependimento do AFAC por parte do FIP; e (iv) o AFAC seja convertido em aumento de capital da companhia investida em, no máximo, 12 (doze) meses. Relativamente ao prazo para conversão do AFAC em aumento de capital mencionado no item (iv) do parágrafo anterior, alertamos a existência do Parecer Normativo do Coordenador do Sistema de Tributação CST nº 17, de 20.08.1984, ( Parecer Normativo CST 17/84 ), refletindo o entendimento da Receita Federal do Brasil ( RFB ) aplicável aos AFACs realizados por pessoas jurídicas investidoras para sociedades coligadas, interligadas e controladas, o qual dispõe que a conversão do AFAC em capital deve ser formalizada no primeiro ato formal da sociedade coligada, interligada ou controlada, que ocorra imediatamente após o recebimento dos recursos financeiros, seja assembleia geral extraordinária (AGE), para as sociedades por ações, ou alteração contratual para as demais sociedades. No entanto, segundo o entendimento disposto no Parecer Normativo CST 17/84, caso a respectiva sociedade não tenha realizado qualquer ato formal, o prazo máximo para conversão do AFAC em aumento de capital será de até 120 (cento e vinte) dias, contados a partir do encerramento do período-base em que a sociedade tenha recebido os recursos financeiros. Embora os FIPs não tenham sido diretamente abordados pelo Parecer Normativo CST 17/84, observamos uma possível inconsistência entre os entendimentos da RFB e CVM com relação ao prazo e/ou exato momento que os recursos recebidos à título de AFAC deverão ser convertidos em aumento de capital. Portanto, chamamos a atenção com relação a este ponto que consideramos ser bastante pertinente às atividades dos administradores e gestores de FIPs. 11

5.4. Divulgação dos resumos das decisões e das atas de Assembleias dos FIPs Com a edição da Instrução CVM 578, os administradores dos FIPs estarão obrigados a divulgar aos cotistas do respectivo fundo e à CVM (i) o sumário das decisões tomadas na assembleia geral ordinária ou extraordinária, no mesmo dia de sua realização, no caso dos FIPs cujas cotas estejam admitidas à negociação em mercados organizados, bem como (ii) a ata de assembleia geral de cotistas do respectivo FIP, em até 8 (oito) dias após a sua ocorrência, para todos os FIPs, sem quaisquer restrições. Notem que a obrigação de divulgação do sumário das decisões tomadas em qualquer assembleia trata-se de inovação trazida pela norma. Isso porque, enquanto que a obrigação de divulgação de atas, durante a vigência da Instrução CVM 391, era restrita às atas de assembleia de cotistas que tratassem de determinadas matérias (tais como alteração de regulamento, fusão, incorporação, etc), com a edição da Instrução CVM 578 tal obrigação passou a se aplicar a toda e qualquer matéria deliberada nas assembleia gerais de cotistas dos FIPs, o que nos leva a chamar a atenção aos termos e conteúdo das informações que constarão nas atas, visto que serão acessíveis a qualquer pessoa através do website da CVM. 6. Conclusões Observamos que a CVM buscou, claramente, modernizar a regulamentação aplicável à indústria brasileira de Private Equity ao editar as Instruções CVM 578 e 579 - assim como o fez recentemente para as normas aplicáveis a outros tipos de fundos de investimento - de modo a (i) aproximá-la das práticas adotadas pela indústria internacional e, concomitantemente, (ii) adaptá-la à realidade operacional da indústria brasileira, conforme o que fora discutido junto aos participantes do mercado durante a realização das Audiências Públicas das normas. Não obstante à clara evolução regulatória trazida pelas Instruções CVM 578 e 579, entendemos que ainda existem questões a serem esclarecidas e aperfeiçoadas pela CVM, dentre as quais aquelas que destacamos através deste informativo. Nossa equipe se encontra à disposição para quaisquer esclarecimentos, informações adicionais ou discussão sobre a Instrução CVM 578 e Instrução CVM 579. Este informativo foi elaborado exclusivamente para nossos clientes e apresenta informações resumidas, não representando uma opinião legal. Dúvidas e 12

esclarecimentos específicos sobre tais informações deverão ser dirigidos diretamente ao nosso escritório. ADVOGADOS RESPONSÁVEIS Fábio Augusto Tizziani Cepeda +55 11 2823-2850 fabio.cepeda@cgbm.com.br André Wakimoto +55 11 2823-2850 andre.wakimoto@cgbm.com.br Felipe Amaral de Macedo +55 11 2823-2850 felipe.macedo@cgbm.com.br 13