ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG * Julio Pedro Laca-Buendía 1, Joel Fallieri 2, Julio C. Viglioni Penna 3, Bruno B. de Oliveira 4, Petrônio J. da Silva 5 (1) EPAMIG/CTTP/FEGT, Caixa Postal 351 38001-970 Uberaba, MG e-mail juliolaca@epamiguberaba. com.br (2) EPAMIG/CTTP/FEGT, Caixa Postal 351 38001-970 Uberaba, MG (3) Departamento de Agronomia da UFU, 38400-970 Uberlândia, MG (4) FAZU Uberaba, MG (5) EPAMIG/CTTP/FEGT, Caixa Postal 351 38001-970 Uberaba, MG RESUMO Com o objetivo de determinar a melhor época de plantio a ser recomendada, para a região do Triângulo Mineiro, foi conduzido um experimento na Fazenda Experimental da Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba, MG, com seis épocas: 24/10/2001; 08/11/2001; 29/11/2001; 14/12/2001; 28/12/2001 e 08/01/2002; utilizando-se os genótipos: EPAMIG Precoce-1, HD (C-25-1-80) e HD (C-24-5-78). Foi instalado em blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. As maiores produções foram conseguidas nas épocas de 24/10, 08 e 29/11 e 14/12, com: 2838 kg/ha, 2798 kg/ha, 2446 kg/ha e 2693 kg/ha. Para as cultivares, não foram encontradas diferenças estatísticas. No peso de 100 sementes, peso de capulho, índice de fibra e percentagem de fibra, não se detectou diferenças significativas entre épocas e cultivares testadas. Na finura da fibra, não foram encontradas diferenças entre épocas. Já no comprimento da fibra, as melhores épocas foram: 08/11 e 24/10; na uniformidade da fibra, a melhor época foi 08/11, com 82,5%; na resistência da fibra, a melhor época foi em 24/10 e 08/11; no índice de alongamento, a melhor época foi 29/11 e 15/12; no índice de fibras curtas, as melhores épocas foram: 08/11, 24/10 e 14/12. INTRODUÇÃO O plantio antecipado da cultura algodoeira pode submetê-la à falta de umidade e às baixas temperaturas, comprometendo a sua germinação e o seu desenvolvimento inicial. Neste caso, o ataque de pragas e doenças é mais intenso, além do fato da colheita coincidir com o período chuvoso, com dano às sementes e a qualidade da fibra, conforme Righi et. al. e Woodruff et al., citados por Laca- Buendia (1990). Já o plantio tardio é prejudicial pois, reduz a produção, favorece a ocorrência de pragas (lagartas e bicudo) e doenças (ramulose) e as baixas temperaturas por ocasião da abertura dos capulhos, retardam a colheita. Em resultados obtidos por vários pesquisadores, pode-se verificar uma grande variação de produtividade do algodoeiro pelo efeito da época de plantio; Laca-Buendía, 1990; Laca-Buendía et al., 1997; Laca-Buendía et al., 1997b; Gabriel et al., 1997, para variedades de ciclo tardio e Laca-Buendía e Cardoso Neto, 1997 e Bolonhezi et al., 1999, para cultivares de ciclo precoce. O Objetivo deste trabalho foi o de determinar a melhor época de plantio de cultivares de algodoeiro de ciclo precoce para a R do Triângulo Mineiro, bem como verificar as características agronômicas e da fibra destes cultivares em cada uma das épocas de plantio. MATERIAL E MÉTODOS Durante o ano agrícola de 2000/2001, foi realizado um experimento de campo, na Fazenda Experimental da Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba (FAZU), no município de Uberaba, * Trabalho desenvolvido em parceria com a FAZU e financiado pela FAPEMIG 1
MG, assim caracterizada: altitude 774,5 m, latitude 19 0 45' 27"S e longitude 47 0 55' 38" W. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, sendo as parcelas as épocas: 24/10/2001; 08/11/2001; 29/11/2001; 14/12/2001; 28/12/2001 e 08/01/2021; e as sub-parcelas os genótipos: EPAMIG Precoce-1, HD (C-25-1-80) e HD (C-24-5-78). As parcelas foram constituídas por quatro fileiras de 5,0 m de comprimento, com quatro fileiras de 0,90 m de espaçamento entre elas. Por ocasião da colheita foram colhidas as duas fileiras centrais de cada sub-parcela com área útil de 9,0 m 2. A adubação de plantio foi de 450 kg/ha da fórmula 4:30:16 de NKP e uma adubação de cobertura de 150 kg/ha, com sulfato de amônia, realizada após 20 dias da emergência. Quando as plantas atingiram 50% de abertura de capulhos iniciou-se a colheita manual, procedendo-se a seguir a pesagem do algodão em caroço da área útil de cada sub-parcela. Determinou-se também por ocasião da colheita, ao acaso, a altura de 10 plantas dentro da área útil de cada sub-parcela. Retirou-se uma amostra de 20 capulhos do terço médio das plantas de cada subparcela, para avaliação do peso de 100 sementes, peso de capulho, percentagem de fibra e índice de fibra e das características tecnológicas de fibra. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na produção de algodão em caroço, houve diferenças significativas, sendo que as maiores foram obtidas nas épocas de plantio de 24/10 a 14/12, com rendimentos de 2838 kg/ha a 2446 kg/ha, confirmando os resultados obtidos por Laca-Buendia e Cardoso Neto (1997) e Bolonhezi et al. (1999). O atraso na época de semeadura ocasionou perdas no rendimento da ordem de 66,6%, quando o plantio foi realizado em 28/12 e de 75% em 08/01 em relação a época inicial. Já entre as cultivares não foram encontradas diferenças significativas, sendo o melhor rendimento do genótipo HD-C-24-5-78, com 2176 kg/ha (Tabela 1). O número de plantas na colheita, diferiu entre as épocas testadas, sendo maior nas épocas 08/11 e 14/12, com respectivamente 118 e 116 plantas/9m 2. Já os genótipos não apresentaram diferenças entre si. A altura de planta, foi afetada pelas épocas de plantio mais tardio, ou sejam, 28/12 e 08/01,com redução no porte das plantas. Entre as cultivares não foram notadas diferenças estatísticas. Para a precocidade das plantas houve diferenças entre as épocas estudadas, sendo a maior quando a semeadura foi realizada em 08/01 e 14/12, com 94% e 89%, respectivamente; a menor precocidade das plantas ocorreu no plantio de 24/10, com 58% de capulhos colhidos. As cultivares testadas não apresentaram diferenças entre si. O peso de capulho sofreu influência das épocas de plantio, sendo que as mais tardias (28/12 e 08/01), portadoras dos menores pesos, 9,97 g e 9,72 g, respectivamente. Já as cultivares não foram afetadas pelas épocas de plantio. Os maiores pesos de 100 sementes, foram alcançados quando se realizou o plantio em 24/10 e 08/11, com 11,6 g e 11,7 g, respectivamente. Entre os genótipos não houve diferenças. Para o índice de fibra e a percentagem de fibra, não foram encontradas diferenças estatísticas entre épocas e cultivares. (Tabela 1). Na avaliação das características tecnológicas da fibra, verificou-se que houve diferenças estatísticas entre os genótipos, sendo que o HD (C-24-5-78) alcançou o índice mais alto, ou seja, 11,14%. Já nas épocas estudadas, observou-se que o comprimento da fibra foi superior quando se realizou o plantio em 24/10 e 08/11, com 28,92 e 29,09 mm; na uniformidade da fibra verificou-se que o maior valor foi obtido com o plantio em 8/11, com 82,5%, não havendo diferenças nas épocas: 24/10, 14/12 e 28/12, com 81,7%, 80,6 % e 81,8 %, respectivamente. Na resistência houve diferenças estatísticas nas épocas estudadas, sendo os melhores valores em 24/10 e 08/11, com 28,4 e 28,3 g/tex; no alongamento as melhores percentagens foram obtidas no plantio de 29/11 e 08/01, com 11,4 % e 11,3 %. A maior percentagem de fibras curtas foi na época 08/01, com 11,6% e os menores valores nas épocas 08/11, 24/10 e 14/12, com 7,1%, 8,2% e 8,9%, respectivamente (Tabela 2). 2
CONCLUSÕES Os genótipos apresentaram semelhante performance em termos de produção em algodão em caroço. As maiores produções de algodão foram registradas nas épocas 24/10, 08 e 14/11 e 29/11. A quantidade intrínseca de fibra, foi afetada pela época de plantio. 3
Tabela 1- Resultados médios obtidos no ensaio de época de plantio do algodoeiro herbáceo de ciclo precoce em solos sob Cerrado. Uberaba-MG. 2001/2002. Tratamentos Stand na colheita Produção (kg/ha) Altura de planta (cm) Precocidade Peso de capulho (g) Peso de100 Sementes (g) Índice de fibra (g) % de fibra Genótipos: EPAMIG-Precoce 1 74,29 a (1) 2009 a 97,64 a 77,85 a 6,88 a 10,71 a 6,86 a 38,84a HD (C-24-5-78) 89,04 a 2176 a 100,18 a 72,85 a 6,69 a 10,63 a 6,96 a 39,12a HD (C-25-1-80) 81,12 a 2028 a 98,89 a 75,07 a 6,93 a 10,75 a 6,76 a 39,21a Épocas: 24/10 61,25 b 2838 a 116,10 ab 58,31 c 7,63 a 11,63 ab 6,97 a 39,03a 08/11 118,08 a 2798 a 117,72 a 69,82 bc 7,58 a 11,74 ab 7,51 a 38,72a 29/11 58,17 b 2446 a 102,07 b 74,62 b 7,29 a 10,62 bc 7,02 a 39,67a 14/12 116,25 a 2693 a 105,45 ab 89,55 a 6,59 a 10,51 c 6,78 a 39,05a 28/12 55,42 b 947 b 75,65 c 65,70 bc 5,77 b 9,97 c 6,43 a 38,57a 08/01 79,75 b 707 b 76,43 c 93,53 a 5,76 b 9,72 c 6,44 a 39,32a Média Geral 81,49 2072 98,90 75,26 6,84 10,70 6,86 39,06 (1) Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%. 4
Tabela 2- Resultados médios das características tecnológicas da fibra obtidos no ensaio de épocas de plantio de algodoeiro herbáceo de cultivares de ciclo precoce em solos sob Cerrado. Uberaba-MG. 2001/2002. Genótipos Micronaire (u/pol) Comprimento (SL-2,5% mm) Uniformidade Resistência (g/tex) Alongamento Fibras curtas Cultivares: EPAMIG- Precoce 1 3,76a (*) 27,51a 81,29a 27,3a 10,47b 9,44a HD (C-24-5-78) 3,81a 27,54a 81,41a 27,4a 11,14a 9,28a HD (C-25-1-80) 3,75a 27,19a 81,14a 27,4a 10,83ab 9,79a Épocas: 24/10 3,85a 28,92a 81,72ab 28,4a 10,07b 8,18bc 08/11 3,92a 29,09a 82,52a 28,3a 10,12b 7,13c 29/11 3,80a 27,05ab 80,55b 26,7b 11,38a 10,57ab 14/12 3,68a 27,38ab 81,75ab 27,4ab 10,97ab 8,94abc 28/12 3,63a 26,61b 80,71ab 26,8b 11,06ab 10,61ab 08/01 3,75a 25,43b 80,42b 26,5b 11,32a 11,57a Média Geral 3,77 27,41 81,23 27,3 10,82 9,50 C. V. (a) 6,75 6,12 1,90 4,64 18,64 24,69 C.V. (b) 5,93 4,29 1,28 3,59 7,51 16,23 (*) Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOLONHEZI, D.; ATHAYDE, M. L. F.; FUZATTO, M. G.; BOLONHEZI, A.C.; BORTOLETTO, N.; CASTRO, J. L.; DE SORDI, G. Produção de algodão em caroço de três variedades de algodoeiro herbáceos semeados em diferentes épocas e locais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 2., 1999, Ribeirão Preto. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1999. p. 130-133. LACA-BUENDÍA, J. P.; CARDOSO NETO, L. Estudo de época de plantio com cultivares de ciclo precoce de algodão herbáceo na região do Triângulo Mineiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 1., Fortaleza, 1997. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. p. 31-33. LACA-BUENDÍA, J. P.; OLIVEIRA, P. de ; PIRES, G. A. D.; SILVA FILHO, P.V. Estudo de épocas de plantio x cultivares de algodão herbáceo (G. hirsutum L. var. latifolium Hutch.) nas principais regiões algodoeiras de Minas Gerais. In: EPAMIG (Belo horizonte, MG). Projeto algodão: relatório 1980/92. Belo Horizonte, 1997a p. 594-596. LACA-BUENDÍA, J. P.; SILVA FILHO, P.V.; NETO, L. C. Estudo de épocas de plantio x cultivares de algodão herbáceo (G. hirsutum L. var. latifolium Hutch.) no Triangulo Mineiro. In: EPAMIG (Belo horizonte, MG). Projeto algodão: relatório 1980/92. Belo Horizonte, 1997b. p. 599-604. LACA-BUENDÍA, J. P. Aspectos culturais do algodão. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 15, n. 166, p. 22-32, 1990. 6