Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico para a exposição
Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico para a exposição
ÍNDICE 3 Como usar este guião 3 Frases chave 4 Dunas costeiras marítimas 6 Habitats de água doce 8 Habitats estuarinos e sapais 10 Turfeiras e pântanos 12 Matos e matagais 14 Habitats de montanha 16 Habitats rochosos e grutas 18 Habitats florestais 20 Charnecas e matos das zonas temperada 22 Outros habitats semi-naturais Como usar este guião: Este guião pedagógico da exposição deve ser usado em conjunto com a informação contida nos cartazes, bem como nas páginas internet dedicada aos diferentes habitats aqui abordados. Os estudantes são incentivados a interagir com a exposição e com as páginas internet na procura de soluções às questões levantadas, bem como a outras que os professores e orientadores entendam suscitar. Essa interacção pode ser feita através de códigos QR disponibilizados aqui, e a identificar com o telemóvel de cada um. Por exemplo, para aceder à página internet com o menu da exposição, usar o código ao lado. Frases chave: Biodiversidade: conjunto formado por todas as espécies de seres vivos existentes, pelas suas comunidades, pelos seus ecossistemas e pela sua diversidade genética. Garça-vermelha (Ardea cinerea) Autor: Archibald Thorburn Medronheiro (Arbutus unedo) Autor: Nuno Farinha FICHA TÉCNICA O projecto CIDADANIA, SUSTENTABILIDADE E CONSERVAÇÃO é uma iniciativa dinamizada pelo FAPAS e apoiada pelo Fundo Ambiental, no âmbito da Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020. Coordenação: Paulo Santos, Nuno Forner, Lucília Guedes e Ana Sofia Vaz Textos: João Campos, Ana Sofia Vaz, Lucília Guedes e Paulo Santos Direção de Arte e Fotografia: Nuno Farinha Website: Ricardo Marques FAPAS, 2017 Contacto: cidadania@fapas.pt Serviços de ecossistema: são bens e serviços ambientais que as pessoas obtêm dos ecossistemas naturais e semi- -naturais; consistem nos processos através dos quais os ecossistemas naturais sustentam e satisfazem a população humana, sendo que mantêm a biodiversidade e produzem bens, como o alimento e produtos farmacêuticos. Espécies exóticas: uma espécie é exótica ou não indígena de um determinado local, quando dali não é originária e nunca foi aí registada como ocorrendo naturalmente. Espécies invasoras: é considerada invasora qualquer espécie exótica que desequilibre a estrutura ou o funcionamento de um sistema ecológico. 3
Dunas costeiras marítimas As dunas costeiras são um habitat muito importante distribuído por todo o litoral de Portugal. Para além de serem importantes refúgios de biodiversidade, servem de barreira às grandes subidas de maré. A colonização das dunas por espécies invasoras, como o chorão-daspraias (Carpobrotus edulis) pode levar ao desaparecimento das plantas nativas. A conservação das dunas litorais marítimas portuguesas poderá ser melhorada através de esforços de todos nós no controlo e erradicação de espécies invasoras. 5 - Distingue dunas móveis vivas ou brancas de dunas cinzentas 6 - Indica adaptações da fauna e da flora dunares que lhes permitem sobreviver às condições adversas neste habitat. DESTE 4 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Dunas Costeiras Marítimas 5
Habitats de água doce Existe uma variedade enorme de habitats de água doce, tais como os rios e seus afluentes, lagos, lagoas e charcos. São de particular importância para os anfíbios, tais como sapos, rãs, salamandras e tritões, as plantas aquáticas e a vegetação das margens (denominada vegetação ripária) da qual são típicos os amieiros. Os habitats de água doce são a principal fonte de fornecimento de água doce, para o consumo e abastecimento humano e são cruciais para a produção de alimento, quer proveniente de actividades piscatórias ou das actividades agrícolas. A introdução de espécies invasoras constitui uma ameaça séria e o caso mais preocupante é o jacinto-de-água (Eichhornia crassipes). Acções de erradicação de espécies invasoras já introduzidas também podem ajudar o estado de conservação destes habitats. 5 - Explica a importância da vegetação ripícola. 6 - Dá exemplos de duas espécies de árvores tipicamente ripícolas. 7 - Indica, justificando, um grupo de vertebrados indicador da qualidade deste habitat. DESTE 6 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats de Água Doce 7
Habitats estuarinos e sapais Os estuários são habitats que se formam no final do curso de grandes rios, ocupando áreas ao longo de toda a foz até à fronteira com o mar. A presença de águas salobras e de fracas correntes de maré permitem a formação de lodaçais que, com areia e limos nas zonas mais interiores, são complexos, dinâmicos e muito importantes para a biodiversidade. A morraça (Spartina maritima) é uma planta típica deste habitat, sendo uma das primeiras espécies a fixar-se nos solos alagados. Para além da diversidade da flora estuarina, estes habitats constituem um importante refúgio para a fauna, em especial para muitas espécies de peixes e aves como a garça-real (Ardea cinerea). A pesca destaca-se como uso dos estuários. Um dos exemplos mais graves de espécies invasoras que representam ameaça para a biodiversidade estuarina é a espartina (Spartina densiflora). Acções de erradicação de espécies invasoras e a redução de resíduos são cruciais para qualidade do habitat. 5 - Indica o factor ao qual se deve a zonação existente nas regiões estuarinas. DESTE 8 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Estuarinos e Sapais 9
Turfeiras e pântanos As turfeiras são habitats encharcados com uma elevada acumulação de matéria orgânica resultante da deposição de camadas de vegetação (principalmente musgos e ervas) pouco decompostas. Aí ocorrem espécies raras de flora e fauna como a genciana-das-turfeiras (Gentiana pneumonanthe). As turfeiras desempenham um papel fundamental na regulação do ciclo da água e dos nutrientes. Contudo, algumas espécies de invasoras ameaçam as turfeiras na Europa e nos Açores, tais como a conteira (Hedychium gardnerianum), destruindo-as. A conservação deste habitat passa pela adopção de medidas que diminuam o impacto das actividades humanas. 5 - Enumera os elementos que constituem uma turfeira. 6 - Justifica a designação de relíquias biológicas dada às turfeiras. 7 - Explica como o desaparecimento de turfeiras pode levar à extinção da borboleta-azul. DESTE 10 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Turfeiras e Pântanos 11
Matos e matagais Os matos são habitats cobertos na sua maioria por plantas arbustivas, embora possam conter plantas herbáceas e árvores em menor quantidade. Áreas extensas cobertas por mato mais alto e mais denso são denominadas de matagais. São ambos caracterizados por uma diversidade considerável. Em zonas montanhosas, é frequente encontrar-se matos compostos por giestas (Cytisus sp.), onde vive o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus). Contribuírem na formação e manutenção dos solos e são importantes para as actividades pastoris. A colonização de espécies invasoras constitui uma ameaça preocupante aos matos e matagais. Algumas espécies de invasoras, como as háqueas (Hakea sp.), estão actualmente a ocupar grandes áreas, e a eliminar a vegetação nativa por competição. Acções de remoção de invasoras, permitindo o restabelecimento da vegetação nativa, e outras medidas de conservação como evitar e reduzir os fogos, poderão ser passos decisivos para salvaguardar estes importantes habitats. 5 - Justificar o facto de o conjunto de matos e matagais serem refúgio para muitas espécies. 6 - Refere os principais grupos de espécies de fauna autóctone que podem ser encontrados nestes habitats. 7 - Indica em que tipos de matos podemos encontrar como espécie vegetal dominante, Cytisus sp. DESTE 12 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Matos e Matagais 13
Habitats de montanha As montanhas podem conter uma grande variedade de habitats, assumindo um papel fundamental como refúgio para a biodiversidade. As regiões baixas e intermédias são compostas por florestas, bosques e matos, dos quais se destacam carvalhais (Quercus robur, Quercus pyrenaica). É necessário saber distinguir as florestas verdadeiras das plantações de árvores (pinhais e eucaliptais) que não são verdadeiras florestas. Em maior altitude o coberto vegetal é menos desenvolvido, com prados e zimbrais (Juniperus spp.). O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e outras espécies utilizam estes habitats como refúgio. Os serviços mais importantes, para além do fornecimento de refúgios à biodiversidade, são a regulação do ciclo da água e o sequestro de carbono da atmosfera. As espécies invasoras podem ser uma ameaça para a flora e fauna nativa das montanhas, geralmente compostas por espécies muito sensíveis a perturbações do meio. As acácias (Acacia spp.) e a robínia (Robinia pseudoacacia) são capazes de invadir estes habitats. Alertar as pessoas para os impactos negativos causados pelas invasões, poderá diminuir os riscos de plantações de espécies exóticas e libertações de animais exóticos, com potencialidade para se tornarem invasores. 5 - Indica duas das espécies para as quais as regiões de montanha constituem o último refugio. 6 - Reflecte sobre o papel das florestas de montanha no combate às mudanças climáticas. DESTE 14 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats de Montanha 15
Habitats rochosos e grutas Os habitats são compostos por rochas, ou por formações rochosas que sofreram efeitos de erosão como as escarpas montanhosas, as falésias rochosas costeiras ou as grutas. As espécies adaptadas a habitats rochosos chamam-se espécies rupícolas (ou cavernícolas, no caso das grutas) como as saxifragas (Saxifraga sp.) ou o narciso-das-rochas (Narcissus rupicola). As escarpas são importantes para as aves de grande porte, como a águia-real (Aquila chrysaetos). Estes habitats enriquecem o valor turístico da paisagem e permitem actividades desportivas, de lazer e de turismo, sendo as grutas podem ser autênticos museus onde podem ser descobertas relíquias arqueológicas e paleontológicas. Espécies invasoras como as opúncias (Opuntia sp.) competem pelo espaço, água e nutrientes, podendo levar à extinção local das plantas nativas e aumentam a erosão. O controlo de introduções de espécies invasoras e acções de erradicação podem ter um papel fundamental na sobrevivência da flora e fauna nativas rupícola, assim como na redução da erosão a que estes habitats estão sujeitos. 5 - Identifica-a afirmação verdadeira referente ao habitat grutas : a) as grutas funcionam como reservatórios de calor e humidade, garantindo as condições necessárias para a hibernação de algumas espécies; b) a biodiversidade das grutas é muito pobre devido à ausência de luz. 6 - Enumera os principais habitats rochosos. DESTE 16 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Rochosos e Grutas 17
Habitats florestais As florestas são habitats caracterizados pela presença de grandes densidades de árvores. Os bosques, isto é, áreas mais pequenas e abertas com menor coberto de árvores, arbustos e plantas herbáceas, também podem ser considerados habitats florestais. Não confundir DESTE com plantações florestais (pinhais e eucaliptais) que não são verdadeiras florestas. No norte ocorrem florestas de carvalho-alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica). No sul do país, podemos encontrar azinhais (florestas de azinheira; Quercus ilex). A grande diversidade florestal fornece abrigo para muitas espécies da fauna, como o gato-silvestre (Felis silvestris) e o açor (Accipiter gentilis). As florestas são responsáveis pela manutenção dos ciclos da água e dos nutrientes. Contudo, os fogos e espécies invasoras como a vespa-asiática (Vespa velutina) reduzem esses serviços. Por isso a minimização da desflorestação e a fiscalização de todos nós é indispensável para o restabelecimento natural das florestas. 5 - Indica qual das características listadas abaixo não pode ser atribuída à floresta: a) As florestas fixam o carbono atmosférico; b) As florestas protegem os solos; c) As florestas regularizam os regimes hídricos; d) As florestas são um sumidouro de oxigénio; e) As florestas valorizam a paisagem. 6 - Indica o nome da planta que é autóctone, das listadas abaixo: a) Acácia (Acacia cyclops); b) Carvalho vermelho americano (Quercus rubra); c) Loureiro (Laurus nobilis); d) Eucalipto (Eucalyptus globulus). 7 - Identifica as diferenças entre floresta e plantação florestal. 18 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Florestais 19
Charnecas e matos das zonas temperadas As charnecas são habitats compostos por vegetação arbustiva pouco desenvolvida e descontínua, e formam-se por degradação de outros habitats. São zonas pouco produtivas, mas são importantes para a biodiversidade, como as urzes (Calluna vugaris e Erica sp.), o peneireiro- -comum (Falco tinnunculus) ou o lacrau (Buthus ibericus). A produção de mel, extraído a partir das flores das urzes, é uma actividade comum e rentável nestes habitats que, ao serem invadidos por espécies como a erva-das-pampas (Cortaderia selloana), perdem valor. Assim, a diminuição da taxa de fogo e acções de erradicação das invasoras permitirá reduzir o impacto destas espécies na flora e fauna nativa das charnecas. 5 - Explica como estes habitats se tornaram zonas pouco produtivas. 6 - Exemplifica características adaptativas de alguns anfíbios à aridez das charnecas. DESTE 20 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Charnecas e Matos das Zonas Temperadas 21
Outros habitats semi-naturais Os habitats semi-naturais são originados pela intervenção humana contínua, sem que percam, no entanto, funcionalidade ecológica. Em Portugal, destacam-se os prados e pradarias, as estepes e o montado alentejano. Este último, por exemplo, é tipicamente ocupado por sobreiros, azinheiras e carvalhos, que se encontram distribuídos de forma dispersa entre áreas mais abertas de vegetação herbácea. Devido à diversidade de invertebrados e à vegetação abundante, os habitats semi-naturais são autênticas fontes de alimento para outras espécies de invertebrados, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Os habitats semi-naturais são essenciais para o desenvolvimento de actividades pastoris, a agricultura e a apicultura, sendo importantes na produção de alimentos. 5 - Enumera alguns vários habitats semi-naturais que se podem identificar em Portugal. 6 - Identifica as variedades florísticas características dos montados. DESTE A introdução de espécies invasoras como por exemplo a planta azeda (Oxalis pes-caprae) ou a ratazana-castanha (Rattus norvegicus), constitui um impacto negativo, reduzindo a diversidade de espécies autóctones e a produtividade desses habitats. Por estas razões, as actividades humanas devem ser equilibradas por forma a promover a sustentabilidade destes habitats. 22 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Outros Habitats Semi-naturais 23
O FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens, é uma organização não governamental de ambiente, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída em 1990 por cidadãos com longa experiência no domínio da conservação da Natureza, vocacionada para a promoção de acções que visam a conservação activa da biodiversidade e dos ecossistemas. Agindo sempre de forma livre e independente, o FAPAS é financiado com as quotas dos seus associados, com apoio mecenático de diversas entidades para campanhas e acções, e com verbas da União Europeia para o desenvolvimento de projectos. Conta ainda com o apoio técnico de técnicos de ambiente, biólogos e juristas, para suporte científico e legal das suas acções e intervenções. Mantém contactos internacionais com associações congéneres, nomeadamente espanholas e é membro da IUCN (International Union for the Conservation of Nature). Desde a sua fundação, o FAPAS desenvolveu inúmeras iniciativas, que podem agrupar-se em grandes vertentes: conservação da natureza, acompanhamento das praticas e politicas de ambiente, educação ambiental, formação e edições. 24 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico
INTERNET DOS S INTERNET DO PROJETO INTERNET DOS ESPÉCIES Este projeto expositivo apresenta uma viagem ricamente ilustrada pelos principais habitats e ecossistemas de Portugal, descrevendo sucintamente como são, quais os seus principais valores de biodiversidade, que serviços prestam os ecossistemas que representam, que impactos têm ocorrido nos mesmos, e quais as principais medidas de conservação a adoptar para cada um. Para descobrir nesta exposição itinerante, ou de forma interativa em plataformas móveis com sistemas de leitura de QRCodes.