LEVANTAMENTO DE INSETOS PREDADORES NOS CULTIVARES DE ALGODÃO BOLLGARD E CONVENCIONAL

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Transcrição:

LEVANTAMENTO DE INSETOS PREDADORES NOS CULTIVARES DE ALGODÃO BOLLGARD E CONVENCIONAL Zuleide Alves Ramiro 1, Ana Maria de Faria 2 (1CEIB/Instituto Biológico, CP 70- Campinas/SP, zramiro@uol.com.br (2)APTA Regional Centro Leste/SAA amfaria.ddd@apta.sp.gov.br RESUMO Apesar do conhecimento de várias alternativas de controle, recomendadas nos programas de manejo, que contribuem para a redução de populações de pragas, a utilização de inseticidas é o principal método utilizado pelos cotonicultores. Os avanços das pesquisas em biotecnologia levou à obtenção de plantas geneticamente modificadas que expressam a proteína tóxica da bactéria Bacillus thuringiensis. Utilizando esta tecnologia cientistas desenvolveram o algodão geneticamente modificado cuja tecnologia é chamada de Bollgard. Na cultura do algodoeiro além das espécies reconhecidamente pragas econômicas ocorre uma diversificação de outros artrópodes entre os quais uma grande maioria não causa danos à cultura, ou são inimigos naturais. A utilização de qualquer ingrediente ativo, químico, biológico e/ou outros, além de controlar as espécies pragas, podem modificar a entomofauna originando outros problemas alem do desequilibrio ecológico. No presente trabalho comparou-se a ocorrência de insetos predadores no cultivar transgênico Bollgard com o cultivar convencional Delta Pine Acala 90. Os levantamentos foram realizados em áreas dos ensaios instalados em conformidade com o Processo Nº 01200.001840/99-82, deferido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), visando estudos da eficiência do cultivar Bollgard no controle das principais lagartas pragas do algodoeiro, no município de Ituverava/SP. O campo experimental foi instalado obedecendo ao delineamento estatístico de parcelas inteiramente casualizadas, com oito repetições, com os seguintes tratamentos: A Cultivar Bollgard geneticamente modificado; B Cultivar Delta Pine Acala 90 (convencional), com aplicação de inseticidas para controle de lagartas; C-Cultivar Delta Pine Acala 90 (convencional), sem aplicação de inseticidas para controle de lagartas. O total de insetos coletados e classificados por família, espécie e/ou gênero foi analisado pelo teste t, comparando-se o tratamento Bollgard com os dois do Delta Pine 90. Nas condições, região e safra na qual foram realizados os levantamentos, e de acordo com os resultados obtidos conclui-se que o algodão Bollgard não afetou a entomofauna (predadores e insetos não alvos), presentes nas áreas avaliadas. INTRODUÇÃO A cultura do algodoeiro ocupa uma área de aproximadamente 700 mil hectares sendo, os estados da região Centro-Oeste os maiores produtores, responsáveis por 80 % da produção nacional. O estado de São Paulo juntamente com o Paraná são os terceiros produtores de algodão com 12% da área nacional de 10 % da produção. ( Freire et al, 2003) Apesar do conhecimento de várias alternativas de controle, recomendadas nos programas de manejo, que contribuem para a redução de populações de pragas, a utilização de inseticidas é o principal método utilizado pelos cotonicultores. Os avanços das pesquisas em biotecnologia levou à obtenção de plantas geneticamente modificadas que expressam a proteína tóxica da bactéria Bacillus thuringiensis. Utilizando esta tecnologia cientistas desenvolveram o algodão geneticamente modificado cuja tecnologia é chamada de Bollgard. Os genes Bt se expressam nas folhas, botões e maçãs (Perlak et al 1990). Quando as pragas alimentam-se neste cultivar, uma dose letal de proteínas é consumida e o inseto morre antes de causar, na planta, danos significativos (Meyers et al. 1997). Nos países nos quais este cultivar foi liberado para produção comercial várias pesquisas têm comprovado a eficiência de controle para lagartas pragas chaves do algodoeiro (Bacheler & Mott,1996; Layton,1996; Videla et al.,1999; Mann & Mullins,1999; Spencer et al.,1999;)

Na cultura do algodoeiro além das espécies reconhecidamente pragas econômicas ocorre uma diversificação de outros artrópodes entre os quais uma grande maioria não causa danos à cultura, ou são inimigos naturais. A utilização de qualquer ingrediente ativo, químico, biológico e/ou outros, além de controlar as espécies pragas, podem modificar a entomofauna originando outros problemas alem do desequilibrio ecológico. Este fato tem levado a outros países a preocupação de acompanhar o impacto que cultivares Bt transgênicos sobre a entomofauna do algodoeiro, como os trabalhos realizados por Goodell, et al. (2001) que estudaram a influencia de variedades na fauna de artrópodes em onze localidades e Reed et al. (2001) que avaliaram o impacto relativo do algodão transgênico Bollgard e de variedades convencionais tratadas com inseticidas na abundância de inimigos naturais. No presente trabalho comparou-se a ocorrência de insetos predadores no cultivar transgênico Bollgard com o cultivar convencional Delta Pine Acala 90. MATERIAL E MÉTODOS Os levantamentos foram realizados em áreas dos ensaios instalados em conformidade com o Processo Nº 01200.001840/99-82, deferido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), visando estudos da eficiência do cultivar Bollgard no controle das principais lagartas pragas do algodoeiro, no município de Ituverava/SP. O campo experimental foi instalado obedecendo ao delineamento estatístico de parcelas inteiramente casualizadas, com oito repetições, com os seguintes tratamentos: A Cultivar Bollgard geneticamente modificado; B Cultivar Delta Pine Acala 90 (convencional), com aplicação de inseticidas para controle de lagartas; C-Cultivar Delta Pine Acala 90 (convencional), sem aplicação de inseticidas para controle de lagartas. Para realizar os levantamentos em cada tratamento foram marcados quatro pontos, inteiramente casualizados, nos quais instalaram-se armadilhas. Em todos os tratamentos as pragas iniciais (pulgão, tripes e mosca-branca) e o bicudo do algodoeiro, foram monitoradas e controladas de acordo com as recomendações do MIP o mesmo ocorrendo no tratamento C para o controle de lagartas. Os levantamentos dos insetos não considerados pragas do algodoeiro, foram realizados utilizando-se diferentes métodos (alçapão, pano-de-batidas e armadilhas de água) sendo que os dois primeiros tipos utilizados durante todo o ciclo do algodoeiro e os demais em período parcial. Os levantamentos com o pano-de-batidas, consistiram em cinco batidas/parcela, em pontos inteiramente casualizados e as armadilhas de água, em uma única coleta, através de bandejas colocadas no centro da parcela por um período de sete dias.os insetos coletados foram transferidos para vidros contendo álcool 70% e levados para laboratório onde se separou e identificou-se os predadores. O total de insetos coletados e classificados por família, espécie e/ou gênero foi analisado pelo teste t, comparando-se o tratamento Bollgard com os dois do Delta Pine 90. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os predadores identificados estão relacionados na Tabela 1. Em todos os tratamentos a maior incidência foi de Scymnus sp. Seguido de Calosoma granulatum. Para predadores identificados em nível de família, a maior ocorrência foi de Formicidae, seguida da família Staphylinidae (Tabela 2). Pela análise estatística (Tabela 3) não ocorreram diferenças significativas entre o total de espécimes coletadas no cultivar Bollgard e os tratamentos com o Delta Pine Acala 90 com e sem controle para lagartas.

CONCLUSÕES Nas condições, região e safra na qual foram realizados os levantamentos, e de acordo com os resultados obtidos conclui-se que o algodão Bollgard não afetou a entomofauna (predadores e insetos não alvos), presentes nas áreas avaliadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELER, J. S. ; MOTT, D.W. Potential utility and susceptibillity of transgenic B.t. cotton against bollworms, european corn borers ans stink bugs in NC. of the Beltwide Cotton Conference. V. 2:927-931. 1996. FREIRE, E.C.; RAMALHO, F DE S.; BARROSO, P. A.V.; MIRANDA, S. E.; LUCENA, W. A.; PIRES, C. S.; FONTES, E. Brazil Report Rraft 1 may 1 2003. Mimiografado, 23p. 2003. GOODELL, P. B.; GARCIA, C.M.; KEILLOR, K. D.; HAAS, C.; GODFREY, L. D.; MUNK, D. Influence of cotton verieties on arthropod fauna. Beltwide Cotton Conference. V. 2:1019-1021. 2001. LAYTON, B. Anticipated changes in mid-south insect management resulting from adoption of B.t.- transgenic cotton. Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. V. 1:160-161. 1996. MANN, J.E. & J.W. MULLINS. Effect of supplemental insecticides against boll worm and beet armyworm on Bollgard: enhanced efficacy. Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. V. 2:1068. 1999. MEYERS, H.B., D.R. JOHNSON, T. L. SINGER & L. M. PAGE. Survival of Helicoverpa zea Boddie on bollgard cotton. Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. V. 2:1269-1271. 1997. PERLAK, F. I., W. DEATON, T.A. ARMSTRONG, R. L. FUCHS, S. SIMS, J. T. GREENPLATE & D. A. FISCHOFF. Insect resistant cotton plant. Biotechnology, v. 8:939-943. 1990. REED,J.T.; S. STEWART & D. LAUGHLIN. BT and convencional cotton in the hills and delta of Mississippi: 5 years of comparison. Proceedings of the Betwide Cotton Conference. 2. p.1027-1030. 2000. SPENCER J., G. FORER & A. NIV. Deltapine bollgard variety response to the Israeli pest complex. Proceedings of the Beltwide Cotton Conference. V. 2:1000-1002. 1999. VIDELA, G.W.; E. LORENS; R. DEATON; E;L. MONDO & F. TORCASSO. Efficacy of biogodon (Bollgard) to control target cotton Lepidoptera pests in Argentina. Proceedings of the Betwide Cotton Conference. 2. p.1246. 1999.

Tabela 1 Total de espécimes, classificadas em nível de ESPÉCIE E/OU GÊNERO, capturadas nas armadilhas de água, solo e em pano-de-batidas, no município de Ituverava/SP, nos cultivares de algodão Bollgard e Delta Pine Acala 90. Cultivares Espécie e/ou Gênero Delta Pine Acala 90 (com controle de lagartas) Delta Pine Acala 90 (sem controle de lagartas) Bollgard Calosoma granulatum 2 13 10 Chrysoperla externa 6 12 5 Cycloneda sanguinea 0 1 1 Eriopis connexa 7 4 4 Gallerita colaris 1 0 0 Geocoris sp 1 0 0 Lebia concinna 1 0 10 Lebia rugifrons 1 0 0 Lebia sp 7 3 0 Leptotrachelus sp 0 1 0 Megacephala brasiliensis 8 8 1 Nusalala tessellata 0 0 5 Scarites sp 4 4 5 Scymnus sp 75 62 45 Selenophorus sp 7 7 8 TOTAL 120 115 94 Tabela 2 Total de espécimes, de predadores, classificadas em nível de FAMÍLIA, capturadas nas armadilhas de água, solo e em pano-de-batidas, no município de Ituverava/SP, nos cultivares de algodão Bollgard e Delta Pine Acala 90. Cultivares Famílias Delta Pine Acala 90 Delta Pine Acala 90 Bollgard (com controle de lagartas) (sem controle de lagartas) Anthocoridae 2 1 2 Carabidae 6 7 5 Coccinellidae 1 3 5 Dermaptera 8 14 12 Formicidae 3476 3583 2905 Histeridae 0 1 0 Reduviidae 1 3 1 Staphylinidae 16 57 12 Veliidae 1 1 0 TOTAL 3511 3670 2942

Tabela 3 Resultados das análises dos totais de espécimes coletadas nas armadilhas de água, solo e com o pano-de-batidas, no município de Ituverava. Tratamentos Médias de espécimes identificadas por: Famílias Espécies e/ou gêneros Bollgard Delta Pine Acala 90 (com tratamento) 210,120 263,800 16,944 17,139 t 1,40 n.s. 0,10 n.s. Bollgard Delta Pine Acala 90 (sem tratamento) 210,120 279,960 16,944 15,278 t 1,44 n.s. 0,86 n.s. Delta Pine Acala 90 (com tratamento) Delta Pine Acala 90 (sem tratamento) 263,800 17,139 279,960 15,278 t 1,57 n.s. 0,58 n.s.