BULLYING: conceituação e combate a este fenômeno.



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Transcrição:

BULLYING: conceituação e combate a este fenômeno. LIMA, Ana Gláucia Paulino 1 CLESKI, Ana Carolina da Costa 1 VIANA, Rosana de Fátima 1 MARCELINO, Rosana 1 ARAÚJO, Roberta Cristina Silva 1 NASCIMENTO, Edinalva 2 RESUMO Este estudo visa levantar questões concernentes ao tema bullying, muito difundido no meio escolar e acadêmico em geral, tornando-o mais acessível e conhecido a todos que de alguma forma, encontram-se envolvidos neste assunto. O conhecimento deste assunto, bem como de seus fatores de risco e diversas formas de enfrentamento, seja na atitude preventiva ou interventiva, são extremamente importantes no que tange esse fenômeno que tem causado tantas dificuldades no desenvolvimento do indivíduo. Descritores: Bullying, Psicologia, Violência. ABSTRACT This study aims to raise questions regarding the bullying theme, widespread in schools and academia in general, making it more accessible and known to all who somehow find themselves involved in this matter. The knowledge of this subject as well as their risk factors and different way of coping, whether preventive or interventional attitude are extremely important regarding the phenomenon that has caused so many difficulties in the development of the individual. Keywords: Bullying, Psychology, Violence INTRODUÇÃO 1 Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e de Formação Integral (FAEF). E-mails para contato: anagplima@gmail.com, aninha_cleski@hotmail.com, enfer_meira_gb@hotmail.com, ro.graia@hotmail.com, robertacristinasilva@hotmail.com 2 Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e de Formação Integral (FAEF). E-mail para contato: projetosaudemarilia@gmail.com

Este trabalho foi desenvolvido por um grupo de cinco alunos do 9 termo do curso de Psicologia. Trata-se de um trabalho que integra a Disciplina Seres Humanos em Situação de Risco I e o tema Bullying foi selecionado pela sua estreita aproximação com a formação e atuação psicológica. O Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais, psicológicas e físicas, feitas de maneira repetitiva, por uma ou mais pessoas contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, segundo Weiszflog (2008). Não existe uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de bullying possíveis, o termo compreende todas as formas de atitudes agressivas, ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação, maus tratos, entre outros. No Brasil, as pesquisa sobre o tema se iniciou na década de 90, com o resultado das mesmas, foi constatado que gozações, apelidos pejorativos ocorriam com maior frequência em comparação a outros tipos de comportamento, sendo a escola o local onde o bullying ocorria com maior incidência (SCHULTZ et al., 2012). As crianças que sofrem bullying correm o risco de não superar todos os traumas sofridos na escola, podendo assim crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa autoestima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento, e adquirir alguns comportamentos. A guerra ao bullying deve iniciar na infância, instruindo as crianças a não praticarem e a não virarem vítimas. É difícil encontrar alguém que nunca tenha testemunhado ou sofrido com este tipo de brincadeiras, porém, quantas dessas pessoas souberam identificar a situação e procurar ajuda? A omissão é o maior aliado do bullying, pois assim não recebe a atenção necessária dos pais, professores e responsáveis. Desta forma, o objetivo deste estudo é a conceitualização do fenômeno bullying, caracterizando os fatores de risco para que esta ação ocorra, e analisar as

estratégias de enfrentamento para este tipo de situação tão recorrente na atualidade. A HISTÓRIA DO BULLYING A violência é um importante problema de saúde pública, com sérias consequências individuais e sociais. Uma das manifestações de violência na escola, que tem recebido atenção significativa pela literatura especializada, é o fenômeno denominado bullying (OLIVEIRA; BARBOSA, 2012). Freire e Aires (2012) relatam que os primeiros estudos sobre bullying se iniciaram na década de 70, na Suécia e na Dinamarca, mas, que esse fenômeno sempre existiu no ambiente escolar, somente não era caracterizado como tal, por se acreditar que não se passava de brincadeiras inofensivas e normais entre os estudantes. No entanto, de acordo com os autores, foi somente na década de 80 que essas brincadeiras começaram a ser vistas com maior importância por estudiosos, e assim os primeiros estudos foram realizados na Noruega, por Dan Olweus. Segundo Freire e Aires (2012) antes de fazer qualquer inferência sobre a sua origem, colocando a culpa no aluno, na escola, na família ou na sociedade, é necessário compreendê-lo como resultante de problemas que estão inseridos em todos os ambientes e nas relações que ocorrem entre eles. De acordo com Moura, Cruz e Quevedo (2011) o bullying é uma prática encontrada em todas as culturas, em todas as classes sociais, e acarreta sofrimento psíquico, diminuição da autoestima, isolamento, prejuízos no aprendizado e no desempenho acadêmico. Fatores de Risco

Euzébios Filho e Guzzo (2006) descrevem que a análise de fatores de risco ao Bullying, suscita a compreensão de uma série de elementos que constituem a realidade de um determinado grupo social, como: o cotidiano de uma população, suas relações com o mundo de trabalho, suas crenças e suas experiências, formando assim, uma realidade específica de modo que, o que se configura como fator de risco para um indivíduo ou grupo social, pode não sê-lo para outro. Ainda refere como um comum exemplo, a baixa autoestima, a inabilidade de expressar seus sentimentos, a falta de coesão familiar, a instabilidade financeira, as relações desgastadas, ou a falta de pertencimento a um grupo. O que não se pode negar é que fatores de risco estão presentes em toda sociedade o que diferencia é a situação fatorial (EUZÉBIOS FILHO; GUZZO, 2006). A organização Amigos da Natureza (2011) nos atenta para a nova forma encontrada para agredir, denegrir, ofender e insultar, pessoas conhecidas e desconhecidas, os chamados Ciberbullying, que é a prática realizada através da internet. Apesar de ser praticado de forma virtual, o cyberbullying tem preocupado responsáveis, educadores, pois através da internet os insultos se multiplicam rapidamente e ainda contribuem para contaminar outras pessoas que conhecem a vítima. Os meios virtuais utilizados para disseminar difamações, calúnias ameaças são as redes sociais, e-mails, torpedos, blogs. O que chama a atenção é que, além de discriminar as pessoas, os autores, em muitos casos, não se identificam, para assumirem seus atos e serem devidamente punidos. Apesar de gostarem da sensação que é causada ao destruir outra pessoa, os praticantes podem ser processados por calúnia e difamação, mas, na maioria das vezes as vítimas se sentem ridicularizadas, envergonhadas, e se calam, não permitindo assim que os responsáveis sejam punidos pelos seus crimes, e os mesmos continua difundindo suas ameaças.

O papel da sociedade na prevenção e combate ao Bullying O Bullying, atualmente, é alvo da preocupação de muitos pesquisadores, educadores, profissionais da saúde, de muitos países, por ocorrer em escolas de qualquer tipo primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana (SCHULTZ et al., 2012). Segundo Freire e Aires (2012), a escola propicia desenvolvimento de habilidades, competências, formação e desenvolvimento de conceitos, saberes e opiniões, por isso seu é papel fundamental ao buscar alternativas para o enfrentamento e prevenção do Bullying. Além da sociedade ser participativa nesta prevenção e combate ao Bullying, é necessário ressaltar a importância da inserção do psicólogo escolar/educacional, objetivando realizar um trabalho de prevenção e enfrentamento da violência. O combate e a prevenção do Bullying devem estar de acordo com o contexto no qual ocorre, ou seja, em que medidas pedagógicas e preventivas ressaltem os aspectos biopsicosocioeconômicos, que segundo as autoras Freire e Aires (2012), é necessário tomar medidas punitivas, de ameaças e intimidações ou formas prontas de enfrentamento, na busca da melhor solução para este problema. As autoras Freire e Aires (2012) reforçam que as medidas preventivas e de combate ao Bullying não devem ser prontas e fechadas, pois cada escola, cada criança ou adolescente possui uma realidade específica, na qual relações são construídas de maneira diferenciada entre seus membros. Conforme mencionam Freire e Aires (2012), a atuação do Psicólogo no ambiente escolar, vem se assemelhando ao aspecto social, analisando as relações que transitam neste ambiente, a fim de aperfeiçoá-las. Assim sendo, tal profissional, enfrenta o desafio de tomar como alvo de sua atuação a complexidade dos processos interativos que ocorrem na escola (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1996 citado em FREIRE; AIRES, 2012, pg. 58).

Para Freire e Aires (2012), o Psicólogo pode desempenhar o papel de escuta, análise e acompanhamento destes casos dentro da instituição, uma vez que se encontra vinculado a esta, para que promova encontros, discussões em torno do assunto, trabalhando de forma preventiva e interventiva ao desafio citado. Conforme expõe Marinho-Araújo e Almeida (2008) e Ortega e Del Rey (2002 apud FREIRE e AIRES, 2012), o envolvimento da escola, desde discentes a docentes e funcionários, da família e comunidade a cerca do Bullying, torna-se imprescindível na prevenção e combate deste fenômeno tão prejudicial para o desenvolvimento do indivíduo. O combate a estas situações agressivas deve fazer parte da vida acadêmica dos alunos e do plano de ensino dos professores, tornando-se rotina dentro da escola, pois uma vez que o assunto é abordado de forma clara, precisa, preventiva e informativa, pode-se disseminar uma visão crítica sobre o Bullying com os envolvidos, tanto diretamente quanto indiretamente, tornando o assunto mais presente no meio escolar, trazendo para os presentes, a responsabilidade da instalação deste fenômeno no ambiente em que estão inseridos (AMIGOS DA NATUREZA, 2011). A organização Amigos da Natureza (2011) traz ainda algumas estratégias em torno deste tema, tais como: promoção de reuniões com estudantes e pais sobre o tema; trazer esse tema ao conhecimento do aluno; criação de comitês de integração de novos alunos; instalação de equipamentos de segurança; eliminar quaisquer fatores que possam eliciar o fenômeno, como determinado tipo de vestimentas, instalando o uso de uniformes; contratação de vigilância; inserção dos próprios alunos na supervisão e intervenção ao bullying; criação de regras antibullying e buscar apoio de outras instituições no combate a tal violência. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos de grande relevância o tema pesquisado, pois pudemos ter acesso a estudos que enfatizam o Bullying como um risco para os que se envolvem nesta ocorrência, sendo como vítimas, agressores, ou meros espectadores. A brincadeira, gozação, que se faz a algumas pessoas simplesmente para ridicularizarem-na, expondo-a frente aos demais, pode ser muito destrutiva tanto para a vítima como para o agressores. O meio em que tal situação acontece também pode se prejudicar no que se refere ao desenvolvimento social dos indivíduos em questão. A grande importância neste assunto, é o conhecimento detalhado de tal situação, sua conceitualização devida, seus fatores de risco e maior prevalência de ocorrência, juntamente com o estudo de estratégias de enfrentamento e combate a esta atitude tão depreciativa em que nos encontramos envolvidos. Como futuros psicólogos, precisamos desenvolver um olhar criterioso para este assunto a fim de analisarmos e desenvolvermos estratégias para o combate do bullying, que tem se caracterizado tão destrutivas para o desenvolvimento das estruturas emocionais do indivíduo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIGOS DA NATUREZA. Bullying: uma brincadeira de mau gosto! Como identificar e combater o preconceito, a violência e a covardia entre os jovens. Organização Amigos da Natureza. Marechal Cândido Rondon: Amigos da Natureza, 2011. EUZEBIOS FILHO, A.; GUZZO, R.S.L. Fatores de risco e de proteção: percepção de crianças e adolescentes. Temas Psicol. [online], v.14, n.2, p.125-141, 2006. FREIRE, A.N, AIRES, J.S, A Contribuição da Psicologia Escolar na Prevenção e no Enfrentamento do Bullying. Psicol. Esc. Educ., Maringá, v.16, n.1, June 2012. MOURA, R.D, CRUZ, A.C.N, QUEVEDO A.L, Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J. Pediatr. (Rio J.), v.87, n.1, 2011.

OLIVEIRA, C.J.; BARBOSA, J.G. Bullying entre estudantes com e sem características de dotação e talento, Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v.25, n.4, 2012. SCHULTZ, N.C. et al. A compreensão sistêmica do bullying. Psicologia em Estudo, Maringá, v.17, n.2, 2012. WEISZFLOG, W. Michaelis Dicionário Eletrônico Inglês/Português. Programa UOL, 2008.