ANATOMIA MACROSCÓPICA DA MEDULA ESPINHAL I. Generalidades A Medula Espinhal (ME) e seus nervos associados têm imensa importância funcional. Essas estruturas atuam para: Receber fibras aferentes, oriunda de receptores sensoriais de tronco e membros; Controlar os movimentos de tronco e membros; Fornecer inervação autonômica para a maioria das vísceras; Também é um centro reflexo. II. Conceito É o órgão mais simples do SNC, localizado dentro do canal vertebral (não o ocupando totalmente) e que mede aproximadamente 45 cm. Trata-se de uma estrutura que pouco se modifica desde sua formação embrionária. É um órgão aproximadamente cilíndrico, porém levemente achatado anteriormente. III. Alguns termos importantes 1 - Decussação: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano. 2 - Comissura: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam transversalmente o plano mediano. 3 - Fibras de Projeção: associam pontos distantes, em órgãos diferentes. Ex: pedúnculos cerebelares. 4 - Fibras de associação: associam pontos distantes, mas sem abandonar o mesmo órgão. (dentro da mesma estrutura). IV. Morfologia externa 1- Limites:
1.1 - Superior: plano horizontal que passa acima da primeira raiz nervosa do primeiro nervo espinhal (bulbo) que passa ao nível do forame magno. 1.2 - Inferior: termina em nível de L1 à L2. 2 - Dilatações: o diâmetro da ME varia muito em diferentes níveis. Apresenta duas dilatações, formadas pelo maior número de corpos de neurônios e fibras nervosas que formam os plexos. 2.1 - Intumescência cervical: é a dilatação da medula espinhal na região cervico-torácica devido o aumento do número de neurônios cujas fibras nervosas vão constituir os nervos destinados ao pescoço e membros superiores (plexo braquial). Estende-se de C3 à T1. 2.2 - Intumescência lombar: é a dilatação da medula espinhal na região lombossacral devido o aumento do número de neurônios cujas fibras nervosas vão constituir os nervos destinados aos membros inferiores (plexo lombossacral). Estende-se de L1 a S2. 3 - Cone medular: extremidade caudal da ME em forma de cone. 4 - Fio terminal: é um prolongamento da pia-máter que estende-se do cone medular até o fundo do saco dural. 5 - Filamento da dura- máter espinhal: continuação do fio terminal quando ultrapassa o saco dural. 6 - Cauda eqüina: raízes nervosas dos últimos nervos espinhais ( de L2 a S4 ). 7 - Sulcos: A superfície da ME é marcada por uma série sulcos longitudinais: 7.1 - Fissura mediana anterior - na superfície anterior. 7.2 - Sulco mediano posterior - na éa
superfície posterior. 7.3 - Sulcos lateral anterior - saída das raízes ventrais dos nervos espinhais. 7.4 - Sulcos lateral posterior- entrada das raízes dorsais dos nervos espinhais. 7.5 - Sulco intermédio - na superfície posterior, estendendo-se dos níveis cervicais superiores até os torácicos médios. 8 - Funículos: A substância branca circundante é formada, em sua maior parte, por fibras nervosas de curso longitudinal, ascendendo da ME para o encéfalo, ou descendo do encéfalo para os diferentes níveis da ME. 8.1 - Anterior - entre a fissura mediana e o sulco lateral superior. 8.2 - Lateral - entre sulcos lateral anterior e posterior. 8.3 - Posterior - entre sulcos lateral posterior e mediano posterior. Subdividido em ( de C1 até C6 ) : 8.3.1 - Fascículo grácil 8.3.2 - Fascículo cuneiforme. 9 - Substância Cinzenta : tem a forma de um H, com 4 protusões, os cornos (pontas). 9.1 - Cornos posteriores: local principal de terminação das fibras aferentes. Ela inclui a substância gelatinosa, que tem participação importante na transmissão de
impulsos nociceptivos para o encéfalo. 9.2 - Cornos anteriores: corpos celulares dos neurônios motores inferiores, que inervam os músculos estriados. 9.3 - Cornos laterais: neurônios pré-ganglionares simpáticos. De T1 a L2 e parte sacral. V. Envoltórios medulares (meninges): 1 - Conceito: são três revestimentos meníngeos concêntricos. Membranas de tecido conjuntivo fibroso. 2 - Tipos: 2.1 - Dura-máter: paquimeninge - o revestimento mais externo. É uma membrana grossa e fibrosa - fibras colágenas. 2.1.1 - Saco dural - termina próximo em nível da vértebra S2. 2.1.2 - Filamento da dura-máter espinhal - é o fio terminal assim que atravessa o saco dural. 2.1.3 - Ligamento coccígeo - fixa tanto a ME quanto o saco dural. 2.2 - Aracnóide: leptomeninge - intermediária. É uma membrana translúcida que reveste a ME como se fora um saco frouxo. 2.2.1 - Trabéculas aracnóideas - rede filamentosa de fibrilas de tecido conjuntivo formada pela união da aracnóide pela pia-máter no período embrionário. 2.3 - Pia-máter: leptomeninge - revestimento mais interno. É uma fina membrana vascular, intimamente aplicada à superfície da ME e de suas raízes nervosas. 2.3.1 - Ligamentos triangulares - ancoram a ME à aracnóide e, por meio desta, à dura-máter. 2.3.2 - Ligamentos denteados dois ligamentos formados pela união
dos ligamentos triangulares. 3 - Espaços entre as meninges: 3.1 - Epidural (extra-dural) - entre a duramáter e o periósteo do canal central vertebral contém gorduras e vasos sanguíneos. 3.2 - Sub-dural - entre a dura máter e aracnóide (pouco líquido). 3.3 - Subaracnóideo - entre a aracnóide e a pia- máter (contém líquido cérebro-espinhal - Líquor); mais importante - explorado clinicamente na região lombar (punções, medida de pressão, anestesias raquidianas, mielografias). VI. Nervos espinhais: 1 - Conceito: São cordões esbranquiçados que emergem da medula espinhal e através dos forames intervertebrais deixam a coluna vertebral. São em número de trinta e um (31) pares responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e de parte da cabeça. 2 - Formação: o nervo é composto de duas raízes: 2.1 - Raiz dorsal - sensitiva, fibras aferentes (posterior). 2.1.1 - Gânglio sensitivo ( corpos de neurônios ). 2.2 - Raiz ventral - motora, fibras eferentes (anterior). 2.3 - Tronco do nervo : da união da raiz dorsal com a raiz ventral, forma- se o tronco do Imediatamente nervo após espinhal. saírem dos forames intervertebrais, se dividem para formar. 2.4 - Ramo dorsal (posterior e fino) - inervará a pele e musculatura do dorso. 2.5 - ramo ventral (anterior e bem mais grosso ) - Inerva
os músculos, a pele da parte anterior do corpo e os membros. * Ambos os ramos são funcionalmente mistos. 3 - Distribuição em pares: * Cervicais -8 * Torácicos - 12 * Lombares - 5 * Sacrais - 5 * Coccígeo - 1 VII. Topografia vertebromedular: 1 - Conceito de segmento medular : porção onde ocorre a conexão da medula com os filamentos radiculares. Cada porção da ME da onde origina um par de nervos espinhais. 2 - Crescimento da coluna vertebral em relação ao da medula espinhal. 2.1 - Fetal- do tamanho da coluna vertebral 2.3 - Nascimento- na altura de L3 2.4 - Adulto- na altura das L1 e L2 3 - Interpretação da topografia vertebro-medular: 3.1 - Entre C2 e T10 - soma-se 2 3.2 - Entre T11 e T12 - corresponde aos cinco segmentos lombares 3.3 - Na vertebra L1 - corresponde aos cinco segmentos sacrais 3.4 - Na vertebra L2 4 - Tratos : Pequenos feixes de fibras no interior dos funículos :
4.1 - Tratos ascendentes (sensitivos): Conduzem impulsos sensitivos aferentes, dos receptores periféricos para os centros encefálicos; todos cruzam a linha mediana. 4.1.1 - Fascículos Grácil e Cuneiforme: Sentidos de posição dos ossos, das articulações e dos músculos (propriocepção consciente), estereognosia e sensibilidade vibratória e tato epicrítico (fino). 4.1.2 - Tratos espinotalâmicos : dor, temperatura, tato, pressão. 4.1.3 - Tratos espino-cerebelares: propriocepção inconsciente. 4.2 - Tratos descendentes (motores): levam o impulso do cérebro para os neurônios motores que regulam a musculatura esquelética. 4.2.1- Tratos Piramidais (Córtico- espinhais) : originam-se de células piramidais no córtex do giro pré-central e passam pelas pirâmides do bulbo; controle voluntário dos músculos esqueléticos, especialmente movimentos de precisão. 4.2.2- Tratos extrapiramidais: Originados de vários núcleos do tronco encefálico; modificam as contrações musculares para a postura em equilíbrio.