FLORESCER: PROMOVENDO A AUTOESTIMA EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA.

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Transcrição:

FLORESCER: PROMOVENDO A AUTOESTIMA EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA. Analice Mascarenhas de Souza; 1 Bruno Luiz Vieira Lucas; 2 Carla Prissyla de Souza Rodrigues Vale; 3 Cleide Mikaele Cavalcante da Silva. 4 RESUMO Introdução: O câncer na mama é um tumor maligno que se aloja no tecido mamário. A primeira modificação fisiológica que comumente ocorre no organismo é o surgimento de um pequeno tumor imóvel e indolor. A mastectomia, total ou parcial, compreende uma técnica cirúrgica de retirada do tecido mamário comprometido e está associada a sequelas e complicações em até 70% dos casos, abalando negativamente a qualidade de vida das pacientes. Objetivo: Identificando tais problemas, esse trabalho tem por objetivo criar uma inovação tecnológica que vise à melhora da autoestima de pacientes, através de ensinamentos de técnicas de maquiagem na mama masctectomizada e um espaço de interação virtual entre elas. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, com abordagem qualitativa, com intervenção realizada com o grupo Toque de Mama, do Centro de Oncologia e Hematologia da cidade de Mossoró/RN, composto por 12 mulheres. Destas, 10 eram mastectomizadas. A ação foi realizada no dia 25 de outubro de 2017. Visando a divulgação deste trabalho, foi criada uma FanPage no Facebook, intitulada Florescer. A escolha por essa ferramenta de comunicação se deu a partir da viabilidade dos recursos que são oferecidos. Resultados: A demonstração da maquiagem se deu de forma dinâmica e bastante interativa, com participação de todas as mulheres presentes. Ao final, com a aplicação e análise do questionário, os resultados são satisfatórios e nos sugerem que esta pode ser uma técnica simples, de fácil acessibilidade e que pode ser utilizada como um novo recurso no desenvolvimento da autoestima dessas mulheres. A análise dos dados deu-se através da aplicação de um questionário e obteve resultados satisfatórios. Considerações Finais: Com o presente estudo, pode-se identificar a necessidade de métodos que trabalhem a autoestima de pacientes mastectomizadas. Também foi perceptível a premência de projetos como este, voltados para o manejo da autoestima de mulheres com câncer de mama. Palavras-chave: Câncer; Câncer de Mama; Mastectomia; Autoestima. 1 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, analice.ams@outlook.com ; 2 Graduando do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, bruno-luiz00@hotmail.com; 3 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, carlaprissyla@hotmail.com ; 4 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, cleide_mikaele@hotmail.com ; 5 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, karfernandesc@gmail.com ; 6 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar Mossoró - RN, Mossoró RN, outubro de 2017. Página 1

INTRODUÇÃO O câncer é a consequência final de um processo complexo que evolui em múltiplos estágios, ocasionando alterações genéticas. O aparecimento dessa patologia é denominado carcinogênese (mutações genéticas herdadas ou adquiridas pela ação de vários agentes ambientais, químicos, radioativos, virais e hormonais), este passa por alguns estágios até o aparecimento dos sinais e sintomas, podendo levar anos para ocorrer à detecção pelo paciente acometido. 5 O câncer na mama é um tumor maligno que se aloja no tecido mamário. Em razão do alto grau de periculosidade e dos aumentos nos índices de incidência, a doença é um problema que está requerendo uma maior atenção da saúde pública mundial. Além disso, é considerada a neoplasia mais comum entre o sexo feminino e o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, sendo de maior acometimento em mulheres entre 40 e 60 anos de idade. O público masculino também se encontra susceptível, havendo cerca de 1% registros de adoecimentos nessa população. 4,5 A primeira modificação fisiológica que comumente ocorre no organismo é o surgimento de um pequeno tumor imóvel e indolor que com o passar do tempo tende a aumentar de tamanho, tornando-se mais facilmente palpável através do autoexame das mamas, ocasionando alterações no funcionamento dos gânglios mais próximos. Se não houver a retirada cirúrgica ou o tratamento adequado, o tumor poderá evoluir causando uma ulceração no local acarretando a fixação nas estruturas mais profundas do tórax, podendo levar a metástases para os ossos e certas vísceras. 5 O principal objetivo do tratamento do tumor é a cura total, no entanto, quando esta opção não é viável, torna-se necessário realizar cuidados paliativos com o intuito de prolongar a vida e oferecer melhor qualidade e bem-estar ao paciente. Tal tratamento dispõe de várias modalidades terapêuticas para o câncer em seus aspectos tumorais, incluindo a mastectomia (cirurgia de retirada do tecido afetado), quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e reabilitação. 3 A mastectomia, total ou parcial, compreende uma técnica cirúrgica de retirada do tecido mamário comprometido, sendo realizada de acordo coma necessidade de cada paciente, podendo ainda ocorrer o esvaziamento de nódulos linfáticos Página 2

adjacentes. Essa cirurgia está associada a sequelas e complicações em até 70% dos casos, abalando negativamente a qualidade de vida das pacientes. Ela é considerada uma cirurgia mutiladora, que impõe às mulheres limitações funcionais, principalmente nas atividades de vida diária. Diante de tal confirmação através do diagnóstico, a mulher passa a ter dois tipos de problema: o medo do câncer propriamente dito, e da perda de um órgão que representa a maternidade, a estética e a sexualidade feminina. A negação e a depressão são as defesas psicológicas geralmente mais usadas no caso de acometimento do câncer, a mulher é confrontada com a perda da mama, o medo de cirurgia, da mutilação e da morte. 2 É perceptível a importância do acesso às informações adequadas sobre a doença e suas consequências, como também, intervenções em saúde que busquem a melhora da auto-estima, possibilitando o enfrentamento e a adaptação à sua condição. 2 Com o avanço da tecnologia, os meios de comunicação se tornaram uma das ferramentas de apoio para essas intervenções, e através deles, faz-se possível a interação entre essas mulheres, o compartilhamento de experiências de vida, dúvidas e relatos cotidianos. Outras ferramentas úteis são as novas técnicas de maquiagens, tatuagens e micropigmentações na região afetada, que garantem uma possível desinibição e conforto com seu próprio corpo. Esses, e vários outros métodos, são de suma relevância para resgatar a imagem feminina que cada mulher carrega em si, garantindo a ela um tratamento mais saudável e estímulo na luta contra esse câncer de mama. Atualmente a maquiagem esta ligada a beleza estética e, quando feita corretamente, faz com que o usuário evidencie um aspecto harmonioso, ou seja, a maquiagem combina com o rosto que combina com a roupa que consequentemente esse todo transmite a plenitude entre a pessoa e a personalidade. 1 A maquiagem cosmética tem como propósito, marcar os detalhes mais bonitos da face, corrigindo imperfeições e valorizando a imagem pessoal, consequentemente melhorando a auto-estima da usuária fazendo com que ela se sinta mais feminina e admirada. A automaquiagem aperfeiçoa a autoestima e as relações sociais dessas mulheres, que vivem uma grande troca de experiência. É, a partir desse momento, que a paciente se sente empenhada e percebe que enquanto existe vaidade, existe a vida. 1 Página 3

Visando tais aspectos, esse trabalho tem por objetivo criar uma inovação tecnológica que vise à melhora da autoestima dessas pacientes, através de ensinamentos de técnicas de maquiagem na mama masctectomizada e um espaço de interação virtual entre elas. METODOLOGIA: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência, com abordagem qualitativa, a fim de estimular a autoestima de mulheres que passaram e que estão em tratamento contra o Câncer de Mama, voltando-se principalmente, para aquelas que realizaram mastectomia. Para tanto, foi desenvolvido um projeto de automaquiagem de Contorno de Colo, em que é feita uma técnica de maquiagem onde se destaca o contorno da clavícula e dos seios, de modo a valorizar e realçar o colo da mulher. Para a aplicação da técnica, foi realizada uma intervenção com o grupo de apoio à mulheres com câncer, o Toque de Mama, do Centro de Oncologia e Hematologia da cidade de Mossoró/RN, composto por 12 mulheres. Destas, 10 eram mastectomizadas. A ação foi realizada no dia 25 de novembro de 2017, as 14h30m, em uma sala cedida pelo o Centro de Oncologia. Ao final da atividade de automaquiagem, foi aplicado um questionário como instrumento de coleta de dados, composto por 04 questões objetivas, para analisar o estado emocional dessas mulheres, ao que condiz a própria autoestima, bem como avaliar a satisfação na aplicação da técnica e se esta representou alguma relevância para autoestima das participantes. Os resultados da abordagem deram-se através da validação dos dados obtidos e da análise dessas amostras. Considerando a importância em se trabalhar essa técnica de automaquiagem e o favorecimento de métodos que podem trazer no restabelecimento da autoestima feminina, criamos uma FanPage no Facebook, intitulada Florescer, com postagens relacionadas à autoestima das mulheres portadoras de câncer de mama, a técnica da automaquiagem do colo, relatos de experiências de pacientes que foram submetidas à cirurgia oncológica da mama, fotos de tatuagens em mamas reconstituídas e diversos outros tipos de informativos que estejam relacionados ao tema. A escolha por essa ferramenta de comunicação se deu a partir da viabilidade Página 4

dos recursos que são oferecidos, tais como um maior alcance ao público, o impulsionamento do que é postado na página, a avaliação dessas postagens, além da interação entre o público, o que é um importante fator para o fortalecimento deste projeto. RESULTADOS A obtenção dos resultados deu-se através de uma intervenção realizada no Centro de Oncologia e Hematologia, da cidade de Mossoró. Participaram deste estudo 12 mulheres portadoras do câncer de mama e que foram submetidas a cirurgia oncológica da mama, a mastectomia. Destas mulheres, apenas uma estava em tratamento quimeoterápico. Neste grupo também havia uma voluntariada, que atua junto a essas mulheres nos projetos e ações elaborados pelo Grupo Toque de Mama, do qual são todas integrantes. Em relação a faixa etária, todas tinham mais de 40 anos e, no que concerne ao estado civil, a maioria eram casadas ou mantinham algum tipo de relacionamento afetivo, sendo apenas uma divorciada. A fim de conhecer e entender a condição emocional das participantes, qual a percepção delas com o próprio corpo e como elas lidam com a autoestima, foi desenvolvida uma roda de conversa, que iniciou com os seguintes questionamentos: - Como está a sua autoestima? - Como você se enxerga? Durante a discussão, algumas relataram a insatisfação com o próprio corpo após a cirurgia e a dificuldade em manter relações sexuais com seus parceiros. Também foi relatado o medo e a insegurança em se submeter a uma nova cirurgia para a reconstituição da mama mastectomizada e, principalmente, sobre o abalo psicológico e emocional pelo o qual passaram desde a descoberta do câncer à realização da cirurgia. Houve relatos do tipo:... há mais de dois meses que retirei a mama e ainda não consegui ter relações com meu marido... ou... após a cirurgia, não consegui me olhar no espelho por um bom tempo.... Com base nesses e nos demais relatos ouvidos ao longo da intervenção, pôde-se perceber que apesar de a maioria das participantes já haver passado pelo o tratamento do câncer e da realização da cirurgia há algum tempo, a forma com que viam seu corpo atualmente lhes remetiam a sentimentos de vergonha e desconforto, sendo isto percebido no momento em que foram pedidas a expor o colo para que Página 5

fosse realizada a maquiagem de contorno, algumas ficaram retraídas, envergonhadas, tentando de alguma forma esconder a cicatriz ou disfarçar a inquietação. No entanto, ao tomarem conhecimento da técnica da maquiagem de contorno de colo, elas mostraram-se bastante entusiasmadas:... que legal!... ;... eu quero fazer... ;... vocês vão ensinar pra gente?.... A demonstração da maquiagem se deu de forma dinâmica e bastante interativa, com participação de todas as mulheres presentes. Ao final, com a aplicação e análise do questionário, os resultados são satisfatórios e nos sugerem que esta pode ser uma técnica simples, de fácil acessibilidade e que pode ser utilizada como um novo recurso no desenvolvimento da autoestima dessas mulheres. A maquiagem fez aflorar nelas um desejo pela redescoberta da própria feminilidade e a importância da autoaceitação e do autocuidado. Com o intuito de disseminar a importância em se trabalhar a autoestima, foi criada uma página no Facebook, que serve como ferramenta de divulgação dos resultados obtidos com o Projeto Florescer, como fotos, matérias e ações realizadas. A página está tendo um alcance bastante satisfatório, com um crescente número de seguidores, que estão curtindo, comentando e compartilhando tudo o que está sendo postado acerca deste trabalho. Também é importante ressaltar como resultado, o apoio e a aprovação do Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró, da Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região, do Grupo Toque de Mama e da Faculdade de Ciências da Saúde Curso de Medicina (FACS-UERN), para com este projeto e a divulgação nas mídias sociais e sites de notícias. Em entrevista dada ao site Mossoró Hoje, uma das participantes classificou esse método de trabalho como sendo de fundamental importância para a autoestima,... porque dá a mulher a oportunidade de se ver mais bonita e através das técnicas de maquiagem, elas vão poder se embelezar.... CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o presente estudo, pode-se identificar a necessidade de métodos que trabalhem a autoestima de pacientes mastectomizadas. Devido ao árduo processo de tratamento, ocorrem comumente modificações externas, no que são Página 6

considerados símbolos da beleza feminina perante a sociedade. A partir disto, é notório que as condutas que estimulam a feminilidade, segurança e a beleza da mulher, são sempre louváveis para essa população debilitada psicológica e fisicamente. Também foi perceptível a premência de projetos como este, voltados para o manejo da autoestima dessas mulheres com câncer de mama dentro do Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró, pois o público se renova a cada novo diagnóstico e esse trabalho é essencial no processo de tratamento, ajudando-as a alcançar uma possível cura. Florescer é sinônimo de vida, então, simplesmente, floresça! REFERÊNCIAS: 1. BRUCH, F. E; CASSIA D; FERREIRA, B. M; MELO, G. K. A beleza contra o câncer de mama. Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR), 2017. Acesso em: 20 de outubro de 2017. 2. JESUS, M. V; SORATTO, M. T; CERETTA, L. B; SCHWALM, M. T; ZIMERMANN, K. C. G; DAGOSTIM, V. S.; As vivências da mulher com câncer frente a mastectomia. Rev.Saúde.Com 201 3; 9(3):195-206. Disponível em: <http://www.uesb.br/revista/rsc/v9/v9n3a06.pdf>. Acesso em: 24 de setembro de 2017. 3. KOCK, M. O.; ZAMIAN, R.; VICTOR, G. L. G.; SEGURA, D. C. A.; Depressão em pacientes com câncer de mama em tratamento hospitalar. Saúde e Pesquisa, Maringá (PR). (Revista Saúde e Pesquisa, v. 10, n. 1, p. 111-117, jan./abr. 2017 - ISSN 1983-1870 - e-issn 2176-9206). Disponível em:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/5654/31 1>. Acesso em: 24 de setembro de 2017. 4. RODRIGUES, J. D.; CRUZ, M. S.; PAIXÃO, A. N.; Uma análise da prevenção do câncer de mama no Brasil. Departamento de Economia, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal da Paraíba. (Ciência & Saúde Coletiva, 20[10]:3163-3176, 2015) Disponível em: Página 7

<http://www.scielo.br/pdf/csc/v20n10/1413-8123-csc-20-10-3163.pdf>. Acesso em: 24 de setembro de 2017. 5. RODRIGUES, J. C. J.; SILVA, L. C. F.; CARDOSO, R. A.; Câncer de mama: do diagnóstico ao tratamento. Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos Araguari (Revista Master, v.1. n. 1. Jan. /Jun. 2016 Araguari MG). Disponível em:<http://imepac.edu.br/public/assetsrevista/ artigos/artigo4.pdf>. Acesso em: 24 de setembro de 2017. Página 8