Cidadania, Sustentabilidade e Conservação

Documentos relacionados
PODES FOLHEAR AQUI O GUIÃO

É uma floresta de árvores originárias do próprio território. Neste caso, a floresta autóctone portuguesa é toda a floresta formada por árvores

O que foi o Millennium Ecosystem Assessment?

Impactes sectoriais. Sistemas ecológicos e biodiversidade. Impactes Ambientais 6 ª aula Prof. Doutora Maria do Rosário Partidário

BRIGHT - Bussaco s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats

BIODIVERSIDADE. Paula Cristina Silva. Fórum Eco-Escolas, 9 de Setembro de 2009, Abrantes. QUEROVENTO Serviços em Ambiente, Lda.

José Conchinha Associação de Municípios do Norte Alentejano. Castelo de Vide - 27 de Outubro de 2008

BOLETIM MENSAL Nº 46 MAIO DE FUNCHAL Parque Ecológico do Funchal

Alterações Climáticas, Florestas e Biodiversidade

FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DA REN

X Olimpíadas da Floresta 2009/2010. Teste C (3º Ciclo) Primeira Fase

($ Arquitetura Civil - Quintas!$ Arquitetura Civil - Outros elementos

VOLUME II Introdução e enquadramento

NATUREZA E BIODIVERSIDADE. Que vantagens lhe trazem?

Escola Secundária na Maia. Curso Profissional Técnico de Electrotecnia

Produção do tema Números de Escoamento

Jornadas Locais sobre Sustentabilidade. A Atividade Produtiva como Suporte de Biodiversidade nos Montado de Sobro. Pinhal Novo

Habitats naturais e semi-naturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/ * Lagunas costeiras 1210 Vegetação anual das zonas de acumulação

Plantas invasoras - um grave problema ambiental que pode afectar a saúde

Actividades Ruidosas Permanentes Zonas Sensíveis Zonas Mistas Zonas de Conflito Acústico

SPARTINA PATENS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO DE UMA PLANTA INVASORA DOS

PACK. Visita de comboio + Atelier de apicultura + Demonstração de voo livre das aves de rapina

GEOGRAFIA PROFºEMERSON

O Projecto BRIGHT - 2 anos. Nelson Matos Joni Vieira Anabela Bem Haja Luis Jordão António Franco

À descoberta do Ambiente Natural. À descoberta dos materiais e objetos

Dia 5 de Junho de 2010 Os Mistérios da Borboleta Azul no Água Hotels

Biomas / Ecossistemas brasileiros

FAGOSILVA. Lísia Lopes. Lísia Lopes, Rosa Pinho e Paula Maia. Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Figura 2 Carvalhal

Relatório de conformidade com o Plano Setorial da Rede Natura 2000

FLORESTAS E BIODIVERSIDADE. Coordenador: Professor João Santos Pereira. Florestas Engº. Alexandre Vaz Correia Engª Alexandra Pires Correia

UM BOSQUE PERTO DE SI Vamos construir o mapa dos Ecossistemas Florestais Portugueses

Gestão florestal para a conservação da natureza - o caso da Faia Brava

Nuno de Santos Loureiro Universidade do Algarve. Combate à Desertificação e Desenvolvimento Sustentável

Programa de Educação Ambiental

1 Biodiversidade espécies brasileiras ameaçadas de extinção, sobreexplotadas exploração

Experiência do Município de Torres Vedras no controlo e erradicação de espécies invasoras Projetos inovadores

Relatório sobre a Aplicação da Directiva Habitats em Portugal

Nortenatur Gestão e Conservação de Habitats de S. Mamede e Nisa Projecto Life Natureza nº LIFE04/NAT/PT/000214

Os desafios da Biodiversidade Urbana em Lisboa. Fernando Louro Alves Grupo de Missão Biodiversidade 2020 CML DMAU DAEP - DGMPFM

AMBIENTE E TERRITÓRIO 9 ª aula

FRAGMENTOS FLORESTAIS

A Flora e vegetação nas Quintas do Douro vinhateiro

Problemas ambientais globais. Gestão da Floresta Desertificação. 1º Ano Eng.ª Ambiente /2017. Tipos de florestas e sua importância

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 882/XII/3.ª RECOMENDA AO GOVERNO MEDIDAS DE PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DO MONTADO (SOBREIRO E AZINHEIRA)

PACK. Visita de Comboio + Atelier de Apicultura + Demonstração de Voo Livre das Aves de Rapina + +

Biosfera: abrange todas as formas de vida e respectivos ambientes. Corresponde a uma fina película l que se estende desde cerca de 9000 metros acima

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhora e Senhores Membros do Governo

Faia Brava área protegida privada. A importância do olival biológico. 3. Caracterização de valores Unidades de paisagem

Relevo brasileiro GEOGRAFIA 5º ANO FONTE: IBGE

Carta da comunidade científica do VI Simpósio de Restauração Ecológica à população (2015).

É importante que você conheça os principais biomas brasileiros e compreenda as características.

A Reconversão da Faixa de Protecção das Linhas de Transporte de Energia da RNT

Análise Sociológica Tema 2 Impactes das actividades económicas no ambiente Aulas Práticas

ÍNDICE. Resumo Introdução Vantagens da Floresta Autóctone Enquadramento histórico... 5

Disciplina: Manejo de Fauna Professor ANTÔNIO L. RUAS NETO

As zonas húmidas são dos ecossistemas mais ricos e

Oleiros: floresta de oportunidades

Espécies exóticas ou Não-indígenas espécies introduzidas em áreas onde não ocorrem naturalmente, sobretudo por acção humana

Compreender a importância da diversidade biológica na manutenção da vida. Identificar diferentes tipos de interacção entre seres vivos e ambiente.

Case study. Integrar a Conservação da Biodiversidade no Modelo de Gestão Florestal BIODIVERSIDADE E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL EMPRESA ENVOLVIMENTO

Biodiversidade funcional nas vinhas da Região Demarcada do Douro

Ordenamento do território

A comunidade é um conjunto de populações de diferentes espécies existentes num determinado espaço durante um período de tempo

Impactes na biodiversidade

Programa de Educação Ambiental

Plano de Ordenamento da Reserva Natural da Serra da Malcata

Projecto Criar Bosques

A experiência na óptica da Conservação da Natureza

MEC, 4º ano, 2º sem, Desafios Ambientais e de Sustentabilidade em Engenharia. Alterações globais. 3ª aula Maria do Rosário Partidário

VALE DOTUA MICRO-RESERVAS

COMPONENTE AGRO E SILVO AMBIENTAL BALDIOS DE SÃO PEDRO - MANTEIGAS

Cláudio Santos - Biologia

Informação sobre Ecossistemas Locais

PANTANAL E MANGUEZAIS

Seminário Explorações a Céu Aberto Novos desenvolvimentos

Diversidade biológica e diversidade de paisagens em montados

Seminário: Incluir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável no processo da EA

Boas Práticas de Gestão Sustentável da Terra (GST) na Província do Huambo, Extensívo a Outros Locais do País Projecto ELISA

Serviços Ambientais. Do conceito às ações praticadas pelo setor de árvores plantadas. Imagem Arq. Suzano

FORMAÇÕES VEGETAIS DA TERRA

Biomas Terrestres e Ambientes Aquáticos

Lote 1: Floresta (Florestal Ombrófila Densa) Lote 2: Campos (Estepe) e Floresta (Floresta Ombrófila Mista)

Jael Palhas José Teixeira Vera Ventura Armando Alves Vasco Flores Cruz. Jornadas de Educação Ambiental - Paisagens Educativas

Oficinas de Ambiente

Biodiversidade e prosperidade económica

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO I ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 4.º ANO/EF 2017

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA

FICHA DE CAMPO Nº1. Equipamentos X Nº Equipamentos X Nº

Ciências Naturais, 5º Ano. Ciências Naturais, 5º Ano FICHA DE TRABALHO 1. Escola: Nome: Turma: N.º:

Florestas, Alterações Climáticas e Biodiversidade

SERVICOS ECOSSITEMICOS E SUA IMPORTANCIA. Angélica María Mosquera Muñoz Bióloga Estudante mestrado de PGT UFABC

PLANO DE ORDENAMENTO DA PAISAGEM PROTEGIDA DO CORNO DO BICO. Programa de execução

TIPOS DE VEGETAÇÃO E OS BIOMAS BRASILEIROS. Profº Gustavo Silva de Souza

Controlo de Invasoras. A experiência de Montemor-o-Novo

Mata Nacional do Buçaco. Floresta Certificada

ECOLOGIA 1- Trilha Sensitiva 2- Trilha da Água Pura 3- Eco-Origem 4- Expresso Ecológico. ANIMAIS SUSTENTÁVEIS 1- Minhocário 2- Abelhas sem ferrão

BIOMAS. Professora Débora Lia Ciências/Biologia

Mil Madeiras Preciosas ltda. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PC-007/2007

BIOMAS DO BRASIL E DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS. Prof ª Gustavo Silva de Souza

4ºENCONTRO REDECOR O Montado de Sobro e a Fileira da Cortiça em Portugal e Espanha 26 /11 /2014

Transcrição:

Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico para a exposição

Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico para a exposição

ÍNDICE 3 Como usar este guião 3 Frases chave 4 Dunas costeiras marítimas 6 Habitats de água doce 8 Habitats estuarinos e sapais 10 Turfeiras e pântanos 12 Matos e matagais 14 Habitats de montanha 16 Habitats rochosos e grutas 18 Habitats florestais 20 Charnecas e matos das zonas temperada 22 Outros habitats semi-naturais Como usar este guião: Este guião pedagógico da exposição deve ser usado em conjunto com a informação contida nos cartazes, bem como nas páginas internet dedicada aos diferentes habitats aqui abordados. Os estudantes são incentivados a interagir com a exposição e com as páginas internet na procura de soluções às questões levantadas, bem como a outras que os professores e orientadores entendam suscitar. Essa interacção pode ser feita através de códigos QR disponibilizados aqui, e a identificar com o telemóvel de cada um. Por exemplo, para aceder à página internet com o menu da exposição, usar o código ao lado. Frases chave: Biodiversidade: conjunto formado por todas as espécies de seres vivos existentes, pelas suas comunidades, pelos seus ecossistemas e pela sua diversidade genética. Garça-vermelha (Ardea cinerea) Autor: Archibald Thorburn Medronheiro (Arbutus unedo) Autor: Nuno Farinha FICHA TÉCNICA O projecto CIDADANIA, SUSTENTABILIDADE E CONSERVAÇÃO é uma iniciativa dinamizada pelo FAPAS e apoiada pelo Fundo Ambiental, no âmbito da Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020. Coordenação: Paulo Santos, Nuno Forner, Lucília Guedes e Ana Sofia Vaz Textos: João Campos, Ana Sofia Vaz, Lucília Guedes e Paulo Santos Direção de Arte e Fotografia: Nuno Farinha Website: Ricardo Marques FAPAS, 2017 Contacto: cidadania@fapas.pt Serviços de ecossistema: são bens e serviços ambientais que as pessoas obtêm dos ecossistemas naturais e semi- -naturais; consistem nos processos através dos quais os ecossistemas naturais sustentam e satisfazem a população humana, sendo que mantêm a biodiversidade e produzem bens, como o alimento e produtos farmacêuticos. Espécies exóticas: uma espécie é exótica ou não indígena de um determinado local, quando dali não é originária e nunca foi aí registada como ocorrendo naturalmente. Espécies invasoras: é considerada invasora qualquer espécie exótica que desequilibre a estrutura ou o funcionamento de um sistema ecológico. 3

Dunas costeiras marítimas As dunas costeiras são um habitat muito importante distribuído por todo o litoral de Portugal. Para além de serem importantes refúgios de biodiversidade, servem de barreira às grandes subidas de maré. A colonização das dunas por espécies invasoras, como o chorão-daspraias (Carpobrotus edulis) pode levar ao desaparecimento das plantas nativas. A conservação das dunas litorais marítimas portuguesas poderá ser melhorada através de esforços de todos nós no controlo e erradicação de espécies invasoras. 5 - Distingue dunas móveis vivas ou brancas de dunas cinzentas 6 - Indica adaptações da fauna e da flora dunares que lhes permitem sobreviver às condições adversas neste habitat. DESTE 4 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Dunas Costeiras Marítimas 5

Habitats de água doce Existe uma variedade enorme de habitats de água doce, tais como os rios e seus afluentes, lagos, lagoas e charcos. São de particular importância para os anfíbios, tais como sapos, rãs, salamandras e tritões, as plantas aquáticas e a vegetação das margens (denominada vegetação ripária) da qual são típicos os amieiros. Os habitats de água doce são a principal fonte de fornecimento de água doce, para o consumo e abastecimento humano e são cruciais para a produção de alimento, quer proveniente de actividades piscatórias ou das actividades agrícolas. A introdução de espécies invasoras constitui uma ameaça séria e o caso mais preocupante é o jacinto-de-água (Eichhornia crassipes). Acções de erradicação de espécies invasoras já introduzidas também podem ajudar o estado de conservação destes habitats. 5 - Explica a importância da vegetação ripícola. 6 - Dá exemplos de duas espécies de árvores tipicamente ripícolas. 7 - Indica, justificando, um grupo de vertebrados indicador da qualidade deste habitat. DESTE 6 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats de Água Doce 7

Habitats estuarinos e sapais Os estuários são habitats que se formam no final do curso de grandes rios, ocupando áreas ao longo de toda a foz até à fronteira com o mar. A presença de águas salobras e de fracas correntes de maré permitem a formação de lodaçais que, com areia e limos nas zonas mais interiores, são complexos, dinâmicos e muito importantes para a biodiversidade. A morraça (Spartina maritima) é uma planta típica deste habitat, sendo uma das primeiras espécies a fixar-se nos solos alagados. Para além da diversidade da flora estuarina, estes habitats constituem um importante refúgio para a fauna, em especial para muitas espécies de peixes e aves como a garça-real (Ardea cinerea). A pesca destaca-se como uso dos estuários. Um dos exemplos mais graves de espécies invasoras que representam ameaça para a biodiversidade estuarina é a espartina (Spartina densiflora). Acções de erradicação de espécies invasoras e a redução de resíduos são cruciais para qualidade do habitat. 5 - Indica o factor ao qual se deve a zonação existente nas regiões estuarinas. DESTE 8 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Estuarinos e Sapais 9

Turfeiras e pântanos As turfeiras são habitats encharcados com uma elevada acumulação de matéria orgânica resultante da deposição de camadas de vegetação (principalmente musgos e ervas) pouco decompostas. Aí ocorrem espécies raras de flora e fauna como a genciana-das-turfeiras (Gentiana pneumonanthe). As turfeiras desempenham um papel fundamental na regulação do ciclo da água e dos nutrientes. Contudo, algumas espécies de invasoras ameaçam as turfeiras na Europa e nos Açores, tais como a conteira (Hedychium gardnerianum), destruindo-as. A conservação deste habitat passa pela adopção de medidas que diminuam o impacto das actividades humanas. 5 - Enumera os elementos que constituem uma turfeira. 6 - Justifica a designação de relíquias biológicas dada às turfeiras. 7 - Explica como o desaparecimento de turfeiras pode levar à extinção da borboleta-azul. DESTE 10 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Turfeiras e Pântanos 11

Matos e matagais Os matos são habitats cobertos na sua maioria por plantas arbustivas, embora possam conter plantas herbáceas e árvores em menor quantidade. Áreas extensas cobertas por mato mais alto e mais denso são denominadas de matagais. São ambos caracterizados por uma diversidade considerável. Em zonas montanhosas, é frequente encontrar-se matos compostos por giestas (Cytisus sp.), onde vive o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus). Contribuírem na formação e manutenção dos solos e são importantes para as actividades pastoris. A colonização de espécies invasoras constitui uma ameaça preocupante aos matos e matagais. Algumas espécies de invasoras, como as háqueas (Hakea sp.), estão actualmente a ocupar grandes áreas, e a eliminar a vegetação nativa por competição. Acções de remoção de invasoras, permitindo o restabelecimento da vegetação nativa, e outras medidas de conservação como evitar e reduzir os fogos, poderão ser passos decisivos para salvaguardar estes importantes habitats. 5 - Justificar o facto de o conjunto de matos e matagais serem refúgio para muitas espécies. 6 - Refere os principais grupos de espécies de fauna autóctone que podem ser encontrados nestes habitats. 7 - Indica em que tipos de matos podemos encontrar como espécie vegetal dominante, Cytisus sp. DESTE 12 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Matos e Matagais 13

Habitats de montanha As montanhas podem conter uma grande variedade de habitats, assumindo um papel fundamental como refúgio para a biodiversidade. As regiões baixas e intermédias são compostas por florestas, bosques e matos, dos quais se destacam carvalhais (Quercus robur, Quercus pyrenaica). É necessário saber distinguir as florestas verdadeiras das plantações de árvores (pinhais e eucaliptais) que não são verdadeiras florestas. Em maior altitude o coberto vegetal é menos desenvolvido, com prados e zimbrais (Juniperus spp.). O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e outras espécies utilizam estes habitats como refúgio. Os serviços mais importantes, para além do fornecimento de refúgios à biodiversidade, são a regulação do ciclo da água e o sequestro de carbono da atmosfera. As espécies invasoras podem ser uma ameaça para a flora e fauna nativa das montanhas, geralmente compostas por espécies muito sensíveis a perturbações do meio. As acácias (Acacia spp.) e a robínia (Robinia pseudoacacia) são capazes de invadir estes habitats. Alertar as pessoas para os impactos negativos causados pelas invasões, poderá diminuir os riscos de plantações de espécies exóticas e libertações de animais exóticos, com potencialidade para se tornarem invasores. 5 - Indica duas das espécies para as quais as regiões de montanha constituem o último refugio. 6 - Reflecte sobre o papel das florestas de montanha no combate às mudanças climáticas. DESTE 14 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats de Montanha 15

Habitats rochosos e grutas Os habitats são compostos por rochas, ou por formações rochosas que sofreram efeitos de erosão como as escarpas montanhosas, as falésias rochosas costeiras ou as grutas. As espécies adaptadas a habitats rochosos chamam-se espécies rupícolas (ou cavernícolas, no caso das grutas) como as saxifragas (Saxifraga sp.) ou o narciso-das-rochas (Narcissus rupicola). As escarpas são importantes para as aves de grande porte, como a águia-real (Aquila chrysaetos). Estes habitats enriquecem o valor turístico da paisagem e permitem actividades desportivas, de lazer e de turismo, sendo as grutas podem ser autênticos museus onde podem ser descobertas relíquias arqueológicas e paleontológicas. Espécies invasoras como as opúncias (Opuntia sp.) competem pelo espaço, água e nutrientes, podendo levar à extinção local das plantas nativas e aumentam a erosão. O controlo de introduções de espécies invasoras e acções de erradicação podem ter um papel fundamental na sobrevivência da flora e fauna nativas rupícola, assim como na redução da erosão a que estes habitats estão sujeitos. 5 - Identifica-a afirmação verdadeira referente ao habitat grutas : a) as grutas funcionam como reservatórios de calor e humidade, garantindo as condições necessárias para a hibernação de algumas espécies; b) a biodiversidade das grutas é muito pobre devido à ausência de luz. 6 - Enumera os principais habitats rochosos. DESTE 16 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Rochosos e Grutas 17

Habitats florestais As florestas são habitats caracterizados pela presença de grandes densidades de árvores. Os bosques, isto é, áreas mais pequenas e abertas com menor coberto de árvores, arbustos e plantas herbáceas, também podem ser considerados habitats florestais. Não confundir DESTE com plantações florestais (pinhais e eucaliptais) que não são verdadeiras florestas. No norte ocorrem florestas de carvalho-alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica). No sul do país, podemos encontrar azinhais (florestas de azinheira; Quercus ilex). A grande diversidade florestal fornece abrigo para muitas espécies da fauna, como o gato-silvestre (Felis silvestris) e o açor (Accipiter gentilis). As florestas são responsáveis pela manutenção dos ciclos da água e dos nutrientes. Contudo, os fogos e espécies invasoras como a vespa-asiática (Vespa velutina) reduzem esses serviços. Por isso a minimização da desflorestação e a fiscalização de todos nós é indispensável para o restabelecimento natural das florestas. 5 - Indica qual das características listadas abaixo não pode ser atribuída à floresta: a) As florestas fixam o carbono atmosférico; b) As florestas protegem os solos; c) As florestas regularizam os regimes hídricos; d) As florestas são um sumidouro de oxigénio; e) As florestas valorizam a paisagem. 6 - Indica o nome da planta que é autóctone, das listadas abaixo: a) Acácia (Acacia cyclops); b) Carvalho vermelho americano (Quercus rubra); c) Loureiro (Laurus nobilis); d) Eucalipto (Eucalyptus globulus). 7 - Identifica as diferenças entre floresta e plantação florestal. 18 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Habitats Florestais 19

Charnecas e matos das zonas temperadas As charnecas são habitats compostos por vegetação arbustiva pouco desenvolvida e descontínua, e formam-se por degradação de outros habitats. São zonas pouco produtivas, mas são importantes para a biodiversidade, como as urzes (Calluna vugaris e Erica sp.), o peneireiro- -comum (Falco tinnunculus) ou o lacrau (Buthus ibericus). A produção de mel, extraído a partir das flores das urzes, é uma actividade comum e rentável nestes habitats que, ao serem invadidos por espécies como a erva-das-pampas (Cortaderia selloana), perdem valor. Assim, a diminuição da taxa de fogo e acções de erradicação das invasoras permitirá reduzir o impacto destas espécies na flora e fauna nativa das charnecas. 5 - Explica como estes habitats se tornaram zonas pouco produtivas. 6 - Exemplifica características adaptativas de alguns anfíbios à aridez das charnecas. DESTE 20 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Charnecas e Matos das Zonas Temperadas 21

Outros habitats semi-naturais Os habitats semi-naturais são originados pela intervenção humana contínua, sem que percam, no entanto, funcionalidade ecológica. Em Portugal, destacam-se os prados e pradarias, as estepes e o montado alentejano. Este último, por exemplo, é tipicamente ocupado por sobreiros, azinheiras e carvalhos, que se encontram distribuídos de forma dispersa entre áreas mais abertas de vegetação herbácea. Devido à diversidade de invertebrados e à vegetação abundante, os habitats semi-naturais são autênticas fontes de alimento para outras espécies de invertebrados, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Os habitats semi-naturais são essenciais para o desenvolvimento de actividades pastoris, a agricultura e a apicultura, sendo importantes na produção de alimentos. 5 - Enumera alguns vários habitats semi-naturais que se podem identificar em Portugal. 6 - Identifica as variedades florísticas características dos montados. DESTE A introdução de espécies invasoras como por exemplo a planta azeda (Oxalis pes-caprae) ou a ratazana-castanha (Rattus norvegicus), constitui um impacto negativo, reduzindo a diversidade de espécies autóctones e a produtividade desses habitats. Por estas razões, as actividades humanas devem ser equilibradas por forma a promover a sustentabilidade destes habitats. 22 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico Outros Habitats Semi-naturais 23

O FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens, é uma organização não governamental de ambiente, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída em 1990 por cidadãos com longa experiência no domínio da conservação da Natureza, vocacionada para a promoção de acções que visam a conservação activa da biodiversidade e dos ecossistemas. Agindo sempre de forma livre e independente, o FAPAS é financiado com as quotas dos seus associados, com apoio mecenático de diversas entidades para campanhas e acções, e com verbas da União Europeia para o desenvolvimento de projectos. Conta ainda com o apoio técnico de técnicos de ambiente, biólogos e juristas, para suporte científico e legal das suas acções e intervenções. Mantém contactos internacionais com associações congéneres, nomeadamente espanholas e é membro da IUCN (International Union for the Conservation of Nature). Desde a sua fundação, o FAPAS desenvolveu inúmeras iniciativas, que podem agrupar-se em grandes vertentes: conservação da natureza, acompanhamento das praticas e politicas de ambiente, educação ambiental, formação e edições. 24 Cidadania, Sustentabilidade e Conservação Guião Pedagógico

INTERNET DOS S INTERNET DO PROJETO INTERNET DOS ESPÉCIES Este projeto expositivo apresenta uma viagem ricamente ilustrada pelos principais habitats e ecossistemas de Portugal, descrevendo sucintamente como são, quais os seus principais valores de biodiversidade, que serviços prestam os ecossistemas que representam, que impactos têm ocorrido nos mesmos, e quais as principais medidas de conservação a adoptar para cada um. Para descobrir nesta exposição itinerante, ou de forma interativa em plataformas móveis com sistemas de leitura de QRCodes.