ICMS Ecológico. Uma experiência brasileira de Pagamento por Serviços Ambientais. Wilson Loureiro



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Transcrição:

ICMS Ecológico Uma experiência brasileira de Pagamento por Serviços Ambientais Wilson Loureiro Seminário Nacional sobre Pagamentos por Serviços Ambientais, 6, 7 e 8 de abril de 2009 Brasília Ministério do Meio Ambiente

Onde existe? ESTADO ANO CRITÉRIOS AMBIENTAIS Biodiversidade (%) Demais critérios (%) Paraná 1991 2,5 2,5 São Paulo 1993 0,5 0,0 Minas Gerais 1995 0,5 0,5 Rondônia 1996 5,0 - Amapá 1996 1,4 - Rio Grande do Sul 1998 7,0 ( 1 ) - Mato Grosso 2001 5,0 2,0 Mato Grosso do Sul ( 2 ) 2001 5,0 - Pernambuco 2001 1,0 5,0 Tocantins 2002 3,5 9,5 Acre ( 3 ) 2004 20 - Rio de Janeiro ( 4 ) 2007 1,125 1,375 Goiás ( 5 ) 2007 5,0 - Ceará 2007-2,0 Fonte: Legislações estaduais. Notas: ( 1 ) No caso do RS, o critério é território multiplicado por três onde houver áreas protegidas; ( 2 ) O MS esta debatendo reformulação na legislação em 2007; ( 3 ) Embora aprovado em 2004, esta em regulamentação em 2007; ( 4 ) Em fase de regulamentação e, ( 5 ) Aprovado Emenda Constitucional, em fase elaboração da legislação a ser enviada a Assembléia Legislativa.

Estados com anteprojetos de Lei tramitando, ou em debate Alagoas; Amazonas; Bahia; Espírito Santo; Pará; Paraíba; Santa Catarina; Sergipe; Piauí e, Rio Grande do Norte.

O que é o ICMS Ecológico? É a denominação de qualquer critério, ou um conjunto de critérios de caráter ambiental, utilizado para o cálculo do percentual que cada município de um Estado tem direito de receber quando do repasse de recursos financeiros do ICMS, definido na Constituição Federal.

O que é o ICMS Ecológico? Noutras palavras, os municípios brasileiros têm direito de receber parte de recursos financeiros arrecadados de impostos federais e estaduais. No caso dos impostos estaduais nos interessa é o ICMS, imposto que depois de arrecadado, deve se repartido, ficando 75% para o Estado que o arrecadou, e 25% ser destinado aos municípios.

A oportunidade do Critério ambiental está na CF Artigo 158 (da CF) Pertencem aos municípios (entre outros): IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadoria e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Parágrafo único- As parcelas de receita pertencentes aos municípios, mencionados no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios: I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicional nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios; II - até um quarto, de acordo com o que dispuser a lei estadual ou, no caso dos territórios, lei federal.

O exemplo dos critérios de distribuição no Paraná

Critérios ambientais em utilização pelos Estados Conservação da biodiversidade: (Unidades de conservação, terras indígenas, comunidades tradicionais, recuperação de áreas degradadas e, conexão de fragmentos vegetais) Conservação dos solos Coleta, processamento e destinação adequada do lixo; Conservação dos mananciais de abastecimento; Controle de queimadas e combate a incêndios florestais; Organização de sistemas municipais de meio Ambiente; Conservação do patrimônio histórico.

Um exemplo prático, o da biodiversidade no Paraná Os município se beneficiam por possuírem seus territórios integrados por: Unidades de Conservação: Federais, estaduais,municipais, Públicas, privadas, parcerias. Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN; Terras Indígenas; Comunidade tradicional (Faxinais); Áreas (degradadas) em recuperação; Conectividade de fragmentos: Reserva legal e preservação permanente.

Procedimentos de cálculos? 1. Variáveis quantitativas AUC CCB = -------- * FC, sendo: AM CCB - AUC - AM - FC - Coeficiente de Conservação da Biodiversidade; Área da unidade de conservação e/ou Área do município Fator de Conservação (função de # categorias de manejo) 2.Variáveis qualitativas (princípio do gabarito vertical - incremental) CCBI = (CCB + CCB * Variação da qualidade da UC) * P, sendo: CCBI = Coeficiente de Conservação da Biodiversidade por Interface da unidade de conservação com o Município (total ou parcial) 3. Índice percentual que cada município tem direito de receber Índice Biodiversidade Municipal = ( CCBImunicipal/ CCBIEstadual) * 100

Uma aplicação em campo!

Resultados Áreas protegidas Até 1991 Até jun 2007 Incremento (%) Unidades de conservação federais 584.622,98 714.913,10 22,29 Unidades de conservação estaduais 118.163,59 966639,05 718,05 Unidades de conservação estaduais 8.485,50 227873,81 2.585,45 Terras indigenas 81.500,74 83245,44 2,14 Reserva Particular do Patrimônio Nat 0 37449,27 - Faxinais 0 16.697,73 - Preservação permanente 0 17107,69 - Reserva Legal 0 16.697,73 - Sítios especiais 0 1.101,62 - Outras florestas de conexão 0 3.245,62 - Total 792.772,81 2.084.971,06 163,00 Fonte: IAP/DIBAP-ICMS Ecológico. Nota: A par de ter sido utilizado como argumento para a criação, apenas a RVS dos Campos de Palmas esta cadastrada para efeito de crédito do ICMS Ecológico.

Resultados Melhoria da qualidade da conservação da biodiversidade; Justiça fiscal aos municípios que conservam; Modernização institucional: Reorientação das políticas públicas (precaução); Ações via corredores de biodiversidade; Organização de Sistemas Municipais de Meio Ambiente; Resgate das comunidades tradicionais; Reprodução e aprimoramentos nos Estados.

Observações e desafios O ICMS Ecológico não é panacéia, mas contribui muito de várias formas; Ampliar, otimizar e adaptar o ICMS Ecológico é fundamental: Integração institucional; Consolidação de programas fins; Adaptação aos Estados (cada caso é um caso); Leis genéricas; Garantir e ampliar a oportunidade dos critérios ambientais (ICMS Ecológico) na Reforma Tributária, associado ao fortalecimento dos municípios mais pobres.

Muito obrigado! wilson@loureiro.bio.br