AVALIAÇÃO DO REGIME DE CHUVAS E DEMANDA DE ÁGUA PARA O MUNICIPIO DE INGÁ, PB

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1 AVALIAÇÃO DO REGIME DE CHUVAS E DEMANDA DE ÁGUA PARA O MUNICIPIO DE INGÁ, PB Kyonelly Queila Duarte Brito 1,José Geraldo de Araújo Ferreira Filho 2, Felipe Guedes de Souza 3 e Soahd Arruda Rached Farias 4 1 Graduanda de Engenharia Agricola - queiladuarte@hotmail.com; 2 Graduando de Engenharia Agricola - gfilho_@hotmail.com; 2 Graduando de Engenharia Agricola - felipeguedesjm_16@hotmail.com; 2 Eng. Agrícola,Professora Universidade Federal de Campina Grandesoahd@deag.ufcg.edu.br Resumo A região semiárida compreende uma área de km², onde esta região ocupa 57,53% da área do NE, a área em estudo está localizada na microrregião de Itabaiana, e na mesorregião do Agreste paraibano, com uma distância de 95,6 km da capital João Pessoa, é classificada de clima predominantemente semiárido. Por meio de uma avaliação numérica do ocorrido de chuvas acumuladas mensais e anuais no município durante os últimos 16 anos, foi realizado uma estatística descritiva, além de confrontar as demandas de água necessárias para suprir a necessidade das pessoas e animais de produção do local, após recolher os dados na série recente do município, observa-se que o mesmo apresenta uma precipitação média anual de 712,8mm, e que em dez anos desta sequência, os valores apresentados foram inferior a média. Técnicas e obras que minimizem o efeito de evaporação dos mananciais e solo, associado a captações de água superficiais são caminhos para um desenvolvimento econômico e com visão sustentável. Palavras-chave: Planejamento hídrico, semiárido, captação de água de chuva INTRODUÇÃO O semiárido brasileiro é uma região de difícil desenvolvimento agrícola, pois esta é uma área onde as condições agroecológicas e econômicas são desfavoráveis aos sistemas de exploração, não só a agricultura como também a pecuária encontram bastante dificuldade para se estabilizarem.

2 A região semiárida compreende uma área de km², onde esta região ocupa 57,53% da área do NE, com o predomínio do ecossistema caatinga, o solo em sua maioria é do tipo areno-argiloso que é pobre em matéria orgânica. Além das dificuldades pedológicas da região, o regime de chuvas marcado pela irregularidade é um grave problema encontrado pelos sistemas de exploração da região (PADILHA et al., 2004). O objetivo deste trabalho é avaliar o regime de chuvas no município de Ingá, identificar se a precipitação pluviométrica é suficiente para suprir as necessidades da população e apresentar formas para um bom aproveitamento e manejo da água de chuva. Segundo informações contidas no Dossiê Nordeste Seco (Nordeste, 1999), o Semiárido brasileiro é a mais povoada do mundo quando relacionada ao clima, e em função das adversidades climáticas, associadas a outros fatores históricos, geográficos e políticos, que remontam centenas de anos, abriga a parcela mais pobre da população brasileira, com ocorrência de graves problemas sociais. (MOURA et al., 2007) MATERIAIS E MÉTODOS A área em estudo está localizada na microrregião de Itabaiana, e na mesorregião do Agreste paraibano, com uma distância de 95,6 km da capital João Pessoa, é classificada de clima predominantemente semiárido, com coordenadas geográficas S, W, e uma altitude de 163m. A área apresenta uma temperatura média anual varia em torno de 25ºC.(IBGE 2008). Figura 1. Mapa de localização do município de Ingá em relação a João Pessoa

3 Segundo AESA (2012), o município de Ingá tem predominância de solos jovens, variando entre Litólico Eutrofico a Bruno não cálcico, e a classe de capacidade de uso da terra recomendado tem predominância para uso de culturas permanente principalmente pastagem ou reflorestamento e Terras íngremes mais susceptíveis a erosão, próprias para cultivos contínuos e que se prestam mais para lavoura esporádica. Conforme IBGE (2012), com uma população de hab., densidade demográfica de 63,13 hab/km², área da unidade territorial de 287,99Km² e um IDH de 0,565 considerado médio segundo PNUD (2000). Por meio de uma avaliação numérica do ocorrido de chuvas acumuladas mensais e anuais no município durante os últimos 16 anos, foi realizada uma estatística descritiva com valores de média, mediana, coeficiente de variação, máximo e mínimo, além de confrontar as demandas de água necessárias para suprir as pessoas e animais de produção do local. Os dados estimados para consumo humano e animais, foram ajustados de vários comunicados técnicos sobre necessidade hídrica animal. RESULTADOS E DISCUSSÃO Mediante análise dos dados e conforme mapa de pluviometria média anual (AESA 2013), onde este apresenta que o município de Ingá encontra-se em uma zona de 800 mm/ano obteve-se os resultados da distribuição e demanda de água para a área em estudo. Distribuição temporal das chuvas mensais entre 1996 a 2012 Ao observar os dados mensais de chuvas (Tabela 1), percebe-se claramente as características de região semiárida, onde a falta de regularidade de chuvas durante o que é considerado meses chuvosos, realmente fica evidente, em abril de 1998 e 2002, maio de 2001 e 2010 e junho de 1997, 1998 e 1999 considerado pela sequencia, como o mês que mais chove na região, assim como recolher águas em janeiro na ordem de 370mm, no ano de 2004 não chega a ser usufruído pela agricultura, considerando que os meses subsequentes reduzem sensivelmente a contribuição de chuvas, tendo comprometido a produção para quem utiliza culturas de ciclos em torno de 90 dias. Com excesso ou déficit o efeito de incerteza para a exploração da agricultura de sequeiro exige que tenha-se planejamento de técnicas e práticas

4 de conservação de solo associado a captação de água para maior infiltração, permitindo assim, maior umidade para produzir em três a quatro meses as culturas básicas Tabela 1. Valores de precipitação mensal numa série dos últimos dezessete anos no município de Ingá-PB. AESA Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual ,0 34,4 100,5 183,6 110,7 98,2 62,8 127,0 19,7 17,2 45,9 2,3 817, ,8 74,7 67,1 155,2 118,4 44,1 59,9 27,6 5,2 0,0 0,0 79,2 634, ,6 0,0 57,4 7,4 44,6 20,8 76,4 91,4 0,2 0,0 0,0 3,0 322, ,2 61,4 68,6 26,4 76,5 35,8 48,2 40,2 12,8 14,2 0,0 61,3 536, ,2 49,3 28,1 139,5 55,6 216,7 137,7 126,3 86,3 14,8 10,4 47,5 999, ,8 1,0 117,0 48,8 10,0 121,2 104,2 46,0 24,0 25,4 3,4 27,0 538, ,2 25,6 45,2 9,0 78,2 126,0 75,2 24,0 0,0 0,0 26,2 1,2 456, ,4 80,4 140,0 58,6 54,6 110,8 58,7 25,8 25,2 0,0 5,0 0,0 626, ,0 190,0 14,5 73,0 133,8 165,0 119,2 35,6 17,2 0,0 0,0 0,0 1118, ,0 18,5 40,6 23,1 203,1 255,6 44,6 111,2 6,6 2,5 2,0 16,6 724, ,5 32,7 37,4 82,8 91,6 119,1 67,8 55,6 19,2 19,3 46,9 14,9 588, ,9 78,6 84,9 69,1 44,8 140,8 68,5 65,5 61,4 4,6 0,9 40,9 678, ,8 62,3 159,4 84,9 113,2 91,1 151,0 66,0 36,1 5,8 0,0 40,7 856, ,5 106,5 59,3 99,0 61,9 83,2 180,3 115,3 12,9 0,0 12,7 8,1 742, ,5 12,9 86,7 49,5 30,8 188,6 90,3 43,5 20,8 0,0 6,2 4,2 592, ,0 6,9 190,0 192,5 299,6 133,9 324,9 102,4 0,0 3,9 0,0 10,1 1380, ,2 69,9 42,0 1,4 44,6 188,9 82,8 10,0 2,2 6,0 0,0 0,0 504,0 CLIMAT 34,9 46,0 80,3 89,9 94,6 103,2 88,8 50,6 24,5 11,6 14,4 23,4 662,2 Distribuição anual das chuvas acumuladas anualmente entre 1996 a 2012 Após recolher dados mensais e anuais de uma série recente dos últimos 16 anos do município, observa-se que o mesmo apresenta uma precipitação média anual de 712,8mm, e que em dezanos desta sequencia, os valores apresentados foram inferior a média (Figura 2). A mediana foi de 634,2mm ano-1, e que os anos que choveram acima de 800 mm por ano, foram os anos de 1996, 2000, 2004, 2008 e 2011, indicando que o município não vem atingindo a média estimada pela AESA (2013). Através da estatística descritiva podemos avaliar que o coeficiente de variação dos 17 anos, foi de 36,6 %, indicando uma variabilidade elevada, exigindo mais ação no planejamento de acolher águas, pois embora pareça um município com um bom índice pluviométrico médio, a realidade dos últimos anos, indica que muitas obras de captação de água de chuva devem ocorrer e com critérios de construção de acordo com o conhecimento prévio das características locais, isto é, evaporação elevada, escoamento alto, riachos com níveis de sais elevados, e tantos outros que exigem escolher adequadamente de acordo com o local da comunidade.

5 Precipitação média anual do municipio de Ingá-PB 1400 Precipitação Média em (mm) Ano Figura 2. Histograma das precipitações médias anuais Demanda de consumo de água no município Quando estima-se a necessidade das pessoas e dos animais no consumo de água (Tabela 2) e avaliamos o quando de água é precipitado na área territorial (287,99Km²) obtemos alguns volumes decorrente de acumulo de chuvas anuais durante a série em estudo (Tabela 1) e encontra-se os seguintes valores, quando considera-se a média precipitada (17 anos) ,8 m3 ano -1 ( 712,8 mm/ano), quando semelhante calcula-se baseado no mínimo de precipitação na mesma série, temos ,8 m3 ano -1 ( 322,8 mm ano -1) e no maior acolhimento de água no município para o mesmo período de analise, temos um volume precipitado de ,2 m3 ano -1 (1.380,2 mm ano -1), portanto, as políticas públicas de gestão de água para o município, teria que avaliar o potencial existente de fontes de águas e referida distancia das comunidades, principalmente da zona rural e planejar captação de água que pudesse oferecer volume de água para seus habitantes, de forma que se a analise fosse baseado na média da série de 17 anos, o compromisso seria de acolher água na ordem de 1% do chove, baseado no mínimo de chuva registrada (ano de 1998), seria de 2,21% e quando comparado ao ano que mais choveu ( 2011), o compromisso de acolher água seria de apenas 0,51% do que precipitou.

6 Tabela 2. Quadro de demanda de água para dessedentação animal e consumo humano para o município de Ingá, PB INGÁ 2010 E PECUÁRIA DE 2006(IBGE 2012) Quant Unid Demanda/ consumo litro por dia Consumo estimado m 3 por dia Demanda m 3 por ano População Censo em habitantes , ,00 Bovinos Cabeça , ,80 Vacas ordenhadas 662 Cabeça 50 33, ,00 Ovinos cabeça 7 8, ,8 Caprinos Cabeça 7 9, ,20 Suínos 408 Cabeça 7 2, ,16 Equinos 433 Cabeça 30 12, ,40 Asininos 110 Cabeça 15 1,65 594,00 Muares 120 Cabeça 15 1,8 648,00 Galinhas Cabeça 2 6, ,24 Galos,frangas,frangos e pinto Cabeça 2 28, ,40 TOTAL DE NECESSIDADE DEMANDADA NO MUNICIPIO 3 363, ,00 Em todas as avaliações (mínima, média ou máxima), o importante é não deixar no planejamento hídrico do município, um levantamento da população de forma a mensurar espacialmente esta demanda, e verificar in loco todas as condições propicias para construções que acumulem água das chuvas, evitando as perdas por escoamento durante o processo de chuvas, ou mesmo o efeito de evaporação elevada durante o armazenamento das águas. Para associar este planejamento, promover técnicas de maior infiltração de água, que auxilia em prolongar maior tempo de umidade o que produz maior chance de sucesso na produção agrícola de sequeiro CONCLUSÕES Após a observação dos resultados, tem-se que a demanda por água da população pode ser suprida pela precipitação do município, porém em períodos críticos onde as chuvas são abaixo da média esperada, a escassez de água é um problema para os habitantes, em frente a estas dificuldades encontradas pelos moradores desta região as técnicas de contenção de água e conservação do solo, assim como práticas de melhoramento da fertilidade do solo, se fazem necessárias para uma visão sustentável da região.

7 Técnicas e obras que minimizem o efeito de evaporação dos mananciais e solo, associado a captações de água superficiais que evitem perdas de escoamento em momentos de enxurradas são caminhos apresentados para um desenvolvimento econômico e com visão sustentável. Dentro das técnicas recomendadas existem as barragens subterrâneas que propiciam a exploração agrícola em sua bacia hidráulica, associado sempre a um poço amazonas em sua montante para investigações quanto ao nível do lençol freático retido e os níveis de sais. Obras de obstáculos superficiais, seja em riachos ou encostas, semelhantes a BAPUCOSA S, Base zero, terracemento com tiras de pneus (TETIP s), também são técnicas eficazes para a contenção de água e solo, para regiões onde ocorrem intensas chuvas em curto tempo, e longo período de intervalo entre chuvas, além do pouco volume de água anual. REFERENCIAS Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba AESA. Previsão do Tempo chuvas. Disponível em: Acesso em 01 de março de BRITO, L. T. de L.; MOURA, M. S. B. de; GAMA, G. F. B. (Ed.). Potencialidades da água de chuva no semiárido brasileiro. Petrolina: Embrapa Semiárido, p. Fundação Instituto Brasileiro de geografia e Estatística FIBGE. Produção agrícola municipal Disponível em: Acesso em: 28 de fevereiro de ORTEGA, E.; PADILHA, J. A.; ZANGHETIN, M. F. de L. O uso da água nas micro-bacias hidrográficas do semi-árido Do nordeste brasileiro e o conceito base zero. In: Proceedings of IV Biennial International Workshop Advances in Energy Studies, 2004, Campinas, pages SOUZA FILHO, F. de A. Recursos hídricos em regiões áridas e semiáridas. 1.ed. Campina Grande: Editora Instituto Nacional do Semiárido, p. ToolServer - Geohack. Disponível em: Acesso em 27 de fevereiro de 2013.