1 Professor DSc, IFES, gleidespaixao@bol.com.br 2 - Professor DSc, IFES, mvspaixao@bol.com.br; 3 Medica Veterinária, CLIMEV, polyzinha_pp@hotmail.



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Transcrição:

II SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2013 81 Doenças Causadas por Fatores Ambientais na Baixada do Município de Santa Teresa Espírito Santo. Gleides Pulcheira Paixão 1 ; Marcus Vinicius Sandoval Paixão 2, Polyana Pulcheira Paixão 3 1 Professor DSc, IFES, gleidespaixao@bol.com.br 2 - Professor DSc, IFES, mvspaixao@bol.com.br; 3 Medica Veterinária, CLIMEV, polyzinha_pp@hotmail.com Introdução A Educação Ambiental desponta no mundo atual como requisito básico para manutenção da vida no planeta, sua principal função é conscientizar à preservação do meio ambiente e sua conservação, ou seja, utilização sustentável. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento pode ser entendido como o controle de fatores do meio físico do ser humano, que interferem ou podem interferir no bem estar físico, mental e social (Philippi Jr & Malheiros, 2005). O saneamento tem por objetivo minimizar os danos ao meio ambiente que interferem na saúde da população, diminuindo a melhoria na comunidade, visa à proteção e melhoria da qualidade de vida das comunidades respeitando suas características sócio culturais, econômicas e ambientais, através de tecnologias adequadas à própria comunidade (Carvalho & Oliveira, 1997). De acordo com Aguiar (1998), a ingestão da água contaminada pode causar: cólera, disenteria amebiana, disenteria bacilar, febre tifóide e paratifóide, gastroenterite, giardiase, hepatite infecciosa, leptospirose, paralisia infantil, salmonelose. Por contato, a água contaminada pode causar: escabiose (doença parasitária cutânea conhecida como Sarna), tracoma (mais freqüente nas zonas rurais), verminoses, tendo a água como um estágio do ciclo e esquistossomose. Para Sirkis (2005), o uso irracional de agrotóxicos agride os trabalhadores rurais, agricultores e bóias-frias, que adoecem ou morrem por contaminação de produtos que têm seus princípios ativos proibidos nos países de origem das multinacionais que os comercializam no Brasil. Aguiar (1998) cita que a poluição do solo ou edáfica, gera resíduos nos estados sólido e semi-sólido, provenientes das atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição; lodos provenientes de sistemas de tratamento de água; lodos gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto. A poluição do solo rural como os fertilizantes sintéticos são defensivos agrícolas: inseticidas (organoclorados, os organofosforados, carbamatos e as piretrinas); herbicidas (Paraquat, clorofenoxois e dinitrofenóis), além da salinização. Pessoas expostas constantemente ao ar poluído podem vir a desenvolver doenças respiratórias, implicando em um quadro de sintomas que afeta vários órgãos, como o nariz e a garganta, potencializando o aparecimento e o aumento de casos de asma e sinusite, quando a poluição atinge os olhos, ocorre uma maior probabilidade de conjuntivite, nos brônquios, a poluição se manifesta com a predisposição à broncopneumonia, nos pulmões ocorre os riscos de enfisema e no coração, a poluição pode causar, dentre outras, o aumento nas doenças cardiovasculares (Vasconcelos et al., 2007). Objetivou-se nesta pesquisa fazer um levantamento de dados com relação às principais doenças, conseqüentes de causas relacionadas ao meio ambiente, que atingem os

82 PAIXÃO ET AL: DOENÇAS CAUSADAS POR FATORES AMBIENTAIS distritos que compõem a baixada do município de Santa Teresa ES, para a elaboração de uma proposta de programa de educação ambiental viável à realidade local de cada distrito. Material e Métodos O município de Santa Teresa, localizado na região central serrana do Estado do Espírito Santo, situado entre os paralelos 5º 16 de latitude norte e 33º 45 de latitude sul e entre os meridianos 34º 47 de longitude leste e 73º 59 de longitude oeste, é o local escolhido para o estudo e desenvolvimento deste trabalho. Considerando que cada distrito da baixada do município de Santa Teresa só possui um posto de saúde, a pesquisa não selecionou os postos de saúde, sendo utilizados todos os postos existentes nos distritos estudados sendo, São João de Petrópolis (um posto), Várzea Alegre (um posto), Santo Antônio do Canaã (um posto), Vinte e Cinco de Julho (um posto), com dados foram coletadas a partir dos últimos cinco anos (2006 a 2010). A abordagem da amostra foi probabilística e representativa, sendo a coleta de dados feita em visitas aos postos de saúde, onde foi feita a catalogação das doenças ocorridas nos últimos cinco anos, causadas através da água, solo e ar contaminados, e a análise dos dados através da quantificação dos dados coletados, adotando o número de respostas para cada item, de modo a garantir a precisão dos resultados e evitar distorções na análise e interpretação dos dados que se configurarão como base fundamental para a elaboração do proposto. Análise dos Resultados e Discussão A tabela 1 transcreve os dados coletados na pesquisa de campo, catalogados pela secretaria de saúde e transcritos para este trabalho. O número maior de diagnoses recaem sobre as verminoses, principalmente esquistossomose e ancilostomose, com incidências significativas de ascaridíase. Podemos afirmar que as ocorrências das verminoses citadas são advindas de fatores causais de fácil detecção, a falta de tratamento da água, saneamento básico precário e a inexistência de educação sanitária, concorrem juntas para um fim, a educação ambiental nestes distritos carece de conhecimentos e informações assim como ações que minimizem as conseqüências provenientes da falta de um correto comportamento ambiental. A verminose conhecida como ancilostomose ou amarelão, aparece com 415 casos no total dos quatro distritos. O verme transmissor localiza-se no solo sendo transmitida através de contato direto pela pele e juntamente com a esquistossomose assumem o topo do quantitativo das verminoses encontradas neste estudo. A ancilostomíase é helmintíase humana, é característico de solo úmido e quente e produzido por dois tipos de vermes nematódeos causada por dois parasitos: o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus, e é amplamente distribuída por todo o mundo, sendo endêmica nos países tropicais e subtropicais (Andrade, 2011). A verminose conhecida como Esquistossomose, é transmitida através da água contaminada, principalmente de rios e lagos, em localidades sem saneamento básico ou com existência precária do mesmo, uma vez que a transmissão de tal doença se dá por meio do contato do homem com águas contaminadas com seu agente transmissor o Schistosoma mansoni, sendo a contaminação da água é feita pelo próprio homem, à medida que o mesmo defeca diretamente no solo contaminando-o e expondo os dejetos à ação dos ventos e das chuvas, que arrastam as fezes contaminadas com ovos do verme para a água de modo também a contaminá-la (BRASIL, 2005).

II SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2013 83 Observamos que a alta incidência da verminose, 371 casos, é devida principalmente ao uso indevido destas águas em banhos em rios ou lagos. A ascaridíase, com um total de 139 casos, é uma verminose transmitida pelo verme Ascaris lumbricóides, também conhecido como lombriga, parasita o intestino humano e sua contaminação se da pela ingestão de alimentos e água contaminada diretamente pelos dejetos, onde a ingestão destas águas ou a ingestão de alimentos de forma crua (BRASIL, 2006). Alimentos que foram irrigados com água contaminada se caracterizam como as principais formas de transmissão desta verminose nos distritos estudados. A leptospirose, com um total de 55 casos observados, é transmitida por uma bactéria do gênero Leptospira sendo transmitida ao homem por animais como roedores, suínos, caninos e bovinos (Veronesi & Focaccia, 1997) A malária, com 36 casos, ocorre em regiões tropicais onde é transmitida ao homem pela picada do mosquito do gênero Anopheles, infestado por um protozoário de nome plasmódio. O ciclo de vida do plasmódio se completa com a participação de dois hospedeiros um definitivo o mosquito e outro intermediário o homem (LOPES & LOPES, 1987). A intoxicação exógena aparece com um total de 24 casos. Sua incidência é vista principalmente nos distritos de Várzea Alegre e Santo Antônio, que possuem uma maior quantidade de cultivo de tomate, legume que exige para sua produção um grande contingente de produtos agrotóxicos, o que caracteriza o índice de intoxicações observadas. A leishmaniose aparece com um total de 23 casos. A doença se manifesta na forma cutânea ou visceral sendo transmitida ao homem pela picada de um inseto do gênero Phlebotomus e do gênero Lutzomya chamado de mosquito palha ou birigui que infestado, introduz no indivíduo um protozoário conhecido como Leishmania da família dos Trypanosomatidae. A forma cutânea é transmitida pela Leishmaniose tegumentar americana conhecida também como Úlcera de Bauru e a visceral ou Calazar transmitida pela Leishmaniose visceral (FUNASA, 1999). A hepatite A, com um total de 17 casos, é causada pelo vírus HVA sendo transmitida de uma pessoa a outra através de água ou alimentos contaminados principalmente frutos do mar e alguns vegetais, a incidência da doença se faz presente em locais em que o saneamento básico é precário ou não existe (SPILLER, 2010). A tuberculose aparece com um total de 13 casos. A doença é causada por um bacilo de nome Mycobacterium tuberculosis conhecido também por bacilo de Koch. É transmitida de pessoa para pessoa pela inalação de gotículas que contém ao menos duas células do bacilo, sendo que os ambientes que possuem risco superior de tuberculose são aqueles que possuem pessoas sintomáticas da doença (GWON, SHU e YING, 2004). Conclusão Ficou diagnosticado que as doenças que mais acometem a população da baixada terezense, causadas pela poluição da água, ar e solo, são próprias dos municípios considerados como agrícolas, sustentadas pela não observância dos hábitos de higiene e a falta de saneamento básico para a população. A falta de informação da população, o descompromisso das autoridades e o descaso da própria população com o meio, propõem o recondicionamento destes cidadãos para um meio equilibrado e consciente, a partir de um programa de educação ambiental viável à realidade local.

84 PAIXÃO ET AL: DOENÇAS CAUSADAS POR FATORES AMBIENTAIS Tabela 1 - Dados representativos dos quantitativos de doenças por distrito na baixada do município de Santa Teresa Várzea Alegre Vinte e Cinco de Julho Doença 2006 2007 2008 2009 2010 Total 2006 2007 2008 2009 2010 Total Malária 0 0 8 0 0 8 0 0 4 8 0 12 Leishmaniose 4 6 1 2 0 13 0 1 0 0 1 2 Esquistossomose 25 22 21 20 18 106 18 13 13 12 10 66 Hepatite A 3 0 0 0 2 5 2 0 0 0 0 2 Leptospirose 4 0 2 1 0 7 14 0 0 0 0 14 Intox Exógena 0 0 4 4 1 9 0 0 0 2 0 2 Ascaridíase 12 12 8 7 5 44 8 8 5 5 4 30 Ancilostomose 30 22 28 20 20 120 25 19 18 18 17 97 Tuberculose 1 0 1 1 1 4 4 0 0 0 0 4 Santo Antônio do Canaã São João de Petrópolis Doença 2006 2007 2008 2009 2010 Total 2006 2007 2008 2009 2010 Total Malária 4 0 4 4 0 12 0 4 0 0 0 4 Leishmaniose 0 2 1 0 0 3 0 1 0 2 2 5 Esquistossomose 22 22 21 19 17 101 21 20 21 20 16 98 Hepatite A 1 0 0 3 0 4 5 0 0 1 0 6 Leptospirose 16 2 2 1 0 21 11 2 0 0 0 13 Intox Exógena 0 0 3 4 2 9 0 0 2 0 2 4 Ascaridíase 9 9 8 4 4 34 8 8 7 4 4 31 Ancilostomose 22 20 19 18 16 95 25 22 21 19 16 103 Tuberculose 0 1 2 1 0 4 0 0 0 0 1 1 Referencias Bibliográficas Andrade, J. S. F. 2011. Analogias em Medicina: parte IV. Rev Med. 21(1):86-88. Aguiar, A. A. G. 1998. Apostila de Educação ambiental, Faculdade do Vale do Jurema, Módulo-01. Juína, Mato Grosso. 95 p. Brasil. Ministério da Saúde. 2005. Esquistossomose. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. 2006. Manual de Saneamento. 4. ed. Brasília, 408 p. Carvalho, A. R. & Oliveira, M. V. C. 1997. Princípios básicos do saneamento do meio. São Paulo: SENAC. 328 p. FUNASA. 1999. Endemias: Informações para multiplicadores em ações de educação sanitária. Ministério da Saúde, Coordenação regional do Espírito Santo, E.S., 59 p. Gwon, H. W.; Shu, C. L.; Ying, H. Ti. 2004. Polymerase chain reaction used for the detection of airborne Mycobacterium tuberculosis in health care settings. American Journal of Infection Control. 32(1):17-22. Lopes, S. G. B. C.; Lopes, P. C. 1987. Curso completo de Biologia. São Paulo: Saraiva, 332 p.

II SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2013 85 Philippi, Jr. A. & Malheiros, T. F. 2005. Saneamento e saúde pública: integrando homem e meio ambiente. In: Philippi Jr, A. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, São Paulo: Manole. 864 p. Sirkis, A. et al. 2005. Meio ambiente século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento, prefácio de Marina silva, 4ª ed. Campinas, SP: Armazém do Ipê (Autores Associados). 367 p. Spiller, C. 2010. Doenças causadas pela poluição ambiental, Juína-MT. Vasconcelos, L. C. S. et al. 2007. A chuva ácida em sala de aula. In: ANAIS do XII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Natal/RN, pp. 1-16. Veronesi, R.; Focaccia, R. 1997. Tratado de infectologia. Rio de Janeiro: Atheneu.