A História de Israel



Documentos relacionados
Os encontros de Jesus. sede de Deus

Estudo de Caso. Cliente: Rafael Marques. Coach: Rodrigo Santiago. Duração do processo: 12 meses

Bíblia para crianças. apresenta O SÁBIO REI

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após encontro com a Senadora Ingrid Betancourt

O povo da Bíblia HEBREUS

A LIBERDADE COMO POSSÍVEL CAMINHO PARA A FELICIDADE

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

1. O que existe por trás do mundo?

DANIEL EM BABILÔNIA Lição Objetivos: Ensinar que devemos cuidar de nossos corpos e recusar coisas que podem prejudicar nossos corpos

No princípio era aquele que é a Palavra... João 1.1 UMA IGREJA COM PROPÓSITOS. Pr. Cristiano Nickel Junior

O que a Bíblia diz sobre o dinheiro

Chantilly, 17 de outubro de 2020.

Educação Patrimonial Centro de Memória

Manifeste Seus Sonhos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009. Humanos aprimorados versus humanos comuns

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

A Cura de Naamã - O Comandante do Exército da Síria

Como fazer contato com pessoas importantes para sua carreira?

A OFERTA DE UM REI (I Crônicas 29:1-9). 5 - Quem, pois, está disposto a encher a sua mão, para oferecer hoje voluntariamente ao SENHOR?

f r a n c i s c o d e Viver com atenção c a m i n h o Herança espiritual da Congregação das Irmãs Franciscanas de Oirschot

SAUL, UM REI BONITO E TOLO

GRUPO IV 2 o BIMESTRE PROVA A

Rio de Janeiro, 5 de junho de 2008

Freelapro. Título: Como o Freelancer pode transformar a sua especialidade em um produto digital ganhando assim escala e ganhando mais tempo

Material: Uma copia do fundo para escrever a cartinha pra mamãe (quebragelo) Uma copia do cartão para cada criança.

5 Equacionando os problemas

Uma leitura apressada dos Atos dos Apóstolos poderia nos dar a impressão de que todos os seguidores de Jesus o acompanharam da Galileia a Jerusalém,

Luís Norberto Pascoal

As 10 Melhores Dicas de Como Fazer um Planejamento Financeiro Pessoal Poderoso

SALVAÇÃO não basta conhecer o endereço Atos 4:12

No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

COMO INVESTIR PARA GANHAR DINHEIRO

Lucas Liberato Coaching Coach de Inteligência Emocional lucasliberato.com.br

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

O NASCIMENTO DE JESUS

Os encontros de Jesus O cego de nascença AS TRÊS DIMENSÕES DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

Guia Prático para Encontrar o Seu.

Blog + dinheiro + mulheres + sucesso social (mini e-book grátis)

11 Segredos para a Construção de Riqueza Capítulo II

Daniel fazia parte de uma grupo seleto de homens de Deus. Ele é citado pelo profeta Ezequiel e por Jesus.

Vamos fazer um mundo melhor?

Para a grande maioria das. fazer o que desejo fazer, ou o que eu tenho vontade, sem sentir nenhum tipo de peso ou condenação por aquilo.

A origem dos filósofos e suas filosofias

Antes de tudo... Obrigado!

Dia 4. Criado para ser eterno

Mosaicos #7 Escolhendo o caminho a seguir Hb 13:8-9. I A primeira ideia do texto é o apelo à firmeza da fé.

IGREJA DE CRISTO INTERNACIONAL DE BRASÍLIA ESCOLA BÍBLICA

A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI

Grandes coisas fez o Senhor!

Juniores aluno 7. Querido aluno,

8 Erros Que Podem Acabar Com Seu Negócio de Marketing Digital

OS 4 PASSOS ALTA PERFORMANCE A PARTIR DE AGORA PARA VOCÊ COMEÇAR A VIVER EM HIGHSTAKESLIFESTYLE.

Assunto: Entrevista com a primeira dama de Porto Alegre Isabela Fogaça

O PRÍNCIPE TORNA-SE UM PASTOR

Capítulo II O QUE REALMENTE QUEREMOS

Quem te fala mal de. 10º Plano de aula. 1-Citação as semana: Quem te fala mal de outra pessoa, falará mal de ti também." 2-Meditação da semana:

Centralidade da obra de Jesus Cristo

Lição 1 - Apresentando o Evangelho Texto Bíblico Romanos 1.16,17

05/12/2006. Discurso do Presidente da República

Nº 8 - Mar/15. PRESTA atenção RELIGIÃO BÍBLIA SAGRADA

Era uma vez, numa cidade muito distante, um plantador chamado Pedro. Ele

Transcriça o da Entrevista

Deus: Origem e Destino Atos 17:19-25

5 Dicas Testadas para Você Produzir Mais na Era da Internet

7 E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. 8 Porque três são os que dão testemunho: o Espírito, e a água, e o sangue; e

Palestra tudo O QUE VOCE. precisa entender. Abundância & Poder Pessoal. sobre EXERCICIOS: DESCUBRA SEUS BLOQUEIOS

Selecionando e Desenvolvendo Líderes

30/04/2009. Entrevista do Presidente da República

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

ESTUDO 1 - ESTE É JESUS

A TORRE DE BABEL Lição 06

2015 O ANO DE COLHER JANEIRO - 1 COLHER ONDE PLANTEI

3 Dicas Infalíveis Para Ganhar Dinheiro Online. Por Tiago Bastos, Criador da Máquina de Vendas Online

ACOLHIMENTO Incentivamos nossas crianças, jovens e adultos à descoberta de novas amizades e ao desenvolvimento de relacionamentos sadios, duradouros

Manual prático de criação publicitária. (O dia-a-dia da criação em uma agência)

3 Dicas MATADORAS Para Escrever s Que VENDEM Imóveis

CENTRO HISTÓRICO EMBRAER. Entrevista: Eustáquio Pereira de Oliveira. São José dos Campos SP. Abril de 2011

Meu nome é José Guilherme Monteiro Paixão. Nasci em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1957.

Produtividade e qualidade de vida - Cresça 10x mais rápido

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Quando vemos o mundo de forma diferente, nosso mundo fica diferente.

UM FILHO FAVORITO QUE SE TORNA UM ESCRAVO

PERDOAR E PEDIR PERDÃO, UM GRANDE DESAFIO. Fome e Sede

Professor Sebastião Abiceu Colégio Marista São José Montes Claros MG 6º ano

Situação Financeira Saúde Física

MESOPOTÂMIA ORIENTE MÉDIO FENÍCIA ISRAEL EGITO PÉRSIA. ORIENTE MÉDIO origem das primeiras civilizações

A Palavra PENTATEUCO vem do grego e significa cinco livros. São os cinco primeiros livros da Bíblia. Esses livros falam da formação do mundo, da

Catequese sobre José O pai adoptivo de Jesus

A Antiguidade Oriental Hebreus

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

Portadores. Luz. Por Neale Donald Walsch. Autor de Conversando com Deus

30/09/2008. Entrevista do Presidente da República

Encontre o poder escondido na sua verdade! Encontre a sua Sombra e transforme-a no caminho para os seus sonhos.

Sou Helena Maria Ferreira de Morais Gusmão, Cliente NOS C , Contribuinte Nr e venho reclamar o seguinte:

1.000 Receitas e Dicas Para Facilitar a Sua Vida

PROVA DE HISTÓRIA 2 o TRIMESTRE 2012

ABCEducatio entrevista Sílvio Bock

Bíblia para crianças. apresenta O ENGANADOR

Transcrição:

A História de Israel Yaacov, neto de Abraham, teve 12 filhos que originaram as 12 Tribos Hebréias. Como vimos, todas elas seguiram os ensinamentos do pai e formaram a base do Povo Judeu. Um desses filhos, Yossef, foi vendido por seus irmãos para Árabes vendedores de perfumes que passavam pela região em uma caravana, que o revenderam para a Corte do Egito antigo. Ao descobrir os dons proféticos de Yossef, o Faraó o nomeou seu Primeiro-Ministro. Quando houve uma crise agrícola que devastou todo o planeta, Yossef, com seus dons, convenceu o Faraó a estocar alimentos e fez com que o Egito se tornasse uma Nação muitíssimo poderosa economicamente. Como a fome também reinava em Israel, os demais irmãos de Yossef foram até o Egito para comprar alimento e, após reconciliarem-se com o irmão, estabeleceram-se por lá, multiplicaram-se e prosperaram. Passados alguns anos, o novo Faraó forjou uma conspiração contra os Hebreus; afirmou que estes representavam uma grande ameaça para o seu império e os escravizou por 210 anos. Após esse período, o mundo voltou a presenciar o que não era visto desde o surgimento do primeiro homem: A presença explícita de D us em cada detalhe da vida das pessoas. Naquela ocasião, ninguém duvidou da existência de D us e dos Seus poderes, pois as modificações nas leis da Natureza foram extremamente evidentes. Os Hebreus então foram libertados da escravidão, e seguiram rumo ao Deserto do Sinai. A maioria, no entanto, não saiu por que o seu nível de crença e confiança em D us era insuficiente para que se lançassem ao deserto sem ter o que comer nem beber. Além disso, a situação deles no Egito tornara-se bastante cômoda depois que adquiriram muitos bens durante o processo de libertação do Povo. Imagine a dificuldade que se tem em lançar-se ao deserto de uma hora para outra, largando para trás tudo o que se tem! Já vimos que o hábito e os interesses pessoais, no caso a riqueza, são obstáculos para se enxergar a verdade. Então, liderado por Moshé um homem simples, de origem desconhecida pelos Hebreus, pertencente à Tribo de Levi o Povo partiu para o deserto. Sete semanas depois, D us apareceu para todo o Povo, e outorgou a Torá. Foi um momento crucial para o mundo. Ali foi entregue para a Humanidade o Manual de Instruções da Vida. Além disso, milhões de

pessoas testemunharam a Existência e a Vontade de D us. Depois disso ninguém mais poderia, racionalmente, duvidar deste acontecimento. Mas, ainda assim, o recém-formado Povo Judeu errou, no episódio da construção do Bezerro de Ouro. Se não fosse isso, o objetivo final da Criação do mundo seria concluído naquela ocasião. D us perdoou, e deu mais uma chance, mas voltou a ocultar-se para dificultar a missão da Humanidade e preservar o livre arbítrio das pessoas. Passou a aparecer diretamente apenas para algumas pessoas, em determinados momentos e de forma limitada. Além disso, não apareceria em qualquer lugar; apenas no Mishcan, um Templo provisório que os Judeus carregavam na sua caminhada pelo deserto. Quarenta anos depois o Povo ingressou na Terra de Israel, constituindo-se, assim, como Nação. Por algum tempo, não houve um governo central; o Povo organizava-se em tribos, cada uma com seus territórios definidos, tendo a agricultura como principal atividade econômica. O estudo da Torá era o denominador comum que unia o Povo. O Templo foi instalado em Shiló, mas passou por outras localidades antes de chegar ao seu destino final, Jerusalém, com a construção do Bet Hamicdash pelo Rei Salomão, que substituiria o Mishcan. Naquela época, quando o povo desviava-se do caminho correto era atacado por Nações opressoras; então surgia um líder central para unir a Nação e salvá-la, uma vez que se lembravam de D us e voltavam para o caminho correto. Depois de um tempo, o povo sentiu a necessidade de possuir um rei ou uma autoridade central definitiva que unificasse Israel em um Reino, com as características das Nações da época. O primeiro Reino de Israel sobreviveu por três Reinados até dividir-se em dois: O Reino de Israel e o Reino de Judá. Não demorou muito para ambos serem invadidos por outras Nações. Bela exposição! Em poucas palavras conseguimos abranger alguns séculos de História. Acredito que o Povo sofreu, e ainda sofre, muitas perseguições. Ainda temos muito que contar. Adorei a aula de hoje, mas sinceramente, já estou muito cansado. Podemos continuar amanhã?

Fique à vontade. Você, que é um aluno novo, ainda acha bom dormir. Nós aqui sentimos tanto prazer no estudo da Torá que descansamos no máximo quatro horas por dia. Não podemos perder tempo. Gostaria de ficar, mas acho que não será produtivo. Voltei pensativo para o albergue. Aquele dia tinha sido realmente muito esclarecedor. Em algumas horas, eu simplesmente aprendi a História da Humanidade sob uma nova visão. É impressionante como tudo realmente tem sentido, e se encaixa dentro de um Projeto Superior! Não há absolutamente acontecimento algum que não é pensado e analisado por D us antes de se concretizar. Repousei a cabeça no travesseiro, e passei a analisar o que havia aprendido. Comecei a pensar sobre a minha própria vida: Quem sou eu dentro deste projeto? Qual é a minha função como indivíduo? Passei a fazer uma revisão de toda a minha vida sob esta nova ótica. O que me fez nascer naquela biblioteca em Recife? Por que decidi sair de lá? O que me levou à velha Sinagoga de Toledo? Será que foi simplesmente o cheiro dos livros antigos? Lembrei-me, então, do dia em que bati a cabeça na rua e tive a visão das letras voadoras. Realmente elas faziam sentido: Não era apenas uma ilusão momentânea; afinal, o meu mestre soube decifrar o sentido daquelas anotações que fiz nas minhas páginas. Adormeci com a mente ainda confusa, porém mais esclarecida. Acordei muito empolgado para continuar as minhas aulas. Os quatro exílios 16 E então, meu jovem, dormiu bem? Mais ou menos. Depois de tudo o que aprendemos ontem, fiquei refletindo na minha cama. Alguma dúvida? Pensei sobre a minha própria vida e história, e preciso de explicações acerca de um episódio específico. Lembra-se daquelas letras que eu lhe mostrei, que formam a palavra Emet? Sim, quem as escreveu em você? 16 Palestra do Rav. Sitruk, Notre Histoire.

Eu mesmo. Como? Você nem mesmo sabia o que elas significavam! Tive uma visão em Nova York. Caí do porta-malas de um carro e elas apareceram para mim. Isso tem algum significado? De onde vieram estas letras? Não posso lhe dizer se foi alguma mensagem, algo de concreto ou simplesmente uma dor de cabeça caprichada. Mas as letras não são apenas tinta escrita sobre papel. Elas têm vida e, muitas vezes, um significado profundo. Talvez algum dia as nossas páginas se deteriorem, sejam queimadas ou devoradas por cupins; mas isso não quer dizer que as nossas letras deixarão de existir. Nossos significados continuarão em algum lugar; seja na mente dos nossos leitores, ou na memória de D us. Hoje em dia já é possível que um livro exista sem jamais ter sido escrito em papel: são os livros digitais. Em outras palavras, o que importa em nós não é a nossa forma física, mas as informações que contemos, o nosso significado. O que acontecerá se não existir mais papéis ou computadores para reproduzir as nossas idéias? O mundo físico é apenas um degrau do que existe lá em cima. O que realmente armazena as informações não está aqui entre nós. Veja o exemplo da Torá: Ela pode ser escrita com tinta sobre papel ou pergaminho. No entanto, nossos Sábios explicam que, na sua origem, ela é escrita em fogo negro sobre fogo branco 17, algo que nós sequer conseguimos entender. Já houve relato de um grande Rabino que viu as letras suspensas, fora do papel. Veremos isso durante a nossa aula de hoje. Onde havíamos parado? Estávamos falando da História do Povo Judeu e das perseguições. Após a divisão do primeiro Reino de Israel, nossos Sábios separam a História do seu sofrimento em quatro grandes exílios: Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. A equação é simples: sempre que os Judeus se desviassem em algum ponto da sua missão, qual seja, conhecer e demonstrar a verdade ao mundo, seriam jogados dentro de um mundo com as mesmas características negativas. O confronto com essas realidades faria com que seus erros fossem revistos e sua conduta aperfeiçoada. Isso acontece porque toda vez que não conseguimos enxergar os nossos próprios erros, percebemos a gravidade deles nos 17 Rashi, Parashat Vezot Haberachá.

outros, pois esses erros passam a nos oprimir. Desde a entrada do Povo na Terra de Israel, foram testemunhados quatro grandes exílios que exemplificaram esta dinâmica. Eles pagaram, e estão pagando, pelos quatro desvios da verdade sofridos pelo Povo Judeu. Podemos encontrar esses desvios dentro de você mesmo; eu os vejo na discussão a respeito dos Obstáculos à Verdade, abordados no capítulo 1. Vejamos onde o povo errou e de que valeram estes erros. Voltemos os nossos óculos especiais, agora, para a época em que Israel estava na sua Terra, porém dividido em dois Reinos: Israel e Judá. Vemos o Povo Judeu confrontado com o erro da idolatria. O império mais importante da época era a Babilônia. No entanto, estes eram muito limitados em termos filosóficos. Em outras palavras, suas buscas pela verdade eram totalmente parciais, e seus deuses eram um reflexo exato dos seus interesses pessoais. Aqui, o povo não nega D us, mas está aderindo à idolatria babilônica. Esse é o primeiro obstáculo que você citou: os interesses pessoais. Portanto, os Judeus de então consideravam D us como uma figura ilustrativa e adequavam a religião segundo aquilo que lhes era mais cômodo. Isso ainda é muito comum no mundo inteiro. Entre os Judeus, esta tendência ainda existe no Movimento Reformista, que tenta adequar a Torá aos seus interesses, e não o contrário. O Império Babilônico foi se expandindo e conquistando muitas terras, inclusive o Reino de Judá. Foi então que se iniciou a primeira Diáspora do Povo Judeu, o exílio na Babilônia. O erro dos Judeus lhes custou a opressão daqueles de quem aprenderam a idolatria. A Babilônia foi logo conquistada pela Pérsia. Este império, com toda a sua força, tinha como característica a demonstração de grandes riquezas. Ali, as festas demoravam dias, a mulher provocava muito desejo e, portanto, era considerada objeto. Assim, o que os distanciava da verdade eram os seus sentidos, um outro obstáculo que você mencionou na sua busca pela verdade. Para os Persas a imagem e a grandeza ditavam o que devia ser honrado; e não a verdade, que é encontrada no interior de cada indivíduo. Infelizmente, os Judeus, já fora da sua Terra, mais uma vez aderiram ao erro da época, o que desencadeou o episódio que lembramos na festa de Purim. Este foi o segundo exílio dos Judeus; essa falsa percepção da realidade lhes custou muito. O exílio encerrou-se com o episódio de Purim. Em breve, os Persas deixariam os Judeus voltarem à Terra de Israel e reconstruírem o Bet Hamicdash.

O terceiro exílio aconteceu por intermédio dos Gregos. Grande parte do que se sabe até hoje sobre Matemática e Filosofia se deve aos seus estudos. De lá saíram Sócrates, Platão e Aristóteles grandes gênios que influenciaram o mundo inteiro. Não há dúvida de que suas descobertas foram muito benéficas para o mundo, pois suas tradições eram profundamente baseadas no conhecimento racional. No entanto, havia um ponto que diferenciava a cultura Grega da Judaica: A primeira não tinha as Escrituras Divinas como fonte, o que era insuficiente para o conhecimento Judaico. Os Gregos pensavam por conta própria; por mais elaboradas que suas teorias pudessem ser, estas não eram ditadas por Aquele que criou o mundo. Por isso, poderiam ser perigosos para os Judeus. Seriam como um remédio que fosse receitado não por um médico, que sabe exatamente a função de cada medicamento e os detalhes do funcionamento do corpo humano, mas por alguém que resolveu, baseado nos seus próprios pensamentos, tirar conclusões a respeito do tratamento adequado 18 e se automedicar. Da mesma forma, o mundo não pode ser entendido isoladamente por quem não teve contato com o seu Criador. Identificamos aqui os limites da observação como obstáculos na busca pela verdade. Os Gregos acreditam apenas no que vêem, o que os limita ao mundo físico. No auge desta opressão, a dinastia Judaica dos Hashmonaim venceu militarmente os Gregos e os expulsou de Israel, restabelecendo o Estado Judeu. Este milagre foi acompanhado pelos conhecidos milagres da festa de Chanucá. É interessante notar que este povo afetava os Judeus de forma diferente: Eles não quiseram eliminá-los fisicamente, mas, sim, destruir a sua cultura. Era uma forma revolucionária e muito eficaz de exterminar um povo. Os Gregos foram enviados por D us para testar a fé dos Judeus naquela época e, assim, fortalecê-los como povo. Os Judeus resistiram, e conseguiram manter a sua identidade e sabedoria; assim, prosseguiram com a sua missão. Dois séculos depois, em uma investida Romana para conquistar Jerusalém, os Judeus foram duramente expulsos de Israel. Vários grandes sábios foram exterminados, e o Bet Hamicdash foi completamente destruído. Meu jovem, visualize Roma algumas décadas antes do início da Era Comum: o centro cultural e econômico do mundo. Com certeza foi um dos impérios que mais adquiriu poder ao longo da História. Seus grandes centros, atrações, conquistas militares... Quando lemos um livro, ou assistimos a um filme sobre o assunto, com certeza ficamos impressionados. 18 Rav Yehuda Halevi, Sefer Hacuzari.

Mas o que é Roma? Qual é a sua filosofia? Voltemos os nossos óculos para aquela época, naquela cidade. Por trás de todo este orgulho, escondia-se uma vergonha, que estava tão contaminada, que ninguém mais se impressionava. Quando Roma conquistava territórios, fazia gigantescos estragos à população local. Os escravos e prisioneiros de guerra eram expostos ao público em grandes estádios, como o famoso Coliseu, onde havia espetáculos com gladiadores se matando, ou seres humanos sendo devorados por feras como leões e tigres. Mas isso era tão comum que era a grande atração cultural. Os habitantes pagavam caro pelos ingressos, assim como hoje se paga para assistir a uma final de Copa do Mundo de futebol. Quanto mais brutal e cruel era o espetáculo, quanto mais gente morria, mais o público vibrava. Essa era a filosofia de Roma: Grandeza física e pobreza moral. E você, que me perguntou sobre as letras voadoras, saiba que durante a invasão de Israel por Roma os Judeus jamais sofreram tanto; os relatos dos Historiadores da época são de arrepiar. Dentre as torturas, dez sábios, gigantes em Torá, foram condenados a mortes cruéis, de maneiras estranhas, pelo simples fato de serem Judeus influentes e conhecedores da Torá. Um deles foi Rabi Chanania ben Teradion. A sua pena foi ser queimado vivo envolto em rolos de Torá; uma morte extremamente lenta e sofrida. Um discípulo perguntou-lhe, enquanto as chamas consumiam os rolos: Rav, o que você está vendo? E Ele respondeu: Eu vejo os Pergaminhos queimando, e as letras permanecendo intactas, flutuando na atmosfera. Pois é, meu jovem, você não foi o primeiro. Que interessante! Desde então, até os nossos dias, o Bet Hamicdash não foi mais reconstruído. Este quarto exílio é caracterizado pelo egocentrismo e a arrogância. A principal característica dos Romanos era o orgulho, mais um dos obstáculos à busca pela verdade que você mesmo citou. Eles queriam dominar o mundo não porque acreditavam que essa era a vontade de D us, como pregam algumas religiões, nem para impor um modo de vida que consideravam ideal, tampouco para explorar os recursos das terras distantes; esejavam simplesmente dominar por dominar. Era o princípio do Eu sou o melhor, portanto tenho que dominar. Nossos Sábios explicam que Roma é a caracterização da falta de ideologia. Os Romanos simplesmente não acreditavam em coisa alguma e eram avessos a qualquer tipo de tentativa de se encontrar um sentido na vida e no mundo. Ainda hoje essa característica é muito presente no mundo Ocidental, que tem a sua origem em Roma. Os Romanos nunca foram

exterminados fisicamente desde então, e acredita-se que seus descendentes são os povos Ocidentais. O erro cometido pelos Judeus e que lhes custou o mais longo e penoso exílio da sua História foi o ódio gratuito. O ódio gratuito é uma conseqüência direta do orgulho e da arrogância 19. Se eu não tenho motivo para odiar alguém e, mesmo assim, eu o odeio, é porque sou incapaz de aceitar a existência de alguém além de mim. Infelizmente, nos nossos dias, isso ainda é evidente. Quando vem aquela vontade imensa de fazer uma fofoca ou falar mal de alguém, é porque imaginamos que, ao desprezarmos o próximo, nós mesmos nos colocamos em evidência. O exílio Romano ainda não terminou, uma vez que a cultura e os Países Ocidentais, onde está a maioria dos Judeus, são compostos pelos descendentes dos antigos Romanos. Em todo esse tempo o Povo Judeu sofreu muito com a arrogância das Nações que o oprimiram, e ainda oprimem. Perfeito! E o que aconteceu durante esses últimos dois milênios de exílio Romano? A partir da destruição do Templo, D us ficou mais distante da realidade do mundo. Tudo ficou muito mais obscuro. Não existiria, a partir de então, um lugar na terra onde se pudesse manter um contato direto com a verdade, da mesma forma como acontecia no Bet Hamicdash. A destruição do Templo e o início desta nova era têm um significado simples: os Judeus não conseguiram, até então, provar que eram capazes de mostrar a verdade para o mundo por meio dos seus atos. O que justifica a escolha do Povo para uma missão tão importante e o direito de permanecer na Terra de Israel é a sua disposição para cumprir tais tarefas. No entanto, as dificuldades foram grandes, até que finalmente foram expulsos pelos Romanos. Após a expulsão de Jerusalém, os sábios Judeus pediram permissão aos Romanos para construir um centro de estudos na cidade de Yavne. Além disso, escreveram o conteúdo da Torá Oral, o complemento da Torá Escrita que, até então, só poderia ser ensinado oralmente. Essa nova era, a que vivemos, é caracterizada por vários fatores. Em termos práticos, D us revela-se de uma forma oculta, não há grandes milagres e modificações das leis da Natureza, tampouco Profetas. É claro que a capacidade de D us modificar essas leis 19 Palestra do R. Sitruk, Notre histoire.

naturais continua a mesma; no entanto, nesse período a Humanidade só pode chegar a D us por meio do esforço mental. O motivo dessa realidade pode ser compreendido pela comparação com um pai que quer ensinar o seu filho a andar de bicicleta. Ele não pode ficar segurando o filho o tempo inteiro; por isso se afasta por um momento, e muitas vezes o deixa cair, porque esse é o melhor jeito para se aprender. Durante esses dois milênios, o mundo passou por transformações drásticas. O Império Romano caiu, dando lugar à formação de inúmeras comunidades independentes sem governos centrais. Com o tempo, foram sendo criados estados na Europa, e reis foram nomeados. Os povos Europeus desenvolveram suas capacidades de explorar novas terras, e se expandiram para novos Continentes. O resto você deve conhecer melhor do que eu. Quanto aos Judeus, durante todo esse tempo, eles encontraram maneiras de se organizar em pequenas comunidades fechadas ao redor de todo o planeta. Viveram por centenas de anos cumprindo as Tradições herdadas da época dos Profetas e dos grandes Sábios que viveram na época do Bet Hamicdash. Na ausência deste, que era a extensão da Revelação Divina no Monte Sinai no tempo, a tradição garantiu a continuidade. A passagem desse testemunho de geração em geração serve de principal base para a nossa fé. É um argumento forte para as perguntas fundamentais. Por inúmeras vezes as comunidades Judaicas foram perseguidas pelas próprias Nações que as acolheram. D us passou a enviar esse tipo de problema para inibir a vontade, que por vezes surgia em alguns Judeus, de misturar-se à cultura das Nações entre as quais viviam. Isso seria perigosíssimo, pois se toda essa tradição que guardava a verdade do mundo fosse destruída, o mundo já não faria mais sentido. Há pouco mais de dois séculos, a História do mundo e principalmente a dos Judeus passou a sofrer mudanças radicais. O ponto de partida está localizado no momento em que a Europa Central passou a integrar os povos que antes estavam excluídos do processo cultural dos seus Países; das suas universidades, da organização política e da Sociedade em geral. Assim, Napoleão visava emancipar os povos para que participassem da evolução cultural Ocidental. Desta forma, os Judeus também foram inseridos no contexto sóciocultural Europeu. E como essa História evoluiu até chegar àquilo que presenciamos hoje?

A História recente do Povo Judeu e da Humanidade deve ser lida e estudada, porém não sou capaz de lhe dizer como cada acontecimento se relaciona com o Projeto Divino. Com certeza há alguma relação, porém não existem mais Profetas ou Sábios que possam afirmar: Veja: O Holocausto significou que D us quer isso, e o Sionismo significa que D us quer aquilo. Confiamos em um final feliz. Acho importante você estudar e tentar ver alguma possibilidade de relacionar os acontecimentos da História recente dentro do Projeto Global que eu lhe apresentei e, posteriormente, apresentar aos seus leitores. Mas, cuidado! Tenha certeza de que, para isso, não podemos ter certeza de nada; não há verdade aceita unanimemente por todos os sábios. Podemos apenas ensaiar algumas explicações derivadas das nossas próprias mentes, não necessariamente verdadeiras. Terei o maior prazer em fazê-lo. Muito obrigado por todos estes esclarecimentos. Sem eles eu seria incapaz até mesmo de especular a respeito do motivo das coisas que me cercam. Aliás, não saberia nem mesmo que existe um sentido por trás delas. Mas Rav, ainda tenho uma questão: Você me disse que, com certeza, a História nos reserva um final feliz. Como será este final? Como será a conclusão do Plano B? Acho que ainda me falta este conhecimento para dar continuidade às minhas pesquisas. Lembremos que, ao criar o mundo, D us tinha em mente conceder a Sua bondade ao ser humano: Uma vida verdadeira e completa. Portanto, no final da História que estamos vivendo, este objetivo será concretizado. Resta saber como será o mundo nesta época. Assim, existe um estado ideal do mundo, e o homem tem uma função central na busca por este estado. Qual é esse ideal? Como vimos, o Universo existe para que D us expresse a Sua bondade, ao conceder esse bem para o homem. No entanto, esse bem deve ser alcançado pelo próprio ser humano. A Sociedade ideal é aquela na qual os seres humanos conseguem receber o bem de D us ao máximo: uma vida completa e verdadeira, uma vez superados todos os obstáculos para isso. Os nossos Profetas traduziram esse conceito por Época Messiânica, quando o mundo conhecerá a verdade de maneira perfeitamente clara e, deste modo, haverá um estado de plena harmonia. Finalmente, todos poderão desfrutar do bem concedido por D us sem encontrar mais obstáculos.

Não haverá, então, muita diferença física em comparação com os nossos dias. O que mudará, radicalmente, é a maneira como esse mesmo mundo será encarado pelos seres humanos. Isso será assim porque D us fará com que não haja mais dúvidas a respeito da Sua existência e influência sobre cada detalhe da Criação. Em outras palavras, não necessitaremos mais nos esforçar mentalmente para alcançarmos esta verdade. O controle de D us sobre as coisas será tão claro e óbvio quanto o fato de um presidente comandar um País: todos sabem que ele encabeça a nação, pois todos o vêem na televisão e concordam que ele existe. Portanto, cada um encarará a sua vida e os bens materiais de forma objetiva e verdadeira. Dessa forma, as pessoas continuarão se alimentando; porém, saberão para que serve o alimento no caso, para louvar a D us devido ao prazer proporcionado por essa comida e para que elas tenham força para cumprir suas missões. Do mesmo modo, os indivíduos continuarão a possuir bens, como os automóveis, por exemplo; mas saberão que a sua única função será conduzi-los mais rapidamente para estudar e cumprir mitsvot. Além disso, ainda haverá pobres e ricos; porém o rico saberá que D us o fez assim para que ele possa ajudar os pobres da melhor maneira possível, e o pobre terá plena consciência de que não precisará de muito dinheiro para a sua missão, e o seu desafio será se satisfazer com aquilo que possui. Em resumo, reconheceremos quem somos e a real utilidade de tudo. Além disso, não haverá mais guerras. A paz reinará de maneira definitiva em todos os cantos do planeta e o mundo reconhecerá a função central do Povo Judeu; portanto, ninguém questionará o seu direito sobre a Terra de Israel. Com este reconhecimento, todos conseguirão desfrutar da Luz Divina, refletida pelos Judeus para o resto do mundo. Assim, ao voltarmos os nossos óculos especiais para o futuro, vemos que essa época realmente existirá. Não será apenas uma mudança no plano místico ou metafísico, mas afetará absolutamente toda a Humanidade. Assim como é normal para você esperar o dia do seu próximo aniversário e você sabe que ele vai chegar e fará parte da sua história também deve ser normal saber que essa época chegará. Não é possível para os seres humanos, no nível em que estão, saberem com exatidão quando esta data chegará, mas a Torá Oral afirma que será antes do ano 6.000 desde a Criação. Tendo em vista que estamos no oitavo século do sexto milênio, sabemos também

que esta data está muito próxima, pois faltam apenas pouco mais de 200 anos para o prazo final da chegada da Era Messiânica.