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Transcrição:

ECLI:PT:TRL:2012:8439.A.1992.L1.7 http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:trl:2012:8439.a.1992.l1.7 Relator Nº do Documento Gouveia De Barros rl Apenso Data do Acordão 20/03/2012 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Apelação improcedente Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores divórcio; inventário; partilha; licitação; tornas; Página 1 / 6

Sumário: I - Nada obsta a que na apelação da sentença homologatória da partilha se conheça dos termos do despacho que lhe conferiu forma ainda que a dissidência da apelante seja centrada sobre a decisão que desatendeu a reclamação contra o mapa; II - Só pode ser relevado no despacho determinativo da partilha e abatido ao património comum o passivo aprovado pelos interessados ou verificado pelo juiz e não também aquele cuja verificação foi relegada para os meios comuns, por decisão transitada. III - Não tendo a licitante procedido ao depósito de tornas e requerendo o credor a venda do bem adjudicado, nos termos previstos no nº3 do artigo 1378º do CPC, não há fundamento legal para a dispensar daquele depósito com base em decisão que lhe fixou alimentos; IV - Tendo a interessada promovido execução autónoma contra o credor de tornas, assiste-lhe o direito de promover a penhora do crédito de tornas, a qual é feita mediante termo lavrado no conhecimento de depósito, o que implica, necessariamente, que a licitante o haja efectuado. (Sumário do Relator) Decisão Integral: Acordam os Juízes do Tribunal da Relação de Lisboa (7ª Secção): A..., residente em, requereu inventário facultativo, por apenso ao processo de divórcio que decretou a dissolução do seu casamento com o requerido, B., morador em, para partilha dos bens comuns do casal. Prestado juramento e legais declarações pela requerente, na qualidade de cabeça de casal, foi apresentada a relação de bens e das dívidas comuns, bem como as dívidas próprias do requerido que constituem fls 54 a 60, sendo as mesmas objecto de reclamação. Em 16/3/2000 realizou-se a conferência de interessados na qual houve acordo quanto à adjudicação dos bens, salvo no tocante à verba nº11, sendo igualmente aprovadas algumas verbas do passivo relacionado, tendo os interessados sido remetidos para os meios comuns para dilucidação das verbas 16,17,18 e 19 da relação corrigida que constitui fls 160 a 167. No tocante à verba nº11 foi a mesma licitada pela cabeça de casal que assumiu o passivo correspondente à dívida ao BANCO que a onerava. Notificados os interessados para os efeitos do disposto no nº1 do artigo 1373º do CPC, nada disseram. Proferido o despacho determinativo (fls 250), foi elaborado mapa informativo e cumprido o disposto no artigo 1377º do CPC, tendo o interessado reclamado o pagamento das tornas apuradas a seu favor, no montante de 5.727.096$50. Por ofício de 26/11/2002 procedente da execução especial de alimentos requerida pela cabeça de casal contra o credor das tornas e que corre termos pela 2ª secção do 3º Juízo do mesmo tribunal sob o nº105.916-a/1986, foi solicitada a penhora do aludido crédito até ao montante de 6.323,72 (posteriormente elevada para 8,500,00 e depois para 9111,55 fls 387 e 579). Por outro lado, por ofício de 30/4/2003 que constitui fls 488, foi solicitado o arresto do crédito de tornas apurado a favor do interessado B., até ao montante de 7.500,00, medida decretada em procedimento cautelar promovido por J e que correu termos no 4º juízo cível da mesma comarca, sob o nº000-a/2002. Todavia a fls 321 e na sequência de vários requerimentos dos interessados, o tribunal a quo Página 2 / 6

decidiu proceder a nova conferência de interessados, tendo em conta as rectificações entretanto feitas e para se evitarem mais confusões. Relativamente aos pedidos de penhora e de arresto (repetidamente reiterados) pronunciou-se o tribunal a quo a fls 622 dizendo: sendo certo que se encontra arrestado e penhorado o direito a tornas, não cumpre a este tribunal realizar por ora e salvo o devido respeito outras diligências que não sejam as tendentes à prossecução dos autos com vista à partilha do acervo dos bens comuns do ex-casal. A fls 600/601 foi proferido novo despacho determinativo da partilha, na sequência do qual foi elaborado o mapa de fls 651/653 que sofreu a reclamação de fls 668 a 670, decidida por despacho de fls 684/685 que, em síntese, ordenou se elaborasse novo mapa de partilha no qual se operasse a compensação no crédito de tornas do interessado da dívida em cobrança na execução especial por alimentos pendente na 2ª secção do 3º Juízo do mesmo tribunal sob o nº000-a/1986, incidindo o arresto apenas sobre o remanescente. Na sequência do despacho de fls 811/814 foi elaborado novo mapa da partilha contra o qual a cabeça de casal voltou a deduzir reclamação, desatendida por despacho de fls 840, uma vez que se considerou que o seu teor nada tinha a ver com qualquer irregularidade na elaboração do mapa, única faculdade que lhe seria permitida nesta fase processual. Conclusos os autos foi finalmente proferida sentença homologatória da partilha conforme consta do mapa de fls 820 e 821. Recorreu então a cabeça de casal visando pôr em crise o despacho proferido sobre a reclamação, alinhando para tal as seguintes razões com que encerra a alegação oferecida: 1º) O artigo 1697 do CC, prevê o caso de um dos cônjuges se tornar credor do outro. 2º) Trata-se dos chamados créditos de compensação a favor do cônjuge que pagou a mais que a sua parte sobre o outro, mas cuja exigibilidade a lei adia para a partilha. 3º) O processo de inventário em consequência de divórcio não se destina apenas a dividir os bens comuns do casal, mas também a liquidar definitivamente as responsabilidades entre eles. 4º) A partilha é também o momento para os ex-cônjuges exigirem reciprocamente o pagamento das dívidas entre si. 5º) E, assim só com a conferência das dívidas será possível proceder à compensação de créditos entre os ex-cônjuges. Nestes termos e nos melhores de Direito ( ), deverá ser considerada procedente a apelação, revogando-se o despacho recorrido, devendo ser substituído por outro, que de acordo com a fundamentação aduzida, admita a compensação comunicada, alterando-se para o efeito o mapa de partilha, inclusive o valor das tomas que a Apelante deverá depositar a favor do Requerido, ora Apelado. *** Não foi apresentada contra-alegação. *** Análise do recurso: Nos presentes autos partilha-se unicamente uma fracção autónoma que, na falta de acordo sobre a adjudicação, foi licitada pela cabeça de casal no dia 16 de Março de 2000! Na conferência realizada na mesma data os interessados acordaram sobre a responsabilidade pelo pagamento do passivo relacionado, salvo no tocante às verbas nº16º, 17º, 18º e 19º da relação de fls 165 e 166, relativamente a cuja verificação os interessados foram remetidos para os meios comuns (fls 224vº). Página 3 / 6

Pois não obstante o que se refere, a sentença homologatória da partilha só foi proferida mais de 11 anos depois, tempo que foi consumido em sucessivos requerimentos sem sentido e em repetidos mapas informativos e da partilha e outras diligências sem qualquer justificação processual. O cerne da controvérsia tem a ver com a verba nº18 da relação de bens apresentada pela cabeça de casal, relativa a dívida de alimentos alegadamente fixada por sentença condenatória que se diz ter transitado em julgado, no montante de 2.030.000$00 (abrangendo as prestações vencidas desde Novembro de 1986 até Outubro de 1997). Naturalmente, a não verificação da dívida pelo juiz nos termos previstos no artigo 1355º do CPC, só encontra explicação no facto de a cabeça de casal não ter promovido a junção aos autos da sentença em causa, com a necessária menção do trânsito. Concede-se que nem sequer seria necessário juntar ao processo o documento em causa, porquanto o requerido, quando foi notificado da relação de bens, declarou não reconhecer as dívidas apresentadas sob as verbas nº9 e 10, mas no tocante às verbas 11 e 12 (ou seja, a mencionada dívida de alimentos e respectivos juros) limitou-se a dizer (sem razão!) que o inventário não é o meio processual próprio para se proceder à cobrança de eventuais créditos, mas destina-se a proceder à partilha dos bens comuns do dissolvido casal (fls 101). Infere-se do exposto que o interessado não questiona a dívida de alimentos mas apenas a pertinência da sua relacionação, porquanto não é da responsabilidade do património comum, por ela respondendo somente a sua meação e, sendo esta insuficiente, os seus bens próprios (nº3 do artigo 1689º do CC). Quer o exposto significar que, no tocante às verbas 11 e 12 da relação de fls 56 e seguintes, nada justifica que os interessados tivessem sido remetidos para os meios comuns, pois o crédito estava reconhecido por sentença transitada, como a cabeça de casal assinalava na própria relação de bens (fls 59), cabendo decidir apenas sobre a sua relacionação, dado tratar-se de dívida de um cônjuge para com o outro, pela qual o património comum não responde. Posto isto, cumpre vincar que a questão da compensação suscitada pela recorrente, nada tem a ver com o objecto da reclamação contra o mapa a que se reporta o artigo 1379º do CPC, cujo objecto está enunciado no nº2 da mencionada disposição e consiste, no essencial, na invocação de alguma desconformidade entre o despacho determinativo da partilha e o modo como a secretaria organizou o mapa. Assim, a questão da suposta compensação mais não é do que a impugnação do despacho determinativo, por nele não estarem contempladas as verbas do passivo atinentes aos alimentos. Os interessados foram notificados de tal despacho, mas o seu silêncio não tem efeito preclusivo, porquanto como é sabido tal despacho apenas pode ser impugnado na apelação interposta da sentença da partilha (nº3 do artigo 1373º), o que vale por dizer que a impugnação da forma dada à partilha é claramente tempestiva. Mas é também claramente inconsistente, porquanto tendo-se a cabeça de casal conformado com o despacho que remeteu a discussão daquele específico segmento do passivo para os meios comuns, não pode pretender que no despacho determinativo tal verba tivesse sido considerada. Por outro lado, é intuitivo que a compensação apenas abarca as dívidas vencidas até à data da conferência, dado que só essas podem ser exigidas judicialmente, como é pressuposto daquela figura dogmática [alínea a) do nº1 do artigo 847º do CC]. A poderem ser consideradas as dívidas que se vencessem em data posterior, então o despacho determinativo seria sempre provisório, pois em situações como a dos autos, teria de ser Página 4 / 6

reformulado mensalmente! Mas, tendo a verificação do passivo sido relegada para os meios comuns, porque não se considerou nem o reconhecimento da dívida por parte do interessado, nem o facto de estar suportada em sentença condenatória transitada, torna-se evidente que, não tendo impugnado a decisão, o crédito da recorrente não podia ser considerado nem satisfeito no âmbito do presente inventário, ao contrário do que foi decidido pelo despacho de fls 684/685, sob pena de se criar, como criou, uma situação processualmente bizarra. Na verdade a cabeça de casal, confrontada com o despacho que a remeteu para os meios comuns, propôs execução para execução da sentença de alimentos proferida em 1988 (fls 334/339), visando cobrar as prestações de alimentos fixados na aludida decisão relativos aos últimos cinco anos. Desconhece-se o teor do título executivo (sentença de 1988) e a razão por que tal decisão continua a servir de base à execução de alimentos, apesar de os interessados estarem divorciados desde 14/4/1994, sugerindo assim uma espécie de direito vitalício. Ora, na execução a exequente/recorrente nomeou à penhora o crédito de tornas apurado no inventário a favor do ex-cônjuge, tendo sido ordenada a penhora (inicialmente, de 6.323,72, a seguir 8,500,00 e depois 9111,55 fls 387 e 579). O despacho de fls 864vº e 685º ao ordenar a dedução ao crédito de tornas do interessado da quantia penhorada à ordem do processo nº10.5916/a/86 (execução por alimentos), deu pagamento ao crédito da recorrente (apesar de tal crédito não lhe ter sido reconhecido na conferência) embora a instância executiva onde o mesmo tinha sido penhorado se mantenha válida! E tudo porque a recorrente, apesar de ter licitado o único bem do casal em 16 de Março de 2000, constituindo-se devedora de tornas no montante de 5.727.096$50, volvidos quase 12 anos ainda não depositou um só cêntimo e, aparentemente, quer saldar tal dívida com o contracrédito de 15.000$00 mensais que foi fixado em 1988. O que a ser possível implicava que este processo de inventário estivesse pendente durante mais de 30 anos, até que o crédito de alimentos consumisse o contracrédito de tornas! Ou seja, se a recorrente tivesse procedido ao depósito das tornas a que estava obrigada, a quantia penhorada seria colocada à ordem do processo executivo e, cumpridos os pertinentes termos processuais, seria eventualmente recebida pela exequente (lembra-se que tal quantia deveria servir para pagar as custas da execução e outros créditos preferenciais). Não o tendo feito e tendo o interessado usado da faculdade prevista no nº3 do artigo 1378º do CPC, nada mais resta do que proceder à venda do bem adjudicado à requerente a fim de, com o respectivo produto, dar satisfação ao crédito de tornas apurado a favor do recorrido, sem embargo da dedução operada pelo despacho de fls 684/685, que não mereceu reparo ao interessado e por isso está a coberto do caso julgado por ele constituído. Em suma: - Nada obsta a que na apelação da sentença homologatória da partilha se conheça dos termos do despacho que lhe conferiu forma ainda que a dissidência da apelante seja centrada sobre a decisão que desatendeu a reclamação contra o mapa; - Só pode ser relevado no despacho determinativo da partilha e abatido ao património comum o passivo aprovado pelos interessados ou verificado pelo juiz e não também aquele cuja verificação foi relegada para os meios comuns, por decisão transitada. - Não tendo a licitante procedido ao depósito de tornas e requerendo o credor a venda do bem adjudicado, nos termos previstos no nº3 do artigo 1378º do CPC, não há fundamento legal para a dispensar daquele depósito com base em decisão que lhe fixou alimentos; Página 5 / 6

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