ITINERANTES
U M A (rara) EDITORA DE IMAGENS SERIGRÁFICAS: REILA GRACIE A serigrafia é, na origem, uma técnica de im pressão praticada m ilenarm ente no Oriente. O mundo ocidental só começa a se interessar por esta técnica no final do século XIX e mesmo assim apenas no âm bito industrial. No século XX a serigrafia passou a ser utilizada no cam po e dito ria l e, depois, no publicitário. O desenvolvim ento da serigrafia enquanto meio de expressão a rtística só ocorreu depois da II Guerra M undial de modo que, na perspectiva da arte ocidental, ela é uma técnica que recentem ente am pliou as possibilidades da expressão gráfica. Assim, a serigrafia na segunda m etade do século XX passa a ser praticada por um conjunto de a rtis ta s de grande expressão tais como: Arp, Vieira da Silva, Vasarely e W arhol. No Brasil a serigrafia como expressão a rtís tic a vai ser experim entada apenas na segunda m etade dos anos 50. N este m om ento, foi decisiva a atuação de M ário de Ia Parra que, pioneiram ente, interpretou em técnica serigráfica obras de a rtistas brasileiros tais como P ortinari, Di Cavalcanti, Djanira, M arcier, M aria Leontina, M ilto n Dacosta, Iberê Camargo, Volpi, Bandeira, Krajcberg, lone Saldanha e A luísio Carvão. A produção de M ário de Ia Parra nos anos 50 foi tão im portante para o desenvolvim ento da serigrafia enquanto processo gráfico de produção de obras de a rte quanto a de Dionísio Del Santo nos anos 60/70 - um notável a rtis ta plástico que em paralelo à construção de uma obra gráfica própria atuou na produção de obras serigráficas para outros a rtista s brasileiros. Nos anos 80 e 90 Reila Gracie - e dito ra e im pressora de im agens serigráficas - desenvolveu um trabalho de grande envergadura. Desde 91 produziu na EAV (por enquanto) im agens de 36 a rtista s brasileiros contem porâneos. E mais: propõe-se a fazê-las circular pelo país - co ntin e nte expondo não só no Rio de janeiro, onde foram produzidas mas tam bém em Florianópolis, Porto A legre, João Pessoa, Ouro Preto, Belo Horizonte, C uritiba e Brasília. A presentando 60 obras com form atos e funções diferenciadas - destacando-se os 24 cartões de 15 diferentes autores que resgatam uma vasta (e pouco estudada) prática dos a rtista s plásticos brasileiros - Reila Gracie está prom ovendo, sem dúvida, uma difusão destas m odalidades de expressão gráfica, num país de ta n tas restrições à produção visual contem porânea. Não dá para discutir: Reila Gracie é uma editora de im agens serigráficas de seu tem po e de seu espaço. Felizmente. George Kornis - Professor de História e Teoria da Gravura
Esta exposição é o resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido do a te lie r de a rte s e rig rá fica na Escola de A rte s V isuais do Parque Lage (EAV). Foram convidados a rtis ta s de d iferen tes gerações, reconhecidos pela tra je tó ria e co ntin u idade do trabalho, para m o stra r através de suas diferenças um leque abrangente das possibilidades de expressão em se rig ra fia. A im portância do desenvolvim ento deste projeto é p e rm itir que seja privilegiado o caráter experim ental da produção, uma vez que possibilita ao a rtista desenvolver um trabalho de pesquisa acom panhado de uma assessoria técnica, dispondo de um tem po, que em outra circunstância, como num espaço de caráter com ercial, to m a r-se -ia inviável pelo alto custo de m anutenção da in fra -estrutu ra do atelier. A EAV, destaca-se pelo pioneirism o de te r aberto suas portas para este projeto, dando a sua contribuição para incentivar o uso da linguagem serigráfica e proporcionar a um número maior de artistas o acesso a esta forma de expressão. Eu, como editora, produtora e im pressora, vejo o meu trabalho como um reflexo do meu desejo, da minha curiosidade e de uma filo sofia que foi se e strutu ra ndo com o tem po. Nada acontece aleatoriam ente, pois faz parte de um processo onde há uma intenção prévia, muitas vezes impulsionada apenas pela intuição. Quando criança, fascinava-m e o processo de transform ação das coisas. O bservava com fre qü ê ncia minha avó cozinhando ou envolta por seus panos e novelos no q u a rto de costura. Era adm irável a sua habilidade manual e to d a aquela magia que a rodeava; onde gosm entas claras de ovos agitadas por um rudim e nta r aspirai de aram e transform avam -se em neve e p o ste rio rm e n te em pão-de-ló ou suspiro. Retalhos de tecidos costurados tornavam -se colchas e novelos coloridos em sapatinhos de recém -nascidos. Passei a e nte n d e r a vida com o um processo de m ontagem de um jo g o de quebra-cabeça im aginário que ao tom ar corpo transform a -se no objeto do desejo de quem faz, de quem vê ou de quem experim enta. A gravura, especificam ente impressa em serigrafia que é a técnica a que me dediquei a aprender por achar a mais contem porânea das técnicas gráficas artesanais, pela sua agilidade e riqueza de recursos, tra nsp o rtou -m e de volta a este universo de imagens lúdicas da infância, sendo que inserida numa abordagem m uito mais complexa e subjetiva. A relação que cada pessoa estabelece com aquilo que faz re fle te o seu próprio grau de exigência. Como im pressora, minha exigência vai um pouco além do ato m ecânico de im prim ir. É fundam ental que haja uma sintonia e uma integração com o a rtista durante o processo de trabalho. É um m om ento onde o a rtista se revela e o im pressor transform a-se num instrum ento para a projeção da im agem, porque é ele, im pressor, quem vai forne ce r as possibilidades de traduzir a idéia ou a imagem já elaborada para a técnica utilizada. Quanto mais sensibilidade o im pressor tiver da espectativa do a rtista quanto ao resultado desejado e quanto mais intim idade com os elem entos e as cores que este utiliza, mais ele poderá auxilialo a elevar a qualidade desta transposição, alcançando assim o ideal pretendido. Considero o trabalho de im pressor pertencendo à categoria de sofisticada artesania, pois este deve ter como objetivo alcançar cada vez mais o aperfeiçoam ento e o domínio da técnica, enquanto o a rtista busca a criação, o desenvolvim ento e o aprim oram ento de uma linguagem. 0 ciclo da gravura, começa no atelier do a rtista, passa pelo processo de im pressão onde a im agem é dissecada to r nando cada cor um fra g m e n to isolado e depois re com posta por sucessivas sobreposições. A gravura, uma vez pronta, to rn a r-s e -á pública. Seja qual fo r o local onde p erm anecerá exposta in te rfe rirá no c o tid ia n o de um grande núm ero de pessoas. A obra de a rte tem vida própria. Reila Gracie - Curadora e im pressora
Artistas da Coleção de Qravuras Anna Bella Geiger Anna M aria M aiolino A rtu r Barrio Beatriz Milhazes Burle M arx Carlos Scliar Celeida Tostes Cildo M eireles Cláudio Kuperman Cristina Salgado Djalma Paiva Joao Atanasio João Carlos Goldberg João Grijó João Magalhães Katie van Scherpenberg Luiz Alphonsus Luiz Áquila Luiz Ernesto Lygia Pape M anfredo de Souzanetto Paulo Paes Ricardo Basbaum Simone M ichelin Suzana Queiroga Tomoshige Kosuno Artistas da Coleção de Cartões Abelardo Zaluar A ldem ir M a rtin s Am élia Toledo Anna Bella Geiger A ntonio Henrique Amaral Beatriz Milhazes Carlos Scliar Cildo M eireles Cristina Salgado Giodana Holanda Gianguido Bonfanti Glauco Rodrigues Guilherme Secchin Iberê Camargo João Carlos Goldberg Luiz Alphonsus M alu Fatorelli M anoel Fernandes M ô Toledo M ollica Nelson Augusto Roberto Magalhães Rubens Gerchman Simone M ichelin
A Secretaria de Estado da Cultura de M inas Gerais e A Fundação Clovis Salgado promovem a exposição IMPRESSÕES ITINERANTES no Palácio das A rtes Sala Genesco M urta Abertura dia 04 de setembro às 20 hs de 04 a 26 de setembro de 1996 terça a domingo, de 9 às 21 horas Workshop - João Grijó e Reila Gracie de 23 a 27 de setembro de 14 às 17 horas na Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP).
Palácio das A rtes Av. Afonso Pena 1537 Centro - Belo Horizonte ESCOLA DE ARTES VISUAIS DO PARQUE LAGE PROJETO - REILA GRACIE Realização a ô v ts í&fundação SAIOADO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA Apoio BUNDEX VTOMS9C SEGURANÇA E S T Ú D IO G R A F IC O E D IT O R A LT O A