PROJECTO DE RESOLUÇÃO Nº 1648/XIII/3ª RECOMENDA AO GOVERNO QUE DEFENDA OS INTERESSES NACIONAIS NO ÂMBITO DO QUADRO FINANCEIRO PLURIANUAL

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Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhor Presidente do Governo Senhora e Senhores Membros do Governo

Transcrição:

PROJECTO DE RESOLUÇÃO Nº 1648/XIII/3ª RECOMENDA AO GOVERNO QUE DEFENDA OS INTERESSES NACIONAIS NO ÂMBITO DO QUADRO FINANCEIRO PLURIANUAL 2021-2027 A Comissão Europeia apresentou, em maio de 2018, a sua proposta para o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) relativo ao período 2021-2027. É este o momento-chave na definição das prioridades da União Europeia para o próximo quadro, sendo crucial o fortalecimento de um posicionamento nacional que defenda os interesses nacionais nestas negociações orçamentais comunitárias. As negociações do próximo QFP decorrerão em circunstâncias especiais, nomeadamente, pelas que resultam da saída do Reino Unido da União Europeia. O Brexit implica a perda de um contribuinte significativo para o financiamento das políticas e dos programas da União. Uma perda de financiamento que surge precisamente num momento em que um reforço significativo do orçamento da União é visto como crucial para concretizar uma Europa mais forte e mais ambiciosa. A Comissão Europeia refere na sua proposta que o próximo QFP deverá alinhar melhor o financiamento disponível com as prioridades políticas atuais da União que garantam: -uma União Europeia Inclusiva, que protege os direitos sociais; -uma União Europeia Inteligente, que prospera com base numa dinâmica de competitividade assente no conhecimento e na inovação; e -uma União Europeia sustentável, que garanta a transição para uma economia mais eficiente, mais amiga do ambiente e preparada para responder aos desafios colocados pelas alterações climáticas. 1

Neste contexto, o PSD sublinha o aprofundamento da dimensão social da União, nomeadamente, através da plena execução do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e do apoio aos jovens e à mobilidade dos cidadãos europeus. Serão, pois, necessários recursos adequados para melhorar as oportunidades de emprego e dar resposta aos desafios em matéria de competências. Realizar o projeto europeu significa também continuar a combater a pobreza no seio da União Europeia, de forma a melhorar a integração dos cidadãos em situação de maior vulnerabilidade, sejam desempregados de longa duração, as pessoas com deficiência, ou os imigrantes. Assim, a proteção do modelo social europeu e a resposta ao desafio demográfico que se coloca à União Europeia constituem dimensões transversais a diversas políticas europeias, entre as quais a Política de Coesão e a Política Agrícola Comum, que contribuem para o reforço da União Europeia enquanto garante de uma Europa coesa em termos territoriais, económicos e sociais. A prosperidade da União Europeia assenta essencialmente na coesão e na competitividade, através da aposta nos fatores mais dinâmicos do desenvolvimento económico e social, como sejam a inovação e o conhecimento, a conetividade de pessoas, bens e informação e a exploração plena das oportunidades criadas pelo reforço da digitalização das economias e das sociedades, mas também na convergência entre os Estados-membros, e entre as diferentes regiões europeias e dentro de cada região, devendo essas dimensões ser centrais em todas as políticas da União, em particular na Política de Coesão, a Política Agrícola Comum, a Política de Investigação e Inovação e a Política de Transportes. Neste contexto, importa sublinhar o crescimento de novos desafios à atuação da União, nomeadamente a promoção da sua segurança e defesa, face a um quadro mais dinâmico, diversificado e incerto de ameaças internas e externas. 2

A União Europeia deverá assim reforçar o seu papel na gestão das fronteiras externas e na gestão dos fluxos migratórios, bem como reforçar a sua posição externa, em articulação com os desenvolvimentos geopolíticos mais relevantes. As políticas estruturais devem manter o papel-chave que desempenham no reforço da convergência, da coesão, mas também da competitividade na UE. Para tal têm que ser devidamente financiadas. 1. Política de Coesão A Política de Coesão não pode ser usada como "variável de ajustamento" do próximo QFP, tendo em consideração que esta política apresenta um claro valor acrescentado europeu: - produz resultados que vão além do que seria possível com uma mobilização de esforços a nível nacional, regional ou local; - incentiva ações a nível nacional, regional e local, para o cumprimento de objetivos dos Tratados da UE, que, de outro modo, não seria possível a sua concretização; - apoia ações que só podem ser financiadas mediante a congregação de recursos a nível da UE, devido à grandeza das suas necessidades de financiamento; - contribui para o estabelecimento e o apoio à paz e à estabilidade na e para além da vizinhança da União. Importa, pois, relembrar que o principal objetivo da Política de Coesão é a convergência real entre Estados-Membros e entre regiões. Perante os desequilíbrios regionais que são uma realidade também em Portugal - é determinante promover o desenvolvimento harmonioso das regiões da Europa. Para cumprir esse objetivo, a Política de Coesão deve ser dotada de um nível adequado e estável de recursos. A coesão entre países e regiões será melhor assegurada se se promover, simultaneamente, a competitividade externa e a coesão interna da União e dos países e das regiões dos Estados-membros. A eficácia da Política de Coesão depende de um duplo foco nas seguintes áreas: 3

-Promoção da competitividade através da inovação, da qualificação dos recursos humanos e da qualidade dos serviços públicos, -Sustentabilidade demográfica e inclusão, numa ligação mais estreita ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, dando um maior relevo à qualificação dos jovens, ao apoio ao primeiro emprego, mas também à desertificação do território. A Política de Coesão no próximo QFP deve continuar a ser a principal política de investimento da União Europeia. Deverá, tal como consagrado no Tratado, promover a redução das disparidades regionais e reforçar a convergência. Realçamos as sinergias entre os três fundos da Política de Coesão - o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), o Fundo Social Europeu (FSE) e o Fundo de Coesão, e por isso condenamos e não aceitamos a proposta da Comissão. É crucial a manutenção, em qualquer caso, do montante financeiro, a preços correntes, da Política de Coesão no sentido de não ser inferior ao orçamento 2014-2020. O PIBpc deve continuar a ser o principal parâmetro para a definição e afetação dos envelopes nacionais e regionais. O PSD reitera que Portugal se deverá pugnar pela atribuição de disposições específicas na Política de Coesão para as regiões ultraperiféricas, rurais e transfronteiriças, que são realidades que a pluralidade regional portuguesa apresenta. Portugal, tal como outros países europeus, enfrentam um problema acrescido que é o despovoamento do território do interior. Neste sentido, o Governo de Portugal deverá procurar incluir como parâmetro para a definição e afetação dos envelopes nacionais e regionais o despovoamento territorial que se deve traduzir como um novo estatuto ao nível europeu que procure defender os territórios de baixa densidade populacional. A redução do envelope financeiro para a Política de Coesão em aproximadamente 7%, conforme proposta inicial da Comissão Europeia, não serve o interesse nacional, e subverte mesmo o princípio da solidariedade da União Europeia. 2. Política Agrícola Comum 4

No caso da Política Agrícola Comum (PAC), o PSD defende uma política forte e coesa cujo orçamento global permita a manutenção de uma agricultura sustentável no espaço europeu, conferindo aos consumidores produtos alimentares a preços justos. É neste contexto que o PSD vê com elevada preocupação a proposta da Comissão Europeia para o próximo quadro financeiro plurianual, prevendo um corte global de 5% na PAC. O PSD entende que para garantir estes objetivos a nível nacional, o orçamento total da PAC não pode ser inferior ao período em curso (2014-2020). Como tal, defende a manutenção da atual estrutura entre os dois pilares, rejeitando cofinanciamentos para o 1º Pilar e um 2º pilar cofinanciado que assegure o essencial apoio ao investimento. Ao nível dos pagamentos diretos o PSD defende, a nível externo, a continuação da convergência do valor base do pagamento base, entre Estados -Membros. Internamente que o 1º Pilar assegure: a) Manutenção de um regime de pequena agricultura; b) Manutenção da possibilidade de existirem pagamentos ligados como meio eficaz de manter a atividade agrícola e combater o abandono agrícola; c) Evolução do greening para um sistema de certificação ambiental. Quanto ao segundo pilar, que financia a componente de desenvolvimento rural da PAC e, nesse contexto o investimento, o PSD considera crucial continuar a promover o dinamismo do sector agrícola e do mundo rural através de volume de financiamento comunitário igual ao do atual programa (PDR 2020). Nem mesmo o compromisso por parte do presidente da Comissão Europeia e do Comissário para Agricultura, de que Portugal não perderá verbas ao nível dos pagamentos diretos, tranquiliza o PSD sobre o volume futuro de financiamento da PAC. Em primeiro lugar porque é imprevisível o rumo das medidas de mercado (englobadas no 1º Pilar), atualmente direcionadas para a organização da produção. 5

Em segundo lugar, porque para Portugal continua a ser crucial apoiar o investimento nas suas estruturas agrícolas, fortalecendo o desenvolvimento rural. Mais, dada a diversidade cultural e produtiva do nosso país, o programa de desenvolvimento rural nacional precisa de ser mais diversificado do que a generalidade dos restantes Estados-membros. Exemplo disso é o PDR apoiar medidas destinadas às florestas, ao regadio, à produção ou ao ambiente. Em terceiro lugar porque considerando que Portugal é o Estado-membro com maior equilíbrio entre os dois pilares (50%/50%), um corte de 5% no Desenvolvimento rural (5% em 50%) representa em termos relativos, uma redução muito acentuada e um dos países mais prejudicados com a diminuição de verbas da UE. Finalmente, num cenário de alterações climáticas em que Portugal é dos países mais expostos às consequências parece ser incompreensível que o financiamento destinado à prevenção e ao auxilio ter termos produtivos sejam diminuídos face ao volume atual. Perante uma eventual redução de verbas da PAC o PSD julga essencial que países como Portugal cujos impactos das alterações climáticas se manifestam transversalmente, possam recorrer a diferentes fundos estruturais para mitigar e prevenir esses efeitos. É o caso do financiamento de estudos, de projetos e investimentos na área das florestas ou no armazenamento de reservas de água. À semelhança da Politica de Coesão e da Politica Agrícola Comum, o PSD entende que a Economia do Mar em toda a sua versatilidade deve manter um nível de apoio semelhante ao Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020. 3. Regiões Ultraperiféricas O PSD entende que deve ser dada atenção adequada aos objetivos da Estratégia definida pela Comissão Europeia para o Desenvolvimento das Regiões Ultraperiféricas. A manutenção de um apoio equilibrado a estas regiões nos sectores relevantes é essencial para assegurar o cumprimento do seu regime consagrado no Tratado. As necessárias transições económicas e sociais com que as RUP se 6

comprometeram devem continuar a ser apoiadas pela solidariedade financeira da União, com vista ao desenvolvimento das regiões. Por conseguinte, e não obstante os instrumentos específicos em vigor no período de programação 2014-2020, defende-se a compensação dos sobrecustos decorrentes da situação particular das regiões ultraperiféricas, nomeadamente no âmbito da Política de Coesão, que inclua a flexibilidade da sua adaptação à realidade territorial destas regiões. Assim, apoia-se a manutenção (ou de preferência o aumento) do investimento e abrangência do Programa de opções específicas para fazer face ao afastamento e à insularidade (POSEI), defendendo a manutenção do POSEI Agricultura e o restabelecimento do POSEI Pescas. Como tal o PSD acompanha a posição de alguns Estados-membros, entre os quais Portugal, que pretendem que estas negociações se processem de forma autónoma. Graças às Regiões Ultraperiféricas, a UE dispõe do maior território marítimo do mundo e de uma enorme reserva de recursos marinhos que confere um acesso privilegiado aos mares e oceanos e, simultaneamente, constitui uma oportunidade com um enorme potencial de desenvolvimento para criar emprego e impulsionar a economia azul. Neste enquadramento, as RUP devem assumir uma gestão de proximidade dos seus espaços marítimos. A atividade de pesca nos Açores e na Madeira, como nas outras Regiões Ultraperiféricas, desempenha um papel fundamental na autossuficiência alimentar e baseia-se num modelo artesanal caracterizado pela ligação com outros setores como o turismo, a cultura e as tradições das comunidades costeiras. A frota de pesca das RUP é constituída essencialmente por embarcações que utilizam técnicas de pesca seletiva, não predadoras dos recursos, que contribui para uma pesca sustentável. Nesse sentido o FEAMP deverá autorizar o financiamento da construção, renovação e modernização de novas embarcações de pesca. 4. Recursos Próprios 7

De forma a corresponder aos novos desafios da União, bem como para não reduzir o empenho comunitário nos pilares da coesão e da PAC, a União Europeia precisa de um limite máximo de despesas do QFP não inferior a 1,2% do RNB da UE 27, compatível com as suas necessidades e ambição. O PSD concorda que o sistema de recursos próprios deve ser mais simples, justo e transparente. É neste contexto que as eventuais divergências entre Parlamento Europeu e Comissão Europeia sobre o volume de financiamento do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 e consequentemente sobre as variações para os respetivos Estados-membros, merecem elevada preocupação, pois apontam para o facto de Portugal poder vir a ser um dos principais perdedores de verbas comunitárias. Este cenário é para o PSD incompreensível, face ao passado do nosso país, ao presente e aos desafios futuros. A União tem agora uma oportunidade única para introduzir novos recursos próprios, provenientes de novas fontes de financiamento, seguindo também as propostas apresentadas pelo Relatório Monti. O PSD considera que os seguintes mecanismos permitirão reforçar a receita do orçamento europeu, sendo necessário que o Governo assegure a não-penalização dos contribuintes: a) taxa sobre as transações financeiras b) afetação ao orçamento da União das receitas resultantes das coimas aplicadas às empresas por violação do direito de concorrência da União c) afetação de parte dos lucros do Banco Central Europeu à capacidade orçamental da zona euro d) taxação sobre plataformas transnacionais e desterritorializadas do setor digital e) diminuição da taxa de retenção dos direitos aduaneiros f) taxas relativas ao comércio das licenças de emissão de poluentes 8

Convém sublinhar neste contexto que a criação de impostos é reserva da soberania dos Estados-membros, e que as propostas elencadas nesta seção são matéria distinta, que visa exclusivamente aumentar os recursos próprios da União sem extravasar essa soberania e prerrogativa - nacional. De forma a evitar eventuais penalizações sobre os nossos contribuintes, o Governo deverá proceder a um correspondente alívio fiscal interno. Assim, face ao exposto e ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República resolve recomendar ao Governo que: 1. Defenda o reforço financeiro do próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) sugerindo a contribuição dos Estados-membros para um mínimo de 1,2%, do RNB; a. Promova o compromisso politico entre os países que mais beneficiam da Política de Coesão no sentido de reforçar a posição negocial, evitando os cortes financeiros anunciados pela Comissão. 2. Defenda, no âmbito do próximo QFP, a manutenção dos envelopes financeiros relativamente à Política de Coesão e à Política Agrícola Comum no sentido de não serem inferiores ao orçamento de 2014-2020; a. No âmbito da Politica Agrícola Comum (PAC) proceda a negociações no sentido de assegurar que Portugal não tenha diminuição de verbas em nenhum dos dois pilares que compõem esta politica comum. b. Nos parâmetros para a definição e afetação dos envelopes nacionais e regionais seja incluído como critério o despovoamento do território criando o estatuto de território de baixa densidade. 3. Pugne, no âmbito do próximo QFP, pelo cumprimento por parte da Comissão Europeia dos objetivos da Estratégia definida pela própria Comissão para o desenvolvimento das regiões mais frágeis, denominadas Regiões de Convergências; 9

4. Inste, no âmbito do próximo QFP, pelo cumprimento por parte da Comissão Europeia dos objetivos da Estratégia definida pela própria Comissão para o Desenvolvimento das Regiões Ultraperiféricas, no sentido de as RUP continuarem a ser apoiadas pela solidariedade financeira da União com vista à continuação do seu desenvolvimento, tal como consagrado no Tratado; 5. Defenda novas formas de aumentar a receita comunitária sem penalizar os contribuintes, nomeadamente, a diminuição da taxa de retenção dos direitos aduaneiros; as multas que são cobradas aos países que violam as regras da concorrência; a aplicação de taxas sobre as transações financeiras internacionais; a introdução de taxas sobre as plataformas transnacionais do setor digital; através da passagem dos lucros do BCE para a União Europeia; e a criação de uma maior taxação sobre o comércio das licenças de emissão de poluentes. Palácio de São Bento, 23 de maio de 2018 Os Deputados Fernando Negrão Rubina Berardo Carlos Alberto Gonçalves António Costa da Silva Duarte Marques Luís Leite Ramos Berta Cabral António Lima Costa Maurício Marques António Ventura Inês Domingos Ana Oliveira 10

Maria Luís Albuquerque Sara Madruga da Costa Paulo Neves Miguel Morgado Regina Bastos Carlos Costa Neves Mercês Borges 11