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Ex.mo Vice Presidente do Tribunal da Relação de Coimbra Desembargador Dr. Serra Leitão Ex.mo Senhor Procurador Geral Distrital Dr. Braga Temido Ex.mo Presidente do Conselho de Deontologia de Coimbra Dr. Horta Pinto Ex.mos membros do Conselho de Deontologia Ex.mo Senhor Dr. Crespos Couto - Vogal do CDC responsável pela formação Ex.mos membros do CDC Caros Colegas Presidentes de Delegações e Delegados

Caros Colegas Formadores Ex.mos Membros da Comissão Distrital de Formação Caras e Caros Colegas Minhas Senhoras e Meus Senhores Hoje dá-se início a mais um curso de estágio, o 1º de 2006. Sejam bem-vindos todos, não só aqueles que pretendem abraçar esta nobre e espinhosa profissão, mas todos aqueles que vêem no estágio de advocacia uma mais valia importante e fundamental no exercício futuro de qualquer profissão jurídica, atenta a visão global que o Estágio dá da aplicação prática do direito.

Não sou daqueles que perfilha a opinião de que se deve limitar o acesso à profissão por medidas administrativas. Quem quer ser Advogado deve sê-lo. Entendo, contudo, que para o ser deve reunir as capacidades técnicas, científicas e humanas necessárias ao elevado padrão de exigência e competência que se espera do Advogado. A advocacia e a nossa Ordem têm sofrido ataques consecutivos de diversas proveniências e através de variados actores, mas os mais chocantes e perturbadores são aqueles que vêm do seu interior e protagonizados por Advogados que já desempenharam elevados cargos na Ordem.

Talvez porque a advocacia se encontra numa encruzilhada à procura de um novo paradigma. Entendo que só há duas formas de a encarar: ou como prestação social ou como actividade económica. A primeira é a forma libertadora de encarar a profissão a outra a sua versão escravizante. Uma vê a advocacia como poder libertador que lhe advém da luta por causas em favor da cidadania, a outra escraviza porque pugna pelo primado da facturação, do mercado, do lucro, dos resultados, do ranking. Cabe-vos a escolha. Por mim prefiro ficar pela primeira, foi assim que comecei, foi por isso que quis ser advogado, é por

isso que continuo a ser advogado e é por isso que continuo a ter orgulho na toga. Obviamente que a massificação da advocacia traz problemas acrescidos não só aos que já se encontram em pleno exercício da profissão, mas também aos que nela querem entrar. Daí a proletarização, a necessidade de obter nomeações oficiosas, a subserviência ao cliente, mas, também, a verificação de diversas formas de associação para o exercício da profissão, com sucesso, de jovens advogados, da sua implantação nas mais diversas comarcas com brilhantismo, da sua integração com dignidade em sociedades, ou em escritórios já existentes e nos quais fizeram o seu estágio, e tantas outras formas de sucesso no início da profissão.

Mas não se pode esperar que se chega e se vençe. São necessários vários anos para se ter uma clientela estabilizada e uma imagem sólida na comarca. Ou produzir trabalho de qualidade e de forma abnegada para que os escritórios já instalados possam e queiram associar os jovens advogados. Importante é nunca nos desviarmos da matriz que constitui a essência da Advocacia estar ao serviço do cidadão e da cidadania. Como já tive oportunidade de o afirmar por várias vezes, uma melhor advocacia implica uma melhor e mais eficiente cidadania, no que esta representa de evolução social e humana.

Mas, vivemos outros constrangimentos, que são os constrangimentos de uma visão economicista da Justiça. Não somos, antes pelo contrário, contra a desburocratização e desformalização, mas pugnamos pela necessária e insubstituível intervenção dos advogados na prestação de informação e acompanhamento dos cidadãos e das empresas em tudo que respeita à sua vida jurídica. O cidadão sem informação completa e elucidativa é um cidadão diminuído no exercício dos seus direitos. Exemplos paradigmáticos são as empresas na hora e os Julgados de Paz. Como sabem o estágio que hoje se inicia tem a duração global de 2 anos, sendo a fase de formação inicial de 6 meses.

O CDC pugna por dar as ferramentas necessárias à inserção dos advogados no mundo do trabalho. Essas ferramentas traduzem-se numa sólida formação deontológica e na arte legis. O CDC sempre teve ideias claras e propostas concretas sobre a formação que, oportunamente, comunica ao Conselho Geral e à Comissão Nacional de Estágio e Formação, sendo que algumas dessas propostas têm obtido, embora de forma parcial, consagração nos Regulamentos de Formação. A primeira fase do estágio condensa a formação em sala, de matriz essencialmente teórico-prática, sendo ministradas as áreas de deontologia profissional e organização judiciária, prática processual civil e prática processual penal.

Tais matérias destinam-se a fornecer ao jovem estagiário os conhecimentos necessários para iniciar na 2ª fase a sua profissionalização em exercício, dentro das limitações estatutárias a que está obrigado. Condensando a formação em sala na 1ª fase obtêm-se duas grandes vantagens: a primeira delas, porque se disponibilizam ao estagiário os conhecimentos mínimos indispensáveis ao início da 2ª fase, como se disse e a segunda vantagem resulta da libertação daqueles para o trabalho de escritório e de tribunal. Este novo Regulamento, colocando o acento tónico da aprendizagem na actividade prática no escritório do Patrono tradicional, reafirma, assim, o relevante papel deste na formação do advogado estagiário.

Na 2ª fase serão disponibilizadas acções de formação de formato eminentemente prático que se adeqúem às reais necessidades de conhecimento dos formandos. Para tanto se criou a Comissão Distrital de Formação que tem por missão conceber essas mesmas acções de formação, com modelos práticos e apelativos à participação empenhada de todos. Esses projectos existem e estão já em prática, sendo exemplo disso a actual ciclo de acções de formação em direito da família e menores. Mas iremos iniciar já em Maio uma nova iniciativa de formação que designamos de PARTILHAR COM, através da qual advogados mais experientes apresentem e discutam casos práticos por forma a criar interactividade entre os aqueles, mais experientes, e os jovens estagiários; ou em

seminários e conferências para discussão e debate de doutrina inovadora, de alterações no sentido da jurisprudência dominante, de legislação entretanto publicada, tudo nos diversos ramos do direito. Com a formalização dos agrupamentos de delegações foi possível criar pólos de formação descentralizados através dos quais se irão disponibilizar iniciativas diversas, quer na formação complementar, quer na contínua. A aposta numa formação exigente conduz, necessariamente, a uma avaliação exigente, que garanta uma profissão de qualidade. Por isso, aqueles que hoje iniciam o seu estágio de advocacia, deverão enfrentar duas provas finais obrigatórias, uma escrita e uma oral, condicionantes do acesso à profissão.

Só assim, nos termos da letra e espírito do Regulamento, a advocacia poderá vir a ser desempenhada de forma competente e responsável, designadamente nas suas vertentes técnica, científica e deontológica. Temos, hoje, a subida honra de poder contar com a presença do Dr. António Neto Brandão como palestrante nesta sessão solene de início de estágio. O Dr. Neto Brandão é Vice Presidente pelo segundo mandato consecutivo do Conselho de Deontologia de Coimbra.

O Dr. Neto Brandão, advogado em Aveiro, é um daqueles Advogados que enobrece a nossa profissão e honra a nossa toga. Constitui, por isso, para todos nós um exemplo. Obrigado Dr. Neto Brandão Disse.