ROTEIRIZAÇÃO DOS CORREDORES HÍDRICOS DA OPERAÇÃO PIPA NO MUNICÍPIO DE PICUÍ PB

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Transcrição:

ROTEIRIZAÇÃO DOS CORREDORES HÍDRICOS DA OPERAÇÃO PIPA NO MUNICÍPIO DE PICUÍ PB Thiago da Silva Farias¹; João Filadelfo de Carvalho Neto²; Pedro Costa Guedes Vianna³ (1) Graduando em Geografia, Universidade Federal da Paraíba UFPB (thfarias@hotmail.com) (2) Geógrafo, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia PPGG, Universidade Federal da Paraíba UFPB (joaofiladelfo@gmail.com) (3) Professor do Departamento de Geociências, Universidade Federal da Paraíba UFPB (pedro.costa.vianna@gmail.com) INTRODUÇÃO As regiões secas apresentam do ponto de vista natural, diversos fatores condicionantes que resultam na escassez hídrica particular na composição de sua paisagem. De acordo com Ab'Sáber (1999) e Paulino & Teixeira (2012), os elementos característicos dessas regiões tem origem direta com os aspectos climáticos, hídricos, fitogeográficos e litológico. Esses fatores se materializam na paisagem regional por meio dos baixos índices de umidade, escassez e irregularidade das chuvas anuais, litologia de embasamento cristalino com baixíssima capacidade de infiltração, solos rasos e com propensão a salinidade e a escassez de rios perenes. No Brasil, a região seca notadamente conhecida é o semiárido brasileiro, região que abrange nove estados brasileiros (o qual oito situam-se no nordeste brasileiro e um na região sudeste), onde reside uma população superior a 22 milhões de pessoas (INSA, 2012) e que teve o seu território delimitado através da Portaria Interministerial n 1, de 09 de março de 2005 (BRASIL, 2005). Historicamente diversas políticas públicas foram criadas e atuaram com o objetivo de solucionar a escassez hídrica crônica da região e, consequentemente, proporcionar o desenvolvimento socioeconômico e o acesso a água, estas são exemplificadas, segundo Farias et al (2016), na política de açudagem e nas tecnologias sociais hídricas (TSH s), em especial as cisternas de placa. Essas políticas, por mais que antagônicas (pois refletem respectivamente o enfrentamento a seca e a convivência com o semiárido), proporcionaram a criação de uma extensa rede de reservatórios, estocagem hídrica, o desenvolvimento da irrigação, como também a democratização no acesso a água. Porém em anos de seca, onde as cisternas não conseguem atender a sua demanda, faz-se necessário o complemento no suprimento hídrico, para isso o governo federal criou através da Portaria Interministerial nº 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012 (BRASIL, 2012), a Operação Pipa, responsável pela distribuição de água potável aos municípios em situação de emergência hídrica, ocasionados pela estiagem prolongada.

Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento espacial, assim como identificar e espacializar os pontos de atendimento, captação e as rotas utilizadas pela Operação Pipa no município de Picuí PB, possibilitando a criação de um banco de dados geográfico como instrumento de apoio ao planejamento e ao estudo dessa política pública. METODOLOGIA Caracterização da Área de Estudo O município de Picuí (Figura 1), localizado na microrregião do Seridó Ocidental Paraibano e inserido na Mesorregião da Borborema, situa-se nas coordenadas 06 33 1 S e 36 20 5 O e, conforme o IBGE (2010), possui uma área total de 661,657 km² e uma população de 18.226 pessoas, sendo 12.122 residentes na zona urbana e 6.104 na zona rural. Segundo a AESA (2006), a região localiza-se na Bacia do Rio Piranhas, mais especificamente na Sub-Bacia do Rio Seridó, e têm como principal afluente o Rio Picuí, o município ainda conta com dois principais reservatórios: Os açudes Caraibeira e Várzea Grande. De acordo com a CPRM (2005), a região está inserida em um contexto geológico predominantemente cristalino, o qual tem como principais tipos rochosos os granitos, migmatitos e os xistos e o bioma da região é a Caatinga. Em relação ao aspecto climático, o município está inserido no semiárido paraibano, em uma região denominada Polígono das Secas e possui, segundo a classificação climática de Mendonça & Danni-Oliveira (2007), o clima Tropical Equatorial 2d (com 9 a 11 meses de estiagem). Figura 1: Localização do Município de Picuí PB. Fonte: Autor.

Materiais e Métodos O Grupo de Estudos e Pesquisa em Água e Território (GEPAT) vem, ao longo de mais de uma década, desenvolvendo estudos a respeito da problemática hídrica na Paraíba, em especial no semiárido paraibano, com diversos trabalhos técnicos, artigos científicos, monografias, dissertações e teses de doutoramento. Nos últimos anos, por meio de uma de suas linhas de pesquisa, tem-se voltado os seus estudos na atuação e territorialização do carro-pipa e dos programas emergenciais hídricos, em especial a Operação Pipa. Para a realização deste trabalho, foram utilizados as informações secundárias, oriundas do Comando Militar do Nordeste (CMNE), referentes a Operação Pipa no município de Picuí, no período de Maio de 2016. Inicialmente os dados obtidos consistiram em tabelas no formato *xls (característico do programa Excel), com informações referentes à localização em coordenadas geográficas do(s) manancial(is) e dos pontos de atendimentos (PA), bem como informações sobre as localidades de cada PA s. Os dados foram transpostos e convertidos ao formato *shp (característico dos SIG s), através do programa QGIS 2.18 Las Palmas, e por meio da extensão OpenLayers, foi possível acessar as imagens gratuitas do software Google Earth e, por meio destas, identificar e mapear as rodovias rurais (Figura 2) e, consequentemente, roteirizar os caminhos utilizados pela operação no município. Figura 2: Espacialização dos PA s e o Mapeamento das Rodovias Rurais pelo QGIS 2.18 Las Palmas. Fonte: Autor.

RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com os dados analisados, o município de Picuí possuía, no período analisado, 203 pontos de atendimentos (PA s) e que através destes, foram mapeadas 149 rodovias rurais, responsáveis por possibilitar o atendimento dessas localidades dispostas ao longo de todo município (Figura 3). As informações indicam que o Açude de Araçagi, localizado no município de mesmo nome, era o manancial de captação responsável pelo abastecimento dos PA s contemplados pela Operação Pipa em Picuí. Figura 3: Espacialização das Rotas e dos Pontos de Atendimento no Município de Picuí PB. Fonte: Autor. Dentre as principais rodovias que ligam o açude de Araçagi (Ponto de captação) e os pontos de atendimento em Picuí, dez são de caráter estadual (As PB s 057; 073; 075; 077; 079; 087; 137; 151; 169 e a 177) e uma de domínio Federal (BR-104). Já no município de Picuí, foram identificadas através das imagens de satélites, 149 rodovias locais (ou rurais), responsáveis por possibilitar o atendimento dos 203 pontos de abastecimento dispersos ao longo. De acordo com as informações disponíveis pela AESA (2017), responsável pela gestão e monitoramento das águas no Estado, O reservatório possuía, no período analisado, a capacidade acima do total (101,46%). Essa condição reflete a localização geográfica do açude, que se situa a aproximadamente 130 km s de distância de Picuí, em uma região fora do semiárido paraibano, e,

portanto, mais úmida que a região do Seridó Paraibano (onde se localiza a área analisada), sendo esses fatores determinantes para a escolha do manancial para o abastecimento, por meio da Operação, do município de Picuí. Outro fator que auxilia na compreensão é a divisão das regiões do Estado atendidas pela operação por parte do Exército, que por meio de suas unidades militares coordenam e fiscalizam as ações da operação nos municípios atendidos. No caso de Picuí, a unidade responsável pelo município é o 4 BPE (Batalhão de Polícia do Exército), lotado em Recife Pernambuco, e que tem como manancial definido o açude de Araçagi. Ainda conforme os dados da AESA (2017), os açudes monitorados existentes no município estavam ou em situação de total colapso (seco) ou quase colapsados em sua totalidade. O açude Caraibeira estava na época completamente seco (0,00%), já o açude Várzea Grande estava com 1,4% de sua capacidade total. Esses dados indicam o quão intensa tem sido a seca, iniciada em 2012 e que tem perdurado até os dias de hoje (2017), especialmente na região do Seridó Paraibano, e que segundo Nimer (1979) a região central da Paraíba, o qual se localiza a região abordada, se caracteriza por ser uma zona de encontro final dos fluxos úmidos e dos sistemas atmosféricos que se direcionam ao semiárido nordestino, já enfraquecidos e a sotavento, resultando em uma das zonas com os menores índices pluviométricos do país, com médias inferiores a 500 mm ao ano. CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste trabalho destacam a importância do uso das geotecnologias, em especial dos softwares gratuitos, como uma significativa ferramenta para análise e compreensão dos fenômenos espaciais, como também para a gestão dos recursos hídricos no semiárido paraibano. Essas ferramentas permitem a aquisição de informações que auxiliam o poder público no planejamento territorial e na adoção de medidas e projetos estratégicos, que aperfeiçoam na melhoria das políticas públicas destacadas e que possibilitem suprir a carência hídrica, como também aprimorarem a gestão, buscando assim promover o alcance e o desenvolvimento de uma verdadeira governança das águas na região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AB'SÁBER, A. N. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Estudos Avançados, São Paulo, v. 13, n. 36, p. 7-59, Ago. 1999. ISSN 1806-9592. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9474/11043>. Acesso em: 13 Set. 2017.

AESA AGÊNCIA EXECUTIVA DE GESTÃO DE ÁGUAS DO ESTADO DA PARAÍBA. Relatório Final do PERH-PB. 2006. Disponível em: http://www.aesa.pb.gov.br/aesawebsite/documentos/plano-estadual/resumo-estendido/. Volume dos açudes. Disponível em: http://site2.aesa.pb.gov.br. Acesso em: 18 Jul. 2017. BRASIL. Ministério da Integração Nacional. MIN/Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional. Nova delimitação do semiárido brasileiro. 2005. Disponível em: <http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=0aa2b9b5-aa4d-4b55-a6e1-82faf0762763&groupid=24915>. Acesso em: 18 Ago. 2017.. Ministério da Integração Nacional. Portaria Interministerial nº 01, de 12 de julho de 2012. Brasília: Diário Oficial da União, Disponível em: <http://www.mi.gov.br/documents/301094/3902588/portaria+interministerial+mimd+nº+1+de+20 12.pdf/184570b1-1c46-4576-9513-c76144ac27ce>. Acesso em: 12 Set. 2016 CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do Município de Picuí. Estado da Paraíba/ Organizado [por] Mascarenhas, J. C.; Beltrão, B. A.; Junior, L. C. S.; Morais, F.;Mendes, V. A.;Miranda,J. L. F.. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005. IBGE. Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. INSA. MEDEIROS, S. S. et al. Sinopse do Censo Demográfico para o Semiárido Brasileiro. Campina Grande. Instituto Nacional do Semiárido - INSA, 2012. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Texto, p.206 2007. NIMER, E. Pluviometria e recursos hídricos de Pernambuco e Paraíba. Rio de Janeiro: FIBGE, 1979, 177 p. PAULINO, W. D.; TEIXEIRA, F. J. C. A questão ambiental e a qualidade da água nas bacias hidrográficas do Nordeste. A questão da água no Nordeste. 1ed. Brasília: Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), Agência Nacional de Águas (ANA), 2012, v. 1, p. 219-246.