DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: O DIÁLOGO ENTRE O JORNALISMO E A CIÊNCIA REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DA COLUNA DIRETO DA FONTE 1. Marcio Da Silva Granez 2.

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Transcrição:

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: O DIÁLOGO ENTRE O JORNALISMO E A CIÊNCIA REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DA COLUNA DIRETO DA FONTE 1 Marcio Da Silva Granez 2. 1 Pesquisa realizada no curso de Comunicação Social - Habilitação Jornalismo, da UNIJUÍ 2 Professor do curso de Comunicação Social, Habilitação: Jornalismo, da Unijuí Introdução Em 2012 foi criado um espaço de divulgação na imprensa local de Ijuí para as atividades acadêmicas do recém constituído Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis e da Comunicação - DACEC. Direto da Fonte é uma coluna semanal que circula em jornal de âmbito regional e já se encontra no terceiro ano de existência. A cargo da Usina de Ideias, agência experimental do curso de Comunicação Social, a coluna traz informações sobre cursos, eventos acadêmicos, pesquisas e projetos de extensão, entre vários outros assuntos relacionados à vida acadêmica, sempre vinculados ao DACEC. A divulgação científica é um desafio para a área do jornalismo. Vários autores têm demonstrado que, apesar de crescimento relativo nas últimas décadas, a área da divulgação científica ainda caminha a passos tímidos no país (OLIVEIRA, 2002; ANTENOR, 2013). Nesse sentido, é fundamental investigar as iniciativas dessa seara, seja para o reforço das técnicas empregadas nos textos de divulgação, seja pela necessidade de aproximar da população em geral a pesquisa acadêmica e a produção de conhecimento. Assim se justifica a presente investigação, na medida em que enfoca uma inciativa que pretende ser um espaço permanente de divulgação de temas relacionados com a vida acadêmica, a ciência e o conhecimento. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a experiência a fim de contribuir com as pesquisas sobre a divulgação da ciência. Busca-se também investigar os formatos mais adequados para a divulgação científica, analisar os gêneros textuais presentes e os aspectos gráficos e editoriais da coluna publicada, bem como a relação com as fontes especializadas. Finalmente, pretende-se esboçar o espaço do diálogo entre a produção acadêmica e o meio de comunicação constituído pelo jornal impresso, considerando-se as implicações desse diálogo para a divulgação científica e para o exercício do jornalismo. Metodologia O trabalho consiste num estudo de caso da coluna de divulgação intitulada Direto da Fonte. Primeiramente, pretende-se fazer uma breve descrição das atividades desenvolvidas; em seguida, cotejá-las com algumas proposições tomadas como padrão, mediante a técnica do estudo de caso

(ZAMBERLAN et al., 2014; YIN, 2001). Partiu-se das seguintes proposições padrão, as quais foram comparadas com o material analisado: - a divulgação científica abrange um corpus de temas relativos às descobertas científicas; - os gêneros textuais utilizados na divulgação científica aproximam-se da categoria de jornalismo de investigação e de interpretação, como reportagem e artigo especializado; - as fontes especializadas preponderam na divulgação científica e constituem desafio para a atuação do jornalista; o recurso da metalinguagem está presente nos textos de divulgação como fator de tradução da linguagem técnica para a linguagem comum (OLIVEIRA, 2002); Resultados e discussão A coluna Direto da Fonte surgiu como resposta do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis e da Comunicação DACEC ao espaço vago no Jornal da Manhã, de Ijuí, para a publicação de matérias de interesse do departamento. A proposta inicial era ter um espaço para divulgar os cursos do DACEC, tarefa que ficaria a cargo do curso de Comunicação Social, dada a proximidade da área com a temática. A partir de 2012, iniciaram-se as produções para a coluna, que circula desde então semanalmente, às quartas-feiras, na maior parte das vezes na penúltima página do Jornal da Manhã. A coluna é produzida pela equipe da Usina de Ideias da UNIJUÍ, responsável pela seleção de pautas, captação de entrevistas, redação e revisão final da matéria, bem com pela ilustração que eventualmente acompanha o texto. São cerca de 25 linhas no formato padrão do Word. A diagramação é feita pela equipe do próprio jornal. Há também um destaque olho textual, reservado à declaração ou à informação mais importante do texto. O título da coluna ganha destaque na página, sendo em geral composto por 3 a 5 palavras, nas quais se procura marcar o aspecto principal da matéria. Sobressai, da verificação das temáticas abordadas, o caráter de divulgação da coluna Direto da Fonte. Ela se situa entre a reportagem e a publicidade no caso, a publicidade das ações do departamento. Sua finalidade, de divulgar as iniciativas, projetos e eventos do DACEC, permeia e configura a coluna: nas temáticas abordadas, na forma do texto, nas fontes consultadas. Senão vejamos. As temáticas O espaço Direto da Fonte aborda primordialmente a divulgação de eventos acadêmicos e projetos do DACEC. Assim, boa parte das temáticas está voltada para o anúncio de determinado evento ou para a repercussão desse evento sobre a comunidade acadêmica e a comunidade em geral: semanas acadêmicas, jornadas científicas, seminários, palestras, entre outros formatos de eventos promovidos pelos cursos do DACEC ou pela UNIJUÍ. Entre essas atividades, podem ser citados o anúncio e repercussão das semanas acadêmicas dos cursos de Administração, Comunicação Social, Economia e Ciências Contábeis, bem como os respectivos eventos desses cursos.

Outro grupo de temas recorrentes são os projetos de pesquisa e extensão, sobretudo com o viés da sua repercussão na comunidade externa. Há também um grupo de temas mais amplos, nos quais se destaca a repercussão de fatos atuais em nível local, a partir da ótica dos especialistas que compõem o departamento. Do que foi observado no estudo de caso quanto às temáticas, registre-se o fato de elas permitirem eventual abordagem em profundidade das descobertas nas respectivas áreas do conhecimento. Todavia, o enfoque primordial está mais na realização de eventos do que na tematização dos problemas e descobertas. Assim, vai-se encontrar, por exemplo, a matéria sobre a promoção de uma oficina na área de gestão. As técnicas e a discussão aprofundada, contudo, serão desenvolvidas na própria oficina não na matéria de divulgação. A abordagem textual O formato padrão do texto utilizado na coluna Direto da Fonte consiste em matéria jornalística semelhante à reportagem. O lead raramente é utilizado em sua forma clássica (pirâmide invertida). O mais frequente é a reportagem sob a forma dissertativa, mas também estão presentes as reportagens narrativas e descritivas (COIMBRA, 1993; BOAS, 1996). Recursos estilísticos são utilizados via de regra apenas no título, mais por restrição de espaço do que por opção editorial. As colunas não levam assinatura do autor, apenas da agência que as produz a Usina de Ideias. Trata-se de espaço de divulgação institucional, no qual está em primeiro plano, no nível textual, o gênero informativo (SODRÉ e FERRARI, 1986; LAGE, 1993). As opiniões se restringem às declarações das fontes: professores, pesquisadores, alunos, técnicos administrativos, entre várias outras fontes do mundo acadêmico institucional. Nesse sentido, a linguagem se configura a partir dos recursos usuais nos textos informativos: descrição detalhada, sentido denotativo, ausência de termos valorativos a não ser na avaliação dos entrevistados, ordem direta da frase, restrição ao uso de palavras de acentuado valor conotativo, entre outros (LAGE, 1993). Em sentido amplo, percebe-se que o grau de legibilidade dos textos enquadra-se na tradição da divulgação científica, buscando ao máximo a aproximação ao repertório do leitor mediano, a fim de alcançar todos os graus de instrução (OLIVEIRA, 2002). As fontes Como mencionado previamente, as fontes consultadas para as matérias da coluna têm caráter predominantemente acadêmico. O trabalho de captação e apuração das informações segue a rotina da produção noticiosa, mas essa está situada no espaço da universidade. As fontes aqui são os professores e pesquisadores, bem como os representantes hierárquicos da instituição: chefes de departamento, membros da reitoria, coordenadores de curso, entre outras funções. O acesso a essas fontes se dá por via do contato da equipe da Usina de Ideias, em entrevistas feitas pessoalmente, por via eletrônica ou por telefone.

Outra fonte frequentemente utilizada consiste nos dados de pesquisas divulgadas na mídia e nos fatos noticiosos relacionados com a temática da coluna. Eles servem muitas vezes de mote ou gancho para a abordagem dos assuntos relativos ao DACEC. Assim é que, por exemplo, dados recentes sobre o empreendedorismo no país são utilizados como fonte inicial, em matérias que abordam projetos empreendedores em nível local. Vai-se dessa forma do mais genérico dados em nível nacional ao mais específico projeto em nível local. Registre-se que mesmo se tratando de espaço institucional existe dificuldade em acessar as fontes em determinados períodos, sobretudo quando as rotinas de trabalho estão mais intensas. Em termos de transposição do conhecimento especializado, não houve registro de distorção das informações até agora divulgadas pela coluna, exceto a chamada distorção involuntária oriunda de erros de digitação. Talvez isso se deva ao fato de que, ao enfocar a divulgação, o potencial conflito entre saber especializado e informação, apontado pela literatura especializada, seja minimizado. Conclusões O espaço Direto da Fonte é um canal de divulgação da produção acadêmica e científica no qual a finalidade condiciona seu potencial uso como meio de ampliar o diálogo entre a academia e o público em geral. Em outras palavras, a função define a forma e o conteúdo. Ao ser concebida primordialmente para divulgar ações departamentais, a coluna configura-se, em nível de temática, como espaço de divulgação de eventos e de projetos acadêmicos. Em nível de formatação, o Direto da Fonte tem a feição de reportagem curta, embora sem os aspectos investigativos e interpretativos que caracterizam a reportagem como gênero jornalístico (COIMBRA, 1993; BOAS, 1996). Finalmente, quanto às fontes utilizadas, a coluna remete à apuração factual, com espaço reduzido para a opinião e a interpretação, que fica a cargo das fontes especializadas eventualmente consultadas. Lança-se uma breve luz ao saber especializado, nos moldes do que se faz no modelo da notícia, com o lead, mas as fontes só podem ser usadas aqui de maneira breve, dadas as restrições de espaço e formatação. O conhecimento especializado tem um vislumbre, por assim dizer. O aprofundamento, contudo, está fora do alcance da coluna, tanto em nível de projeto editorial como de finalidade. As dificuldades apontadas na literatura sobre a relação com as fontes (OLIVEIRA, 2002; ANTENOR, 2013) estão aqui em suspenso, dadas as peculiaridades do projeto. Tendo sido criada como espaço para divulgação, ela cumpre, de uma maneira que se poderia chamar híbrida, essa função. Explica-se. Híbrida porque reúne num formato mais aprofundado a reportagem um conteúdo e uma abordagem mais imediata, ligada ao fato que caracteriza a notícia e, também, à assessoria de imprensa. Como tal, o Direto da Fonte, enquanto espaço de divulgação científica, apresenta as potencialidades e circunscrições desse caráter constitutivo. Referências bibliográficas ANTENOR, Samuel. Para onde vai a divulgação científica. In: REVISTA DE JORNALISMO ESPM. São Paulo: ESPM, n 7, ano 2, out./nov./dez. 2013. p. 64-69.

BOAS, Sérgio Vilas. O estilo magazine: o texto em revista. São Paulo: Summus, 1996. COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. São Paulo: Ática, 1993. LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. 4. ed. São Paulo: Ática, 1993. OLIVEIRA, Fabíola de. Jornalismo científico. São Paulo: Contexto, 2002. SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnicas da reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. 2. ed. São Paulo: Summus, 1986. (Novas buscas em comunicação; v. 14) YIN, Robert. Estudo de caso: planejamentos e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ZAMBERLAN, Luciano et al. (orgs.). Pesquisa em ciências sociais aplicadas. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2014. 208 p.