TÍTULO: APLICAÇÃO DE COAGULANTE VEGETAL A BASE DE TANINO NO TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE EFLUENTE TÊXTIL

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Transcrição:

16 TÍTULO: APLICAÇÃO DE COAGULANTE VEGETAL A BASE DE TANINO NO TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE EFLUENTE TÊXTIL CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO AUTOR(ES): NÚBIA CORRÊA SILVA ORIENTADOR(ES): JOSÉ PEDRO THOMPSON JÚNIOR

APLICAÇÃO DE COAGULANTE VEGETAL A BASE DE TANINO NO TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE EFLUENTE TÊXTIL 1. RESUMO Corrêa Silva, Núbia. (2016). Aplicação de Coagulante Vegetal a base de Tanino no Tratamento Físico-químico de Efluente Têxtil. Iniciação Científica, curso de Engenharia Química, GPMAS Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Sustentabilidade Universidade São Francisco, Itatiba/SP. Após sua utilização nos processos industriais, a água é devolvida ao meio ambiente na forma de efluentes industriais, que contêm grande parte dos produtos químicos utilizados nas diversas fases dos processos produtivos. Uma vez que estes efluentes são devolvidos diretamente aos rios, córregos e lagos, a presença de poluentes e produtos químicos pode ocasionar danos para todas as populações e ecossistemas dependentes desta água. Neste contexto, este projeto tem como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia experimental para o tratamento físico-químico de efluente têxtil, adotando ensaios de Jar-test para simulação laboratorial das principais etapas que acontecem em uma Estação de Tratamento de Efluentes, empregando coagulantes poliméricos de fontes renováveis como o tanino, proveniente da Acácia Negra. Este projeto tem por objetivo específico, avaliar o desempenho do tanino, comparado quantativamente e qualitativamente com o sulfato de alumínio (Al 2 (SO 4 ) 3 ) e o policloreto de alumínio (PAC), coagulantes sintéticos, considerando parâmetros de processo como tempo de sedimentação, volume de lodo e coloração da água. Palavras-chave: eco sustentável, acácia negra, polieletrólito, tratamento de efluentes, tanino. 1

2. INTRODUÇÃO Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a indústria é responsável pelo uso de aproximadamente 20% da água potável do mundo, ficando atrás apenas da agricultura (com cerca de 70%). Devido a esta grande uso existe leis, decretos e portarias que obrigam as indústrias realizarem o tratamento de seus efluentes antes de devolverem em lados, rios e oceanos. Um exemplo é a resolução n.º 357, elaborada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) em 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluente, e dá outras providências. a) Efluentes têxteis A indústria têxtil é um dos principais polos industriais do Brasil e seus processos de tingimento, estampagem e acabamento são caracterizados por um grande volume de água utilizado e consequentemente pela geração intensiva de efluentes líquidos (PÔRTO, 2002). Nestes processos são utilizados produtos também com as mais variadas formulações, que resultam em um efluente contendo dextrinas, graxas, pectinas, álcoois, aminas graxas, hidróxido de sódio, carbonato de sódio, cloreto de sódio, peróxido de hidrogênio, ácido acético, hidrossulfito de sódio, sulfato de sódio, corantes reativos, corantes a cuba, corantes dispersos e pigmentos, sendo esses os causadores de intensa coloração no efluente. E apresenta também uma elevada concentração de sólidos totais deste tipo de efluente (2-5%). b) Taninos utilizados como coagulantes A coagulação é um processo essencial para tratamento tanto para águas superficiais quanto para efluente industrial, pois, por meio desta, são removidos sólidos dissolvidos e turbidez. A presença de grupos fenólicos indica a forte natureza aniônica indicando que o tanino é um bom doador de prótons. É de conhecimento 2

geral que os grupos fenólicos podem ser facilmente desprotonados e apresentam grande estabilidade devido as estruturas de ressonância. Portanto, quanto maior é a disponibilidade de grupos fenólicos na estrutura tânica, mais efetiva é a capacidade de coagulação. Após o processo de cationização, o tanino apresenta características que possibilitam sua aplicação à processos de tratamento primário (como coagulação e floculação), dentre estas características destacam-se a solubilidade em água, propriedades eletrolíticas e peso molecular adequado. A Figura 1 apresenta uma estrutura do tanino após o processo de cationização. Figura 1 - Estrutura do sal quaternário de amônio polimerizado (estrutura tânica polimerizada). c) Ensaio de Jar-Test A maior dificuldade encontrada nos sistemas de decantação é o controle da coagulação floculação e sedimentação das partículas de tamanho na faixa coloidal. Devido ao grande número de variáveis envolvidas no processo causador da sedimentação destas partículas, o teste dos jarros surge como uma alternativa mais rápida e simples de avaliação das condições de sedimentação do que os medidores 3

de potenciais zeta e outras análises físicas e químicas da água. As dosagens dos coagulantes variam com o ph, turbidez, alcalinidade, temperatura da água, impurezas em suspensão e em dissolução. Numa estação de tratamento de efluentes a contínua variação destes parâmetros, torna o método via teste dos jarros imprescindível para o monitoramento e controle de operação, principalmente, das condições de sedimentação. As fases do ensaio do teste dos jarros correspondem na prática as três etapas do processo: dispersão rápida do coagulante (coagulação), a dosagem mínima necessária para aplicação do polieletrólito visando a floculação e, consequentemente, a decantação. Algumas das possíveis informações analíticas obtidas a partir desta metodologia são apresentadas a seguir: Seleção do coagulante principal; Comparação entre auxiliares de coagulação; Otimizar o ph exato para a adição dos reagentes secundários; Estudar as condições de mistura; Consumo energético de agitação (mistura rápida e floculação); Otimização do ponto de adição dos auxiliares de coagulação; Comparação entre classes diferentes de polieletrólitos; Estimar as condições de diluição para os coagulantes e polieletrólitos; Estimar as condições para a sedimentação livre para o projeto do tanque de sedimentação; Estudar os efeitos da mistura rápida na energia de mistura; Avaliar os efeitos do reciclo do lodo. 3. OBJETIVOS O presente projeto tem por objetivo específico, avaliar o desempenho do tanino, extraído da acácia negra e cationizado quimicamente como para aplicação como coagulante em processo físico-químico de tratamento de efluente têxtil. 4

4. METODOLOGIA A parte experimental deste projeto foi desenvolvida em ensaios de jarro (Jar Test) no Laboratório de Soluções Ambientais, localizado no Campi de Itatiba da Universidade São Francisco. 5. DESENVOLVIMENTO PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA O JAR TEST: 1º) Adição do efluente bruto no jarro; 2º) Medição do ph; 3º) Imersão das paletas de mistura; 4º) Ajuste do gradiente de velocidade Etapa mistura rápida; 5º) Adição do agente alcalinizante (NaOH ou Ca(OH) 2 ou CaO ou Na 2 CO 3 ); 6º) Ajuste do gradiente de velocidade Etapa mistura rápida; 7º) Adição do agente coagulante (sais metálicos ou taninos); 8º) Ajuste do gradiente de velocidade Etapa mistura rápida; 9º) Adição do agente floculante (sintético); 10º) Ajuste do gradiente de velocidade Etapa mistura lenta; Finalizado este passo, desliga-se o equipamento e aguarda-se pelo término do processo de decantação. Todos os valores obtidos entre cada etapa serão registrados em planilhas. 5

ph CATEGORIA CONCLUÍDA 6. RESULTADOS a) Determinação do ph ótimo de Coagulação: Para a determinação do ph ótimo de Coagulação, foi utilizado como parâmetro de controle do efluente o índice de turbidez da amostra de efluente, que apresentava um índice de 1101 NTU. Para a comparação dos resultados, primeiro foi realizado, um teste padrão com o Sulfato Férrico com 10% de concentração e faixa de ph de 3,5 a 7,0. Variou-se as concentrações do coagulante de 240 até 440 ppm, e o volume de lodo encontrado após 30 minutos de sedimentação. Já o Tanino, na mesma faixa de ph apresenta uma concentração de 500 a 830 ppm e o volume de lodo após 30 minutos de sedimentação. Os resultados são apresentados na imagem 2: 7 Tanfloc SL Al 2 (SO 4 ) 3 6 5 4 3 200 300 400 500 600 700 800 900 Dosagem de Coagulante / ppm Imagem 2: Gráfico representativo de dosagem de coagulante (ppm) por faixa de ph, Tempo de sedimentação: 30 min; Turbidez inicial: 1101 NTU. Tipicamente, efluentes oriundos de processos têxteis, apresentam uma elevada concentração de partículas coloidais, exigem uma maior dosagem de sulfato férrico, o que proporciona o aumento de cargas positivas em volta da partícula, onde a 6

coagulação torna-se mais efetiva na remoção de cargas negativas das partículas coloidais, havendo então uma neutralização de cargas na solução. Entretanto, sugere-se que, com o aumento do ph, a liberação de cargas positivas do coagulante é diminuída resultando consequentemente em uma menor remoção dos sólidos suspensos e turbidez, como explicado a introdução deste relatório. A redução do ph para a faixa ácida quando o sulfato férrico (Fe 2 (SO 4 ) 3.18H 2 O) é adicionado à água, pode ser compreendida pelas reações de hidrólise intermediárias, que ocorrem antes da formação do precipitado amorfo. Essas reações liberam prótons (H + ), consumindo substâncias que conferem alcalinidade natural ou inserida à água, como apresentadas nas seguintes reações: Reação de hidrólise do sulfato férrico, quando adicionado em águas com alcalinidade natural, formando Hidróxido de Ferro III: Fe 2 (SO 4 ) 3 2Fe + 3 (aq) + 3SO 2-4 (aq) Fe + 3 (aq) + 3H 2 O (l) Al(OH) 3 (s) + 3 H + Reação de hidrólise do sulfato férrico, quando adicionado em águas com alcalinidade (inserida): Fe 2 (SO 4 )3 + 18H 2 O + 3Ca(OH) 2 3CaSO 4 + 2Fe(OH) 3 + 18H 2 O Sugere-se nesse caso, que houve uma desestabilização da dispersão coloidal devido à adição de um eletrólito hidrolisável. Resultados semelhantes foram encontrados por Menezes (2005), onde utilizando o mesmo coagulante, realizou-se um tratamento por coagulação química com remoção de turbidez de 99,6% (de 138 NTU para 0,5 NTU) em ph 5,0 para o tratamento de efluentes de lavanderia industrial, aplicando um sal metálico. 7

b) Determinação da Dosagem Ótima de Coagulante: A fim de determinar a concentração ideal de cada coagulante, o objetivo desta etapa foi avaliar o coagulante a base de tanino catiônico em comparação ao sulfato férrico quanto a efetividade na remoção de turbidez do efluente. Optou-se por uma faixa de concentração de 350 a 450 ppm para sulfato férrico e para o tanfloc SG as dosagens foram ajustadas na faixa de 400 a 850 ppm, considerando principalmente a efetividade na obtenção de coágulos observados durante a execução dos ensaios. A eficiência na remoção de tubidez em função da dosagem dos coagulantes é mostrada na Imagem 3: 95 90 85 80 Al 2 (SO 4 ) 3 Tanfloc SL 75 200 300 400 500 600 700 800 900 Eficiência de Remoção/ %100 Dosagem de Coagulante/ ppm Imagem 3: Gráfico representativo de dosagem de coagulante (ppm) por eficiência, Tempo de sedimentação: 30 min; Turbidez inicial: 1101 NTU. Diante dos resultados obtidos é possível sugerir que para dosagens elevadas de sulfato férrico (geralmente superiores a 300 ppm) e de ph entre, aproximadamente, 6 e 8, há formação do Fe(OH) 3 insolúvel, porém, quando o ph é inferior a cerca de 5,7; pode haver formação e predominância de espécies poliméricas do tipo Fe 13 O 4 (OH) 4+ 27, sendo estas solúveis. (DI BERNARDO, 2005). 13 Fe 3+ + 28 H 2 O Fe 13 O 4 (OH) 7+ 24 + 32 H + 8

A liberação de prótons (H + ) dessas reações, além de proporcionar o decaimento do ph, ocasionam também o consumo de substâncias que conferem alcalinidade da água. Também é possível observar nos resultados apresentados para o tanino, o aumento nas concentrações de coagulante, os valores de turbidez foram reduzidos gradativamente, sendo que os valores ilustrados neste gráfico podem ser divididos em três faixas de concentrações com distintas eficiências de remoção de turbidez. Apesar da diferença de mecanismos de coagulação entre o sulfato férrico (varredura ou aprisionamento, onde os colóides são aprisionados no floco de precipitado metálico sendo literalmente varridos do meio) e o Tanfloc SG (formação de pontes, ligando os flocos formados pela quelação dos colóides e posterior formação de uma malha entrelaçada), o coagulante de fonte natural a base de tanino catiônico, apresentou eficiência de remoção de turbidez na ordem de 99%, mesmo sendo dosado em concentrações superiores ao sulfato férrico. Comparado ao Sulfato Férrico, coagulante convencionalmente empregado pela maioria das indústrias, o tanino catiônico apresentou resultados em relação à qualidade do efluente final muito parecido, entretanto, podemos citar algumas evidentes vantagens como, ser elaborado a base de um material de fonte renovável, reduz consideravelmente a concentração de ânions sulfatos ao efluente final e possibilita a obtenção de um lodo mais orgânico, facilitando à disposição final do mesmo ou a sua utilização para fins mais específicos. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto teve como objetivo específico a avaliação do desempenho do Tanino na aplicação como coagulante vegetal em processos físico-químicos de tratamento de efluentes, que foi alcançado com eficiência, comparado com coagulantes sintéticos como o Sulfato Férrico e o PAC. Este projeto foi desenvolvido no Laboratório de Efluentes, no campus Itatiba, onde já está estabelecido o GPMAS. A pesquisa foi fomentada em parceria das empresas 9

TANAC S.A., ECOLAB DO BRASIL e BAUMINAS QUÍMICA e AMBIENTAL, produtoras de insumos químicos sintéticos e naturais no ramo de tratamento de Efluentes, já os efluentes têxteis reais serão cedidos pela indústria MALIBER IND. E COM. TÊXTIL, localizada em Morungaba, interior de São Paulo, devido ao excelente relacionamento profissional mantido com o professor e orientador José Pedro Thompson Júnior. 8. FONTES CONSULTADAS CARVALHO, E.B.de. Estudos da interação entre proteínas e taninos: Influência da presença de Polissacarídeos. 2007. 193 f. Tese (Doutorado em Química) - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto. 2007. MATTOS, T. C. G.; Mecanismos da Ação Antioxidante dos ácidos caféico e tânico em sistemas contendo íons ferro. Dissertação. UNB, Brasília, 2009. MENEZES, J. C. S. S. Tratamento e reciclagem do efluente de uma lavanderia industrial. 2005 118f. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2005. PÔRTO, Luiz C. S.; ISAAC, Ricardo L.; PORRAS, Álvaro C.. Remoção de cor de efluente têxtil através do sistema de lodos ativados em batelada com adição de carvão ativado em pó. México, 2002. SILVA, S. S. T. Estudo de tratabilidade físico-química com uso de taninos vegetais em água de abastecimento e de esgoto. 1999. 87f. Dissertação de Mestrado. Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 1999. THOMPSON Jr, J. P. Passando a Limpo, A flotação por ar dissolvido no tratamento de efluentes industriais. 1ª edição, Paco Editorial. Abril de 2015, 157 páginas. 10