ANÁLISE ECONÔMICA DE UMA PROPRIEDADE RURAL Autores: Rodrigo Teodoro NUNES, João Vitor da Silva STANGE, Gilberto Mazoco JUBINI (Orientador IFC-Campus Rio do Sul). Introdução A atividade rural é considerada, atualmente, uma empresa e os agricultores são os empresários rurais. Empresas rurais são aquelas que cultivam a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da modificação de determinados produtos agrícolas (HUPPESet al., 2006). A atividade rural necessita controle que sejam eficientes. O conhecimento do impacto dos fatos administrativos sob o patrimônio é fundamental para uma gestão eficaz. O administrador de um empreendimento tem a necessidade de saber onde e de que forma estão aplicando seus recursos e qual está sendo o retorno financeiro obtido (HUPPES et al., 2006). O acompanhamento e controle da produção, por meio da coleta e análise dos dados, busca garantir que o programa de produção emitido seja executado a contento. Quanto mais rápido os problemas forem identificados, mais efetivas serão as medidas corretivas visando ao cumprimento do programa de produção (MARÇOLA e PEREIRA, 2006). O objetivo do presente trabalho foi realizar um diagnóstico econômico de uma propriedade rural através de um estudo de caso. Outros objetivos foram verificar as atividades desenvolvidas, avaliar os custos das benfeitorias e implementos agrícolas, identificar e possibilitar a inserção de uma nova atividade a ser utilizada no período de pousio, entre a safra de inverno e verão. A pesquisa se justifica devido ao número de agricultores, que em sua maioria, não tem controle de sua produção, que necessitam de conhecimento e sugestões, no intuito de organizar um controle e identificar possíveis falhas na gestão da empresa rural. Material e Métodos O projeto foi desenvolvido em uma propriedade rural no município de Tupãssi no estado do Paraná, no período entre 16 de dezembro de 2013 a 31 de julho de 2015, por meio de um estudo observacional, onde os dados foram coletados a partir de documentos fornecidos pelo proprietário, como romaneios de cooperativas, notas fiscais de compras de
insumos e benfeitorias, onde através das informações, foi realizado um comparativo entre as safras, identificando e diagnosticando as tecnologias investidas na propriedade, o que poderá ser efetuado de melhorias para o proprietário terem uma margem de lucro melhor, visando uma produtividade mais elevada na mesma área disponível. Resultados e discussão A propriedade em estudo localiza-se no município de Tupãssi, na Região Oeste do Estado do Paraná. Foram identificados que as operações realizadas nas propriedades referemse à produção de soja (Glycine max) e Milho (Zea mays). Os gastos e despesas foram apropriados cada qual em sua respectiva atividade, através de análises. O produtor reside desde criança no município, é filho de agricultores e, esta na categoria de pequeno proprietário. Análise dos resultados das culturas A safra 2010-2011 da cultura da soja teve uma boa produtividade (69 sacas/ha), ficando acima da média brasileira (47 sacas/ha), contando com condições climáticas favoráveis. Considerando o longo período de estiagem, a safra 2011-2012 não se mostrou rentável, obtendo somente 39 sacas/ha, porem se comparado com a produtividade da região, acabou tendo uma boa produtividade. A safra 2012-2013 contou com uma pequena estiagem no período de florescimento, porém as condições climáticas foram favoráveis, e obteve-se uma boa produtividade, já a safra 2013-2014 sofreu uma pequena estiagem no período de enchimento dos grãos, afetando um pouco no rendimento, que inicialmente eram esperados aproximadamente 70 sacas/ha. A safra 2014-2015 teve um ótimo desenvolvimento desde sua semeadura, contou com boas condições climáticas durante todo o seu ciclo. O produtor investiu mais nessa safra, apostou em uma variedade mais precoce, maior população de plantas/ha e em uma boa adubação, o que fez com que os custos de produção se elevassem um pouco. A cultura não tem obtido ocorrência de doenças devido ao produtor fazer aplicação de fungicidas preventivos. O ataque de pragas também não surte muito efeito, tendo em vista que o produtor sempre está em contato com sua lavoura, observando se as pragas irão atingir o
nível de dano econômico, para que quando isso ocorra, a pulverização ocorra o mais rápido possível. A tabela abaixo mostra a renda líquida da produção de soja. Tabela 1 Resultados com a produção de soja. Soja Safra Produtividade/ha Preço/saca Total/ha Custos/ha Renda Líquida/ha 2010-2011 69 R$ 47,50 R$ 3.227,50 R$ 1.142,00 R$ 2.085,50 2011-2012 39 R$ 56,00 R$ 2.184,00 R$ 1.047,00 R$ 1.137,00 2012-2013 60 R$ 51,00 R$ 3.060,00 R$ 1.108,00 R$ 1.952,00 2013-2014 64 R$ 61,50 R$ 3.936,00 R$ 1.067,00 R$ 2.869,00 2014-2015 74 R$ 59,50 R$ 4.403,00 R$ 1.252,00 R$ 3.151,00 A média de produtividade das safras de milho é baixa, pois essas são as ditas safrinhas, que são plantadas após a safra de verão, ou seja, quando o milho é plantado após a cultura da soja. Seu desenvolvimento se dá durante o final do verão, o outono e o início do inverno, e por essas estações ter um menor foto período (quantidade de horas luz/dia) a planta de desenvolve menos e consequentemente uma menor produtividade. Em decorrência das fortes geadas que atingiram a região e a estiagem que afetou a cultura do milho a safra 2011 teve uma produtividade consideravelmente baixa (72sacas/ha). A safra 2012 contou com condições climáticas favoráveis, em razão disso, teve uma boa produtividade (93sacas/ha), apesar de que uma forte chuva logo após o plantio fez com que diminuísse a quantidade de plantas por hectare, fazendo com que diminuísse um pouco a produtividade. Já a safra 2013 houve prejuízos significativos. A estiagem no inicio do ciclo da cultura e geadas prejudicaram muito, fazendo com que boa parte dos grãos se classificasse como baixo padrão. A safra 2014 sofreu uma estiagem após a semeadura, que fez com que a semente ficasse no solo sem germinar e, em razão disso, baixando o percentual de germinação. Quando a cultura já estava no final do período reprodutivo, chuvas com ventos fortes fizeram com que as plantas caíssem e um número consideravelmente alto, fazendo com que diminuísse a produtividade (70 sacas/ ha). Já a safra 2015, obteve uma boa produtividade,
pois contou com boas condições climáticas durante o desenvolvimento da cultura e o produtor optou por uma variedade super precoce e mais resistente a umidade, fato que o ajudou muito no período próximo a colheita, tendo em vista que neste período ocorreu muita precipitação, fazendo com que os grãos não germinassem e mantivessem o padrão de qualidade. A tabela abaixo mostra a renda líquida do milho. Tabela 2 Resultados com a produção de milho. Milho Safra Produtividade/ha Preço/saca Total/ha Custos/ha Renda Líquida/ha 2011 72 R$ 23,50 R$ 1.692,00 R$ 997,00 R$ 695,00 2012 93 R$ 22,50 R$ 2.092,50 R$ 1.101,00 R$ 991,50 2013 66 R$ 15,00 R$ 990,00 R$ 1.003,00 -R$ 13,00 2014 70 R$ 19,00 R$ 1.330,00 R$ 1.017,00 R$ 313,00 2015 95 R$ 21,70 R$ 2.061,50 R$ 1.034,00 R$ 1.027,50 Conclusão O produtor tem uma boa produtividade nas safras de soja, mas pode melhorar se realizar práticas de cobertura de solo, isto faz com que as plantas tenham mais nutrientes disponíveis, não tenha plantas daninhas para competir pelos nutrientes e pela água, evita a perda de nutrientes pela erosão e faz com que o solo fique úmido por mais tempo, fazendo com que a plantas não sintam tanto o efeito das secas. Se fosse realizada a semeadura das safras de milho antecipadamente, para escapar de geadas e fizesse um controle de produção mais adequado nas safras de milho, realizasse praticas de cobertura de solo, escolhesse variedades mais precoces para fugir das geadas, certamente teria uma melhor produtividade. O produtor desconhece qual é o seu lucro por não controlar suas despesas. Verificou-se a ausência de qualquer espécie de controle quanto à apuração de custos e resultados, apesar de que os produtores tenham boas produtividades. Referências HUPPES, S. S.; NARDINO, E.; LIENEMANN, E.; HOFER, E.; LANGARO, J. A.Um estudo a viabilidade econômica e financeira de uma pequena propriedade rural. 2006.
MARÇOLA, J. A.; PEREIRA, H. C. Estudo dirigido ao Acompanhamento e Controle dos processos de produção e suprimentos de uma empresa MaketoOrder. XXVI ENEGEP, 2006.