Plano de Ensino 8. Reconvenção.

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Transcrição:

Plano de Ensino 8. Reconvenção. (arts. 343)

[Nº 343a] Conceito: Reconvenção é uma forma do exercício do direito de ação, sob a forma de contra-ataque do réu contra o autor, ensejando processamento simultâneo, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença. Doutrina: Enquanto o contestante apenas procura evitar sua condenação, numa atitude passiva de resistência, o reconvinte busca, mais, obter uma condenação do autor-reconvindo [Humberto, 595] Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Relembrando: Art. 55. Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido oua causa de pedir. Exemplos: Divórcio (pedido), mas com causas de pedir diferentes. Marido, adultério da esposa. Esposa, débito conjugal. Contrato de prestação de serviços (causa de pedir). Autor, rescisão do contrato pela falta de pagamento das mensalidades. Réu, a revisão do valor da mensalidade, com a continuação da prestação dos serviços. Defesa Exemplo: Cobrança de dívida já paga, o autor pede o pagamento indevido, enquanto o réu pagamento e quer a devolução em dobro (art. 940 CC).

[Nº 343b] 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta noprazo de15 (quinze) dias. 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu emlitisconsórcio comterceiro. Importante: Ao polo ativo ou passivo da reconvenção podem ser incluídos terceiros legitimados em litisconsórcio com a parte originária (art. 343, 3º e 4º). O novo Código afastou-se do entendimento doutrinário predominante no regime anterior de que, pela natureza especial de resposta do réu ao autor, não se poderia admitir que o reconvinte constituísse litisconsórcio com terceiro para reconvir ao autor. Ampliou, expressamente, a reconvenção ao dispor, no art. 343, 3º e 4º, que a reconvenção pode ser proposta tanto contra o autor e terceiro, como manejada pelo réu em litisconsórcio com terceiro. [Humberto, 608]

[Nº 343c] 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face doautor, também na qualidade desubstituto processual. Substituição processual (art. 6º) Ex. ECAD, Lei 9.610/1998, art. 98. Doutrina: (...) tanto na ação como na reconvenção, as partes devem atuar na mesma qualidade jurídica, de sorte que, se um age como substituto processual de terceiro, não poderá figurar em nome próprio na lide reconvencional. Em outras palavras, quem foi demandado em nome próprio não pode reconvir como representante ou substituto de outrem e vice-versa. [Humberto, 608] 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. Comprovando que substancialmente as duas respostas do demandado configuram atos processuais distintos. A formulação em petição única é medida apenas de economia processual, que, por isso mesmo, não anula a natureza de ação incidental, da essência da reconvenção. [Humberto, 607]

[Nº 343d] Pressupostos Tal como a ação, a admissibilidade da reconvenção está subordinada aos pressupostos processuais e às condições da ação. Porém, dada a sua natureza especial, a reconvenção exige alguns requisitos específicos, de par com aqueles que se observam em qualquer ação. [Humberto, 608] O primeiro é a legitimidade, já vista no 5º do art. 343. O segundo é a conexão, segundo a lei, com a ação principal ou com o fundamento dadefesa. O terceiro é a competência, lembrando que o juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, porém essa prorrogação não alcança as hipóteses de incompetência absoluta (art. 54). O quarto é o procedimento, posto que a ação principal deve ter o mesmo da ação reconvencional, diante do art. 327, 1º, III. Importante: não cabe a reconvenção nas ações dos juizados especiais, diante da estrutura simplificada e da sua natureza dúplice (Lei 9.099/1995, art. 31).

e Compensação [Nº 343e] Doutrina: Não se pode confundir os institutos, a compensação é uma figura de direito material, como forma de extinção de obrigações recíprocas entre as mesmas partes (Código Civil, art. 368), e a reconvenção é um instrumento de direito processual, para permitir ao réu demandar o autor no mesmo processo. [Humberto, 609] Assim para alegar a compensação o réu deverá fazer uso das defesas indiretas de mérito (fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor), uma vez que ela é causa legal de extinção das obrigações recíprocas, desde que líquidas, certas e fungíveis (Código Civil, arts. 368 e 369). Basta, portanto, que o réu a invoque em simples contestação. [Humberto, 609] Porém, se as obrigações são incertas ou ilíquidas não podem ser compensadas, senão depois de acertamento por sentença, razão pela qual somente podem ser pleiteadas por via de reconvenção. Por força de sentença, se for o caso de procedência do pleito contraposto, ocorrerá o que se costuma chamar de compensação judicial. [Humberto, 609] Concluindo, a liquidez e certeza da obrigação determina a via a ser utilizada, defesa indireta ou reconvenção, ambas no bojo da contestação.