PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS DE FEIJÃO TIPO MULATINHO NO SUBMÉDIO DO VALE SÃO FRANCISCO

Documentos relacionados
POTENCIAL PRODUTIVO DE LINHAGENS DE FEIJOEIRO-COMUM PARA O SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE FEIJOEIRO-COMUM ADAPTADOS AO VALE DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO

Eficiência de uso da água de irrigação em dois sistemas de cultivo de cana-de-açúcar no Submédio São Francisco

Eficiência de uso da água de irrigação em dois sistemas de cultivo de cana-de-açúcar de segunda soca no Submédio São Francisco

COMPORTAMENTO DE LINHAGENS DE MAMONA (Ricinus communis L.), EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

Manejo e eficiência de uso da água de irrigação da cultura do abacateiro no Submédio São Francisco

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE FEIJÃO DO GRUPO COMERCIAL CARIOCA NO ESTADO DE SERGIPE NO ANO AGRÍCOLA 2001.

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

AJUSTE DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO FEIJÃO

Potencial hídrico foliar na videira de vinho cultivar Syrah pé franco e enxertada em Paulsen 1103 no período de formação do parreiral em Petrolina, PE

Avaliação de Feijão-Caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) de Porte Ereto em Áreas Irrigadas do Vale do São Francisco

Progresso genético em 22 anos de melhoramento do feijoeiro-comum do grupo carioca no Brasil.

Comportamento de genótipos de cebola no Submédio do vale São Francisco.

DEMANDA HÍDRICA DO CONSÓRCIO MILHO E BRAQUIÁRIA EM MATO GROSSO DO SUL

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Manejo de água em cultivo orgânico de banana nanica

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

Avaliação da produtividade de genótipos de melão nas condições do Submédio do Vale do São Francisco


XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

INFLUÊNCIA DA INTERMITÊNCIA DO TEMPO DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DA VIDEIRA FESTIVAL IRRIGADA POR GOTEJAMENTO, NO VALE DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO

PARAMETROS DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA CULTURA DO PIMENTÃO

ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS PARA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS, CICLO 2005/2006 1

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DO FEIJOEIRO IRRIGADO

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PELA MAMONEIRA SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO*

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Cultivo de coffea canephora conduzido com arqueamento de Plantas jovens em Condição de sequeiro e irrigado

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

Produtividade de Genótipos de Feijão Comum com Altos Teores de Ferro e Zinco Submetidos a Déficit Hídrico no Semiárido Brasileiro

COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS MÉTODOS PARA ESTIMAR A LÂMINA DE IRRIGAÇÃO DO FEIJOEIRO NA REGIÃO DE BAMBUÍ-MG

AVALIAÇÃO PRODUTIVA DE LINHAGENS DE FEIJÃO-VAGEM EM CULTURA TUTORADA EM IPAMERI. Bolsista PBIC/UEG, graduanda do curso de Agronomia, UnU Ipameri-UEG.

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GIRASSOL EM SAFRINHA DE 2005 NO CERRADO NO PLANALTO CENTRAL

CULTIVARES DE FEIJOEIRO-COMUM PARA O ESTADO DE MATO GROSSO

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

VARIAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO DURANTE O CICLO DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO

TÍTULO: AVALIAÇÃO REGIONAL DE CULTIVARES DE FEIJÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM TERESINA PIAUÍ EM MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI*

MATÉRIA SECA E AMIDO EM GENÓTIPOS DE MANDIOCA DE MESA (Manihot esculenta Crantz) CULTIVADOS SOB SISTEMA IRRIGADO E DE SEQUEIRO

BALANÇO DE ÁGUA NO SOLO PARA O MILHO SUBMETIDO A TURNOS DE REGA EM REGIÃO SEMIÁRIDA

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

AVALIAÇÃO DE FEIJOEIRO COM ALTOS TEORES DE MINERAIS COM E SEM DEFICIÊNCIA HÍDRICA

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO DE HÍBRIDOS ORIUNDOS DO CRUZAMENTO ENTRE ICATU E CATIMOR CONDUZIDOS COM IRRIGAÇÃO

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1640

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

PRODUTIVIDADE DE ALFACE AMERICANA EM DIFERENTES SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO E COBERTURA AGROTÊXTIL

l«x Seminário Nacional

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUDOESTE PIAUIENSE

LINHAGENS DE ALGODOEIRO DE FIBRAS ESPECIAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1

EFEITO DO MANEJO DA IRRIGAÇÃO SOB DIFERENTES MÉTODOS CONTROLE E TENSÕES DE ÁGUA DO SOLO NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Instituto de Ensino Tecnológico, Centec.

ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO DO NORDESTE

COEFICIENTE DE CULTIVO (K c ) DO MILHO SAFRINHA PARA A REGIÃO DE DOURADOS MS

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DO CAFÉ ARÁBICA, CULTIVAR CATUAÍ, SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO.

AVALIACAO DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO PARA O CERRADO DE RONDÔNIA

Classificação de Frutos de Melão Amarelo Goldex Cultivado em Diferentes Coberturas do Solo e Lâminas de Irrigação no Período Chuvoso.

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Avaliação da Dinâmica da Água no Solo, Evapotranspiração, Estado Hídrico e Produção da Videira de Vinho Irrigada: Sétimo Ciclo de Produção

Comportamento de genótipos de trigo para macarrão, em dois locais de Minas Gerais, no ano de 2009

GRAU DE ACAMAMENTO E TIPO DE PORTE DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DO GRUPO ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS

Comunicado Técnico. Odo Primavesi 1 Rodolfo Godoy 1 Francisco H. Dübbern de Souza 1. ISSN X São Carlos, SP. Foto capa: Odo Primavesi

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

AVALIAÇÃO DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE PIMENTÃO CULTIVADO EM AMBIENTE PROTEGIDO

PLANEJAMENTO DE IRRIGAÇÃO DA CULTURA DO FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU COM AUXÍLIO DO SOFTWARE CROPWAT

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

DESEMPENHO DE LINHAGENS DE MAMONA EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 5711

Desenvolvimento e Produção de Sementes de Feijão Adzuki em Função da Adubação Química

SIMULAÇÃO DA NECESSIDADE DE IRRIGAÇÃO PARA A CULTURA DO FEIJÃO UTILIZANDO O MODELO CROPWAT-FAO

LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO DE FIBRAS MÉDIAS E LONGAS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA

REQUERIMENTO DE ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO DO MILHO NA REGIÃO SÃO MATEUS, ES APPLICATION OF WATER FOR IRRIGATION OF CORN IN THE SÃO MATEUS, ES

RENDIMENTO DE GRÃOS DE FEIJÃO-CAUPI EM SISTEMA CONSORCIADO COM SORGO IRRIGADO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

Produtividade de dois híbridos de sorgo granífero em diferentes épocas de semeadura 1

Resposta das bananeiras BRS Platina e PA 9401 à irrigação no segundo ciclo nas condições do Norte de Minas

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE MILHO NO MUNICÍPIO DE JABOTICABAL/SP PERFORMANCE OF MAIZE GENOTYPES IN JABOTICABAL/SP

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1537

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

INFLUENCIA DE DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DA CEBOLA CULTIVA FERNANDA

SISTEMA RADICULAR ORTOGONAL A FILEIRA DE PLANTAS DE MAMOEIRO CV SUNRISE SOLO SOB IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO

Comportamento de genótipos de trigo para panificação, em dois locais de Minas Gerais, no ano de 2009

CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE SOJA PARA O SUL DE MINAS GERAIS NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES-MG 1

Comportamento produtivo de cultivares de uva para suco em diferentes porta-enxertos

Transcrição:

PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS DE FEIJÃO TIPO MULATINHO NO SUBMÉDIO DO VALE SÃO FRANCISCO M. Calgaro 1, L. C. de Faria 2, L. C. Mello 3, J. M Pinto 4, W. L. Simões 5, M. Alves 6, RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produtividade de diferentes linhagens de feijoeiro-comum, do tipo mulatinho no submédio do Vale São Francisco. O estudo foi implantado utilizando o delineamento experimental de blocos casualizados, sendo que cada unidade experimental foi constituída por parcelas de quatro linhas, espaçadas entre elas em 0,3 m, com quatro metros de comprimento e três repetições. O experimento recebeu irrigação durante todo o período de condução, sendo que a lâmina aplicada foi determinada com base na ET0 obtida por meio de uma estação agrometeorológica instalada próxima a área experimental. O sistema de irrigação utilizado foi o gotejamento superficial, com uma linha de gotejadores para cada duas linhas de plantio e emissores espaçados 0,5 m entre si. As produtividades das linhagens CNFM 16230 e CNFM 16220 em valores absolutos foram de 2.628,93 kg.ha -1 e 2.563,46 kg.ha -1, respectivamente, não havendo diferença estatística da cultivar BRS AGRESTE, demonstrando o potencial produtivo para o Semiárido brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus vulgaris, melhoramento genético, feijão-comum. PRODUCTIVITY OF MULATTO BEAN TYPES LINEAGES IN THE BRAZILIAN NORTHEAST SUMMARY: The objective of the present work was to evaluate the productivity of different common bean lines, of the mulatto type in the sub midle of the São Francisco Valley. The study was implemented using a randomized complete block design, each experimental unit consisting of plots of four rows spaced 0.3 m apart, four meters in length and three replicates. The experiment was irrigated during the entire period of conduction, and the applied blade was determined based on ET0 obtained by means of an agrometeorological station installed near the experimental area. The irrigation system used was the surface drip, with a line of 1 Doutor, Pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina - Pernambuco. Email: marcelo.calgaro@embrapa.br 2 Doutor, Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Jesus - Goias. Email: luis.faria@embrapa.br 3 Doutor, Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Jesus - Goias. Email: leonardo.mello@embrapa.br 4 Doutor, Pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina - Pernambuco. Email: jose-maria.pinto@embrapa.br 5 Doutor, Pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina - Pernambuco. Email: welson.simoes@embrapa.br 6 Bolsista, Acadêmico de Ciências Biológicas da UPE, Petrolina - Pernambuco. Email: manoelalves2013@hotmail.com

M. Calgaro et al. drippers for every two planting lines and emitters spaced 0.5 m apart. The yields of the CNFM 16230 and CNFM 16220 strains in absolute values were 2,628.93 kg.ha -1 and 2,563.46 kg.ha -1, respectively, and there was no statistical difference of the cultivar BRS AGRESTE, demonstrating the productive potential for the semi-arid Brazilian. KEYWORDS: Phaseolus vulgaris, genetical enhancement, common bean. INTRODUÇÃO O feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.) está presente na alimentação diária de grande parte da população brasileira e constitui-se em uma das importantes fontes nutricionais para milhões de brasileiros. O cultivo de feijão tem uma participação significativa na dieta da população de diversas regiões do país, entre elas a região Nordeste. No submédio do Vale do São Francisco a cultura é uma das opções para os produtores logo após a colheita da cebola no segundo semestre do ano. Porém, as condições de insuficiência e de irregularidade nas precipitações no Semiárido brasileiro limitam a produção do feijão na região. A produtividade no estado de Pernambuco oscila em função da qualidade da semente utilizada, do sistema de cultivo, do espaçamento empregado, da irregularidade das chuvas, entre outros fatores. Em razão disso, tem-se verificado produtividades de até 1.200 kg/ha no Agreste Meridional e de 1.500 a 2.000 kg/ha no Vale do São Francisco (Costa & Lopes, 1999). Sendo assim, uma pesquisa liderada pela Embrapa Arroz e Feijão, em parceria com diversas outras unidades da Embrapa, incluindo a Embrapa Semiárido, teve início em 2008, com estudos de identificação de genitores que associem características para compor os blocos de cruzamentos com cultivares adaptadas as condições do nordeste brasileiro, visando formação de populações segregantes para seleção de genótipos de feijão-comum melhorados e com características agronômicas desejáveis (Calgaro et al., 2009). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de 17 linhagens de feijão-comum, do tipo mulatinho no submédio do Vale do São Francisco. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na estação experimental da Embrapa Semiárido, localizada no Perímetro Irrigado de Bebedouro, Município de Petrolina, PE, (latitude: 9 o 09 S, longitude:

IV INOVAGRI International Meeting, 2017 40 o 22 W, altitude: 365,5 m). A classificação climática, segundo Köppen, (1918) é do tipo BSWh, ou seja, tropical semiárido (Reddy & Amorim Neto, 1983). A temperatura média anual é de 28,3ºC, variando entre 21 e 32ºC, com uma evaporação média anual em torno de 2000 mm e umidade relativa do ar média anual de 68,5. A velocidade média do vento é de 2,3 m.s -1 e o brilho solar é de 3000 horas anuais. O solo do local é classificado como Latossolo vermelho amarelo distrófico (EMBRAPA, 2006). As precipitações ocorrem entre novembro e abril, tendo como principal característica a irregularidade de distribuição, com um volume médio anual em torno de 426 mm (EMBRAPA, 2016). Para a condução do experimento foram semeadas 17 linhagens, sendo elas CNFM 16230, CNFM 16220, CNFM 16218, CNFM 16028, CNFM 16016, CNFM 16213, CNFM 16228, CNFM 16229, CNFM 16225, CNFM 16226, CNFM 16027, CNFM 16231, CNFM 16026, CNFM 16050, CNFM 16012, CNFM 16219 e CNFM 16029 e 1 testemunha (BRS AGRESTE) de feijão-comum do tipo mulatinho, organizados em blocos inteiramente casualizados, com três repetições. Cada parcela foi constituída de 4 linhas de plantas com 4 metros de comprimento, espaçadas 0,3 m entre as linhas. Os tratos culturais realizados foram os recomendados por Araújo et al., 1996, para a cultura do feijoeiro. A adubação seguiu a recomendação técnica para o cultivo do feijão-comum para a região, tendo sido aplicados 20 kg.ha -1 de N, 20 kg.ha -1 de P2O5 e 20 kg.ha -1 de K2O na adubação de fundação e na adubação de cobertura, 40 kg.ha -1 de N, aos 20 dias após a emergência. O experimento foi semeado no dia 22 de junho de 2016, e para proporcionar pleno desenvolvimento a cultura foi instalado um sistema de irrigação por gotejamento, com gotejadores superficiais espaçados 0,3 m entre si e vazão média nominal de 2,0 L.h -1. A irrigação foi manejada com base na evapotranspiração de referência (Allen et al., 1998), e do coeficiente de cultivo (kc), sugeridos por Silveira & Stone, (2016), conforme apresentados no Quadro 1. Para isso a umidade do solo foi elevada a capacidade de campo logo após o termino da semeadura e posteriormente seguiu-se a reposição da água evapotranspirada conforme a ET0, com intervalos de rega de 2 dias. A produção dos genótipos foi obtida colhendo-se no momento da maturação completa, as duas fileiras centrais de 4 metros de comprimento de cada parcela, equivalente a 2,4 m 2, sendo determinadas as produtividades médias por hectare de cada genótipo. Para a comparação das médias foi utilizado o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

M. Calgaro et al. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se na Tabela 1, que as produtividades médias dos materiais estudados variaram de 2.748,42 kg.ha -1 com a testemunha BRS AGRESTE até 1.846,78 kg.ha -1 alcançado pela linhagem CNFM 16029. Essa diferença em termos percentuais representa apenas 4,35% de redução de produtividade quando comparado a testemunha, sendo que, os genótipos não apresentaram diferença estatística significativa entre si. O Nordeste é a região com uma das menores produtividades do Brasil, ficando atrás somente da região norte. A produtividade média para o estado de Pernambuco segundo a CONAB (2016) é de 1.484 kg.ha -1. A produtividade da linhagem CNFM 16230 foi de 2.628,93 kg.ha -1, sendo este valor muito acima da produtividade média do Estado de Pernambuco demonstrando a viabilidade de produção dos materiais estudados para as condições de cultivo do vale do Submédio São Francisco. Assim, pode-se afirmar que as linhagens estudadas têm grande potencial para o cultivo nas condições em que o estudo foi desenvolvido. O ciclo de médio dos genótipos neste ensaio foi de 80 a 85 dias considerado normal para as condições em que o ensaio foi realizado segundo CATALOGO (2017). Durante o ciclo foi fornecida durante uma lâmina de água de 440,95 mm via irrigação, sendo esse volume de água considerado adequado ao pleno desenvolvimento da cultura. CONCLUSÕES As linhagens avaliadas apresentam potencial para produção no submédio do Vale do São Francisco, com produtividade média superior a média do Estado de Pernambuco para a safra 2016. AGRADECIMENTOS Aos estagiários e bolsistas que trabalharam na pesquisa e aos funcionários do Campo Experimental de Bebedouro que tornaram possível a realização desse trabalho.

IV INOVAGRI International Meeting, 2017 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: Guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. 300 p. (FAO Irrigation and Drainage Paper, 56). ARAÚJO, RICARDO S.; RAVA, Carlos A.; STONE, Luis F.; ZIMMERMANN, Maria J. O. Cultura do Feijoeiro Comum no Brasil. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1996. CALGARO, M.; MENEZES, E. A.; PELOSO, M. J. D.; GUIMARÃES, C. M. Adaptação de genótipos de feijoeiro comum promissores para pesquisa em biofortificação e tolerância a seca no semiárido brasileiro. In: REUNIÃO ANUAL DE BIOFORTIFICAÇÃO NO BRASIL, 3, 2009, Aracaju. Anais... Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2009. 1 CD- ROM CATÁLOGO de cultivares de feijão comum. 2. ed. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2017. 27 p. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). 12º. Levantamento da safra brasileira de grãos 2015/2016. Disponível em: http://www.conab.gov.br/ OlalaCMS/uploads/arquivos/16_09_09_15_18_32_boletim_12_setembro.pdf. Acesso em: 08 set. 2016. COSTA, A.F. da; LOPES, L. H. de O. Recursos geneticos e melhoramento do feijoeiro comum em Pernambuco. In: QUEIROZ, M. A. de; GOEDERT, C. O.; RAMOS, S. R. R. (Ed.). Recursos genéticos e melhoramento de plantas para o Nordeste brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido; Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1999. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2 ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária do Tropico Semiárido. Médias anuais da estação agrometeorológica de Bebedouro. Petrolina, 2014. Disponível em: http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/servicos/dadosmet/ceb-anual.html. Acesso em: 19 jun. 2016. KÖPPEN, W. Klassification der klimate nach temperatur, niederschlag und jahreslauf. Petermanns Geographische Mitteilungen, Gotha, v. 64, p. 193-203, 1918.

M. Calgaro et al. PIMENTEL-GOMES, Curso de Estatística Experimental, 1985. Piracicaba-SP. ESALQ/USP SILVA, O. F. da; WANDER, A. E. O feijão-comum no Brasil: passado, presente e futuro. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2013. 63p. (Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 287). SILVEIRA, P; M da; STONE, L; F. Manejo de irrigação. IN: Agencia de Informação Embrapa Feijão. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/agencia4/ag01/arvore/ag01_86_1311200215104. html. Acesso em 13 de novembro 2016. SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, Washington, v. 30, n.2 p.507-512, 1974. Quadro 1. Coeficiente de cultura (Kc) propostos por SILVEIRA E STONE (2016) para as três principais fases do ciclo da cultura do feijoeiro-comum. Fases da cultura Duração da fase (dias) Kc Germinação - Início da floração 35 0,69 Floração - Início do desenvolvimento de vagens 25 1,28 Desenvolvimento de vagens - Maturação 20 1,04 Tabela 1. Médias das produtividades de feijão-comum (kg.ha -1 ). Ordem Nome Produtividade média (kg.ha -1 ) 1 BRS AGRESTE* 2.748,42 a 2 CNFM 16230 2.628,93 a 3 CNFM 16220 2.563,46 a 4 CNFM 16218 2.562,43 a 5 CNFM 16028 2.505,46 a 6 CNFM 16016 2.459,90 a 7 CNFM 16213 2.438,69 a 8 CNFM 16228 2.387,01 a 9 CNFM 16229 2.359,93 a 10 CNFM 16225 2.320,06 a 11 CNFM 16226 2.280,65 a 12 CNFM 16027 2.280,04 a 13 CNFM 16231 2.244,64 a 14 CNFM 16026 2.235,74 a 15 CNFM 16050 2.230,74 a 16 CNFM 16012 2.164,57 a 17 CNFM 16219 1.993,69 a 18 CNFM 16029 1.846,78 a Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. * Testemunha.