Palavras chave: Fotografia; Pesquisa-intervenção; formação inventiva de professores.

Documentos relacionados
BIBLIOTECA VIVA: ARTE, LEITURA E INVENÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Resenha (recesso) - Aprendizagem, Arte e Invenção de Virgínia Kastrup

BEM-VINDO AO ESPAÇO DO PROFESSOR. interação e inter-relação que esperamos potencializar.

7 Referências bibliográficas

O CONTROLE CIENTÍFICO NA CONSTRUÇÃO DE CORPUS DIGITAL DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS

PROJETO DE OFICINA PEDAGÓGICA

Formação inventiva de professores

UM TERRITÓRIO DE MÚTIPLOS AGENCIAMENTOS NO ENSINO MEDIADO POR UMA TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO DIGITAL-TCD

EXPERIMENTAÇÕES NA CLÍNICA: O DISPOSITIVO GRUPAL COM CRIANÇAS

Desacimentar 1 GEISSY REIS FERREIRA DE OLIVEIRA. DOI /issn v27i1p

PRÁTICAS DE ENSINO III - Metodologias

Plano de aulas. Curso Referencial UM e DOIS

Mostra Fotográfica: Olhares 1. Ricardo da Silva MAGALHÃES 2 Maria da Conceição Lopes 3 Faculdade Atual da Amazônia, Boa Vista, RR

A TECNOLOGIA NO PERCURSO DE PROFESSORES: A ATENÇÃO A SI EM PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

AGORA QUE VOCÊ ESTÁ ENXERGANDO. Now that you are seeing Ahora que usted está viendo SOBRE A IMAGEM

CENTRO DE CONVIVÊNCIA E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL:

PERFORMANCE DE ARTE RELACIONAL COMO CURA

Quando você receber a nova edição do Caderno do Aluno, veja o que mudou e analise as diferenças, para estar sempre bem preparado para suas aulas.

COLÉGIO CENECISTA DR. JOSÉ FERREIRA LUZ, CÂMERA, REFLEXÃO

HISTÓRIA ATRAVÉS DE FOTOGRAFIAS: NARRATIVAS DE SI EM SALA DE AULA 1

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (UFSM) Disciplina: Seminário de Tese II Professora: Dra. Marilda Oliveira de Oliveira. Vazio

CERIMÔNIAS DO FAZER FOTOGRÁFICO

Abra os seus olhos. Descubra lugares e coisas que ama com cada foto que faz! PLANOS DE AULAS

A INFÂNCIA NO CURRÍCULO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: O QUE DIZEM AS CRIANÇAS DE SEIS ANOS

Material de apoio. Por Chris Dornellas.

Um novo olhar sobre o portfólio na educação infantil

ESPAÇOS DE AUTORIA E LEGITIMAÇÃO DOS ESTUDANTES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES COM A DOCÊNCIA

POR UM SABER SENSÍVEL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA INFÂNCIA. Palavras Chaves: Educação Infantil, formação continuada, educação (do) sensível

O QUE MUDOU AO LONGO DO TEMPO - PROJETO DE TRABALHO

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2003/08 - Arquitetura e Urbanismo. Ênfase

DEVIR-CRIANÇA POTENCIALIZANDO IDEIAS MATEMÁTICAS: O DESENHO DAS CRIANÇAS COMO POSSÍVEIS IMAGENS DE UM APRENDER INVENTIVO

Dicas de como posar para um Ensaio Fotográfico Individual

Gisllene Rodrigues FERREIRA 2 Gerson de SOUSA 3 Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG

Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Faculdade de Educação FE Departamento de Fundamentos da Educação - DFE

Anarquismos agora. atualidade, em seus desdobramentos, e na sua forma de se pensar a liberdade, e a

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA 1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADE FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

NATUREZA: CARTOGRAFANDO SABERES E SUAS CONEXÕES NA ESCOLA E NA VIDA

Quer ser feliz?... David Steindl Rast. Enrique R. Argañaraz

Instrução VIP Personalizada

REVELANDO O CAMPUS 1. Jane MACIEL 2 Marcus Ramúsyo BRASIL 3 Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA

Palavras-chave: Ludicidade. Histórias. Pedagogia social. Crianças.

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTE E EDUCAÇÃO

HISTÓRIA UNIVERSOS. Por que escolher a coleção Universos História

KOHAN, Walter Omar. Infância. Entre a Educação e a Filosofia. Belo Horizonte:

Keywords: inventive formation of teachers; parrhesia; university; elementary school. Psicologia & Sociedade; 24(n.spe.

Aquilo que um dia fomos e aquilo que hoje somos 1

POBREZA DE EXPERIÊNCIA CONTRAPONDO-SE AO ACÚMULO DE INFORMAÇÕES NO SÉCULO XXI, À LUZ DAS TEORIAS DE JORGE LARROSA E WALTER BENJAMIN

Revelando o Campus 1. Jane MACIEL 2 Marcus Ramúsyo de Almeida Brasil 3 Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA

MARIANE DA SILVA GUEDES POSSÍVEIS DESLOCAMENTOS... DISCUTINDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES SOB A PERSPECTIVA DA INVENÇÃO

ETAPA 4 TERRITÓRIO EDUCATIVO PARA GESTORES EDUCACIONAIS E ESCOLARES

Rafaela Corrêa Silva EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA BÁSICA: A BIBLIOTECA COMO POTÊNCIA NA PRODUÇÃO DE VIDA NA ESCOLA

Workshop de Fotografia da Natureza

Palavras-chave: Formação Continuada. Múltiplas Linguagens. Ensino Fundamental I.

Fotografia básica digital

Histograma Caroline Lima dos Santos, Aluna da Focus Escola de Fotografia

Fotografia e memória: um olhar sobre a história da ferrovia em Bauru 1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE TEORIA E PRÁTICA DE ENSINO

Colégio Valsassina. Modelo pedagógico do jardim de infância

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DOCÊNCIA ONLINE: UMA PESQUISA- FORMAÇÃO NA CIBERCULTURA 1. Alexsandra Barbosa da Silva 2

ESTÁGIO SUPERVISIONADO: QUESTÕES E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EAD

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: PESQUISA E CURRÍCULO.

CIDADE PARA CRIANÇAS

PESQUISA SOBRE A NOÇÃO DE EXPERIÊNCIA NOS ESPAÇOS FORMAL E NÃO FORMAL DE EDUCAÇÃO

O CAMINHO QUE NOS LEVA À FELICIDADE É O AMOR!

!"#$"%&%'()*+,+-.,#)%/'01'2#/*%'01'(),.,%34#'5'6#.7).,%'8'!(2(69:;!<='8';"+1*

Obturador. o obturador de cortina mostrado em detalhes.

1ª Roda de Conversa. Docência Universitária: nossos desafios

GEOGRAFIA DAS IMAGENS: A FOTO QUE FALA

ASPECTOS VISUAIS: CONCEITOS E FUNÇÕES

A era da Mediatização e suas implicações no campo da Educação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AVALE DO ACARAU A MÚSICA NO ENSINO DA GEOGRAFIA

dossiê devir menor (org.: susana Caló)

AS TDIC S COMO APOIO AO ENSINO DE PORTUGUÊS E MATEMÁTICA. Apresentação: Pôster

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso null - null. Ênfase. Disciplina A - Fotojornalismo II. Docente(s) Tássia Caroline Zanini

Jardim Japonês, foto de capa do jornal Turismo de Minas 1. Mariana Reis Vieira 2 Vera Godoy 3 Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, MG

CENTRO DE CONVIVÊNCIA ESCOLA BAIRRO

Palavras Chave: Educação Especial. Atendimento Educacional Especializado. Sala de Recursos Multifuncionais.

Infância e cidade: construir modos de olhar para nutrir re-existências.

Multi Forme. Natascha Lohraine de Oliveira Silva dos SANTOS. Leandro Pimentel ABREU. Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ

Aline Nunes. Ensaio Visual - Projeto Me Mande Notícias. Imagem 1: Dos destinatários

- Gostava de falar da tua dinâmica de criador e da tua dinâmica de gestor de uma organização como as Oficinas do Convento. Como as equilibras?

OLHARES CARTOGRÁFICOS PARA TECER UMA FORMAÇÃO INVENTIVA COM AS EXPERIÊNCIAS DO PIBID/CAPES/UERJ

Software Livre: aprender e ensinar na EaD.

CARTOGRAFIA COMO MÉTODO DE PESQUISA EM ARTE

RELATÓRIO: TRIMESTRAL JANEIRO A ABRIL DE 2011

A PRODUÇÃO DE PINTURAS RUPESTRES COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DA PRÉ-HISTÓRIA

ISBN O ESPAÇO QUE EDUCA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS: UMA ANÁLISE DO AMBIENTE FÍSICO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM O PROTAGONISMO INFANTIL

Enquadramento e Composição Prof. Dr. Isaac A. Camargo EGR/CCE/UFSC

Somos professores e entendemos (e vivemos) as demandas dos espaços de aprendizagem e queremos transformar a forma de aprender e ensinar.

Vamos brincar de construir as nossas e outras histórias

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

CURRÍCULO EM REDES COMO ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA AO INSTÍTUIDO: SOBRE AS REDES DE CONVERSAS E PRÁTICAS COTIDIANAS EM UMA SUPERIOR

A produção cenográfica dos anos de do Fundo Foto Bianchi na plataforma WIX : uma análise comparativa.

3 Creches, escolas exclusivas de educação infantil e escolas de ensino fundamental com turmas de educação infantil

IMPACTOS DOS ELEMENTOS FOTOGRÁFICOS INSERIDOS NO FILME. Camila Vianna Marques Maciel 1 Rogério Luiz Silva de Oliveira 2 RESUMO

o fotógrafo. São instantes memoráveis do cotidiano, registros de momentos alegres, guardados para a posteridade: casamentos, refeições em família, fér

RESUMO EXPANDIDO O ENSINO DE NÚMEROS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS DE PROFESSORAS DO JARDIM DE INFÂNCIA

Transcrição:

EXPERIÊNCIA COM USO DA FOTOGRAFIA NO TERRITÓRIO ENTRE ESCOLA BÁSICA E UNIVERSIDADE: COMPOSIÇÃO SENSÍVEL ENTRE O OLHAR E O FOTOGRAFAR Renata Cavallini Graduanda de Pedagogia FFP/UERJ PIBID/CAPES/UERJ RESUMO Rosimeri de Oliveira Dias FFP/UERJ PIBID/CAPES/UERJ Este trabalho descreve experiências com o uso da fotografia na escola básica desenvolvido no contexto do projeto PIBID/CAPES/UERJ. A fotografia é trabalhada como um dispositivo articulador e meio encontrado para fazer uma pesquisa intervenção com a escola básica, como propõe René Lourau. A pesquisa-intervenção acontece entre os territórios do Colégio Estadual Conselheiro Macedo Soares e a Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo da UERJ. O Subprojeto de Pedagogia norteia este trabalho com seus eixos de análise e de intervenção: O projeto tem funcionado como um espaço em que se analisa às micropolíticas do cotidiano da escola e da formação de professores. Micropolítica é entendida aqui como uma experimentação ativa, como pensada por Gilles Deleuze. O intuito do trabalho é fazer ressoar implicações do dia a dia da pesquisa com a escola, apresentando algumas problematizações que vão ganhando consistência fotográfica com a processualidade deste trabalho. Para tanto há autores e conceitos que nos ajudam a pensar, tais como: René Lourau com a noção de Análise Institucional; Gilles Deleuze e Félix Guattari com o método da cartografia; Jorge Larrosa com a noção de experiência; Walter Benjamin com suas experiências com a Fotográficas; Virgínia Kastrup com a ideia de invenção de si e do mundo por meio da arte; Rosimeri de Oliveira Dias com sua noção de Formação Inventiva de Professores; Susan Sontag com suas análises sobre fotografia. Com estes eixos de análise e de intervenção é possível dizer que a fotografia funciona como o momento da captura de um olhar. Com ela afirma-se um modo de ver o si e o mundo, que possibilita inventar outro modo de pesquisar e habitar o território escolar pesquisado. Palavras chave: Fotografia; Pesquisa-intervenção; formação inventiva de professores. 03107

2 Este trabalho apresenta a fotografia como dispositivo articulador e meio encontrado para fazer uma pesquisa intervenção com a escola básica. Pesquisaintervenção (PASSOS; KASTRUP; ESCÓCIA, 2009) que acompanha os processos que se dão no contexto da formação inicial e continuada de professores do Subprojeto de Pedagogia da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo do Projeto Saber escolar e formação docente na educação básica PIBID/CAPES/UERJ e, acontece entre o Colégio Estadual Conselheiro Macedo Soares e a Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Deste modo, seguimos os eixos que norteiam os referenciais do subprojeto de Pedagogia, a saber: analisar às micropolíticas do cotidiano da escola e da formação inventiva de professores. O problema da formação inventiva de professores coloca em análise nossa capacidade de lidar com a alteridade, com a diferença que circula na formação e que também nos habita. Com isto, é possível afirmar que formação não é simplesmente dar forma ao futuro professor, mas produzir um território que se compõe como um campo de forças criando ética, estética e politicamente outras formas de habitar, de pensar e de fazer a formação (DIAS, 2012, p. 30). Nesse sentido, pretendemos descrever algumas experiências com o uso da fotografia na escola básica, e algumas afetações que acontecem na processualidade desta. A fotografia funciona como uma prática que busca uma aproximação entre alunos da escola e da universidade e o território escolar. Um dispositivo que dá a ver e falar as muitas linhas que atravessam as experiências com o mundo da formação. A fotografia é como um recorte de momentos que compõe modos de fazer e de pensar a pesquisa-intervenção com a escola básica. A condição de pesquisador/fotógrafo permite um olhar diferente perante o cotidiano da pesquisa com a escola. São instantes de alegria, descontração, conversas e encontros vistos pelo olhar do pesquisador que são transformados em objetos. Fotografar é apropriar-se da coisa fotografada. Significa pôr a si mesmo em determinada relação com o mundo, semelhante ao conhecimento (SONTAG. 2004, p.14). Pensar a micropolítica da escola por meio de fotos permite inventar outros modos de ver seu dia a dia. O olhar diante de cenas, e o seu posterior congelamento permite analisar distintos ângulos das rotinas da escola. E não há regras para classificar o que é digno ou não de ser fotografado, pois as fotos surgem do encontro e das interações com o território. A escola é bastante peculiar, um prédio antigo do século 03108

3 passado, época em que haviam fazendas com seus coronéis e escravos. Ali realmente era um casarão aonde viveram escravos, e que pertenceu a uma baronesa, conhecida como Baronesa de Goytazes. Junto com a peculiaridade de uma escola centenária, fomos buscar em espaços públicos, em centros culturais e em ambientes virtuais as singularidades da escola objeto de nossa intervenção junto ao PIBID/CAPES/UERJ. Com este modo de intervir entre universidade e escola básica, há momentos de encontro com a arte, em que nos sensibilizamos diante do seu esplendor, que potencializam a vida e ampliam os sentidos para se deixar atravessar pelas experiências que nos passam, nos atravessam e nos transformam (BENJAMIN, 1994). Fotografia e arte se juntam com os eixos de análise e de intervenção par abrir espaço e tempo de experimentar outro modo de sentir e pensar a vida em formação. Assim, experienciamos e aprendemos com a arte que faz o pensamento pulsar, imaginar, criar outro pensamento. A invenção da cognição é em parte devir e em parte de produção. É devir porque se dá por bifurcações, por divergência em relação a si mesma. Mas é produção no sentido em que gera produtos, porque é produção de si e produção do mundo. Estas são as duas faces da aprendizagem: a face em que ela é potência, a virtualização da ação, e a face em que é o processo que conduz a soluções a corporificação do conhecimento e a invenção do mundo. (KASTRUP. 1999, p. 109) A articulação da fotografia permite uma interação com o meio, abrindo brechas, ultrapassando barreiras e caminhando por rumos inesperados. As relações e relacionamentos com o território, a formação, os alunos, os professores vão sendo constituídos a cada fotografia tirada. Nesse sentido, buscamos a implicação desta arte com o meio e com o pesquisador no transcorrer deste trabalho. Assim, tratamos de situações de troca e aprendizado onde o uso do registro fotográfico foi feito. Com as análises e intervenções é perceptível e considerável a implicação da fotografia na escola. Quando a câmera está em ação à empolgação toma conta da garotada. Alguns alunos em oficinas e mesmo em qualquer espaço, ao ver a máquina querem fotografar, outros fazem pose ou somente observam, a fotografia desperta atenção de alunos da universidade e da escola básica. Junto com a cartografia (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009), a fotografia (BENJAMIN, 1994) possibilita um olhar atento, sensível ao que se passa. Sendo outro modo de perceber e ver o cotidiano. É como se ela pudesse parar o tempo naquele instante para que não se perca o 03109

4 momento, e fique para posteridade. No entanto, o ato que cria o objeto é mediado pelo olhar do pesquisador, que fotografa ao ver a cena, ficando esta eternizada no objeto. A foto, tornando-se memória. Na base de tudo está a velocidade, como disse Hart Crane Um centésimo de segundo captado de forma tão precisa que o movimento continua, indefinidamente, a partir da foto: o momento convertido no eterno".(sontag,1933; p.80) Desta maneira, pensamos a fotografia como possibilidade de ampliação do aprendizado na escola básica. Isso acontece na medida em que juntamos fotografia com pesquisa-intervenção e uma formação inventiva de professores para poder fazê-la com a escola e a formação como a arte de registrar momentos. Onde, pela mediação do olhar do pesquisador- fotógrafo se dá sentido ao objeto desejado, compondo, assim, uma história. Deixando para posteridade o registro fotográfico. Como por exemplo, em muitas idas a escola colocamos em análise o pátio como um local de muitas intensidades e trocas. Por isso, houve maior atenção aos momentos vividos nele, a partir das fotos tiradas. Nesse caso, o que importa não são as pessoas, como nas tradicionais fotos escolares, em geral de turmas, mas, trazer questões e pensar a partir das fotos os modos de interação de seus sujeitos em seus momentos no pátio e como a escola trata essa relação. Com a máquina em punho foi possível um acoplamento a pequenos mundos existentes no pátio e seus arredores, possíveis de serem vistos apenas com uso da máquina. Livros ou regras pré-estabelecidas não permitem tal interação. Somente a máquina faz o registro daquilo que seu olhar imagina, e a partir dele cria-se um mundo. Além disso, a máquina fotográfica é um objeto popular, fácil de manusear e bastante comum em quase todo tipo de pesquisa. Essa insaciabilidade do olho que fotografa altera as condições do confinamento na caverna e no nosso mundo. Ao nos ensinar um novo código visual, as fotos modificam e ampliam nossas ideias sobre o que vale a pena olhar e sobre o que temos o direito de observar. Constituem uma gramática e, mais importante ainda, uma ética do ver. (SONTAG, 2004. p,13) Contudo, as análises e intervenções permitiram-nos subverter os signos aos processos de mudança orientados por práticas geradoras de experiências. A aprendizagem por meio da fotografia possibilita a experimentação, pois existe uma troca 03110

5 com o objeto. E esse objeto pode agenciar outras trocas e aprendizagens. Fotografar é aprender sobre pequenos mundos, ao passo que, abre caminhos múltiplos. O trabalho com a fotografia se amplia e agora é parte significativa em nosso trabalho com a escola e a formação inicial e continuada de professores no Subprojeto de Pedagogia da FFP/PIBID/CAPES/UERJ. Em especial, porque faz emergir outros modos de pesquisar com a escola. Desconstruindo processos, inventando práticas, intervindo e modificando olhares. Terminamos este trabalho com a clareza de que formação inventiva, cartografia e fotografia funcionam a favor da produção de sentidos da feitura de outros modos de viver e ser no mundo da escola e da formação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BENJAMIN, W. Pequena história da fotografia e Experiência e Pobreza. In: Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin. Ed- São Paulo: Brasiliense, 1994. DIAS, Rosimeri de Oliveira. Formação inventiva de professores. Rio de Janeiro: Lamparina, 2012. KASTRUP, V. A invenção de si e do mundo: a inserção do tempo e do coletivo nos estudos da cognição. São Paulo: Papirus Campinas, 1999. PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. SONTAG, S. Sobre fotografia. São Paulo:Companhia da Letras, 2004. 03111