PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE INFORMÁTICA. Profª. Dr. Iára Pereira Claudio. Software Livre. e Inclusão Digital



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Transcrição:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE INFORMÁTICA Profª. Dr. Iára Pereira Claudio Software Livre e Inclusão Digital Agosto/2006

SUMÁRIO: Software Livre: Conceito e História Software: Tipos de Licença LINUX: Um exemplo Software Livre e Inclusão Digital: Causa ou Conseqüência Bibliografia Relação de sites sobre Software Livre Relação de sites sobre LINUX Relação de sites sobre Inclusão Digital Relação de sites sobre Software Livre e Inclusão Digital

Software Livre: Conceito e História O surgimento do Linux Em agosto de 1991, um jovem estudante da Universidade de Helsinki (Finlândia) Linus Torvalds, anunciou em uma lista de discussão na internet que estava criando um sistema operacional livre. Ele dizia modestamente que seu trabalho era apenas um passatempo. Em 5 de outubro de 1991, Linus anunciou a primeira versão oficial do Linux. Após alguns anos, este se tornou um dos mais populares sistemas operacionais disponíveis, sendo continuamente desenvolvido pelo próprio Linus e por pessoas do mundo inteiro. Desde então, surgiram várias empresas para dar suporte ao Linux, como a Red Hat Software, a Caldera Systems, a Debian Linux, e a brasileira Conectiva. Essas empresas que buscam desenvolver programas para Linux lucram, em geral, não com a venda do software em si mas com os manuais de instalação e operação e com o suporte técnico. Contudo, o Linux e seus aplicativos foram criados e desenvolvidos, principalmente nos primeiros anos após a sua criação, a partir de contribuições de usuários. Estas contribuições não eram simples sugestões feitas ao fabricante do software, mas significaram a reprogramação de suas funções e a criação de novas aplicabilidades. As pessoas que desenvolveram o Linux fazem parte de um movimento muito mais amplo, o movimento pelo software livre, que luta para que os programas de nossos computadores pessoais possam ser alterados e compartilhados pelos seus usuários. O impulso inicial para a história do software livre foi dado em 1969, quando Ken Thompson, pesquisador do Bell Labs, criou a primeira versão do Unix, um sistema operacional multi-tarefa. Este sistema era utilizado pelos grandes computadores que existiam na década de setenta em universidades e grandes empresas, os mainframes. O Unix era distribuído gratuitamente para as universidades e centros de pesquisa, com seu código-fonte (suas linhas de programação) aberto. A sigla OSS (Open Source Software) é a que designa esse tipo de programa, cuja estrutura pode ser modificada por qualquer usuário com conhecimentos em informática, diferentemente dos sistemas operacionais mais usados atualmente, como o Windows. A partir daí foram surgindo novas versões do Unix, igualmente abertas e compartilhadas pelo meio acadêmico. Em 1971, Richard Stallman, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), inaugurou o movimento Open Source. Ele produziu no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT diversos programas com o código-fonte aberto. Em 1979, quando a empresa AT&T anunciou seu interesse em comercializar o Unix, a

Universidade de Berkley criou a sua versão do sistema, o BSD Unix. A AT&T se juntou a empresas como IBM, DEC, HP e Sun para formar a Open Source Foundation, que daria suporte ao BSD. Em 1983, Stallman criou o Projeto GNU, com o objetivo de desenvolver uma versão do Unix com o código-fonte aberto, acompanhada de aplicativos e ferramentas compatíveis (como um editor de textos, por exemplo) igualmente livres. Em 1985, ele publicou o manifesto GNU e um tratado anti-copyright intitulado General Public License. Esse tratado criava a Free Software Foundation, explicando a filosofia do software livre. O uso do adjetivo free para qualificar um software não tem a conotação de gratuito, mas indica que o seu usuário é livre para executar, distribuir, estudar, mudar e melhorar o programa. Com o avanço da internet, diversas versões do Unix foram surgindo em todo o mundo, sendo disponibilizadas pela rede para modificação e melhoria por parte de outros pesquisadores e usuários. O Linux é apenas uma delas. A colaboração para o desenvolvimento de softwares livres vem incomodando progressivamente as indústrias, que se sentem ameaçadas... Esta reportagem tem 1,2, 3, 4, 5, 6 documentos Bibliografia/Créditos Atualizado em 01/06/00 http://www.epub.org.br/comciencia comciencia@epub.org.br Universidade Estadual de Campinas Campinas, Brasil

Software: Tipos de Licença O software na Informática Educativa é um recurso, cujo resultado depende de quem o usa e de como isto é feito. O quadro que segue busca classificar alguns tipos de software, permitindo distinguir, de forma comparativa, a diferença entre o software livre e os demais softwares não comerciais. TIPO FREE SHAREWARE TRIAL OU DEMO LIVRE GRÁTIS PERMISSÃO Permite ao usuário copiar, instalar, executar, distribuir, modificar e melhorar o software/programa tantas vezes quantas desejar. Permite copiar, instalar, executar e redistribuir, mas não é possível modificar o código fonte. Permite experimentar os programas antes de comprá-los. Semelhantes aos shareware, porém a diferença é que não contêm o programa completo. DOMÍNIO PÚBLICO POSTALWARE OU CARDWARE O autor nada recebe pelo que fez e não tem controle sobre o seu uso ou distribuição. O autor sede seu programa para ser avaliado pelo usuário, se aprovar envia um cartão postal com parecer, permitindo uma análise estatística sobre o uso. LINUX: Um exemplo. Entrevista com Rubens Queiroz de Almeida Desenvolvidos e aperfeiçoados através da colaboração de programadores do mundo todo, os softwares livres estão conquistando cada vez mais espaço e notoriedade. Alguns deles, como o Linux, já são bastante comuns em universidades como a USP e mesmo grandes empresas começam a adotá-los.

Rubens Queiroz de Almeida, gerente da Divisão de Serviços à Comunidade do Centro de Computação da Unicamp, é dos maiores defensores do software livre. Um dos primeiros a ter acesso à Internet no Brasil, Queiroz criou, em março de 1997, e até hoje administra, uma lista de discussões na Internet, a Dicas - L. Atualmente ela conta com oito mil assinantes e tem como objetivo disponibilizar um banco de informações sobre informática com enfoque maior em sistemas Unix e derivados. A lista também incorpora e aperfeiçoa sugestões dos leitores sobre assuntos relativos à administração de sistemas e redes de computadores. No mês de junho, Queiroz lança o livro Dicas e Truques (editado pela Conectiva S.A), que define como "um diário de bordo de um administrador de sistemas Unix". O livro é um convite ao leitor para refletir sobre o movimento de softwares livres, abordando tecnicamente seu uso, com ênfase no sistema operacional Linux. Com Ciência: Qual a diferença entre os conceitos de software "livre" e "free"? Rubens Queiroz: O software "free" é osoftware "livre", não necessariamente gratuito. No inglês o termo "free" pode significar tanto grátis quanto livre e isso causa uma certa confusão. De acordo com Richard Stallman, presidente da Free Software Foundation, o termo "free" refere-se à liberdade. Isso porque, no software livre ou aberto, o código fonte (as linhas de programação) é acessível ao público e, portanto, qualquer usuário tem liberdade de copiar, estudar, modificar e aprimorar, de acordo com as suas necessidades, e distribuir este software. Isto não significa, no entanto, que ele não possa ser vendido. A outra opção que existe é o software proprietário como por exemplo, os da Microsoft, no qual o código é fechado. CC: Pode-se dizer que, apesar de eficiente, o sistema Linux não ameaça a Microsoft pelo fato de existirem muitas versões? RQ: Realmente existem muitas versões, mas o Linux em si é um só. Acontece que uma pessoa tecnicamente competente que acesse o código tem infinitas possibilidades de criar algo novo. A partir desta liberdade o Linux tornou-se a construção coletiva, solidária e organizada que é hoje. Paralelamente, uma pessoa que não tem conhecimento técnico, pode trabalhar com Linux sem se envolver neste processo de criação, pois existem versões pré empacotadas para um usuário final. Com a mesma facilidade que ela usa um Windows, ela pode usar o Linux. A vantagem é que existem opções e portanto concorrência, o usuário pode escolher o que lhe é mais conveniente utilizar. No sistema de código fechado da Microsoft, mesmo tendo conhecimento não há liberdade e possibilidade de criação, não se pode modificar o sistema de acordo com necessidades particulares. O projeto Linux não tem como objetivo eliminar a Microsoft mas eu acho que tanto ele, quanto o software livre em geral, são uma

alternativa mais inteligente e economicamente mais interessante. E isso é algo que pode preocupar as corporações que trabalham com software fechado. CC: Hoje em dia existe resistência ao Linux e à utilização de softwares abertos? RQ: Existe uma resistência que está caindo cada vez mais. A resistência advém de um certo preconceito ou de uma distorção que se formou em função do monopólio da Microsoft e dos sistemas proprietários. Por exemplo, quando alguém pensa em escrever algo, logo pensa em utilizar o Word, quando pensa em fazer uma apresentação, pensa no Power Point e estes pensamentos foram se cristalizando à medida que o monopólio foi se formando. No entanto, estas não são as únicas alternativas. CC: Quais as principais vantagens de usar o Linux? RQ: A principal vantagem é justamente a de que é um sistema livre, o fato de ser uma construção coletiva que evolui rapidamente. Além disso, é uma opção muito mais econômica. Tanto adquirir, quanto manter, a opção de software proprietário é mais caro. O Linux pode ser usado em computadores bem pequenos como um 486 ou até 386. No sistema proprietário ou fechado ganha-se muito dinheiro com os upgrades - versões novas de antigos produtos. O usuário acaba tendo que adquirir máquinas de maior porte para poder utilizar as versões mais atualizadas. Existe também uma quantidade imensa de aplicativos disponíveis que são aprimorados com grande rapidez. Outro dia eu instalei um servidor de calendário pela Web e anunciei na Dicas -L, em pouco tempo o programa já estava traduzido para o português e aprimorado. Alguém do Ministério do Trabalho de Campinas viu a minha mensagem, pegou o software, gostou e já traduziu. Em 15 dias foi possível pegar o software, avaliar, anunciar e obter uma nova versão. Outro ponto favorável é a possibilidade de dispor de um repositório de informações enorme na Internet. As soluções podem ser encontradas apenas através da pesquisa na rede. Existem alguns locais já consagrados para isso. O suporte também é muito bom. Existem casos em que o próprio fabricante foi questionado sobre um problema e não conseguiu dar a resposta que, em seguida, pode ser encontrada na Internet. Outra característica importante é o fato de ser um software bastante estável. CC: O mesmo se dá para a empresa? RQ: Do ponto de vista de quem trabalha com um software também existem vantagens pois a margem de lucro de um revendedor de software proprietário é muito pequena. A empresa que fabrica o software sim, ganha muito dinheiro. Isso porque optar por este software é muito caro e o cliente acaba comprando pouco do revendedor. O mercado de trabalho de quem usa os serviços, também é limitado. Ao passo que, com o software livre, o mercado de trabalho

cresce bastante e é possível lucrar com aparte de manutenção. Só para dar um exemplo, a Microsoft no Brasil, sem contar as pessoas que vivem de dar suporte, tem mais ou menos 50 pessoas. A Conectiva, que trabalha com o sistema aberto, já está com 220 e possivelmente vai crescer mais ainda. O software livre parece-me bastante excitante neste sentido, pois é possível gerar muito mais empregos do que com outro modelo. CC: Atualmente existe espaço para a implementação do Linux ou de softwares abertos na esfera pública? RQ: Sim, recentemente eu participei do I Fórum Internacional de Software Livre 2000 realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi realmente um encontro pioneiro que deu bastante enfoque ao uso do software aberto tanto na esfera pública como na sociedade de um modo geral. O governo do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre assinaram um protocolo de intenções que visa desenvolver e estimular a utilização deste tipo de software no Estado. Neste Fórum também foi apresentado o projeto de lei do deputado Walter Pinheiro que prevê o incentivo de softwares livres na administração pública, isso porque o Governo Federal gastou cerca de R$ 120 milhões no ano passado com software proprietário, se tivesse usado o sistema aberto poderia ter economizado R$ 80 milhões. Um outro exemplo é o caso do O Metrô de São Paulo que adotou o Star Office, que não é livre, é um software gratuito. Isso significa que novas soluções já estão sendo levadas em conta. CC: E como isso tem se dado na esfera privada? RQ: Hoje informatizar uma empresa tem um custo exorbitante. Então, mesmo que as pessoas hesitem em romper com o modelo que tem sido seguido, elas acabam avaliando as vantagens. Às vezes gasta-se mais no software em si do que no próprio negócio. O alto custo da plataforma da Microsoft e o próprio serviço de atendimento, que é bem restritivo e bastante caro, têm forçado a busca de alternativas. Um provedor de acesso em São João da Boa Vista optou pela solução Microsoft no começo, pois achava que a mão-de-obra para trabalhar com Windows era mais barata. No entanto, no transcorrer do tempo, ele viu que a opção dele acabou saindo mais cara, porque a cada funcionalidade que ele queria acrescentar no sistema Windows ele tinha que pagar. Portanto, a médio e longo prazo, essa é uma opção que acaba ficando mais dispendiosa e isso leva a consideração de outras alternativas. Além disso, empresas ligadas à distribuição de software aberto têm expandido muito. É o caso da Conectiva em Curitiba. Em novembro ela tinha 70 funcionários e agora já está com 220. Tem aberto filiais no Brasil inteiro e no exterior. Este crescimento demonstra que a aceitação do software livre está cada vez maior. CC: Há outros exemplos?

RQ: No Fórum do Rio Grande do Sul a Conectiva citou o caso da empresa "Brasil Informática" que abriu seu produto na rede e aumentou o faturamento. Ela deixou de vender software mas adquiriu visibilidade e passou a ter lucro na parte de serviços, com os contratos de manutenção. Nesta mesma ocasião, muitas empresas como a IBM, HP, INTEL, DELL, SUN foram chamadas para falar sobre as soluções que adotaram baseadas no software livre. Casos como estes têm incentivado investimentos em software aberto por parte da esfera privada. Apesar destes exemplos, tanto no setor público como privado, a adesão está numa fase inicial mas, a cada melhora do software aberto o número de pessoas cresce, eu diria que estamos numa curva de subida. CC: Como você avalia a situação do software livre nas Universidades? RQ: Aqui na Unicamp nossa documentação está na Internet. Temos investido numa campanha de popularização do Linux através de palestras e seminários. Hoje a aceitação já é bem maior que em anos anteriores e têm ocorrido migrações de um sistema para o outro. Eu acredito que pode ocorrer uma migração em massa quando sair o K Office, que é um ambiente equivalente no Linux. Atualmente existe o Star Office, que é gratuito, mas é muito pesado. O K Office é bem mais leve pois trabalha com arquivos pequenos. Mas na minha opinião a Universidade pioneira neste processo de migração e que tem esforços maiores com relação ao Linux é a USP. Eles tem um esquema administrativo no qual as máquinas trabalham com Windows e Linux. O projeto na USP é muito grande, chama-se Linusp, e é desenvolvido pelo Departamento de Fisica Matematica no Instituto de Física da USP, pelo professor Jorge de Lyra. CC: Como você vê a recente decisão da justiça americana de punir a Microsoft por ter praticado concorrência desleal? RQ: As táticas que a Microsoft vem empregando para se consolidar nos últimos anos têm sido realmente bastante desleais. Uma das táticas que a Microsoft usa é não divulgar todos os recursos existentes e isso impede que alguém desenvolva um software que funcione bem neste sistema operacional. O programa do sistema operacional tem alguns ganchos com os aplicativos. Se eu quiser desenvolver um software que funcione naquele sistema eu preciso saber dos recursos que ele oferece. Ou seja, se eu não sou um programador da Microsoft e desenvolvo um aplicativo para funcionar no programa desta empresa, o meu programa não vai conseguir ter uma performance boa. Não divulgando os recursos a Microsoft acaba sendo a única empresa capaz de produzir os aplicativos. Outro caso é da recente batalha entre a Microsoft e a Netscape. Para tentar acabar com o Netscape, ao entrar num site de serviço da Microsoft, era apresentado um aviso de que seu software de segurança não

era bom, é o certificado de segurança. Todo este processo foi muito bem documentado e acredito que esta decisão de dividir a Microsoft está mais do que correta. CC: O monopólio da Microsoft representa mesmo uma ameaça ao acesso à informação para os países periféricos? RQ: Ao meu ver o maior valor dos computadores não está no fato de serem capazes de realizar atividades, as mais interessantes e úteis mas sim, o fato de propiciarem acesso à informação. A impossibilidade de acesso a computadores irá representar num futuro bem próximo a marginalização de pessoas ou países que não investirem nesta área. O monopólio da Microsoft é uma ameaça. Os Europeus já perceberam isso e o movimento de softwares livres é muito forte na Europa principalmente em países como a França. O México também tem um programa de informatização de escolas com software aberto, muito amplo e bem sucedido. É uma forma de democratizar a informação. É perigoso ficar tão dependente de um só fornecedor. Hoje em dia existe até uma terminologia para isto "information rich" que são os países ricos em informações em oposição aos países que são pobres em informação. Certamente é algo estratégico. (Marta Kanashiro) Última atualização: 01/07/00 http://www.epub.org.br/comciencia comciencia@epub.org.br 2000 Universidade Estadual de Campinas Campinas, Brasil

Software Livre e Inclusão Digital: Causa ou Conseqüência O Presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Sérgio Amadeu da Silveira (2003, p.33), afirma: É possível distinguir a inclusão digital como acesso: à rede mundial de computadores (computadores conectados a um provedor); aos conteúdos da rede (pesquisa e navegação em sites de governos, notícias, bens culturais, diversão, etc.); à caixa postal eletrônica e a modos de armazenamento de informações; às linguagens básicas e instrumentos para usar a rede (chat, fóruns, editores, etc.); às técnicas de produção de conteúdo (html, xml, técnicas para a produção de hipertexto, etc.); à construção de ferramentas e sistemas voltados às comunidades (linguagem de programação, design, formação para desenhar sistemas, etc.). Porém, o mesmo autor (2003, p.34-35) classifica diferentes Modelos que podem ser adotados numa política de inclusão digital: 1. Unidades de inclusão: bibliotecas informatizadas e conectadas à rede; laboratórios escolares de informática conectadas à Internet; salas de aula informatizadas e conectadas; telecentros; quiosques (em geral, com um número pequeno de computadores conectados); totens ou orelhões de Internet. 2. Opções tecnológicas: sistema operacional livre ou proprietário;

hardware com soluções inovadoras, como thin-client, ou tradicionais, de uso individual e caseiro; aplicativos copyright ou copyleft, voltados à interação e à solução de problemas das comunidades. 3. Atividades disponíveis: uso livre, limitado ou monitorado; impressão de documentos; cursos presenciais e a distância; acesso a correio eletrônico e a área de arquivo própria; atividades comunitárias em rede. 4. Monitoria das unidades: com ou sem monitores e orientadores contratados; com ou sem envolvimento de voluntários; com ou sem o controle da comunidade, a partir de conselhos gestores eletivos. 5. Sustentabilidade das unidades: recursos do fundo público; recursos das empresas; contribuições individuais e coletivas; cobrança do usuário. 6. Autonomia e participação das comunidades: comunidades com poder de decisão sobre a gestão; comunidades com poder consultivo sobre a gestão; comunidades com poder fiscalizador sobre a gestão; comunidades com poder orçamentário sobre o programa;

comunidades com poder de planejar o futuro do programa. Em todos os modelos propostos, o software livre representa um recurso adequado e compatível às políticas de inclusão, contribuindo para sanar esta busca contínua na preparação da humanidade para as novas sociedades.

Referências: Anais do Workshop sobre Software Livre. 1º Fórum Internacional Software Livre 2000. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2000. (página 19) Anais 5º Workshop sobre Software Livre. 5º Fórum Internacional Software Livre. A tecnologia que liberta. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2004. (páginas 45, 49 e 53) Anais FISL 6.0. 6º FÓRUM Internacional de Software Livre: 6º Workshop sobre Software Livre. Porto Alegre: Armazém Digital, 2005. (página 291) CARVALHO, Maria Helena Sório de. Uso do software no ensino de matemática: uma investigação na rede estadual de ensino médio de Porto Alegre. Porto Alegre, 2004. 179 f.:il. Dissertação (Mestrado) Fac. Química, PUCRS, 2004. Entrevista com Rubens Queiroz de Almeida. Disponível em http://www.comciencia.br/entrevistas/queiroz AGOSTO/2006 Acesso: MASIERO, Paulo César. Ética em Computação. Computação Brasil. Ano VI. N.º 18 junho/2005. Disponível em: http://www.sbc.org.br/index.php?language=1&subject=89&content=magazine& page=2 Acesso: AGOSTO/2006 O surgimento do Linux. Disponível em http://www.comciencia.br/reportagens/softliv/softliv5.htm Acesso: AGOSTO/2006 SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; CASSINO, João (Organizadores). Software livre e inclusão digital. São Paulo: Conrad Editora do Brasil., 2003. SIQUEIRA, Ethevaldo. 2015: como viveremos. São Paulo: Saraiva, 2005. Relação de sites sobre Software Livre. www.abrasol.org www.ansol.org

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