Palavras chave: Educação em saúde; Asma; Atenção Primária à Saúde; Educação continuada; Metodologias ativas.

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Transcrição:

USO DE METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO PERMANENTE COM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: UMA PROPOSTA DE CUIDADO PARA CRIANÇAS COM ASMA Maria Wanderleya de Lavor Coriolano-Marinus 1 Estela Maria Leite Meireles Monteiro 2 Luciane Soares de Lima 3 1- Enfermeira. Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente. Professora Adjunto 1 do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco. E- mail: wandenf@yahoo.com.br 2- Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto 1 do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: estelapf2003@yahoo.com.br 3- Enfermeira. Doutora em Ciências (Pneumologia). Professora Titular do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: luciane.lima@globo.com Resumo Introdução: O uso de metodologias ativas nos processos de formação dos trabalhadores de saúde é uma das diretrizes recomendadas na política de educação permanente dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse estudo, realizou-se uma ação educativa com agentes comunitários de saúde (ACS) sobre cuidados dirigidos a crianças/famílias com asma. Objetivo: Descrever uma ação educativa com agentes comunitários de saúde sobre conhecimentos relacionados à asma, utilizando metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Método: Realizou-se uma avaliação préteste e pós-teste auto preenchida pelos agentes comunitários de saúde, identificando conhecimentos relacionados à asma. Além disso, a ação educativa com uso de metodologias ativas em três grupos focais vivenciais, tiveram a sua trajetória gravada e transcrita, para análise de dados, com a técnica análise de conteúdo na modalidade temática proposta por Bardin. Resultados: Os conhecimentos dos ACS sobre mitos relacionados à asma apontaram um acréscimo após a intervenção. Dos grupos focais emergiram as temáticas: Educação em saúde para prevenção das doenças respiratórias; Significado atribuído à asma; Bombinhas: desmistificando conceitos; Fatores desencadeantes para asma; Adaptando cuidados preventivos; Avaliando os conhecimentos construídos. Conclusões: A utilização da metodologia da problematização constituiu estratégia relevante para o desenvolvimento de competências por parte dos ACS, despertando motivação na abordagem educativa junto às crianças/famílias com asma. Palavras chave: Educação em saúde; Asma; Atenção Primária à Saúde; Educação continuada; Metodologias ativas. 06616

2 PROBLEMÁTICA ANUNCIADA Em 2004, o Ministério da Saúde, considerando que a educação permanente em saúde realiza a agregação entre aprendizado, reflexão crítica sobre o trabalho e a resolutividade da clínica e da promoção da saúde coletiva, dentre outros aspectos institui a política nacional de educação permanente do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2004). Esta tem como eixos norteadores a relação entre educação e trabalho, a mudança nas políticas de formação e nas práticas de saúde, a produção e disseminação do conhecimento (BRASIL, 2003). Esta política objetiva uma educação contínua dos trabalhadores do SUS, tendo como ponto de partida o seu trabalho, o cotidiano de suas atividades, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho, para através dos problemas encontrados em cada realidade, serem problematizados os conteúdos, com base na reflexão, na criticidade e no agir em prol da mudança, retomando os conceitos da Pedagogia de Freire (BRASIL, 2003). Dentro do modelo de atenção à saúde, evidencia-se a figura do agente comunitário de saúde (ACS) como elo entre a comunidade e o sistema local de saúde nas ações da Estratégia Saúde da Família (ESF) e no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Este personagem é uma pessoa que intermedia as necessidades de saúde da comunidade com a demanda dos serviços locais de saúde (SILVA; DAMALSO, 2002). Estudo desenvolvido sobre o ACS para a avaliação da melhoria da qualidade na atenção básica- QUALIS/PSF, no município de São Paulo, identificou que este ator social não dispõe de instrumentos de tecnologia, incluídos aí os saberes para as diferentes dimensões esperadas do seu trabalho. Essa insuficiência faz com que ele acabe trabalhando com o senso comum, religião e, mais raramente, com os saberes e recursos das famílias e da comunidade (SILVA; DAMALSO, 2002). Evidencia-se na maioria das regiões do país que os ACS iniciaram seus trabalhos, sem nenhuma formação específica, receberam informações básicas sobre o que coletar em suas visitas e aprendem no cotidiano dos seus trabalhos o aprenderfazendo, dependendo do bom senso e julgamento de cada um. Em vista desta problemática, vislumbra-se o uso de metodologias ativas em um processo de educação permanente com ACS sobre cuidados preventivos para crianças 06617

3 com asma, tendo em vista a potencialidade destas metodologias para a incorporação de conhecimentos que subsidiem uma prática educativa, continuada e mobilizadora junto às famílias que convivem com esta problemática, com condições de vida precárias que dificultam o alcance de tecnologias de alto custo. PROBLEMÁTICA DESENVOLVIDA Essa proposta foi parte da Dissertação de Mestrado intitulada: Repercussão de uma intervenção educativa com agentes comunitários de saúde nas condições ambientais de domicílios de crianças com asma. A ação educativa desenvolvida abordou cuidados em asma para agentes comunitários de saúde, no período de março a maio de 2009, com a perspectiva de produzir mudanças no contexto de vida das famílias sob responsabilidade deste trabalhador de saúde, no município de Iguatu-Ceará. O município de Iguatu está localizado na região Centro- Sul do Estado do Ceará, distante 378 km da capital Fortaleza, com uma população de 92.260 habitantes e 25 equipes de Saúde da Família (ESF). Participaram da ação educativa 34 ACS, trabalhadores de três ESF, com condições de vida semelhantes. Foram realizados três grupos focais vivenciais (um composto por dez participantes e os outros dois com 12 participantes), sendo realizados cinco encontros com cada grupo. O grupo focal vivencial é definido como uma técnica de pesquisa que coleta dados por meio das interações grupais ao se discutir um tópico especial sugerido pelo pesquisador. Como técnica, ocupa uma posição intermediária entre a observação participante e as entrevistas em profundidade. Pode ser caracterizado também como um recurso para compreender o processo de construção das percepções, atitudes e representações sociais de grupos humanos (GONDIM, 2002). Na condução dos grupos, foi utilizada a metodologia da problematização, ao longo de toda a proposta. Esta metodologia trabalha com problemas da realidade dos educandos, os quais objetivam a abordagem de conteúdos significativos, propondo um conhecimento voltado para a reflexão e para mudanças do contexto no qual se atua. 06618

4 O arco de Maguerez (BERBEL, 1998) conduziu a organização dos conteúdos abordados, tendo em vista que a realidade de trabalho dos ACS, com seus conhecimentos prévios constituiu o ponto de partida para a ação educativa, com a finalização na proposição de orientações sobre cuidados ambientais aplicáveis à realidade das crianças asmáticas e suas famílias. A análise dos dados qualitativos foi realizada utilizando-se a técnica de codificação dos conteúdos das falas dos participantes, proposta por Bardin (CAMPUS; TURATO, 2009). Os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, sob o nº CAAE- 0275.0.172.000-08. CONSIDERAÇÕES/RECOMENDAÇÕES Ao final ação educativa, os participantes foram instigados a avaliar a metodologia empregada na abordagem dos conteúdos relacionados aos cuidados ambientais em asma. Estes relataram: Vai acompanhar a gente pro resto da vida no nosso trabalho como ACS, até mesmo fora com qualquer pessoa e adorei tudo, só a falta de espaço, o ruim é que vai fazer falta. (A4) Quanto ao aprendizado adorei porque a gente vai colocando em prática e na nossa convivência com as famílias, você vai logo observar, eu já fiz um curso sobre iras (infecções respiratórias agudas), mas faz muito tempo. (A10) Eu tinha na minha área bastante crianças cum esse problema e eu num sabia o que fazer, mas não sabia total o cuidado necessário e foi de grande ajuda, vou levar essas informações que você trouxe pra mim, pra minha área, o que eu fico triste é que foi pouco tempo. (A11) Você deu muita coisa pra gente, mas a gente deu também pra você. (A10) 06619

5 Observa-se a grande potencialidade de metodologias ativas para o desenvolvimento do aprendizado de conteúdos, gerando motivação nos participantes, interesse diante das novas descobertas apreendidas a cada dia, possibilidade de aplicação do aprendizado ao contexto de trabalho, além da motivação em serem considerados como principais sujeitos do processo ensino-aprendizagem, assumindo o educador um papel de facilitador do processo. A problematização busca, portanto romper com esta dicotomia, agregando os saberes do senso comum, trazidos pelo ACS como pertencentes à comunidade, com os saberes técnico-científicos, propondo a interação posterior nesta direção para os agentes comunitários de saúde e a população assistida. REFERÊNCIAS BRASIL. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS -Caminhos para a Educação Permanente em Saúde-Pólos de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. BERBEL, N.A.V. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface Comunicação, Saúde, Educação, p.139-154, 1998. CAMPUS, C.J.G.; TURATO, E. Análise de Conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia clínico qualitativa: aplicação e perspectivas. Revista Latino-Americana de Enfermagem. [Online], v.17, n.2, 2009. GONDIM, S.M.G. Grupos Focais como Técnica de Investigação Qualitativa: desafios metodológicos. 2002. Disponível em: http://< sites.ffclrp.usp.br/paideia/artigos/24/03.doc>. Acesso em: 20 jun. 2009. SILVA, J.A.; DALMASO, A.S.W. O agente comunitário de saúde e suas atribuições: os desafios para os processos de formação de recursos humanos em saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.6, n. 10, p.75-96, 2002. 06620