AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE HIGIENE BUCAL DE



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Transcrição:

Braz J Periodontol - December 2012 - volume 22 - issue 04 AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE HIGIENE BUCAL DE GESTANTES POR TRIMESTRE DE GESTAÇÃO Evaluation of pregnants oral hygiene habits by quarter of pregnancy Rafaela Mendrot Monteiro 1, Alexandre Prado Scherma 2,3, Davi Romeiro Aquino 4, Rafael Vieira de Oliveira 5, Alex Henrique Mariotto 5 1 Graduada em Odontologia pela Universidade de Taubaté 2 Professor de Pós-Graduação em Odontologia, Biologia Odontológica / Unitau, Taubaté - São Paulo 3 Professor Assistente Doutor Funvic/Fapi - Pindamonhangaba, SP 4 Professor de Pós-Graduação em Odontologia, Periodontia / Unitau, Taubaté - São Paulo 5 Graduando em Odontologia pela Universidade de Taubaté Recebimento: 27/07/12 - Correção: 28/09/12 - Aceite: 27/11/12 RESUMO A gestação é uma fase na qual ocorrem muitas alterações no corpo da mulher e algumas delas podem explicar o aparecimento de um maior número de casos de gengivite durante esse período. No entanto, problemas periodontais podem trazer risco ao feto, como parto prematuro e baixo peso ao nascimento, portanto todo cuidado deve ser tomado. O objetivo deste trabalho foi avaliar os hábitos de higiene bucal de gestantes, visto que corretos hábitos de higiene podem prevenir a manifestação de problemas periodontais e verificar a necessidade ou não de um trabalho educativo-preventivo direcionado as mães, promovendo assim melhores condições de saúde para o grupo em questão. Foram avaliados 75 pacientes gestantes de uma clínica particular da cidade de Taubaté, destas 25 estavam no primeiro, 25 no segundo e 25 no terceiro trimestre de gestação. A cada participante da pesquisa foi aplicado um questionário desenvolvido com o propósito de avaliar os hábitos de higiene bucal de cada um. Os resultados demonstraram que o retorno semestral ao dentista é realizado por apenas 36 (48%) gestantes, que a técnica de escovação preconizada é realizada por apenas 15 (20%) e que apenas 29 (38,6%) das gestantes realizaram raspagem nos últimos 6 meses. Além disso, 29 (38,6%) referiram apresentar sangramento gengival e 47 (62,6%) não foram informadas sobre as possíveis alterações bucais que podem ocorrer durante a gestação. Conclui-se que frente à junção dos aspectos múltiplos que englobam as alterações gengivais, é importante destacar a necessidade de uma avaliação geral das gestantes, além de acompanhamento odontológico durante este período. UNITERMOS: gestação, doença periodontal, higiene bucal. R Periodontia 2012; 22:90-99. INTRODUÇÃO Durante a gestação ocorrem muitas alterações, tanto psicológicas como fisiológicas. Uma das alterações fisiológicas que pode ser observada é o aumento da vascularização periférica dos tecidos moles da cavidade bucal, o que está amplamente relacionado ao encontro de um maior número de casos de gengivite durante a gestação. Outro fator que pode aumentar esse índice é o fato de que durante a gravidez, por estarem preocupadas com a gestação, muitas mulheres diminuem os cuidados com a higiene bucal aumentando o acúmulo de biofilme dentário contribuindo assim para a inflamação gengival. Segundo Lopes et al. (2004) gengivite e hiperplasias gengivais são alterações que acometem a maioria das mulheres durante a gravidez. Em função dos aspectos múltiplos que envolvem essas alterações gengivais, deve-se destacar a necessidade de uma avaliação geral da paciente, além de acompanhamento, motivação e tratamento odontológico preventivo satisfatório durante esta fase. A epidemiologia da doença periodontal durante o período da gestação e imediatamente após o parto foi 90 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

analisada através de dois estudos por Dias (1992). No primeiro estudo, uma amostra composta de 97 mulheres foi submetida à avaliação segundo as medidas de índice gengival e profundidade de bolsa, com o objetivo de avaliar o modelo de progressão da doença periodontal. O outro estudo foi realizado a partir de uma abordagem longitudinal, nesta pesquisa, 11 mulheres grávidas foram acompanhadas do início da gestação até o terceiro mês após o parto. Segundo os resultados destes estudos, foi diagnosticada gengivite em todas as mulheres grávidas examinadas. Após o parto, em ambos os estudos, tanto as medidas de índice gengival quanto às de profundidade de bolsa praticamente retornaram ao nível de normalidade. Um maior índice de placa bacteriana foi acompanhado igualmente de maior reação gengival durante a gravidez, o que não persistiu após o parto. Por último, foi observada perda de inserção clínica, verificada no primeiro e no último trimestre da gestação, acompanhada por reparo após o parto. Estes dados revelam que a gravidez não altera de forma permanente o mecanismo de evolução da doença periodontal. Tilakaratne et al. (2000) observaram que a gravidez tem relação somente com a gengivite e não com os níveis de inserção periodontal uma vez que os efeitos do estrógeno e progesterona podem intensificar a ação irritante da placa, resultando em gengivite severa. Fiorini et al. (2012) observando que a doença periodontal está associada a doenças sistêmicas, distúrbios e um baixo grau de estado inflamatório sistêmico avaliaram o relacionamento, no início da gravidez, entre o fluido crevicular gengival (GCF) e níveis séricos de citocinas que têm sido implicados na doença periodontal. Foi formado um grupo que incluía cem mulheres grávidas com idade entre 18-35 anos, com idade gestacional até 20 semanas, quatro sítios periodontais por sujeitos foram selecionados aleatoriamente para coleta de GCF. Os níveis séricos e GCF de IL-1β, IL-6, IL- 8, IL-10, IL-12p70 e TNF-α foram analisados utilizando uma matriz de citometria de esferas. Análises de regressão e de correlação foram usadas para avaliar a relação entre os níveis de citocinas no soro e GCF. Os resultados mostraram que os participantes tiveram inflamação periodontal generalizada, mas destruição periodontal limitada, os níveis de citocinas foram significativamente mais elevados em GCF do soro para todas as citocinas. Profundidade de sondagem e sangramento à sondagem foram significativamente associados com os níveis de GCF para IL-1β, IL-6 e IL-8, no entanto, eles tinham efeito desprezível sobre os níveis de citocinas do soro. A correlação entre GCF e níveis séricos não foi significativa, com exceção de IL-12p70, que mostrou uma correlação significativa, porém pequena entre as duas fontes. Conclui-se An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 que níveis de citocinas GCF não foram fortemente associados com os níveis de citocinas no soro de mulheres grávidas com inflamação periodontal generalizada. Além de afetar a saúde da mulher, doenças periodontais provenientes da gengivite têm sido relacionadas com problema na gravidez, incluindo parto prematuro e baixo peso ao nascer. Para Braz et al. (2000) a prematuridade e o baixo peso no momento do nascimento acompanham a rotina de obstetras e neonatologistas, e são fatores determinantes de morbidade e mortalidade neonatais. A dificuldade no seu controle está na multicausalidade inerente ao quadro. Os processos infecciosos maternos ocupam lugar de destaque, sendo responsabilizados pelo maior contingente de casos. Sendo assim, os autores puderam verificar que além das infecções geniturinárias, a infecção periodontal responde por um percentual significativo na prematuridade. Srivinias e Parry (2012) acreditam que o transporte hematogênico de bactérias e/ou mediadores pró-inflamatórios dos locais de infecção periodontal para a placenta, membranas fetais, e cavidade amniótica induzem processos patológicos que conduzem a estes problemas. Ribeiro (2009) investigou a frequência de doença periodontal em gestantes brasileiras com parto a termo e parto pré-termo e avaliou a influência da doença periodontal como fator de risco para parto pré-termo, por meio de levantamento epidemiológico. Para isso, 178 gestantes foram avaliadas durante suas consultas de pré-natal no Centro de Saúde Vila Sônia, São Paulo - SP. Avaliações periodontais incluíram sondagem periodontal de seis pontos por dente em todos os dentes presentes, verificação de presença de placa bacteriana e sangramento à sondagem. Esse estudo revelou não haver uma associação entre doença periodontal, parto pré-termo e/ou bebês de baixo peso (p>0,05), que a maioria das gestantes necessitava de tratamento periodontal (95,5%) e que existe uma grande deficiência com relação à atenção odontológica dispensada a essas gestantes no período pré-natal. Castro et al. (2005) verificaram que o tratamento periodontal reduziu significativamente a taxa de prematuridade e baixo peso ao nascimento na população de mulheres com gengivite associada a gestação. Dentro das limitações do estudo, os autores concluíram que a gengivite parece ser um fator de risco independente para as referidas taxas nessa população. Já Ali e Abidin (2012) avaliaram os possíveis efeitos da doença periodontal em mulheres grávidas, para isso foram selecionadas 73 gestantes entre a 28º e a 36º semanas de gestação que após terem respondido um questionário sobre 91

seus possíveis sintomas passaram por um exame periodontal, que incluía índice de placa, índice de sangramento papilar, profundidade clínica de sondagem e perda de inserção. Após o parto foram colhidos dados como idade gestacional em que a criança nasceu e peso ao nascimento. Das 73 mulheres 37 apresentaram problema periodontal, destas apenas quatro tiverem bebês de baixo peso, valor estatisticamente insignificante. Os autores concluíram que na população estudada a doença periodontal não se mostrou como fator de risco para parto prematuro e baixo peso ao nascimento. Segundo Leal e Jannotti (2007) cuidados com a saúde bucal ainda não fazem parte da rotina da atenção pré-natal e da noção de direitos da gestante. A atenção odontológica nesse período é limitada, tanto pela oferta restrita, como pelo pouco estímulo ao tratamento, por parte dos médicos, dos dentistas e das redes sociais das gestantes, o que determina uma baixa procura e adesão ao tratamento. Bastiani et al. (2010) avaliaram o conhecimento de gestantes quanto à prevenção, consequências e oportunidade de tratamento de possíveis alterações bucais desenvolvidas na gravidez. Para isso oitenta gestantes frequentadoras de consultórios médicos particulares e de Unidades Básicas de Saúde da cidade de Maringá-PR foram entrevistadas, utilizando-se um questionário com 64 questões de múltipla escolha e três questões abertas. Observou-se que a maioria das gestantes tinha consciência da necessidade de cuidados médicos durante este período, pois 97,5% realizavam o programa pré-natal, mas apenas 15% confirmaram ter recebido orientação de seus médicos ginecologistas para procurarem atendimento odontológico durante a gestação e 93,75% relataram que estes não examinaram sua cavidade bucal durante as consultas e apesar das alterações periodontais, sobretudo a gengivite, serem frequentemente observadas durante a gestação somente 50% das gestantes entrevistadas afirmaram ter conhecimento da doença. Concluiu-se que as gestantes estão desinformadas sobre como prevenir as possíveis alterações bucais que ocorrem durante o período gestacional. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar através da aplicação de questionários os hábitos de higiene bucal de gestantes, visto que corretos hábitos de higiene podem prevenir a manifestação de problemas periodontais. Além disso, diante dos resultados pode-se verificar a necessidade ou não de um trabalho educativo-preventivo direcionado as mães promovendo assim, melhores condições de saúde para o grupo em questão. MATERIAL E MÉTODO O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Taubaté sob o protocolo CEP/UNITAU nº474/10. Para a realização do mesmo, foram avaliados 25 pacientes gestantes para cada trimestre de gestação totalizando 75 gestantes de uma clinica médica particular da cidade de Taubaté - SP. As gestantes foram previamente informadas sobre as características da pesquisa, e aquelas que concordaram em participar voluntariamente da mesma assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi aplicado aos participantes da pesquisa um questionário desenvolvido com o propósito de avaliar os hábitos de higiene bucal realizado pelos mesmos. Os resultados foram analisados e apresentados percentualmente em tabelas e gráficos. Os dados coletados foram tabulados e após a verificação da sua normalidade testes estatísticos foram selecionados. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas mediante p<0,05. RESULTADOS Foram avaliadas 75 pacientes gestantes, com idade entre 16 e 42 anos (média de 33 anos), de uma clinica médica particular da cidade de Taubaté. Deste total de pacientes formaram-se três grupos: Grupo I (25 pacientes do primeiro trimestre de gestação), Grupo II (25 pacientes do segundo trimestre de gestação) e Grupo III (25 pacientes do terceiro trimestre de gestação). Do total da amostra 33 gestantes (44,4%) apresentam ensino médio, 37 (49,3%) ensino superior e cinco (6,6%) ensino fundamental (5ª a 8ª série). Os maiores percentuais para renda mensal familiar foram: 18 ( 2 4 % ) entre cinco e dez salários mínimos, 16 (21,3%) entre três e cinco salários mínimos e 16 (21,3%) até dois salários mínimos. Foi também questionado se as gestantes receberam informações sobre as possíveis alterações bucais que ocorrem durante o período gestacional e destas 47 (62,6%) não receberam nenhuma informação e apenas 28 (37,3%) foram informadas. Com relação ao retorno ao dentista verificou-se que do total da amostra apenas 24 (30,6%) realizou retorno semestral, sendo dez do primeiro trimestre, seis do segundo e oito do terceiro trimestre de gestação. A grande maioria 44 (57,2%) retorna ao consultório anualmente, a cada dois anos ou mais (Tabela 1). Com relação ao número de escovações diárias verificou-se que a maioria do grupo estudado 43 (57,3%) relatou escovar o dente três vezes ao dia, sendo 11 gestantes do primeiro trimestre, 17 do segundo e 15 do terceiro (Tabela 2). Dentre as técnicas utilizadas na escovação apenas 15 (20%) referiram utilizar a técnica correta, a maioria 42 (56%) realiza todos os movimentos juntos (Tabela 3). 92 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

Tabela 1 Perfil da amostra em relação à frequência de retorno ao consultório odontológico Frequência de retorno ao consultório odontológico 6 em 6 meses 10 40%* 6 24% 8 32% 24 30,6% Anualmente 11 44%* 12 48%* 12 48%* 35 46,6%* A cada 2 ano 1 4% 1 4% 1 4% 3 4% A cada 3 anos 1 4% 0 0% 1 4% 2 2,6% Mais de 3 anos 1 4% 0 0% 2 8% 3 4% Em caso de dor 1 4% 6 24% 1 4% 8 10,6% Tabela 2 Perfil da amostra em relação à frequência de escovações diárias Frequência de escovações diárias 1 vez 1 4% 0 0% 0 0% 1 1,3% 2 vezes 2 8% 1 4% 2 8% 5 6,6% 3 vezes 11 44%* 17 68%* 15 60%* 43 57,3%* Após as refeições 11 44%* 0 0% 8 32% 26 34,6% Não escova todos os dias 0 0% 7 28% 0 0% 0 0% Tabela 3 Perfil da amostra em relação à técnica de escovação utilizada Técnica de escovação Circular 3 12% 3 12% 4 16% 10 13,3% Vai-vem 4 16% 1 4% 3 12% 8 10,6% Dentes de cima (de cima para baixo), dentes de baixo (de baixo para cima) 8 32% 5 20% 2 8% 15 20% Todos os movimentos juntos 10 40%* 16 64%* 16 64%* 42 56%* An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 93

Verificou-se que do total da amostra a troca de escova foi realizada a cada três meses pela maioria 37 (49,3%) (Tabela 4). Dos pacientes analisados 62 (82,6%) utilizam o fio dental, e destes trinta (40%) utilizam apenas uma vez ao dia (Tabelas 5 e 6). Com relação à higiene da língua, 71 (94,6%) relataram escová-la, sendo que destes 59 (78,6%) o faz com todas as escovações (Tabelas 7 e 8). Tabela 4 Perfil da amostra em relação à frequência de troca de escovas Frequência de troca de escovas Todo mês 6 24% 10 40%* 6 24% 24 32% A cada 3 meses 17 68%* 11 44%* 11 44%* 37 49,3%* A cada 6 meses 2 8% 4 16% 8 32% 14 18,3% Tabela 5 Perfil da amostra em relação ao uso do fio dental Uso de fio dental Sim 21 84%* 21 84%* 20 80%* 62 82,6%* Não 4 16% 4 16% 5 20% 13 17,3% Tabela 6 Perfil da amostra em relação à frequência do uso do fio dental Frequência de uso do fio dental Com todas as escovações 7 28% 6 24% 7 28% 20 26,6% Uma vez ao dia 11 44%* 9 36%* 10 40%* 30 40%* Algumas vezes na semana 2 8% 6 24% 2 8% 10 13,3% Quando alguma coisa incomoda 1 4% 0 0% 1 4% 2 2,6% Tabela 7 Perfil da amostra em relação à escovação da língua Escovação da língua Sim 23 92%* 24 96%* 24 96%* 71 94,6%* Não 2 8% 1 4% 1 4% 4 5,3% 94 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

Do total de pacientes 51 (68%) utilizam enxaguatório bucal, (Tabela 9) sendo o produto mais utilizado o Listerine 39 (52%). Com relação aos procedimentos odontológicos verificouse que a última raspagem foi realizada nos últimos seis meses por apenas 29 gestantes (38,6%) e dez (13,3%) nunca fizeram (Tabela 10). Dos pacientes analisados três (4%) utilizam algum tipo de prótese, sendo que destes um (1,3%) utiliza prótese parcial removível e dois (2,6%) prótese fixa, e todos referiram utilizar a própria escova para a limpeza das mesmas. Dentre as alterações bucais mais referidas pelos pacientes estão o sangramento gengival 29 (38,6) sendo o maior percentual referido pelo Grupo II, presença de tártaro oito (10,6%) e xerostomia sete (9,3) (Tabela 11). Tabela 8 Perfil da amostra em relação à frequência de escovação da língua Frequência de escovação da língua Com todas as escovações 20 80%* 21 84%* 20 80%* 59 78,6* Uma vez ao dia 2 8% 2 8% 3 12% 8 10,6 Algumas vezes na semana 1 4% 1 4% 1 4% 4 5,3 Tabela 9 Perfil da amostra em relação à realização de bochecho Realização de bochecho Sim 16 64%* 17 68%* 18 72%* 51 68%* Não 9 36% 8 32% 7 28% 24 32% Tabela 10 Perfil da amostra em relação ao período de realização de raspagem periodontal Ultima raspagem periodontal 6 meses 11 44%* 9 36%* 10 40%* 29 38,6%* 1 ano 7 28% 7 28% 7 28% 21 28% 2 anos 2 8% 3 12% 1 4% 6 8% Mais de 3 anos 5 20% 1 4% 3 12% 9 12% Nunca fez 0 0% 5 20% 5 20% 10 13,3% An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 95

Tabela 11 Perfil da amostra em relação às alterações bucais Alterações bucais Xerostomia 1 4% 5 20% 1 4% 7 9,3% Presença de tártaro 2 8% 3 12% 3 12% 8 10,6% Dentes moles 1 4% 0 0% 1 4% 2 2,6% Sangramento gengival 6 24%* 12 48%* 11 44%* 29 38,6%* DISCUSSÃO A gravidez é um momento único na vida de uma mulher, momento este acompanhado por uma variedade de mudanças fisiológicas, anatômicas e hormonais que podem afetar a forma como os cuidados de saúde bucal são fornecidos (GIGLIO et al., 2009). Nos últimos anos, pesquisas relacionando periodontite e gravidez resultaram em um aumento pelo interesse no tema na odontologia. A conquista da saúde bucal ideal em mulheres grávidas, no entanto, foi prejudicada no passado por mitos que cercam a segurança de atendimento odontológico durante a gravidez. Muitas mulheres também não têm acesso à assistência odontológica, o que interfere na possibilidade de receber tratamento bucal adequada durante a gravidez (BERTOLINE et al, 2007). Mudanças na cavidade bucal que ocorrem com a gravidez devido a alterações hormonais, combinadas com a falta de exames de rotina e atrasos no tratamento de doenças bucais levam as gestantes a um maior risco de infecções dentárias (RUSSELL et al, 2008). Sendo assim, é importante que cirurgiões dentistas conheçam essas alterações podendo assim orientar corretamente essas pacientes. Neste trabalho a maior porcentagem da amostra, 47 pacientes (62,6%) referiu não ter recebido orientação em relação a estas alterações. Além disso, verificou-se que pontos importantes no que se refere aos cuidados odontológicos preventivos que deveriam ser realizados pelo grupo são insatisfatórios. Com relação a esses cuidados podemos citar a frequência de retorno ao dentista que é realizada semestralmente por apenas 24 (30,6%) do total de pacientes da amostra. Além disso, também se pôde observar que das 75 gestantes, apenas 26 (34,6%) relataram escovar os dentes sempre após as refeições e a correta técnica de escovação é realizado por apenas 15 pacientes (20,0%) e logo 60 gestantes (80,0%) não realizam o movimento preconizado como correto. Com relação ao uso do fio dental 13 (17,3%) pacientes não utilizam, e daqueles que fazem uso apenas 20 (26,6%) o utilizam com todas as escovações. Já Silveira et al. (2000) analisaram as alterações bucais que acometem mulheres no período de gravidez e observaram que todas as gestantes escovavam os dentes, a maioria (63,3 %) três vezes ao dia; todas faziam uso de creme dental e escova, mas só trinta por cento utilizavam fio dental; 83,3% não haviam recebido nenhuma orientação sobre higienização durante o período de gravidez e foi encontrado alteração bucais em cinquenta por cento da amostra, valor próximo ao encontrado neste trabalho no qual 46 (61,1%) dos pacientes avaliados relataram alguma alteração bucal. Os autores concluíram que as gestantes não são orientadas a manter uma higiene satisfatória no período da gestação e desconhecem a importância do uso do fio dental. Melo et al. desenvolveram em 2003 um trabalho com objetivo de investigar os hábitos alimentares e a negligência da higiene bucal como fatores de risco para o desenvolvimento de cárie e doença periodontal em pacientes grávidas. Foram avaliadas 34 mulheres em período de gestação, entre dois e nove meses, usuárias de uma Unidade de Saúde Pública da região metropolitana de Curitiba. Os resultados mostraram que 56% das gestantes tinham cárie, 44% possuíam higiene deficiente, 56% não utilizavam fio dental e a frequência ao dentista foi de 77%. Segundo Rackchanok et al. (2010) mulheres grávidas são 2,9 vezes mais propensas a sofrer de cárie dentária e 2,2 vezes mais de gengivite em comparação com mulheres nãográvidas. Má higiene bucal, falta de conhecimento e maus hábitos de higiene bucal são fatores de risco importantes para a cárie dentária. Battancs et al. (2011) avaliaram o conhecimento e hábitos 96 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

de higiene bucal de mulheres grávidas, e se estes têm uma relação com a idade, residência, nível educacional e profissão. Questionários foram utilizados para a coleta de dados de 275 mulheres grávidas, que receberam assistência pré-natal no departamento de Obstetrícia e Ginecologia em Szeged. Os resultados mostraram que quase todas as mulheres escovavam os dentes diariamente, mas apenas cerca de um terço delas usa ferramentas especiais de higiene bucal, como o fio dental. Muitas mulheres afirmaram ter sangramento gengival ao escovar os dentes. Mais de 70 visitaram um dentista durante a gravidez. Houve uma relação significativa entre o nível educacional e o uso de fio dental (p0.004) e sangramento gengival (p0.023). Os autores concluíram que educação referente à higiene bucal, tratamento dental e periodontal de mulheres grávidas precisa de mais ênfase durante o pré-natal Sobre este aspecto, esta pesquisa verificou que a última raspagem foi realizada nos últimos seis meses por apenas 29 (38,6%) pacientes, nove (12,%) realizaram há mais de três anos e dez (13,3%) nunca fizeram. Além disso, 29 (38,6%) referem apresentar sangramento gengival, o que sugere a possibilidade de complicações associadas ao periodonto. É importante ressaltar que 33 (44,4%) das gestantes avaliadas apresentavam ensino médio e 39 (45,3%), ensino superior. Vogt et al. (2012) concluíram que a prevalência de doença periodontal está significativamente associada a maior idade materna, obesidade, má higiene bucal e maior idade gestacional, neste trabalho os maiores índices de sangramento gengival em relação a idade gestacional foram relatados no segundo 12 (48%) e terceiro 11 (44%) trimestres de gestação. Gomes et al. (2000) analisaram as possíveis alterações inflamatórias gengivais em um grupo de gestante e de não gestante, avaliando uma possível correlação com o nível de higiene bucal. Foram examinados 336 sítios periodontais de 56 gestantes (do segundo ao nono mês de gestação) e 186 sítios periodontais de 31 mulheres não gestantes, com idades entre 14 e 34 anos, por meio do Escore de Sangramento Papilar (PBS) e do Índice de Higiene Oral Simplificado (OHI-S). Os resultados mostraram que 100% das pacientes examinadas apresentaram inflamação gengival e que esta foi mais severa no grupo de gestante. A despeito dessa observação, no grupo controle houve uma maior relação entre o grau de inflamação dos tecidos (PBS) e a quantidade de placa dentária. Neste trabalho, além do sangramento gengival, que foi observado em 29 (38,6%) do total de gestantes estudadas outras alterações bucais também foram relatadas pelos pacientes como xerostomia 7 (9,3%), presença de tártaro 8 (10,6%) e mobilidade dentária 2 (2,6%), ou seja, 46 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 pacientes (61,3%) referiram alguma alteração, valor próximo ao encontrado por Silveira et al. (2000) que encontraram alterações bucais em 50,0% de sua amostra. Embora vários estudos tenham mostrado uma associação entre infecção periodontal e resultados adversos da gravidez, como parto prematuro e baixo peso ao nascer, os recentes ensaios clínicos randomizados realizados nos Estados Unidos falharam em mostrar que o tratamento da doença periodontal durante a gravidez propicie melhores resultados de nascimento. No entanto, os estudos confirmaram a segurança e eficácia da prestação de cuidados de saúde bucal durante a gravidez (Kumar e Samelson, 2009) A alta prevalência de cárie dentária e doença periodontal encontrada em um projeto de extensão no qual alunos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, realizam tratamento de gestantes visando a preservação da sanidade gestacional e promoção de saúde ao binômio mãe-filho demonstram a necessidade de atenção a esta população. Demonstrou-se que é possível o tratamento e a desmistificação do atendimento à gestante, principalmente em nível de atenção básica (Braz et al, 2010). Para Wrzosek e Einarson (2009) adequado e oportuno atendimento odontológico pode levar a melhores resultados da gravidez, bem como maior conforto para a mulher. O tratamento de periodontite, bem como o uso de anestésicos locais, amálgamas e exames de raios x, não representam risco aumentado para o desenvolvimento do feto e é, de fato, importante na contribuição para a manutenção da saúde ideal para a mãe e o bebê. Morgan et al. (2009) ao entrevistarem 351 obstetras e ginecologistas verificaram que a maioria concorda que o atendimento odontológico de rotina durante a gravidez é importante (84%), que a doença periodontal pode ter efeitos adversos na gravidez (84%), que o tratamento da doença periodontal afeta positivamente a gravidez (66%). Ainda assim a maioria raramente pergunta a suas pacientes se elas têm retornado recentemente ao dentista (73%), pouco mais da metade pergunta sobre a saúde bucal atual (54%), ou fornece informações sobre higiene bucal (69%). Mais de um terço (38%) não aconselha os pacientes a consultar um dentista para a profilaxia de rotina e 80% deles relatam que não tinha pensado sobre isso. Kloetzel et al. (2011) concluíram que o aumento da comunicação interprofissional para encorajar dentistas para tratar mulheres grávidas reduzirá o número de mulheres sem cuidado. Prestadores de saúde da mulher devem compreender a importância de proteger a saúde bucal durante a gravidez e educar seus pacientes em conformidade. Toda mulher grávida deve ser rastreada para riscos 97

bucais, aconselhadas sobre higiene bucal adequada, e encaminhados para tratamento odontológico, quando necessário. Procedimentos odontológicos, como radiografia de diagnóstico, tratamento periodontal, restaurações e extrações são seguros e melhor realizado durante o segundo trimestre (Seda et al, 2008). E segundo Abiola et al. (2011) há uma necessidade de proporcionar educação em saúde bucal para gestantes atendidas durante o pré-natal, a fim de destacar a importância de uma boa saúde bucal para a boa saúde da mãe e bebê. Dadas as relações evidentes entre saúde bucal e geral tanto da mãe como da criança, cuidados de saúde bucal devem ser um objetivo para todos os indivíduos. A gravidez oferece uma oportunidade para educar as mulheres sobre saúde bucal e tratá-las quando necessário (ABIOLA et al., 2011). CONCLUSÃO Cuidados odontológicos como frequência de retorno ao dentista, técnica correta de escovação, frequência de escovação e raspagem encontram-se aquém do esperado. É de suma importância que o cirurgião-dentista tenha conhecimento sobre as alterações bucais e sistêmicas deste paciente, e que a gestante busque o atendimento e se conscientize de que estes problemas podem ser evitados. Portanto, um diálogo efetivo entre profissional e paciente é de extrema importância visando medidas direcionadas a prevenção de tais alterações. Moreover, during this period is common to decrease the oral hygiene care due to concerns about pregnancy. However, periodontal problems may bring risk to the fetus, such as premature delivery and low birth weight, so care must be taken. The objective of this study was to evaluate the oral hygiene habits of pregnant women, since proper hygiene habits can prevent the manifestation of periodontal problems and verify the necessity of an educational-preventive work focused on mothers, therefore promoting better health conditions for the group in question. We evaluated 75 pregnant patients of a private clinic in the city of Taubaté, of these, 25 were in the first, 25 in the second and 25 in the third trimester of pregnancy. For each research participant was applied a questionnaire developed for the purpose of evaluating the oral hygiene habits realized by them. The results demonstrated that the semiannual return to the dentist is performed by only 36 (48.0%) patients, the recommended brushing technique is preconized by only 15 (20.0%) and only 29 (38.6%) of pregnant women performed scraping in the last 6 months. Furthermore, 29 (38.6%) reported bleeding gums present and 47 (62.6%) were not informed about the possible oral abnormalities that can occur during pregnancy. Hence, we conclude that the junction of the multiple aspects that encompass gingival changes, it is important to emphasize the need for a general evaluation of pregnant patients, in addition to dental care throughout this period, as the results of this study demonstrated that greater percentage of pregnant women are unprepared for the possible intercurrences that may afflict them this time. ABSTRACT UNITERMS: pregnancy, periodontal disease, oral hygiene During pregnancy many changes occur in the body of the woman and some of them may explain the appearance of a greater number of cases of gingivitis during this period. AGRADECIMENTO À UNITAU pela concessão de bolsa de estudos - Programa de Iniciação Científica. REFERÊNCIAS bibliográficas 1- Lopes AM, et al. Fatores etiológicos associados com a gengivite na gravidez. Rev. Paul. Odontol 2004; 26: 4, 31-34. 2- Dias LZS, Evolução da doença periodontal em gestantes. Rio de Janeiro; s.n 1992; 12: 3, 89. 3- Tilakaratne A, Sorry M, Renasinghe AW, et al. Periodontal disease status during pregnancy and 3 months post-partum, in a rural population of Sri-Lankan women. J Clin Periodontol 2000; 27: 10, 787-92. 4- Fiorini T, Vianna P, Weidilish P. Relação entre os níveis de citocinas no soro e no fluido gengival crevicular (GCF) em mulheres grávidas. Epub 2012; 58: 1, 34-9. 5- Braz MBM, et al. Correlação entre patologias periodontais e intercorrencias obstétricas, Rev. Ginecol. Obstet 2000; 11: 3, 196-201. 6- Srivinias SK. e Parry S. Periodontal disease and pregnancy outcomes: time to move on? J Womens Health (Larchmt) 2012; 21: 2, 121-5. 7- Ribeiro GUG. Frequência da doença periodontal em gestantes brasileiras com parto a termo e pré-termo. Campinas; s.n 2009; 101. 98 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

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