Seminário 5 de Fevereiro de 2009 Novas Regras do Licenciamento Comercial Decreto-Lei n.º 21/2009, de 19 de Janeiro Raul Mota Cerveira Advogado Miranda Correia Amendoeira & Associados
Considerações gerais Diplomas revogados - Artigo 27.º O DL 21/2009, entra em vigor em 19 de Abril - 90 dias contados da data da sua publicação Revoga os seguintes diplomas (i) Lei n.º 12/2004, de 30 de Março (ii) Portaria n.º 518/2004, de 20 de Maio (estabelece as regras de funcionamento das comissões regionais e das comissões concelhias) (iii) Portaria n.º 519/2004, de 20 de Maio (define o calendário a que deve obedecer o sistema de faseamento) (iv) Portaria n.º 520/2004, de 20 de Maio (define a fórmula, metodologia e restantes regras para avaliação, pontuação e hierarquização dos projectos) (v) Portaria n.º 620/2004, de 7 de Junho (estabelece o montante de determinação dos montantes das taxas e dos critérios para a sua actualização) 2
Considerações gerais Diplomas a aprovar para execução do DL 21/2009 Portaria a definir nova metodologia para determinação da Valia do Projecto ( VP ), sua aplicação aos estabelecimentos de retalho alimentar e misto, não alimentar e conjuntos comerciais, bem como as restantes regras técnicas necessárias à execução dos parâmetros para elaboração do relatório n.º 4 do Artigo 10.º Portaria que defina as regras de funcionamento das Comissões de Autorização Comercial ( COMAC ) n.º 2 do Artigo 12.º Diploma regulamentar que desenvolva o sistema de informação (funcionamento da plataforma electrónicas, modelos de requerimentos, protecção de dados pessoais, de segredos profissionais, etc.) Artigo 7.º 3
Considerações gerais Outros diplomas/regimes jurídicos indissociáveis Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, aprovado pelo DL 555/99, de 16 de Dezembro, na redacção conferida pelo DL 18/2008, de 29 de Janeiro e DL 116/2008, de 4 de Julho vide Artigo 5.º Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, aprovado pelo DL 380/99, de 22 de Setembro, na redacção última constante do DL 316/2007, de 19 de Setembro Regime Jurídico da Avaliação do Impacte Ambiental, aprovado pelo DL n.º 69/2000, de 3 de Maio, com a redacção conferida pelo DL n.º 197/2005, de 8 de Novembro - vide Artigo 5.º 4
Âmbito de aplicação A que estabelecimentos se aplica este diploma? O DL 21/2009 abrange as operações de instalação e modificação dos seguintes estabelecimentos: Estabelecimento de comércio a retalho isoladamente considerados ou inseridos em conjuntos comerciais - com área = / > 2000m2 [ 500m2] - que, independentemente da área de venda, (i) pertençam a uma empresa que utilize uma ou mais insígnias ou estejam integradas num grupo (ii) que disponham a nível nacional (iii) de uma área de venda acumulada = / > a 30 000 m2 [5000m2] Conjuntos comerciais que tenham uma área bruta locável = / > a 8000 m2 [6000 m2] Estabelecimentos e conjuntos comerciais referidos supra, inactivos há mais de 1 ano, cujos titulares pretendam reiniciar a actividade 5
Âmbito de aplicação Estabelecimentos excluídos Estabelecimentos de comércio por grosso (ou em livre serviço) [com área de venda = / > a 5000 m2 ou que pertencessem a uma empresa que utilizasse uma ou mais insígnias ou estivessem integradas num grupo que dispusesse a nível nacional de uma área de venda acumulada = / > a 30 000 m2] Estabelecimentos de comércio a retalho pertencentes a micro empresas juridicamente distintas mas que utilizem uma insígnia comum Estabelecimentos pertencentes a sociedades cujo capital seja subscrito maioritariamente por micro empresas Estabelecimentos especializados de comércio a retalho de armas, munições, de combustíveis para veículos a motor e farmácias 6
Aplicação a procedimentos pendentes Artigo 26.º Os procedimentos de estabelecimentos e conjuntos comerciais em curso e que não fiquem abrangidos pelo novo regime são extintos Os procedimentos em curso, não incluídos no ponto anterior, e que ainda não tenham sido alvo de decisão de autorização, são decididos com base nos critérios estabelecidos no DL 21/2009, podendo a DGAE solicitar novos elementos e informações Os pedidos de modificações e as prorrogações das autorizações ainda não decididos, sê-lo-ão à luz do DL 21/2009 O DL 21/2009 não se aplica às modificações de conjuntos comerciais sujeitas a autorização se, no inicio da sua vigência, já tiver sido emitida informação prévia favorável ou licença de construção As autorizações de instalação ou de modificação cujos prazos de caducidade estejam suspensos, caducam definitivamente se, no prazo de 180 dias após a vigência do diploma, não se verificar a entrada em funcionamento do estabelecimento ou conjunto comercial a que respeitam 7
Regimes aplicáveis Autorização e Comunicação Regime da autorização: (i) instalação de estabelecimentos e conjuntos comerciais (ii) Modificação dos estabelecimentos que importem: - Alteração de localização com aumento de área de venda - Alteração da tipologia - Aumento de área de venda - Alteração de insígnia ou do titular da exploração que não ocorra dentro do mesmo grupo. (iii) Modificação dos conjuntos comerciais que importem: - Alteração de localização - Alteração da tipologia - Aumento da área bruta locável [inovação significativa] 8
Regimes aplicáveis Autorização e Comunicação Regime da comunicação: No prazo de 20 dias antes da sua realização. (i) Modificação dos estabelecimentos que importem: - Alteração de localização sem aumento de área de venda - Diminuição da área de venda - Alteração de insígnia ou do titular da exploração dentro do mesmo grupo (iii) Modificação dos conjuntos comerciais que importem: - Diminuição da área bruta locável - Alteração do titular de exploração dos conjuntos comerciais 9
Procedimento de autorização Instrução do requerimento: Informação prévia de localização Junção de PIP que ateste a compatibilidade da localização com os instrumentos de gestão territorial, sempre que a instalação ou modificação importe a realização de operação urbanística sujeita a controlo prévio [por ex., (i) operação de loteamento, (ii) obras de urbanização e trabalhos de remodelação de terrenos em área não abrangida por operação de loteamento, (iii) obras de reconstrução, ampliação, alteração e ampliação em área não abrangida por operação de loteamento] Se o pedido respeitar a instalações anteriormente afectas ao uso comercial e desde que aquele não importe alterações dos parâmetros urbanísticos junção de alvará de licença de construção, ou decisão de comunicação prévia que admita o fim comercial ou alvará de autorização de utilização para fins comerciais Se se tratar de estabelecimento inserido em conjunto comercial junção de alvará de utilização do conjunto comercial ou autorização da instalação do mesmo 10
Procedimento de autorização Instrução do requerimento: Declaração de impacte ambiental Sempre que o estabelecimento ou conjunto comercial estejam submetidos a avaliação do impacte ambiental ( AIA ), mostra-se necessária a junção prévia: - de DIA favorável ou condicionalmente favorável - caso o procedimento de AIA ter decorrido em fase de estudo prévio, é necessário juntar parecer relativo à conformidade do projecto de execução com a DIA 11
Entidades Administrativas com poderes no licenciamento Coordenação, Instrução e Proposta de Decisão Final: Direcção-Geral das Actividades Económicas ( DGAE ), com possibilidade de delegação às Direcções Regionais de Economia ( DRE ) territorialmente competentes [DRE territorialmente competente] Decisão: Comissão de Autorização Comercial ( COMAC ) [DRE s territorialmente competentes; Comissões Regionais e as Comissões Municipais] Fiscalização Autoridade de Segurança Alimentar e Económica ( ASAE ) [Inspecção-Geral das Actividades Económicas ( IGAE )] 12
Procedimento Novidades Entrada dos pedidos: sistema contínuo [abandona-se o sistema de fases de candidatura]; Novos critérios de avaliação a aditar aos já existentes: atribuição de especial relevância à: contribuição para a promoção e melhoria do ambiente eco-eficiência desenvolvimento da qualificação do emprego desenvolvimento da responsabilidade social das empresas promotoras Alterada a periodicidade da decisão, que passa a ser mensal [abandona-se a periodicidade semestral] As consultas a terceiras entidades deixam de ser obrigatórias, dependendo a sua realização da discricionariedade da DGAE Deixa de haver consulta pública Encurtados os prazos de instrução e de decisão 13
Procedimento Novidades (II) É eliminada a figura da vistoria, passando o titular do empreendimento a ter de comunicar, juntamente com a apresentação de um termo de responsabilidade, à entidade coordenadora e à Câmara Municipal respectiva, até 20 dias antes da abertura do estabelecimento ou conjunto comercial, a conformidade dos mesmos com os compromissos que fundamentaram a autorização de instalação ou de modificação Os interessados deixam de estar obrigados a proceder ao registo da instalação e modificação dos estabelecimentos e conjuntos comerciais, o qual passa a ser efectuado pela DGAE que também fará o registo de abertura e encerramento dos mesmos espaços 14
Taxas São eliminadas: (a) Taxas de apreciação (b) Taxas de vistoria Apenas há lugar à cobrança de taxas de autorização (instalação e modificação) Destacam-se os valores seguintes: (i) estabelecimentos de comércio de retalho = 30 m2 (área de venda autorizada) [T = EAI (escalão da área de influência) + 0,50 EDE (escalão dimensional do estabelecimento)] (ii) estabelecimentos de comércio de retalho inseridos em conjunto comerciais = 15 m2 [T = EAI + 0,50 EDE / 2] (iii) conjuntos comerciais = 20 m2 ABL autorizada com limite máximo de 1 000 000 [ 25 m2 ABL autorizada com limite máximo de 1 000 000] 15
Conclusões 1.Diminuição da incidência das situações sujeitas a autorização, seja através do aumento das áreas, seja através da exclusão dos estabelecimentos de comércio por grosso e dos estabelecimentos detidos por micro empresas [até 10 trabalhadores e volume de negócios e balanço total não superiores a 2.000.000 cada] 2.Separação do trigo do joio através da criação do procedimento da comunicação destinado a subtrair, do mais exigente processo de autorização, as alterações não significativas 3.As questões urbanístico-ambientais são resolvidas a montante, evitando que, a jusante, ocorram decisões contraditórias entre o licenciamento comercial e o licenciamento ambiental 4.Concentração na DGAE da coordenação e instrução dos processos = mais eficiência 16
Conclusões (II) 5.Concentração da decisão na COMAC = uniformização das decisões e seus fundamentos 6.Desburocratização do procedimento de autorização, através do encurtamentos dos prazos, eliminação da obrigatoriedade de consultas a terceiras entidades e da consulta pública 7.Desmaterialização dos procedimentos 8.Respeito pelos princípios da liberdade de concorrência e de estabelecimento e da iniciativa económica, através, por ex., da não contingentação dos pedidos 9.Menor onerosidade dos procedimentos e respectivas autorizações 17
OBRIGADO Raul Mota Cerveira Raul.Cerveira@mirandalawfirm.com