Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Transcrição:

Acórdãos STA Processo: 0493/10 Data do Acordão: 13-10-2010 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Tribunal: Relator: Descritores: Sumário: 2 SECÇÃO DULCE NETO CPPT CITAÇÃO OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL I - O artigo 37.º do CPPT destina-se aos casos em que a notificação diz respeito a actos em matéria tributária que possam ser objecto de meio judicial de reacção contra a sua validade/existência, e não a suprir as deficiências de comunicação de outro tipo de actos, designadamente de actos processuais, cujas regras de cumprimento e validade estão, primordialmente, previstas no Código de Processo Civil (artigos 193.º e seguintes). II - Tal como em qualquer processo judicial, o meio próprio para invocar a deficiência do acto de citação praticado no processo de execução fiscal, mormente por não ter sido acompanhado de todos os elementos que a lei impõe, e de obter a sua perfeição com as consequências daí advenientes em termos de contagem dos prazos processuais de defesa, só pode ser obtida através do reconhecimento judicial da nulidade desse acto por inobservância de formalidades prescritas na lei (artigo 198.º do CPC). III - Pelo que o regime previsto no n.º 2 do artigo 37.º do CPPT não alberga, em princípio, o deferimento do início do prazo para deduzir oposição à execução fiscal, salvo naqueles casos em que possa discutir-se nesse meio processual a legalidade do acto de liquidação de onde provém a dívida exequenda. Nº Convencional: JSTA000P12231 Nº do Documento: SA2201010130493 Recorrente: A... Recorrido 1: FAZENDA PÚBLICA Votação: UNANIMIDADE

Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: A, com os demais sinais dos autos, recorre para o Supremo Tribunal Administrativo da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que, no âmbito de processo de oposição à execução fiscal contra si revertida para cobrança de dívidas de IVA e Juros Compensatórios dos anos de 1997 e 1998 da sociedade B, Ldª, julgou verificada a excepção da caducidade do direito de deduzir essa oposição. Terminou a sua alegação enunciando as seguintes conclusões: I A Sentença proferida é ilegal, enfermando de vício de violação da Lei aplicável ao caso. II Desde logo porque inexiste um argumento substancial que justifique a interpretação restritiva efectuada pelo Tribunal a quo da norma contida no Artigo 37. do CPPT, decidindo pela inaplicabilidade da mesma ao caso em apreço; III Com efeito, sem fundamento legal para tanto, a decisão proferida nos presentes autos impõe ao contribuinte o ónus adicional de aguardar que seja efectuada a penhora dos respectivos bens - mesmo antes de saber o motivo porque é chamado a pagar uma dívida de terceiro como responsável subsidiário - e só depois ver a questão judicialmente apreciada nos termos previstos nos Artigos 276. e seguintes do CPPT; IV A interpretação restritiva da norma efectuada pelo Tribunal não tem sequer apoio na letra da Lei, uma vez que o artigo 37º do CPPT refere expressamente a respectiva aplicabilidade a qualquer outro meio judicial além da reclamação, recurso ou impugnação, verificandose que a oposição é um meio judicial de reacção do contribuinte. V Impor ao contribuinte que se vê confrontado com a cobrança de uma dívida, na qualidade de devedor subsidiário, vários anos após a data em que o imposto teria sido devido, dívida essa que desconhece, o ónus de obrigatoriamente recorrer ao mecanismo processual previsto no Artigo 103. n.º 2 da Lei Geral Tributária, é pois manifestamente excessivo, até porque tal possibilidade de reacção pelo contribuinte contra a

notificação nem sequer consta da notificação recebida, nos termos previstos no Artigo 37. n.º 1 do CPPT; VI A Sentença ora em crise, porque manifestamente restritiva dos direitos liberdades e garantias do contribuinte, e sem apoio no texto da Lei, viola os Artigos 13. e n. 3 do Artigo 103. da Constituição da República Portuguesa; Acresce que, VII Os elementos solicitados pelo contribuinte no pedido de certidão apresentado eram imprescindíveis para preparar a oposição a apresentar em sede de oposição à execução fiscal, sendo manifesto que, só depois de obter os elementos mínimos de informação legalmente previstos, ficaria o contribuinte em posição de poder reagir e apresentar defesa relativamente ao acto praticado pela Administração Fiscal, optando então por apresentar impugnação ou outro qualquer meio judicial de defesa como expressamente prevê o n.º do Artigo 37. do CPPT; VIII Impor ao contribuinte, que é um mero responsável subsidiário, o ónus de, perante o incumprimento por parte da Administração Fiscal das obrigações legalmente impostas de fundamentação dos actos praticados, reagir com recurso a meios processuais que nem sequer vêm mencionados na notificação recebida, e impedindo o imprescindível acesso a informação que obrigatoriamente deveria ter sido prestada, é pois manifestamente ilegal. IX A Decisão proferida exige do contribuinte um juízo de prognose relativamente à defesa a apresentar, e o recurso a meios de defesa excepcionais e de aplicação diferida no tempo, de forma manifestamente excessiva tanto mais que impunha a obrigação de recorrer aos Tribunais sem uma defesa adequada por total impossibilidade de preparação (desde logo atenta a falta de elementos mínimos de informação), obrigando-o ainda a suportar as custas inerentes a acção judicial a instaurar e demais despesas associadas; X A Sentença proferida é pois ilegal, violando os princípios da legalidade, igualdade, proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade previstos no Artigo 55. da Lei Geral Tributaria, e na Constituição da República Portuguesa; Nestes termos e nos melhores de Direito aplicável, deve ser julgado provado e procedente o presente recurso, e em consequência revogada a Sentença proferida, e substituída por outra Decisão que julgue a oposição tempestivamente

apresentada, e em consequência se pronuncie sobre as questões suscitadas na Petição Inicial de oposição, com o que se fará a habitual, Boa e Sã JUSTIÇA. 1.2. A Fazenda Pública (Recorrida) não apresentou contraalegações. 1.3. O Exmo. Procurador-Geral-Adjunto emitiu douto parecer no sentido de ser negado provimento ao recurso, com a seguinte argumentação: «(...) a sentença recorrida está conforme à jurisprudência dominante deste Supremo Tribunal Administrativo que tem vindo a entender que «A citação em processo de execução fiscal que não comunique a fundamentação do despacho de reversão não torna o acto de reversão inoponível ao responsável subsidiário, o qual pode invocar a irregularidade ou a nulidade da citação, e não socorrer-se do artigo 37º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, uma vez que este dispositivo legal é aplicável às comunicações de decisões em matéria tributária que não contenham a fundamentação legalmente exigível, e não se aplica a actos de natureza judicial como é a citação em processo de execução fiscal»- cf. neste sentido, para além do Acórdão 91/07, de 06.06.2007, citado na decisão recorrida, os recentes Acórdãos deste Supremo Tribunal Administrativo de 12.05.2010, recurso 84/10, de 12.05.2010, recurso 632/09, e de 25.11.2009, recurso 552/09. Excepção será apenas o caso, como refere, Código de Procedimento e Processo Tributário anotado de Jorge Lopes de Sousa, vol. I, pag. 339, em que «se estiver perante uma situação enquadrável na alínea h) do n.º 1 do artigo 204 deste Código, em que a lei autorize a discussão da legalidade concreta da liquidação da dívida exequenda por não estar legalmente assegurado meio de impugnação contenciosa daquela, ou se se tratar de caso em que seja admissível impugnação judicial a contar da efectivação da citação, como sucede com os responsáveis solidários ou subsidiários (artigo 22, n 4, da LGT)». Mas não é esse o caso dos autos em que se deduz oposição à execução mas não vem alegada a ilegalidade concreta da liquidação. Assim o recorrente haveria de ter arguido a nulidade da citação (art.º 198, n 2 do Código de Processo Civil) no âmbito do processo de execução fiscal, com a garantia adicional de poder reclamar do eventual acto de indeferimento de tal arguição de nulidade (arts. 103, n 2

da Lei Geral Tributária e 276 do Código de Procedimento e Processo Tributário). Acresce dizer que não ocorre, nem a recorrente demonstra, a invocada violação dos artigos 13., e n. 3 do artigo 103. da Constituição da República Portuguesa que consagram os princípios da igualdade e da legalidade.». 1.4. Colhidos os vistos dos Exmºs Juízes Conselheiros Adjuntos, cumpre decidir em conferência. 2. Na sentença recorrida constam como provados os seguintes factos: a). Pelo Serviço de Finanças de Matosinhos 1 foi instaurada a execução fiscal n 1821200001013866, contra sociedade B, Ld.ª por dívidas de IVA referentes ao ano 1997, e Juros Compensatórios referentes aos anos 1997 e 1998, no valor global de 5.085,92. b). Por despacho de 10/04/2003 foi ordenada a reversão da referida execução contra o oponente, cf. fls. 60 dos autos. c). O oponente foi citado para a execução através de carta registada com aviso de recepção, assinado em 15/04/2003 - cf. fls. 61 e 62 dos autos. d). Em 15/05/2003 o oponente apresentou o requerimento de fls. 13 e 14 dos autos, dirigido ao processo de execução fiscal indicados em A) através do qual solicitou a fim de ficar habilitado a exercer os direitos de defesa que lhe assistem passagem de certidão, através de fotocópia dos seguintes documentos: a) - cópia da notificação das correspondentes liquidações respeitantes ao Processo de execução acima referido ; b) - cópia do despacho contendo os respectivos fundamentos que ordenou a reversão da execução contra o aqui requerente - cf. fls. 11 e 12 dos autos cujo teor aqui se dá por integralmente reproduzido. e). Em 17/03/2006 foi entregue a certidão à mandatária do oponente - cf. fls. 18 dos autos. f). Em 31/03/2006 o oponente interpôs a presente oposição junto do Serviço de Finanças de Matosinhos 1 - cf. fls. 5 dos autos. 3. A única questão em apreciação no presente recurso é a de saber se a decisão recorrida incorreu em erro ao julgar que se verificava a caducidade do direito de deduzir oposição à execução fiscal revertida contra o responsável subsidiário pelo pagamento da dívida exequenda, por terem decorrido mais de 30 dias entre a data da citação e a data da apresentação da petição de oposição e por se ter

entendido que o mecanismo previsto no artigo 37.º, n.º 1 do CPPT não tem a virtualidade de diferir esse prazo. Com efeito, na decisão recorrida, depois de se ter constatado que se encontrava largamente excedido o prazo de 30 dias previsto no n.º 1 do artigo 203.º do CPPT para a dedução de oposição face à data em que ocorreu a citação (15.04.2003) e a data da apresentação da oposição (31.03.2006) - julgou-se que o pedido de passagem de certidão dos elementos em falta, relacionados com a fundamentação dos actos de liquidação das dívidas exequendas e com a fundamentação do despacho de reversão, formulado pelo citado em 15.05.2003 e entregue em 17.03.2006, não tinha a virtualidade de suspender ou diferir o prazo para o citado deduzir oposição à execução, não obstando, assim, à julgada caducidade. O Recorrente insiste na tese da aplicabilidade do mecanismo previsto no artigo 37.º do CPPT ao processo de oposição, invocando uma ilegal interpretação restritiva da norma, que não só não encontraria apoio no texto da lei como implicaria a violação dos princípios da legalidade, igualdade, proporcionalidade, justiça e da imparcialidade, previstos no artigo 55. da Lei Geral Tributária e na Constituição da República Portuguesa, argumentando que os elementos solicitados no pedido de certidão eram imprescindíveis para a preparação da oposição e que só depois de os obter ficaria em posição de poder defender-se relativamente ao acto praticado pela Administração Fiscal e de apresentar impugnação ou de outro meio judicial de defesa, como expressamente prevê o artigo 37. do CPPT. Vejamos, então. Como se sabe, os actos administrativos, de que os actos em matéria tributária são uma espécie, estão sujeitos a notificação em harmonia com as exigências axiológicas contidas no n.º 3 do artigo 268. da Constituição, o qual impõe à Administração o dever de dar conhecimento aos interessados dos actos administrativos que lesem os seus direitos ou interesses legalmente protegidos, proporcionando-lhes o conhecimento de todos os elementos do acto, mormente da sua fundamentação, de forma a habilitá-los a conformar-se ou reagir pelas vias legais admissíveis. E, por decorrência, o CPPT estabelece o seguinte: ARTIGO 36º Notificações em geral 1- Os actos em matéria tributária que afectem direitos e

interesses legítimos dos contribuintes só produzem efeitos em relação a estes quando lhes sejam validamente notificados. 2- As notificações conterão sempre a decisão, os seus fundamentos e meios de defesa e prazo para reagir contra o acto notificado, bem como a indicação da entidade que o praticou e se o fez no uso de delegação ou subdelegação de competências. O que significa que a lei exige, em obediência à Constituição, que o particular tenha conhecimento dos actos em matéria tributária praticados pela Administração, para que os possa impugnar (graciosa ou contenciosamente), ficando a sua eficácia dependente dessa notificação. E é nesse enquadramento que o artigo 37.º do CPPT estipula, para os casos em que a notificação das decisões em matéria tributária foi realizada em termos incompletos ou insuficientes, o seguinte: ARTIGO 37º Comunicação ou notificação insuficiente 1- Se a comunicação da decisão em matéria tributária não contiver a sua fundamentação legalmente exigida, a indicação dos meios de reacção contra o acto notificado ou outros requisitos exigidos pelas leis tributárias, pode o interessado, dentro de 30 dias ou dentro do prazo para reclamação, recurso ou impugnação ou outro meio judicial que desta decisão caiba, se inferior, requerer a notificação dos requisitos que tenham sido omitidos ou a passagem de certidão que os contenha, isenta de qualquer pagamento. 2- Se o interessado usar da faculdade concedida no número anterior, o prazo para a reclamação, recurso, impugnação ou outro meio judicial conta-se a partir da notificação ou da entrega da certidão que tenha sido requerida. ( )». Donde decorre que as decisões em matéria tributária devem ser notificadas com inclusão da fundamentação legalmente exigida, da indicação dos meios de reacção e dos outros requisitos exigidos pelas leis tributárias. Se o interessado for incompletamente notificado, pode requerer a notificação dos requisitos omitidos ou a passagem de certidão que os contenha dentro do prazo ali fixado. Usando dessa faculdade, o prazo para reagir (graciosa ou contenciosamente) contra o acto tributário conta-se a partir da notificação dos requisitos que haviam sido omitidos ou

da passagem de certidão que os contenha. Se nada requerer, a aludida insuficiência perde relevância para afastar os efeitos normais da notificação já efectuada. Tudo isto para dizermos que da conjugação destes preceitos resulta, com meridiana clareza, que o artigo 37.º se destina apenas aos casos em que a notificação diz respeito a actos tributários que possam ser objecto de meio legal de reacção contra a sua validade/existência, não se destinando a suprir as deficiências de comunicação de outro tipo de actos, designadamente de actos processuais, praticados no âmbito de processos judiciais, cujas regras de cumprimento e validade estão, primordialmente, previstas no Código de Processo Civil (artigos 193.º e seguintes). Ora, a reversão da execução contra o responsável subsidiário concretiza-se, não através de um acto tributário, mas através do acto processual de citação para o processo judicial de execução fiscal (artigos 103.º, n.º 1, e 23., n.º 1, da LGT), acto que deve ser acompanhado de cópia do título executivo, da indicação dos meios de defesa ao dispor do citado, da declaração fundamentada dos pressupostos e extensão da reversão, e da indicação dos elementos essenciais referentes ao acto de liquidação da dívida exequenda, incluindo a sua fundamentação. Caso esse acto de citação não seja acompanhado de algum desses elementos, ocorre uma irregularidade processual, mais precisamente a nulidade do acto de citação por inobservância de formalidades prescritas na lei (artigo 198.º do CPC), que deve ser arguida no prazo de contestação (no caso, no prazo de oposição à execução) e conhecida no próprio processo executivo, com eventual reclamação para Tribunal da respectiva decisão (artigo 276º do CPPT). Por outras palavras, tal como em qualquer processo judicial, o meio próprio para invocar a deficiência do acto de citação e obter a sua perfeição, com as consequências daí advenientes em termos de contagem dos prazos processuais de defesa para a acção em que essa citação ocorreu, só pode ser obtida através do reconhecimento judicial da invalidade desse acto. Neste contexto, é de concluir que o regime previsto no artigo 37.º do CPPT é inaplicável às situações em que a citação do responsável subsidiário padece de deficiências/irregularidades, designadamente por não conter os elementos respeitantes à fundamentação do

despacho de reversão, pois que esse mecanismo não constitui o meio adequado para obter o aperfeiçoamento e/ou renovação do acto de citação e para deferir o termo inicial de um prazo processual de defesa (oposição) que nasce com a sua realização. Pelo que sempre que o executado careça, para organizar a sua defesa, de elementos que devem acompanhar a citação, designadamente dos fundamentos e a extensão do despacho de reversão, deve suscitar a questão no próprio processo executivo, arguindo a nulidade da citação por preterição das formalidades previstas na lei, sendo a questão apreciada pelo órgão que dirige o processo, com reclamação para o tribunal tributário de 1.ª instância da decisão de indeferimento (276.º do CPPT e 103.º, n.º 2 da LGT). Todavia, porque as pessoas solidária ou subsidiariamente responsáveis podem também impugnar (graciosa e contenciosamente) o acto tributário de liquidação de imposto que suporta as dívidas exequendas, o qual lhes deve ser comunicado no momento da citação, elas poderão usar a faculdade prevista no n.º 1 do artigo 37.º para obter os elementos em falta referentes a esse acto tributário e obter, desse modo, o deferimento do termo inicial do prazo para sindicar a sua legalidade na acção impugnatória adequada. Por essa razão, se o acto de citação não for acompanhado dos elementos em falta relativos ao acto de liquidação, incluindo a respectiva fundamentação, há que reconhecerlhes a faculdade de utilizar esse mecanismo para obter a sua notificação ou a passagem de certidão que os contenha, com o necessário diferimento do termo inicial do prazo para atacar ou sindicar a legalidade desse acto de liquidação. E porque no âmbito do processo de oposição à execução só é admitido atacar a legalidade concreta do acto de liquidação quando a lei não assegure meio judicial de impugnação ou de recurso contra esse acto (artigo 204.º, n.º 1, al. h), do CPPT), podemos concluir que o interessado só poderá utilizar o mecanismo previsto no artigo 37.º para obter a notificação dos elementos omitidos e alcançar, dessa forma, o deferimento do termo inicial do prazo relativamente à própria à oposição, quando esta constitua o meio adequado para sindicar a legalidade do acto de liquidação das dívidas exequendas. Por conseguinte, o regime previsto no n.º 2 do artigo 37.º

do CPPT não alberga, em princípio, o deferimento do início do prazo para deduzir oposição à execução, salvo naqueles casos em que nesta possa discutir-se a legalidade do acto de liquidação por a lei não assegurar outro meio judicial de impugnação ou recurso contra esse acto. Neste contexto, e visto que na presente oposição não vem (nem podia vir) invocada a ilegalidade concreta do acto de liquidação dos tributos que constituem a dívida exequenda, não pode proceder a argumentação do Recorrente. Acresce dizer que não vislumbramos como é que esta interpretação do preceito pode contrariar os princípios constitucionais invocadas pelo Recorrente, como o da legalidade, da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, e da imparcialidade. Aliás, o Recorrente nem sequer expressa as razões por que, em seu entender, esses princípios foram desrespeitados, quando lhe cabia, para além de enunciar o rol das normas constitucionais, expor as razões por que, em seu entender, elas foram desrespeitadas. Além de que, o n.º 3 do artigo 103º se refere à criação dos impostos e à sua liquidação e cobrança, e tal matéria não é, sequer, posta em causa pela referida interpretação do artigo 37.º do CPPT. Termos em que improcedem todas as conclusões do recurso. 3. Pelo exposto, acordam, em conferência, os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso. Custas pelo Recorrente, com procuradoria de 1/6. Lisboa, 13 de Outubro de 2010. Dulce Neto (relatora) Alfredo Madureira Valente Torrão.