EFEITO DO CONGELAMENTO E DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DO SORO SANGUÍNEO DE CÃES NA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

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Transcrição:

EFEITO DO CONGELAMENTO E DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DO SORO SANGUÍNEO DE CÃES NA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EFFECT OF FREEZING AND STORAGE TIME OF BLOOD SERUM OF DOGS FOR THE DETERMINATION OF BIOCHEMICAL PARAMETERS Giselle Sanches PINELI 1 ; Rodrigo Prevedello FRANCO 2 ; Tatiana de Sousa BARBOSA 3 1 Universidade de Marília (UNIMAR) / Programa de Residência em Medicina Veterinária; 2 UNIMAR/ Docente em Medicina Veterinária; 3 Universidade de Vila Velha (UVV) / Docente em Medicina Veterinária. vetrpf@yahoo.com.br RESUMO Com o propósito de avaliar o efeito do congelamento e o tempo de armazenamento do soro sanguíneo de cães na determinação de parâmetros bioquímicos, foi utilizado neste trabalho um pool de amostras de soro sanguíneo de 32 cães, que foram congeladas a -20ºC e armazenadas em pequenas alíquotas por até 180 dias. Todos os animais foram provenientes do atendimento do Hospital Veterinário da Universidade de Marília-UNIMAR, Marília-SP e as amostras foram processadas no Laboratório de Patologia Clínica. As alíquotas foram analisadas nos dias 0, 20º, 30º, 45º, 60º, 90º, 120º e 180º e os parâmetros determinados foram ureia, creatinina, colesterol, albumina, ALT, GGT e FA. Os resultados permitiram concluir que todos os parâmetros analisados permaneceram estáveis, exceto o GGT, que foi o que mais variou durante todo o tempo e temperatura analisados. Palavras-chave: Cães. Estabilidade do Soro. Tempo de Armazenamento. ABSTRACT With the purpose of assessing the effect of freezing and storage time of blood serum of dogs in determining the biochemical parameters, this work was carried out in the laboratory of clinical pathology at the veterinary hospital of UNIMAR University of Marilia in the state of São Paulo. In this study a pool of samples obtained from 32 dogs was used, and these samples were frozen until they reached 20 degrees, and they were stored in small aliquots up to 180 days. These aliquots were analyzed on days 0, 20, 30, 45, 60, 90, 120 and 180, and the analyzed parameters were urea, creatinine, cholesterol, albumin, ALT, GGT and FA. The results showed that all the analyzed parameters remained stable, except the GGT, which was the most unstable throughout time and temperature analyzed. Keywords: Dogs. Serum stability. Storage time. 134

INTRODUÇÃO Na prática da clínica veterinária a bioquímica do sangue é um valioso aliado no auxílio do diagnóstico e acompanhamento terapêutico (SILVEIRA, 1988). As determinações bioquímicas no sangue podem incluir a mensuração de qualquer uma das diversas substâncias encontradas no plasma sanguíneo, como ureia, proteínas plasmáticas totais e albumina e as enzimas fosfatase alcalina (FA) e alanina aminotransferase (ALT), que são geralmente as mais utilizadas para a mensuração (BUSH, 2004). Desde o nascimento até a idade madura os constituintes bioquímicos variam significativamente, nos quais os processos adaptativos do organismo no metabolismo energético, proteico e mineral são empregados como indicador no perfil bioquímico, oferecendo interpretação do funcionamento hepático, renal, pancreático, ósseo, muscular, cardíaco, do sistema nervoso e trato gastrointestinal (GONZÁLES e SILVA 2003; BENESI et al., 2009). Consideram-se fatores de variabilidade que influenciam na análise bioquímica a espécie animal, a raça, o sexo, a idade e o manejo (BENESI et al., 2009), assim como as variações no estado reprodutivo, os processos patofisiológicos, o estresse, a hidratação, a dieta, a utilização de drogas, a coleta da amostra e sua manipulação (MEYER, 1995; KANEKO et al., 1998). Logo após a coleta e processamento da amostra com a retração do coágulo a temperatura ambiente, o soro obtido deve ser analisado rapidamente no espectrofotômetro. Caso haja necessidade de armazenamento por um período mais prolongado, o soro deve ser congelado e armazenado em temperatura de -70ºC (THRALL, 2006). Em análises clínicas o congelamento é utilizado na tentativa de evitar a degradação da amostra. As influências do tempo e da temperatura adequada são essenciais para se obter uma correta interpretação dos compostos do sangue. Por esse motivo essa questão precisa ser avaliada, pois a maneira na qual as amostras são armazenadas será relevante no resultado final (SPINELLI et al., 2012). De tal maneira que resultados inconsistentes ou conclusões equivocadas no diagnóstico e prognóstico das suspeitas clínicas devem ser evitados (DEVANAPALLI et al., 2002). Fernandes et al. (2001), em seu estudo realizado com soro e plasma canino, verificaram que a ureia se conserva por mais tempo na amostra sérica refrigerada por até 30 dias, enquanto que a creatinina permaneceu instável durante o congelamento por até 72h. O soro apresentou ser mais estável que o plasma em todas as condições de estoque estabelecida. 135

Enquanto que no estudo de Oliveira et al. (2011), realizado em cordeiros, constatou-se que o tempo de armazenamento das amostras congeladas a -20ºC causou alterações nos resultados para as análises de proteína total, fósforo e magnésio, e ao dosar as determinações séricas de AST, colesterol e ureia não diferiram estatisticamente nos diferentes tempos de armazenamento. Com o intuito de verificar a estabilidade do soro sanguíneo de cães, este trabalho teve como objetivo analisar a influência do tempo de congelamento na determinação de parâmetros bioquímicos da ureia, creatinina, colesterol, albumina, alanina aminotransferase (ALT), gama- glutamil-transferase (GGT) e fosfatase alcalina (FA). MATERIAL E MÉTODO Este trabalho foi realizado no Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade de Marília UNIMAR na cidade de Marília-SP. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em uso animal da Universidade de Marília-SP (CEUA- Unimar), onde foi analisado e aprovado com o protocolo nº 96. Utilizou-se um pool de amostras de soro sanguíneo de 32 cães, que foram coletadas sem anticoagulante e centrifugadas imediatamente após colheita com a retração do coágulo a temperatura ambiente. A primeira amostra após o processamento foi analisada e utilizada como tempo controle (dia 0). O restante das amostras foi acondicionada em pequenas alíquotas em tubos eppendorffs, congelados e armazenados no freezer a -20 C até o processamento das amostras nos dias 20º, 30º, 45º, 60º, 90º, 120º e 180º para a análise dos parâmetros séricos de ureia, creatinina, colesterol, albumina, ALT, GGT e FA. As amostras para cada dia analisado foram misturadas, escolhidas aleatoriamente e descongeladas a temperatura ambiente. Utilizaram-se kits comerciais da Labtest e as análises laboratoriais foram determinadas em um analisador bioquímico semiautomático (BIOPLUS 200 ). Os dados obtidos foram analisados observando-se, assim, suas variâncias e as médias comparadas. Foram testadas quanto ao teste de normalidade para comparar os tempos. As análises foram efetuadas empregando-se o programa computacional Graf Pad. 136

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para cada constituinte bioquímico sanguíneo analisado os valores médios obtidos estão demonstrados na tabela 1 nos determinados tempos de conservação. Tabela 1 Constituinte bioquímico sanguíneo analisado e seus valores médios nos determinados tempos de conservação. ALBUMINA ALT GGT FA CREAT- UREIA COLES k TEROL (g/dl) (UI/L) (U/I) (U/I) (mg/dl) (mg/dl) (mg/dl) dia 0 2,1 41,0 7,0 107,0 2,7 69,0 161,0 20º dia 1,8 36,0 7,0 74,0 1,8 93,0 264,0 30º dia 2,0 36,0 7,0 99,0 2,1 84,5 232,5 45º dia 2,4 41,0 7,0 111,5 2,0 97,5 151,0 60º dia 2,9 24,0 15,0 115,6 2,3 73,5 206,5 90º dia 2,2 54,0 7,0 82,0 2,0 85,0 220,5 120º dia 2,2 52,0 7,0 91,0 1.2 84,0 243,0 180º dia 2,2 57,0 7,0 74,0 2,0 84,0 194,0 De acordo com os valores obtidos até o 180 dia não houve diferenças da albumina nas amostras de soro congeladas a -20ºC, observadas também nos estudos de Davy et al. (1984), nos quais a albumina se apresentou estável por 48 horas e em 24 horas somente sob refrigeração, no plasma de sagui. Wittwer et al. (1986) concluíram que não houve variações significativas a 4 e 0 C por até 72 horas no soro de bovinos. E também no trabalho de Bordignon et al. (1995) não se detectou qualquer alteração quanto ao tempo de congelamento de -20 que foram comparados em suínos. Diferentemente de Comis (2006), que conclui que a albumina nas amostras congeladas a -20 C no 180º dia de armazenagem mostraram diferenças entre os valores nos 60 e 90 dias em equinos. Para a ALT não houve alteração na estabilidade até o 180º dia analisado, assim como Rosato (2007) concluiu em seu estudo que a atividade sérica de ALT não sofreu alteração significativa até o 90º dia de estocagem a 25ºC e 30 dias a 4ºC em cães. 137

Já na análise da enzima GGT houve alterações significantes nos tempos de armazenagem sob congelamento até o 180 dia. No estudo de Comis (2006), para os tempos 0, 12, 24, 36, 48 horas e 7, 15, 30, 60, 180 dias em temperaturas de -20ºC e -76ºC, respectivamente, nenhuma variação foi encontrada em equinos. A fosfatase alcalina, no presente estudo, demonstra-se estável à temperatura de congelamento de -20 C até o 180º dia analisado, que se opõe aos resultados obtidos por Doretto (1996); Mundim (2004) e Comis (2006) a -20ºC até o 180º dia. Já Hanok e Kuo (1968) encontraram estabilidade nas amostras mantidas por até 38 dias de conservação no soro sanguíneo humano. Nas amostras séricas da creatinina no trabalho de Fernandes et al. (2001), sob congelamento a -20ºC, os valores foram diferentes a partir de 30 dias em cães que se contrapõem no presente trabalho, que se manteve estável a -20ºC por 180 dias. A análise da estabilidade da ureia no presente estudo até o 180º dia sob congelamento de -20 C apresentou um aumento, porém não significante. No estudo de Fernandes et al. (2001), que utilizaram soro mantido a -20ºC por até 60 dias para a espécie canina, assim como Wittwer (1986), em que o soro foi mantido A -25ºC por 12 meses e também Doretto (1996), em soro mantido entre -5º e -25ºC por 90 dias, mantiveram-se estáveis em bovinos. O PAREI AQUI colesterol não apresentou diferença significativa no estudo de Oliveira (2001), sob armazenagem a -20 C em 28 dias, em cordeiros. Confirmando a estabilidade do colesterol neste trabalho até 180 dia analisado também observado no trabalho de Spinelli (2012), na qual as amostras plasmáticas de rato permaneceram estáveis em todas as condições de estoque estabelecidas. Thorensen et al. (1995), verificaram instabilidade na amostra de cães mantidas a -20 C e -70 C. CONCLUSÃO A influência do tempo de congelamento do soro sanguíneo de cães na determinação de parâmetros bioquímicos nos permitiu concluir que a atividade sérica da albumina, ALT, FA, ureia, creatinina e colesterol foram os que mais se mantiveram estáveis durante os tempos analisados. Já a atividade sérica do GGT, foi o que mais variou durante todo o tempo e temperatura analisados. 138

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